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Capítulo 82: Posso Te Fazer Implorar

Na manhã seguinte, eu estava do lado de fora da minha casa aproveitando o sol quando uma cena me fez ter vontade de entrar.

Meu vizinho, estava sem camisa e limpava seu carro de forma tão exagerada tentando parecer sexy que eu fiquei constrangida por ele.

A mangueira estava ligada e às vezes ele jogava água em seu peito quando uma mulher passava.

- O que é aquilo? - ouvi Ângela perguntar, depois de atravessar a rua e parar na minha frente.

- Ainda estou tentando descobrir. - exclamei, e olhei para minha mais nova amiga. - Seu cabelo...

Ela sorriu e passou a mão entre os fios parecendo orgulhosa.

Os fios estavam roxos e quando a claridade do sol batia, parecia um arco-íris de tão brilhoso.

- Resolvi pintar de novo. - exclamou.

- Ficou bonito. - fui sincera. - Não sabia que vinha.

Ela olhou mais uma vez para o meu vizinho e fez uma careta.

- Estou quase arrependida. - falou, me fazendo rir. - Mas sou curiosa, e gosto das novidades em primeira mão. Jogaram baralho?

- Então... - comecei. - Eu cheguei a comprar, mas quando fui jogar lembrei que não sabia.

Ela cruzou os braços e eu podia ver um rastro de um sorriso em seus lábios.

- E você deu pra ele no final, né? - era mais uma confirmação que uma pergunta.

- Não. - respondi, mesmo que eu tenha passado a noite toda querendo me jogar em cima do meu namorado. - A gente só dormiu. Dormiu mesmo.

Ela parecia surpresa.

- Mas e o perfume? Você não usou?

E foi encarando seus olhos castanhos que eu entendi tudo.

- Você comprou ele de propósito? - perguntei, lembrando do modo que o Bruno ficou depois de sentir o cheiro no meu pescoço.

- Por que você acha que é tão caro? - exclamou, como se fosse óbvio. - O cheiro dele é conhecido por deixar homens e mulheres doidos.

Antes que eu pudesse responder, meu celular começou a tocar no bolso da minha calça.

Era a Beatriz.

- A gente devia fazer chamada de vídeo. - sugeriu, parecendo pensativa. - Eu quero ver se sua barriga cresceu um pouco.

Olhei para a Ângela e acenei com a cabeça indicando minha casa. Ela entendeu, e começou a me seguir.

- É uma boa ideia. - depois de entrar na cozinha, eu peguei o notebook que estava em cima da mesa. - Eu vou desligar e daqui a pouco te mando mensagem para você ligar a câmera.

- Ok. - concordou.

Encerrei a ligação e coloquei o notebook em cima do balcão.

- Sua amiga? - perguntou Ângela, do outro lado do balcão.

- Sim. A gente está mantendo muito contato, mesmo com a distância. - contei, e liguei o notebook.

Depois de logar na minha conta, eu mandei uma mensagem para a Beatriz avisando que ela já podia ligar a câmera.

- Eu vou no banheiro. - avisei, e passei pela Ângela indo até a porta. - Fique a vontade.

Sai a tempo de ver ela pegar uma maçã e assentir.

Depois de usar o banheiro, eu levei as mãos e voltei para a cozinha.

E encontrei uma pequena discussão.

- Você invadiu? - era a voz da Beatriz, e ela não parecia muito contente.

Ângela, que estava na frente do notebook, revirou os olhos sem paciência nenhuma.

-- Eu já falei que não... - então ela me viu. - Helena, fala para essa sua adorável amiga que eu não invadi sua casa.

Eu me aproximei dela e assim que vi a imagem da Beatriz do outro lado da tela, vi que ela parecia irritada.

- Ela não invadiu. - afirmei, confusa. - Por que vocês estão brigando?

- Não estamos. Ela está. - Ângela, esclareceu.

- Quem é essa garota? - minha amiga ruiva perguntou, e seu tom de voz foi nada amigável.

- Beatriz. - chamei seu nome querendo entender porque ela estava tratando a Ângela daquela maneira.

Ela sempre foi calma. Quem costumava se estressar era eu, e ela sempre colocava juízo na minha cabeça.

E eu tinha certeza que as duas iam se dar bem.

- Beatriz. - Ângela repetiu o nome da ruiva, e então sorriu olhando para a tela do computador. - Um nome tão doce para alguém tão amarga.

Minha amiga ficou mais brava.

- Acho que vou te ligar depois, Helena. - com isso, ela se desconectou do aplicativo.

Olhei para a Ângela querendo entender.

- O que foi isso? - perguntei, ainda confusa.

Ela deu de ombros.

- Não faço ideia.

Mais tarde, quando o Bruno chegou, eu estava terminando de lavar louça quando ele passou por trás e esfregou seu corpo no meu.

Desliguei a torneira e encarei meu namorado.

- A cozinha é grande. Você não precisa ficar me tocando. - murmurei.

Ele não pareceu se importar e quando pegou uma jarra de suco na geladeira, passou do meu lado e seu peito se esfregou nas minhas costas mais uma vez.

- Você fez de novo. - acusei.

Ele colocou a jarra em cima do balcão e me olhou.

- Ainda com essa bobagem? - perguntou.

- Do que está falando? - questionei, fingindo não entender.

Ele andou na minha direção fazendo meu coração acelerar no peito.

- Para com isso, Helena. - pediu, e apoiou suas duas mãos na pia, uma de cada lado do meu corpo me prendendo. - Eu passei o dia todo pensando em você.

- Que pena. - consegui falar quando ele aproximou o rosto do meu pescoço. - Eu não pensei em você nem um segundo.

Seus lábios tocaram minha pele deixando meu corpo inteiro arrepiado.

- Nem um pouquinho? - perguntou, e a ponta do seu nariz que estava gelada tocou minha pele. - Por que não está usando aquele perfume?

Coloquei minhas mãos sobre as suas que ainda estavam na pia e me segurei para não fechar os olhos.

- Porque... eu não achei que era necessário. - respondi, com dificuldade.

Ele tirou o rosto do meu pescoço e ficou me olhando de um jeito que me fez engolir em seco.

- O que foi?

- Eu posso te fazer implorar, sabia?

E ele sorriu.

Um sorriso de alguém que tinha certeza do que estava fazendo.

- Mas, se você quer fazer assim... - ele tirou as mãos da pia e pegou um copo que eu tinha acabado de lavar. - Estou curioso para saber até onde vai.

Bom, eu confesso que também estava.

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