Capítulo 25: Você Que Não Quer
Dias depois do evento no colégio...
- Quer se sentar como uma pessoa normal, Helena? - minha mãe exclamou, depois de ajeitar sua bolsa no ombro. - Vai acabar ficando com dor na coluna.
Me senti inquieta e resolvi sentar de cabeça para baixo no sofá. Meus pés estavam balançando no ar quando minha mãe entrou na sala.
- Estava me alongando. - falei, e sentei de forma certa. - Você vai sair?
- Dia de clube. - disse, e caminhou em direção a porta. - Tenta não colocar fogo na casa.
- Não prometo nada.
Ela saiu da casa me deixando sozinha. Com um suspiro, encarei a TV desligada na minha frente.
Minha vontade era de ir até o quarto do Bruno e perguntar até quando ele ia me ignorar.
O loiro não estava falando comigo, e por mais que eu tentasse não me importar, sempre me aproximava para ver se ele ia puxar assunto.
Mas nada.
Estava difícil seguir a regra de não me importar.
Levantei do sofá quando ouvi um barulho no corredor que ficava o escritório do Damon. Se a Lúcia estava na cozinha, Damon na empresa e minha mãe foi no clube... só podia ser o Bruno.
Andei em direção ao escritório sentindo meu coração apertado no peito.
Eu não gostava da ideia de ter magoado o Bruno, e a forma que ele me olhou na festa do colégio me fez ter certeza que eu fiz isso.
Parei em frente á porta do escritório e girei a maçaneta. Assim que entrei, vi o Bruno sentado na cadeira com os pés cruzados em cima da mesa.
Ele estava com uma postura relaxada enquanto segurava um livro.
Ele nunca esteve tão bonito.
Fechei a porta e andei até a mesa sabendo que ele já tinha notado minha presença.
No entanto, ele não desgrudou seus olhos do livro.
- Então... - falei, e cruzei os braços. - Quero falar com você.
- Que fetiche é esse em atrapalhar minha leitura? - perguntou, finalmente me olhando.
- Eu só quero saber até quando vai ficar me ignorando. - falei, não me intimidando com seu olhar.
- Talvez eu só quisesse ler. - ele fechou o livro e tirou as pernas de cima da mesa.
- Você não gosta de ler.
Ele ergueu uma sobrancelha na minha direção.
- Você não me conhece, Helena. - falou, e dessa vez, não consegui retrucar.
Respirei fundo antes de voltar a falar.
- Tem razão, eu não te conheço. - falei. - Eu só estou aqui por causa das coisas que disse na quadra.
- Sobre não sermos nada e só ficarmos de vez em quando?
Ele como sempre direto.
- É...
- Você acredita realmente nisso? - perguntou, me olhando com interesse. - É isso que eu sou para você?
- Não pode ser mais, então sim. - respondi.
- Não posso. - repetiu minhas palavras, e deu uma pausa. - Ou você não quer?
O fato de não conseguir responder aquela pergunta me fez ter um nó na garganta.
- Não importa o que eu quero. É isso que somos. - falei, finalmente.
Ele cruzou seus braços em cima da mesa enquanto seus olhos não desviaram dos meus.
- Pode importar pra mim.
A conversa estava tomando um rumo perigoso e eu novamente não consegui responder.
Ele suspirou e voltou a abrir seu livro.
- De qualquer forma eu estava lendo então se você não tiver mais nada para dizer, pode ir. - exclamou, voltando a colocar seus pés em cima da mesa.
- Sério? - estava surpresa com o fato dele estar obviamente me expulsando do escritório.
Bruno voltou a ler me ignorando completamente.
Encarei ele um pouco mais e então sai do escritório me sentindo frustrada.
Voltei para o corredor enquanto suas palavras estavam martelando na minha cabeça.
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