Capítulo 88: Mau Humor
Na manhã seguinte, eu estava conversando com a Beatriz pelo computador quando Alfredo pulou no meu colo.
- Quem é esse? - minha amiga perguntou, do outro lado da tela parecendo curiosa.
Deixei minha xícara com café em cima da mesa e olhei o gato.
- É o Alfredo. - contei.
A ruiva franziu o cenho.
- Esse nome não é muito estranho para um gato?
Tirei o filhote do Fofo do meu colo ganhando em troca um rosnado nada amigável.
- Ele não merece um nome bonitinho. - falei. - Esse animal é a reencarnação do mal.
Bruno, que estava de frente para o fogão fazendo panquecas, me olhou.
- Reencarnação do mal? - perguntou, com um sorriso fraco nos lábios.
- Óbvio que ele é. Te falei o que ele fez ontem. - exclamei.
- Ah, eu lembro muito bem de ontem. - meu namorado disse.
Desviei meus olhos dele tentando não ficar constrangida na frente da Beatriz.
- O que ele fez ontem? - ela voltou a perguntar.
Nesse momento, atrás da minha amiga, seu irmão passou correndo.
- Garoto, se você cair e quebrar um dente eu juro que vou te deixar chorando no chão. - Beatriz disse.
Eu sorri vendo a cena.
Isso me fez lembrar do Jonh. Eu precisava ligar para a Camila para saber como ele estava.
- Voltando ao assunto... - a ruiva falou, quando seu irmão saiu da sala. - O que o Alfredo fez?
- Mijou no chão. - contei, escondendo a outra parte da história. - Eu sai ontem com a Ângela e compramos uma caixa de areia...
- Pera ai, você saiu com essa garota? - perguntou. - Vocês estão muito próximas?
Eu assenti.
- Sim, ela é legal. - afirmei, estranhando seu tom de voz. - Não sei qual é seu problema com ela.
- Problema nenhum. - respondeu, e suspirou. - Vou enfiar meu irmão no chuveiro. Aquele garoto anda fingindo que está tomando banho.
Depois de me despedir, fechei o notebook. Bruno se aproximou e colocou um prato cheio de panquecas na minha frente junto com um pote de mel.
- Quando você terminar a gente pode sair. - falou.
- Tudo bem.
Peguei um pedaço da panqueca para sentir o gosto e meu estômago deu pulos de alegria.
- Você cozinha muito bem. - falei. - Eu me mato para aprender a mexer nesse fogão.
Ele sentou na minha frente e cruzou os braços se inclinando na minha direção.
- Eu estava querendo falar sobre isso com você.
Terminei de mastigar a panqueca e encarei seus olhos azuis.
- Pode falar.
- Quando o bebê nascer você pode precisar de alguém para te ajudar. - começou. - Como a Lúcia ajuda na mansão.
- Quer contratar alguém para cuidar da casa? - perguntei.
Nunca pensei nisso, mas seria bom. Eu planejava voltar a trabalhar depois de ter o bebê, e alguém para cuidar da casa será uma ótima ideia.
- Sim. - respondeu.
Derrubei mel nas minhas panquecas e sorri adorando o resultado.
- A gente conversa sobre isso quando o Oliver nascer.
Ele ergueu uma sobrancelha na minha direção.
- Oliver? Você quis dizer Sophie.
- Eu vou ser a mãe, e nós sentimos quando vai ser menino ou menina. - falei.
Ele levantou e parou atrás da minha cadeira para me dar um beijo no pescoço.
- Ou pode ser o dois. - falou, perto do meu ouvido.
Se eu tivesse com uma panqueca na boca, teria engasgado.
- O segundo quem tá gerando é você né? - exclamei, fazendo ele rir.
- De qualquer forma, vamos descobrir se são gêmeos semana que vem no ultrassom. - disse, e se afastou.
Gêmeos.
Só essa palavra me fazia ter um frio na barriga.
Assim que entramos na loja de bebês, eu comecei a olhar os berços. Todos eram bonitos e eu já podia imaginar como cada um ficaria no comodo que mostrei ontem para a Ângela.
- Olha esse. - Bruno disse, me fazendo caminhar até ele.
Olhei o berço que ele estava falando e toquei na madeira vendo que ela parecia resistente. Na parte de baixo eu vi que tinham duas gavetas bem grandes.
Mas então vi o preço do berço.
Quase mil reais.
- Bruno... - chamei.
Meu namorado me olhou e franziu o cenho quando viu que eu parecia nervosa.
- O que?
- Já viu o preço disso?
Ele olhou o preço e então deu de ombros.
- Razoável.
Quando eu ia abrir a boca para retrucar, uma mulher se aproximou com um sorriso no rosto.
Seus cabelos eram pretos e na sua blusa tinha o nome "Amber" costurado.
- Precisam de ajuda?
- Claro que sim. - exclamei. - Poderia me mostrar um berço que não custe o mesmo que um rim?
Bruno passou o braço pelos meus ombros me trazendo para perto do seu corpo.
- Estamos bem, obrigado. - ele disse, olhando para a Amber.
A garota assentiu e se afastou.
- Não se preocupe com o dinheiro. - ele pediu, quando ficamos sozinhos no corredor.
- Vou tentar. - falei.
Ele me deu um selinho e voltamos a andar pela loja. Só que não aguentei manter minha boca fechada quando o Bruno se interessou por uma mesinha que era mais cara que o berço.
- Talvez você devesse comprar uma casa para ele. Tá valendo a mesma coisa que os produtos dessa loja. - exclamei.
Sem tirar os olhos da mesinha, ele falou:
- Você está com fome.
- Fome?
- Sim. Esse mau humor é fome. - afirmou, e dessa vez me olhou. - Vai comer alguma coisa. Eu vou ficar.
Suspirei sabendo que ele estava certo. Eu estava com fome, e nesse estado, e ainda grávida, eu ficava emburrada.
- Preciso de dinheiro. - avisei.
Se os produtos daquele shopping eram caros, eu não queria nem imaginar a comida.
Bruno tirou a carteira do bolso e pegou seu cartão para me entregar. Depois de me falar a senha, eu saí da loja e caminhei um pouco pelo shopping até achar um lugar que vendia comida.
No final, eu tinha comido um hambúrguer gigante e tomado um copo cheio de suco de maracujá. Quando paguei a comida usando o cartão do Bruno, voltei para a loja de bebês.
- Melhor? - meu namorado perguntou, quando me viu.
- Ótima. - falei, e sorri. - Já escolheu o berço?
Ele assentiu.
- Vai ser aquele que te mostrei mesmo. - disse.
- Ok, só espero que sobre dinheiro para a faculdade dele.
Bruno me puxou para seus braços e começou a beijar meu rosto me fazendo segurar um sorriso.
- Você fica linda rabugenta, sabia? - exclamou, depois de deixar um último beijo na minha bochecha. - Eu posso pensar em vários formas de trazer seu bom humor de volta.
- Me diz uma. - perguntei, interessada.
Mas antes que ele pudesse falar, seu celular começou a tocar. Ele se afastou e pegou o aparelho do bolso.
- Meu pai quer me encontrar. - contou, depois de ler a mensagem.
- Você não vai, né? - perguntei, não gostando nada do convite. - Você disse que era só meu hoje.
Ele digitou alguma coisa no aparelho e voltou a me olhar.
- Eu respondi que eu vou falar com ele amanhã. - disse, e guardou o celular.
Eu sorri satisfeita.
- Vamos dar mais uma olhada nos berços. Quem sabe a gente acha um que não foi usado pela princesa Isabel.
Porque só aquilo explicaria os preços.
No final, Bruno acabou me convencendo a levar o berço que ele me mostrou, e a mesinha.
Quando ele sorria e começava a me beijar eu não conseguia dizer não.
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