Capítulo 15: Amigos Não Se Beijam?
Capítulo atualizado para se encaixar na nova versão da história em 2024
Estávamos em um parque de diversão.
Eu achei que ele fosse me levar para qualquer lugar, menos para um parque.
- Quer comer alguma coisa? - perguntou, quando viu que eu fiquei parada olhando em volta.
Aquilo era bonito, mas como ainda estava muito cedo as luzes em volta dos brinquedos não estavam tão brilhantes.
- Eu realmente não sei porque está sendo legal comigo. - murmurei, me virando para encarar seu rosto.
Ele tinha até aberto a porta do carro pra mim quando chegamos, e esse gesto não combinava em nada com sua personalidade.
Pelo menos não com a personalidade que ele usava comigo.
- Não seja tão desconfiada. É só um passeio. - disse, e andou na frente me fazendo segui-lo.
Paramos em uma barraquinha de cachorro quente e senti meu estômago pular de alegria quando senti o cheiro do molho.
- Um cachorro quente. - Bruno, pediu olhando para o homem com avental.
Ele assentiu e se virou para preparar o lanche.
- Não vai comer? - perguntei, sabendo que ele fez o pedido pra mim.
- Estou sem fome. - respondeu.
- Aposto que nunca comeu cachorro quente. - exclamei, enquanto olhava seu rosto.
- Por que tem tanta certeza? - perguntou, e tinha um fraco sorriso em seus lábios.
- Então estou certa? - questionei.
O moço que trabalha na barraquinha me entregou o cachorro quente e depois que o loiro pagou, nós começamos a caminhar.
Fiquei feliz quando encontramos um banco no meio do parque.
Era horrível comer em pé.
Bruno sentou ao meu lado e ficou olhando as pessoas em volta se divertindo enquanto eu comia meu lanche.
- Morde um pedaço. - pedi, e empurrei o cachorro quente na direção dele.
- Helena...
- Eu vou te perturbar até você pegar. - avisei.
Ele pegou o lanche da minha mão finalmente se rendendo. Bruno deu uma pequena mordida no pão e mastigou devagar.
- E ai? - perguntei, curiosa.
Aquele lanche é uma delícia. Impossível ele não ter gostado.
- É bom. - respondeu, e me devolveu. - Mas ainda não quero.
- Você é fresco, isso sim. - declarei.
Olhei para a roda gigante na nossa frente e senti um frio na barriga só de pensar em estar lá em cima.
As pessoas faziam fila parecendo animadas para entrarem, e eu só queria ficar bem longe.
Minha pulsação acelerou quando senti a mão do Bruno tocar meu rosto.
- O que foi? - perguntei.
Ele colocou seus dedos entre os fios do meu cabelo segurando minha cabeça, assim eu não ia me mexer.
- Tem molho aqui. - disse, e então se aproximou.
Senti a ponta da sua língua tocar minha bochecha e isso fez meu coração saltar no peito.
- Mas o que...
Dei um salto do banco e ouvi sua risada.
Ele tinha acabado de limpar o molho no canto da minha boca com a língua?
- Seu constrangimento é encantador. - falou, sorrindo.
Irritada por ele ter conseguido me pegar de surpresa, deixei o lanche de lado.
- Por que me trouxe aqui? - perguntei, não querendo ser seu entretenimento. - Seja sincero, sem brincadeiras.
- Já te falei, quero ser seu amigo. - respondeu. - Eu estou tentando melhorar nossa convivência.
- Por que agora?
Porra, ele tinha acabado de lamber meu rosto. Que tipo de começo de amizade era aquela?
- Por que você faz tantas perguntas? - devolveu, e levantou do banco parecendo cansado daquela conversa. - Vai passar o resto da tarde emburrada ou vamos realmente nos divertir?
Depois de respirar fundo, resolvi lhe dar um voto de confiança.
- Não vou na roda gigante. - avisei, quando começamos a andar em volta do parque. - Podemos ir na casa monstro.
- Aquilo não assusta ninguém. - ele disse, e me seguiu quando comecei a andar em direção a casa monstro.
- É escuro lá dentro. Pelo menos não vou precisar olhar para você. - falei, e quando paramos na fila, fiquei feliz por não estar muito grande.
- Ou... - ele parou atrás de mim e quando falou, sua voz estava perto da minha orelha. - Só está querendo arrumar uma desculpa para me agarrar.
Dei um passo para frente afastando seu corpo do meu e ignorando o arrepio que senti.
- Claro, até porque você é irresistível. - exclamei.
- Se você quiser eu posso ser.
- Prefiro que fique em silêncio.
- Se você parar de fingir que não está gostando da minha companhia eu vou tentar te perturbar menos. - ele disse.
- Não é fingimento.
A fila andou um pouco e na próxima rodada seria nossa vez.
- Se você sentir medo pode me abraçar. - ele se ofereceu.
- Eu costumo bater quando estou com medo.
- Dependendo do lugar que você escolher bater eu até posso gostar.
- Vai para o inferno.
O carrinho parou na nossa frente e o Bruno sorriu na minha direção enquanto apontava para o banco.
- Você primeiro.
Entrei no carrinho e ele sentou do meu lado. Quando o carrinho entrou na casa monstro, não senti medo nenhum. Na verdade, senti vontade de rir toda vez que um boneco ou funcionário tentava nos assustar.
- Eu disse que esse lugar não assustava ninguém. - Bruno falou, e sua voz estava tão perto que senti sua respiração na minha bochecha.
- Ou eu estou tão acostumada com sua presença maravilhosa que nada mais me abala. - falei.
Ele riu.
Riu de verdade, e foi um som bonito de se ouvir.
- Você é uma garota interessante.
Estranhando ainda mais seu comportamento, me virei na sua direção.
- Agora vai ficar flertando comigo? Eu já te avisei que não ficaria com você nem se você fosse o último homem da terra.
- Ficar comigo de novo, né? - disse, e como estávamos quase colados, sussurrou. - Que tal você deixar eu te lembrar de como foi? Aproveita que está escuro para depois você usar a desculpa de que não sabia que era eu.
Virei o rosto quando ele aproximou seus lábios dos meus.
- Definitivamente você está usando drogas.
Ele suspirou frustrado.
- E você definitivamente não sabe aproveitar um clima.
O resto do passeio se passou em silêncio, e depois que saímos da casa monstro, fomos em outros brinquedos.
E, apesar de suas provocações, foi bom passar aquele tempo com ele.
Horas depois, olhei para o céu depois de ouvir um barulho muito alto.
- Vai chover. - falei, e me virei para olhar o loiro. - Onde você estacionou seu carro?
- Não muito longe. - respondeu.
Eu segui ele e voltei a encarar o céu mais uma vez quando senti meu cabelo começar a ficar molhado.
- Que droga. - exclamei.
Eu não me importava com a chuva, mas eu estava usando uma blusa de frio que ficaria pesada se ficasse molhada.
- Vamos ficar ali em baixo. - Bruno falou, e caminhamos até uma barraquinha de brinquedo que estava fechada.
Quando achei que estávamos protegidos, o vento piorou e jogou água nos nossos rostos me fazendo rir.
- Não foi uma boa ideia. - falei. - Ficar aqui ou em baixo da chuva é a mesma coisa.
Bruno assentiu e gotas de água começaram a cair do seu cabelo molhando seu rosto. Mesmo que não fosse o momento, eu me peguei pensando que ele estava bonito.
Ele olhou na minha direção naquele momento e, de repente a chuva não pareceu tão importante.
- Você já beijou na chuva? - ele perguntou, e eu pisquei tentando processar sua pergunta.
- Eu não vou te beijar. - falei.
Ele sorriu e deu um passo na minha direção, e tentando me afastar, andei para trás saindo da proteção da barraca.
Agora estávamos os dois sendo molhados pela chuva.
- Já beijou? - perguntou, novamente na minha frente.
Quando ele tocou meu rosto eu não tive forças para afastar ele, porque se éramos bons brigando, éramos melhores ainda nos tocando.
- Mentiu quando disse que queria ser só meu amigo. - murmurei, quando ele inclinou seu rosto na minha direção.
- Ainda quero. - disse. - Mas quem disse que amigos não se beijam?
E, com essas palavras, seus lábios tocaram os meus me fazendo fechar os olhos. E, mentalmente, respondi sua pergunta.
Aquele tinha sido meu primeiro beijo na chuva.
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