CAPÍTULO 10
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Querido, você tem as chaves
Agora cale a boca e dirija, dirija, dirija, dirija
Cale a boca e dirija, dirija, dirija, dirija
Shut UP and drive - Rihanna
Não sei o que aconteceu, mas o clima ficou estranho quando ele olha em meus olhos. Assim como nos vimos na primeira vez. Mas agora é como se a nossa aproximação tivesse deixado tudo mais... Diferente. Nunca estivesse nessa situação antes.
Sam se aproxima de mim e coloca uma mão em minha bochecha, limpando um pouco de chocolate que havia lá. Fiquei aguardando o que viria depois, já que não fazia a menor ideia do que estava acontecendo. Ele vai aproximando seu rosto ainda mais do meu, e meu sistema vai ficando ainda mais sobrecarregado com tanto atrito entre nós. Posso sentir sua respiração quente e seus olhos vão se fechando aos poucos, eles lábios estavam quase encostados nós meus, e só aí cai a ficha do que ele estava tentando fazer. Sem saber qual deveria ser a minha reação, dou um passo para trás na tentativa de acabar com toda aquela situação, mas acabo piorando tudo. Meu cotovelo colide com um botão vermelho que estava logo atrás de nós, e assim acionando o alarme do prédio.
— Droga! — Digo quando o som do alarme começa a se manifestar. Começamos a ouvir passos rápidos em nossa direção — Entra no carro, Sam — E assim ele faz.
Me sento ao seu lado. E agora?
A porta se abre com força revelando os guardas prontos para atacar. Pego as chaves do carro e jogo na mão no grandão.
— O que?
— Te explico depois, agora liga isso aí — Ele dá partida no carro, e os guardas se encontravam a poucos metros de nós. Sam pisa no acelerador e, por sorte, a grande saída de emergência estava aberta. Ele não precisou dirigir muito para estar fora do shopping — Ufa!
— Da para me explicar o por que que você não dirigiu esse troço?
— Não dá tempo — Digo olhando no retrovisor e vendo os guardas nos seguindo com as motos de fini — Só pisa no acelerador
O carro vai mais rápido, e, pelo pânico, meu sistema começa a dar falhas.
— Calma garota — Fecho os olhos e respiro fundo, por alguns segundos apenas sinto o vento sob meus cabelos, até que tenho uma ideia.
— Sam entrar no vilarejo bubble gum.
— Vamos ficar grudados!
— Se o carro estiver a mais de 120 por hora não vamos.
— Tá maluca?
— Anda grandão, isso é um carro de corrida — Negando com a cabeça, Sam pisa fundo no acelerador e entra nos arredores do vilarejo — Agora vira a direta — Assim é feito. Os guardas vão se diminuindo, já que alguns ficaram grudados no início do vilarejo, mas um ainda estava na nossa cola.
— Esse cara é bom!
— Ele era corredor profissional na década de oitenta, mas agora trabalha para o rei caramelo. Não dá tempo de falar de história, além do mais é chato. Tá vendo aqueles dois pirulitos? — Ele assenti — Vai na direção deles.
— Vamos dar de cara com a parede.
— Fecha os olhos e confia em mim — Sam pisa mais fundo no acelerador, assim como eu disse, ele fecha os olhos. Sinto a energia que já estava acostumada sobre meus pixels, e finalmente me sinto segura — Pode abrir, Sam.
— Como? Onde estamos?
— Bem vindo a minha casa! Aqui é como se fosse uma fase não finalizada, por isso fica escondida, depois que descobri, comecei a morar aqui.
— Nossa! É incrível.
— Sei que não é o que você está acostumado, mas pode ficar aqui enquanto não acontece a corrida.
— Obrigado! Agora mocinha, me explique o por que de tudo isso.
— É que... Eu não... Não sei dirigir.
— O que? Você me disse que iria ganhar a corrida.
— É, mas pensei que seria fácil, ou que já estaria na minha programação.
— Você é um bug, não tem uma programação exata para ficar confiando nela, você vive em falhas —Ele estava nervoso. Dou um olhar triste para ele e abaixo minha cabeça, caminhando para o lado — Eii, esquece o que eu disse — O ignoro — Me desculpa, não quis falar isso.
— Tudo bem, você está certo. Não sei onde estava com a cabeça de pensar que poderia correr — Me sento na minha cama, ele se senta ao meu lado.
— Não diz isso. Você vai correr, vou te ensinar.
— Sério?
— Sim.
— Eba! — Digo e lhe dou um forte abraço — Obrigada — Digo baixinho em seu ouvido enquanto ainda o abraçava.
— Seu cabelo tem cheiro de chiclete.
— E o seu é super macio! Sério o que você usa?
— Segredo! — Rio. Nossos olhares se cruzam novamente, passo a mão pelo meu cabelo colocando uma mecha atrás da orelha.
— Aí não — Meus olhos se enchem de lágrimas e me levanto para procurar pelo local.
— O que foi?
— Eu perdi. Perdi o docinho.
— Você tem vários no cabelo.
— Mas aquele era... Especial — As lágrimas escorriam pelo meu rosto.
— Calma, calma — Ele se aproxima e me abraça novamente.
— Era do meu único amigo, um cachorrinho — Digo chorando, ainda abraçada com ele e sentido seu doce cheiro — Ele também tinha um sistema um pouco bugado, menos que o meu, mas ninguém queria adota-lo. Ele foi minha única companhia, até os desenvolvedores removê-lo do jogo. Eu sinto tanta falta dele, me sinto tão sozinha.
— Eii, eu tô aqui agora.
— Você não vai ficar por muito tempo. Pensa que eu não sei? Assim que recuperar sua medalha você vai voltar para seu jogo e se esquecer de mim.
— Sim, eu vou voltar para meu jogo, não posso abandona-lo, mas vou sempre voltar aqui, sempre que o fliperama fechar. E você pode ter certeza, é tarde demais para te esquecer, nem se resetarem o meu sistema.
— Promete?
— Prometo! — Ele se afasta de e vai até sua mochila — Encontrei isso quando fui até a pista de corrida — Ele me mostra uma presilha de pirulito. Ele passa a mão sobre meus fios de cabelo e, delicadamente, prende o doce neles, depois da um beijo no topo da minha cabeça — Vontade de guardar você em um potinho e proteger de todo esse mundo cruel.
— Você é fofo.
— Não mais que você.
Assim como da outra vez, ele coloca sua mão em minha bochecha, que já se encontrava mais rosada que o comum, ele se aproxima — Dessa vez eu não me afasto, já que quando fiz isso, não acabou nada bem, estamos na caverna mentolada, o que poderia acontecer? — Seu rosto fica extremamente próximo ao meu, seu quentes lábios encostam nos meus com delicadeza. Ele me beija com calma. Meu sistema relaxa, pela primeira vez em muito tempo.
Ele se afasta. E eu olho para baixo envergonhada.
— O que foi? — Ele pergunta acompanhado de uma risadinha.
— É que... Nunca tinha feito isso antes.
— Bom... Para tudo tem uma primeira vez. Você gostou?
— Muito — Falo com as bochechas pegando fogo.
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