Capítulo 36: Eu Sinto Muito
Já ficando cansada de ficar lá em baixo esperando a Jennifer descer, eu fui até o andar de cima e fiquei em frente a porta do quarto do Bruno esperando um dos dois sair.
Eu realmente não sei o que se passou na cabeça do Bruno para ele ter tentado me beijar na frente do Damon. Nós não estávamos fazendo algo que nossos pais gostariam de ficar sabendo, então eu não consigo entender porque ele tentou fazer aquilo.
- Então? - perguntei, quando a Jennifer finalmente saiu.
Eu estava há dez minutos lá fora. O que tanto eles estavam falando?
A morena apenas deu de ombros parecendo não querer saciar minha curiosidade.
- O que se conversa entre amigos, fica entre amigos. - respondeu simplesmente como eu estava suspeitando.
Segurei a vontade de falar um palavrão, mas eu entendia ela. Entendia essa coisa de lealdade.
- Ajudou muito. - resmunguei, contrariada.
Ela apontou em direção a porta me fazendo encarar a madeira cinza.
- Se você está tão curiosa, vai falar com ele.
- Depois. Agora eu acho que não é o melhor momento.
Ela assentiu parecendo me entender.
- Quando vocês forem conversar, não esconda o que sente, Helena. Ele vai gostar de ouvir.
Desviei meus olhos da porta e observei seu rosto.
- Ele agiu daquele jeito porque eu não falo o que sinto?
- Isso você também vai ter que perguntar para ele.
Alguns segundos, Jennifer se afastou me deixando sozinha naquele imenso corredor.
Sem coragem para bater na porta do quarto do Bruno, sentei no chão e ergui a cabeça para encarar o teto enquanto me perdia em pensamentos.
Eu não esperava viver isso com o Bruno quando meu pai me obrigou a vir passar um tempo com a minha mãe.
Eu nem sequer esperava conhecer ele.
Mas eu não me arrependia nem um pouco.
Seriam boas lembranças que eu levaria comigo quando fosse embora.
Ir embora.
Sim, um dia eu iria embora. Meu peito apertava só de pensar em ficar longe dele.
Quando eu finalmente voltasse para o Brasil nós ainda iríamos nos falar? Ele ainda continuaria me amando? Encontraria outra pessoa?
Meu peito ficou menor ainda e eu senti meus olhos arderem.
Balancei a cabeça de força negativa na esperança de eliminar esses pensamentos.
Eu não precisava pensar nisso agora. Não era como se meu pai do nada decidisse que eu precisava voltar para casa.
Nós ainda tínhamos tempo, não?
Mas mesmo que eu tentasse, eu ainda não conseguia parar de pensar como ele reagiria quando eu fosse.
Levantei do chão quando o Bruno saiu do quarto. Encarei seus olhos esperando que ele falar alguma coisa, quando não aconteceu, resolvi quebrar o silêncio.
- Está mais calmo? - perguntei, me encostando na parede.
Ele se encostou do outro lado do corredor deixando um grande espaço entre nós.
- Eu não deveria ter falado com você daquele jeito.
Suspirei sentindo um clima chato entre nós.
- Eu só queria saber o que te deu. Você não podia ter tentado me beijar. Seu pai...
- É exatamente esse o problema, Helena. - me cortou parecendo irritado. - Tentar te beijar na frente do meu pai não deveria ser motivo para te deixar brava.
Balancei a cabeça de forma positiva já entendendo onde ele queria chegar.
Ele não queria mais ficar escondido.
Bruno queria mais.
- Isso não é culpa minha. - falei, alguns segundos depois. - Você sabe a merda que vai acontecer se eles descobrirem sobre nós.
Ele sorriu forçado.
- E você não é corajosa o suficiente para encarar isso comigo. Eu sei.
- Não...
Ele me encarou seriamente como se me desafiasse a negar o que ele tinha afirmado.
Fiquei quieta sabendo que ele estava certo.
Eu não era corajosa o suficiente para encarar minha mãe.
Ela teria mais certeza que eu era um caso perdido, ou que só ficou com ele porque queria irritá-la. No começo até poderia ter sido, mas acontece que as coisas se desenrolaram de um jeito que eu nunca esperaria.
Eu tento transparecer uma garota confiante que não ligava para o que os outros diziam, mas lá no fundo, bem no fundo, eu queria que a minha mãe um dia me olhasse com orgulho.
E se ela descobrisse sobre o Bruno e eu, esse meu desejo estaria arruinado.
- Você fala como se fosse tudo fácil. Até parece que nossos pais vão dançar de alegria e desejar felicidades.
Bruno ficou na minha frente e ergueu suas mãos colocando elas em cada lado do meu rosto.
- Olha, eu sei que não vai ser fácil, mas eu estou disposto a arriscar. E você?
Olhei seu rosto de perto e percebi que só tinha uma resposta para aquela pergunta.
E essa resposta não era uma que faria com que ele ainda quisesse me beijar. Ou até mesmo falar comigo.
- Eu sinto muito. - murmurei, colocando minhas mãos em seus pulsos e afastando seu toque do meu rosto. - Isso não deveria ter chegado tão longe.
Era só pra ter sido uma coisa entre dois adolescentes que gostavam de curtir a vida.
Ele não podia ter falado que me amava, e eu com certeza não devia ter me... apaixonado.
Sim, eu estava apaixonada por ele. Tentar negar o óbvio era idiotice.
Bruno só deveria ter sido o filho problemático do meu padrasto que às vezes me fazia querer gritar de raiva. Eu só devia ter sido a garota irritante que invadiu seu espaço quando veio passar um tempo na sua casa.
Ele se afastou quase um minuto depois da minha resposta. Eu não tive coragem de encarar seus olhos com medo do que eu iria encontrar.
Raiva? Tristeza? Decepção?
Eu não queria acabar com tudo entre nós. Ou o que nós estávamos tendo. Mas se isso não acabasse agora, lá na frente seria muito pior.
Quando finalmente olhei em seus olhos, vi que ele estava em uma confusão de sentimentos.
- Nós nos divertimos, e só era pra ter sido isso. Uma diversão. Se você não tivesse falado que me amava eu com certeza não estaria pensando em como seria minha vida quando eu voltasse pra casa.
- Então é melhor acabar com o peso agora antes que ele interfira na sua vida no Brasil? - agora ele estava realmente bravo. - Eu aqui querendo contar para os nossos pais sobre nós e você pensando na melhor forma de terminar comigo quando fosse embora.
Passei as mãos no meu rosto sentindo uma enorme vontade de gritar.
- Você está tornando isso difícil, Bruno. Você tem que admitir que isso foi rápido demais. Um dia nós estávamos discutindo por besteira, e no outro você dizia que me amava. Eu estou fazendo o certo.
Ele se aproximou novamente e colocou sua mão direita no meu pescoço e aproximou seu rosto do meu me calando. Mesmo que eu estivesse nesse momento tentando terminar com tudo... eu não conseguia afastá-lo. Não quando ele estava fazendo cada parte do meu corpo gritar por mais do seu toque.
Encarei seus lábios quando ele se aproximou um pouco mais.
- Talvez seja. Eu acabei de decidir que não vou cometer o mesmo erro. Minha próxima namorada vai gostar verdadeiramente de mim. E ela não vai ter medo de falar isso.
Então ele me soltou e eu senti frio como nunca antes.
- Eu gosto de você. - afirmei.
- Eu te falei uma vez que não te forçaria a nada. Que você só falaria seus sentimentos quando estivesse segura...
- Não é o que está parecendo.
- Mas acontece, Helena... que eu não estou mais a fim de ser seu "amor de verão." - com essas palavras, ele entrou novamente em seu quarto me deixando sozinha.
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