Jogo dos Doidos
Ella Johnson
Abro os olhos e a primeira coisa que vejo e uma colcha de cama rosa creme, franzo as sobrancelhas percebendo que estou em uma cama bem grande.
Tento me mexer e logo sou surpreendida por três coisas.
Primeiro, meu pulso esquerdo está preso na cabeceira da cama, meu braço está dormente e consigo sentar com dificuldade por causa da posição.
Segundo, alguém trocou minha roupa, eu estou com uma camisola de seda azul escura com alças bem finas e de laço, não logo muito para isso mas para...
-Bom dia.- G sorri.
A terceira coisa, G está sentado em uma poltrona bem confortável ao lado de uma mesa redonda pequena de frente para a janela.
Em cima da mesa tem uma bandeja cheia de comida, o café ainda está fumegando quando meu estômago começa a roncar e percebo que deve fazer tempo que não como.
-Precisava disso?- balanço o braço.
-Não queria arriscar, como disse antes.- ele levanta colocando a mão no bolso.- Vai se comportar?
-Sim.- suspiro.
Ele se aproxima e senta na minha frente enquanto começa a abrir a algema, observo ele e vejo que tem uma arma perto da axila que está bem fácil para mim.
Respiro fundo e ele me solta, então trago minha mão para o peito e começo a massagear meu pulso com calma, ele me observa também.
-Acho que umas horas de sono foram boas pra você.- ele acaricia minha bochecha e eu travo o maxilar.- Vai gostar daqui...
-Chris vai...
-Chris já é passado.- ele fica sério e segura meu queixo.- Não vamos mais falar o nome dele. Vai haver um castigo se descumprir isso, Ella.
-Eu não sou uma criança...
-Pelo contrário.- ele levanta e percebo que perdi a chance por estar com raiva.- Você é uma mulher. A minha mulher.
-Preciso ir no banheiro.- mudo de assunto enquanto me levanto.
-Fique à vontade.- ele senta na poltrona de novo.
Abro a porta do banheiro e logo entro tentando ver se tem alguma janela, e meu coração dá um pulo quando vejo que tem uma enorme perto da banheira.
Vou até lá e tomo um susto quando percebo que além de ser alta...tudo aqui é árvore, só vejo árvores e algumas montanhas, nada de civilização.
Começo a ir até a pia e lavo o rosto, preciso acordar desse pesadelo, não posso ficar aqui, tenho que falar com Chris, dizer que estou bem.
Assim que levanto o rosto um grito toma meu corpo e ecoa pelo banheiro, não acredito nisso...não acredito que isso está acontecendo...
-Ah, você viu.- G fala lá de fora.
-O que é isso!- grito tocando meu ombro.
-Pra você não esquecer a quem pertence.- ele fala calmo.
Observo o G em carne viva em meu ombro, minhas mãos tremem e não param de descer lágrima pelas minhas bochechas, que estão tão vermelhas quando meu rosto inteiro.
-Você...você não é assim...
-Você nem me conhece, Ella.- ele suspira.- Mas agora vai...e vai gostar de me conhecer.
-Meu deus...- sussurro olhando para aquele corte. Aquela marca.
-Ande logo! Precisa comer e então descemos.- ele fala se afastando.
Ainda tremendo e engolindo o choro vou até a privada e faço xixi, não sei quanto tempo dormi, mas minha bexiga iria estourar se segurasse mais.
Lavo minhas mãos e abro a porta do banheiro, G aponta para a comida e sento lentamente na outra poltrona em frente a janela.
-Do que você gosta?- ele pergunta.- Posso mandar a cozinheira fazer, amanhã.
-Por que eu não posso ir falar com ela?- pergunto também.- Vai ser melhor se eu...
-Não, você só conversa comigo ou com seu pai.- ele me observa.- Não vai falar com nenhum outro.
-Por quanto tempo vou ficar presa nesse quarto?- franzo as sobrancelhas.- Eu vou poder sair?
-Claro.- ele observa as árvores.- Pode ir na biblioteca.
-Só?- pergunto mais alto.
-Só.- ele levanta.- Termine e vista algo.
-Mas eu....
Não termino de falar quando ele fecha a porta, mesmo que eu esteja querendo fugir ou achar alguém que diga para Chris onde estamos...eu como.
Pego uma torrada e como com muito medo de colocar na boca, respiro fundo e meu estômago da uma aliviada quando termino a primeira torrada.
Depois de comer mais um pouco e tomar suco vou até o armário para qual ele apontou antes de sair, abro a porta e vejo vários vestidos simples.
Nada de calças ou blusas, apenas vestidos.
Pego um vestido de algodão azul claro, percebo também que quase todos são azuis, como aquele vestido que Chris comprou pra mim aquela noite.
Aperto o vestido na minha mão quando percebo que ele me queria assim para eu aparecer feminina e delicada.
Coloco o vestido em cima da cama e o observo, era da altura das minhas coxas, respeitável até demais com uma gola em U e manhãs até os cotovelos.
Tiro a camisola e coloco o vestido, o tecido incomoda meu ferimento no ombro e tento não chorar que agora eu tenho um G gravado no meu ombro como um gado.
Não tem nenhum tipo de sapato, então vou descalça até a porta e assim que a abro o ruivo está do lado de fora, sentado em uma cadeira e ao lado de uma mesa.
Claro, alguém ia ficar fazendo guarda.
Ele levanta e me segura pelo braço, faço careta quando ele começa a me arrastar pelo corredor enorme e cheio de detalhes da casa.
Nos aproximamos de uma porta dupla branca e ele abre as duas, vejo que meu pai levanta da poltrona com um sorriso e vem até a minha direção.
-Princesa, você acordou.- ele segura meu rosto e beija minha testa.- Está tão linda.
-Você é louco?- o empurro.- Por que está fazendo isso?
-Achei que o começo iria ser complicado.- meu pai fala calmo.- Mas você vai se acostumar. Já ouvi de vários outros que elas sempre se acostumam.
-Você se ouve falar?- franzo as sobrancelhas.
-De qualquer forma.- ele toca meu ombro bom.- Achei que seria bom ceder minha casa no campo para o começo do noivado de vocês.
-Noivado?- pergunto.
-Sim.- G se aproxima.- Aqui.- ele mostra uma caixinha e a abre.- Para combinar com seus olhos.
Olho para o anel cheio de diamantes, e no meio tem uma safira que muitas pessoas considerariam ser um rim ou talvez até os dois.
-Acha mesmo que eu vou aceitar?- sorrio para ele.- Que vocês me sequestram e eu vou...
-Não podemos sequestrar algo que sempre foi nosso.- meu pai fala calmo.- Seja educada e aceite, querida.
-Eu não vou...Ai!
Grito quando meu pai agarra meu pulso e coloca o anel no meu dedo, solto minha mão mas ainda sim o anel está no meu dedo, G sorri.
-Foi difícil?- ele acaricia minha bochecha.- Se você cooperar, vai ser ótimo...
-Eu odeio você.- olho para meu pai.- E odeio você.- encaro G.- E eu não vou...- começo a tirar o anel.-...aceitar me casar...
Meu pai agarra meus cabelos e eu levo as mãos até a mão dele, minhas lágrimas descem pelo rosto e ele aproxima o rosto do meu.
-Se você ousar tirar esse anel, pode ter certeza que não vai mais sair daquele quarto, Ella.- ele sussurra.
-Ok.- falo baixinho.- Não vou tirar.- não significava nada para mim de qualquer forma.
Ele me solta e sorri novamente, eu estou com um bando de loucos, um louco que quer me casar e o outro que quer casar comigo.
-Que bom.- meu pai toca nossos ombros.- Vocês dois juntos.
G passa o braço por meus ombros e beija minha testa, luto contra a vontade de empurrar ele e tentar ligar de alguma forma.
-Eu tenho uma organizadora, não vai ser um casamento grande, mas vai ser oficial.- ele olha para mim.- Não se preocupe, vou pedir que faça o vestido mais lindo que tiver.
-Obrigado, Joshua.- G fala agradecido e eu mordo minha bochecha.- Eu e Ella vamos ser muitos felizes.
-Sei que vão.- meu pai toca meu queixo e me sinto em uma conversa de doidos.- E mais...- ele me encara.- Quero netos. Depois que casarem. O mais rápido possível.
G ri junto com meu pai e eu arregalo os olhos tentando não pensar no que G vai fazer quando eu negar ir pra cama com ele, por que isso vai acontecer.
Me abraço enquanto G insiste em ficar agarrado comigo, talvez a melhor coisa que eu possa fazer e jogar o jogo dos doidos também.
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