Capítulo 69: Eu Só Quero Conversar
Dias depois...
- Bruno, procura direito. - pedi, enquanto falava com ele pelo celular.
Eu acordei bem cedo e fui no mercado comprar algumas coisas para fazer o almoço. No entanto, assim que cheguei em casa e abri as sacolas na cozinha, percebi que deixei a sacola com a carne no carro.
Eu estava com tanta vontade de comer carne com batata que fiz o Bruno descer no estacionamento para pegar a carne, mas ele me ligou avisando que não estava achando.
- Eu procurei no carro todo. Não está aqui. - afirmou, mais uma vez. - Tem certeza que você comprou a carne?
Suspirei.
- Claro que tenho. - falei, e então comecei a lembrar da minha ida ao mercado.
Peguei duas cebolas, três cabeças de alho, tempero e quando fui comprar a carne... a fila estava muito grande e acabei desistindo.
- Droga. - exclamei, e sentei no sofá me sentindo uma idiota. - Desculpa, eu não comprei a carne.
- Tudo bem. - ele disse, e então ouvi o barulho da porta do carro fechando. - Eu vou no mercado comprar.
Sorri e encostei minhas costas no sofá.
- Obrigada. - exclamei.
- Vai querer mais alguma coisa?. - perguntou.
- Não, só a carne mesmo. - respondi.
- Não vou demorar. - avisou, e depois encerrou a ligação.
Levantei do sofá e fui até a cozinha para cortar logo as batatas e adiantar as coisas.
Tirei as batatas da sacola e as coloquei em uma vasilha que peguei no armário. Com as batatas na vasilha, eu estava indo pegar a faca na gaveta quando ouvi um barulho estranho na porta.
Querendo saber que barulho era aquele, me afastei da mesa e voltei pra sala. Parei na frente da porta e quando fui colocar a mão na maçaneta, ela começou a girar me fazendo dar alguns passos para trás.
Alguém estava tentando entrar.
Eu sabia que não era o Bruno porque ele tinha uma chave, e também porque ele tinha acabado de sair.
A maçaneta parou de girar e sentindo meu coração acelerado, eu corri até meu celular, mas, antes que eu pudesse fazer uma ligação, ouvi uma voz feminina falar:
- Eu só quero conversar.
E não precisei de muito tempo para reconhecer aquela voz.
Charlotte.
- Vai embora. Eu vou chamar a polícia. - exclamei, de volta, sentindo a mão que eu estava segurando o celular tremer.
- Helena... - disse, e ela parecia impaciente. - Não é necessário. Sai e vamos conversar um pouco.
Ela só podia estar de brincadeira.
Ainda com as mãos tremendo, mandei uma mensagem para o Bruno sabendo que eu não podia ficar sozinha com a doida do outro lado da porta.
"Charlotte está aqui. Volta rápido."
Era óbvio que ela sabia que eu estava sozinha, Charlotte nunca ia tentar falar comigo se o Bruno estivesse por perto.
Se ela sabia que ele tinha saído, é porque ela estava perto vigiando.
Ou seja...
O segurança não viu ela sair aquele dia do prédio... porque ela nunca saiu do prédio.
Charlotte estava esse tempo todo escondida no outro apartamento.
- Bruno já está voltando. - avisei.
Ela voltou a mexer na maçaneta ficando irritada.
- Deixa de ser idiota, garota. Eu só quero conversar. - disse, e bateu na porta.
- Se quisesse só conversar não tinha fingido ser nosso vizinha. - exclamei, e li a mensagem que o Bruno mandou.
"Estou voltando. Chamei a polícia"
Respirei fundo tentando ficar calma.
- E você acreditou. - riu. - Sério, Helena? Eu estava arrombando a porta e você praticamente se ofereceu para me ajudar.
- Eu não sabia que era você. - murmurei, sabendo que manter ela falando era o melhor.
Se a polícia chegasse e encontrasse ela tentando invadir o apartamento, Charlotte seria presa.
Tinha o segurança do prédio também, ele podia me ajudar a tirar ela daqui mais rápido.
Abri meus contatos no celular e comecei a procurar o número da portaria.
- Eu só queria conhecer você. Ver por quem o Bruno me trocou. - falou. - Mas, eu não posso deixar ele ir tão fácil assim, Helena. Damon me prometeu muita coisa.
- Isso não é problema meu. - exclamei, ainda procurando o número da portaria.
- Não, não é. - disse. - Mas você ainda está no meu caminho. Você, e essa criança que ainda nem nasceu.
O jeito que ela se referiu ao bebê que eu estava esperando fez minha pele arrepiar com uma sensação horrível.
- O que você quer? - perguntei, tentando manter minha voz firme. - Você quer dinheiro?
- Eu não preciso de dinheiro. - começou. - Damon me prometeu um lugar na família. Um lugar que me faria ser respeitada. Mas, então, de um dia para o outro, ele parou de atender minhas ligações. Ele me descartou como se eu fosse nada. Agora, eu posso ver o porquê...
Depois de achar o número da portaria, eu liguei e a Charlotte pareceu perceber algo estranho porque eu fiquei quieta.
- Ok, se você quer fazer assim. - disse. - Eu ainda vou esperar ansiosa pela nossa conversa.
Então, ela foi embora me deixando com uma certeza. Com a Charlotte solta por aí, Bruno e eu, nunca teríamos paz.
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