Capítulo 20: Suas Personalidades
Sexta-feira chegou e sai com o Nathan como combinado. Ele me levou no cinema mais popular da cidade e escolheu um filme que segundo as críticas, seria o filme do ano.
Estava comendo pipoca quando a primeira mensagem chegou.
"Está gostando do filme?"
Óbvio que era o Bruno.
Antes de sair de casa, bati na porta dele e perguntei se o mesmo podia dar uma olhada no Fofo já que o gato fazia um escândalo quando eu não estava.
Bruno apenas perguntou se eu levaria meu celular, e quando respondi que sim, ele falou um: "tudo bem" e fechou a porta na minha cara.
Pelo menos tinha aceitado olhar o gato.
"Você me abandonou"
Essa segunda mensagem foi seguida de uma foto onde mostrava suas pernas apoiadas na mesa de centro da sala, e na frente a TV ligada.
Ignorei suas mensagens e tentei focar minha atenção no filme. Nathan estava ao meu lado e parecia bem entretido.
Meu celular apitou novamente no meu colo e demorei quase um minuto para ler a próxima mensagem:
"Pensando em como eu ia te beijar inteira aqui no sofá."
Com a pulsação acelerada, deixei meu celular cair dentro do balde de pipoca.
Desgraçado.
- Está tudo bem? - Nathan perguntou, me olhando.
Assenti rapidamente.
- Tudo sim. - menti, e encostei minhas costas no banco.
A sala de cinema não estava cheia, e agradeci a falta de luz do lugar porque assim ninguém ia notar meu constrangimento. Certeza que estava mais vermelha que um tomate.
O resto do filme se passou sem mais nenhuma mensagem e isso me deixou aliviada. Saímos da sala de cinema e fomos até a lanchonete. Eu não estava com muita fome, então só pedi um milkshake de morango.
- Está gostando da cidade? - Nathan perguntou, quando sentamos em uma mesa perto da porta.
- Acho que estou conseguindo lidar com tudo. - ou eu estava tentando pelo menos.
Meu celular começou a tocar com uma ligação, e eu nem precisei olhar para saber quem era.
Desliguei a ligação e sorri para o Nathan.
- Minha mãe gosta de ficar me ligando para saber como estou. - inventei, algo impossível.
Minha mãe estava dormindo tranquilamente nesse momento e eu nem passava por sua cabeça.
Outra mensagem e não me segurei lendo ela segundos depois:
"Eu gosto de lembrar da sensação de como você fica fraca quando beijo seu pescoço."
Não resistindo, respondi ele rapidamente.
"Você tem que parar"
Ele respondeu rápido também.
"Deixa eu te buscar. Você não tem porquê estar ai com ele"
Suspirando, levantei da mesa e percebi como Nathan parecia confuso.
- Eu vou no banheiro. - avisei, e me afastei.
Assim que entrei no banheiro, liguei para o Bruno ficando irritada por ele estar me tirando do sério.
- Você tem que parar com isso. - foi a primeira coisa que disse assim que ele atendeu. - Eu vou te bloquear na próxima mensagem.
- E por que não bloqueou na primeira? - perguntou, e dava para ouvir o barulho da televisão. - Acho que está gostando de ler.
Me encostei na porta sentindo um frio na barriga.
Ele me fazia tão confusa que me deixava desesperada. Aquele dia que ele me falou para deixar tudo quieto, achei que as coisas fossem voltar ao normal, mas agora ele estava agindo daquele jeito.
- Bruno, por favor...
- Deixa eu te buscar. - pediu, novamente. - Inventa alguma desculpa e fica comigo.
- Por que eu faria isso? - questionei. - Nathan é um cara legal e me trata bem.
Ouvi sua risada amarga.
- Eu posso cuidar muito melhor de você. - percebi uma movimentação como se ele tivesse ficado de pé. - Me fala o endereço de onde vocês estão.
- Não, e para de me ligar. - falei, decidida. - Vou deixar meu celular desligado.
Não dando tempo para ele responder, encerrei a ligação e guardei meu celular no bolso.
Depois de me sentir mais calma, voltei para mesa vendo o Nathan me esperando.
- Está tudo certo mesmo? - perguntou. - A gente pode ir embora se quiser.
- Mas a gente nem comeu ainda. - respondi, sorrindo. - Você não me disse mais sobre o clube do livro.
Ele se encostou na cadeira mais relaxado.
- Você devia aparecer, é sério. Pode não gostar muito de ler, mas lá eles servem os melhores salgados do mundo.
As horas foram passando e Bruno não tentou mais falar comigo. Quando Nathan me deixou no portão de casa, me olhou com um pouco de esperança.
- Nenhuma química? Nada? - perguntou, decepcionado.
- Desculpa, mas eu só estou buscando amizades mesmo.
Ele sorriu.
- Tudo bem, quem sabe você mude de ideia algum dia. - falou. - Se mudar, sebe onde me encontrar.
- Biblioteca?
- E toda sexta-feira no clube do livro depois da última aula.
Sua resposta me fez rir.
Me despedi dele e sai do carro. Assim que ele dirigiu para longe, entrei em casa suspirando aliviada com o aquecedor da sala.
Pensando em ir para o meu quarto, vi o Bruno no meio do caminho. Não querendo um confronto, tentei passar por ele, mas o loiro tinha outros planos.
- Você gostou de sair com ele? - perguntou, na minha frente.
- Bruno, isso é algum tipo de brincadeira? Porque sério, eu realmente não estou afim de jogar. - falei, cansada.
- Só foi uma pergunta.
Sorri sem humor.
- Você praticamente me rejeitou aquele dia e agora fica agindo assim. - sentia vontade de bater nele. - Suas mudanças de humor são confusas demais.
Quando ele tentou me tocar, me afastei dele não confiando no meu corpo.
- Você não entende.
- Eu não entendo? - retruquei. - Eu não tenho é cabeça para ficar agindo conforme as personalidades que você escolhe usar no dia. Só me deixa em paz.
Virei as costas e subi às escadas querendo ficar longe dele.
Se ele não tivesse me beijado aquele dia na festa, nada disso estaria acontecendo. Ainda seríamos dois idiotas que viviam para perturbar um ao outro.
Eu não sei o que estava passando pela cabeça dele, mas não perderia tempo tentando descobrir.
Eu já tinha meus problemas para lidar.
Porém, no meio da noite, uma última mensagem chegou me deixando ainda mais pensativa:
"Eu não te rejeitei, acho que nem posso fazer isso. Tentei ficar longe, mas sou incapaz disso também."
Estamos chegando no fim das atualizações e então vou encaixar a história com o final que vocês já conhecem dela.
Até breve.
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