Rápido Demais
Kate Reed
Me observo no espelho e não consigo ver onde isso se encaixava, eu sabia que tinha que casar com Dante e tudo isso, mas não conseguia me ver naquele vestido ridículo.
Tinha uma mulher ajeitando as bainhas e vários vestidos em cima da minha cama, estava em cima de um banquinho e Bianca estava sentada em uma poltrona lá atrás.
-Eu acho que não te favoreceu.- ela faz careta.
-Deixa eu ver.- ela levanta e fica atrás de mim.- Verdade, anota aí, Bianca: vestido tomara que caia coração, não.
-A gente tem que fazer isso hoje?- faço careta.
-Sim, o casamento é em dois dias.- Bianca me ajuda a tirar o vestido.
Eu queria não saber disso, mas já tinham pessoas arrumando o jardim, aparentemente iríamos casar no meio do jardim, bem no coreto branco no meio de todo o jardim.
-Vamos testar o de princesa...
-Não, não.- balanço a cabeça.- Não vou colocar essa saia.
-É só testar.- Bianca sorri animada.
Reviro os olhos e passo meus braços pela entrada, ela ajeita o vestido em meu corpo e seguro a parte dos meus seios enquanto me vejo no espelho.
Não parece tão ruim, mas com certeza andar com esse vestido cheio por todo aquele gramado vai ser horrível. Então com certeza é um não.
-Kate...
Dante começa a entrar e Bianca junto com a mulher começam a gritar, ele arregala os olhos e se vira. Tento não sorrir, como se esse fosse o meu vestido.
-Esse é o vestido?- ele pergunta.
-Com certeza, não.- continuo segurando a parte dos seios.
-Ótimo, vocês duas saiam.- ele se vira e deixa a porta aberta.
-Ainda não...
-Vou demorar dez minutos.- ele parece estar contendo o sorriso.
Bianca e a mulher saem e ele fecha a porta, então desço daquele banco e ele comprime os lábios quando me vê naquele vestido, eu também quero rir de mim.
-Pode falar logo e ir embora?- franzo as sobrancelhas.
-Você está bonita.- ele sorri.
-E você é um mentiroso.- balanço a cabeça.
-Só lembrando que sua família vem aqui hoje.- ele me observa.- Mary trouxe seu vestido de hoje.
-Ah, então esse é o nome dela.- sorrio.- Ela chegou me colocando em um vestido e nem me falou.
-Mary é um pouco apressada.- ele afasta uma mecha castanha do meu rosto.- Gostou de algum até agora?
-Não, mas o cansaço vai vencer e eu vou escolher qualquer um.- balanço os ombros.
-Bom, você ficaria bonita com qualquer um.- ele olha para a cama e vê os vestidos.- Ah, mais uma coisa..... Achei que gostaria de saber para onde vamos na lua-de-mel.
-Onde?- fico curiosa e ele percebe.
-Como não podemos ir para os Estados Unidos e nem ficar na Europa, eu conversei com seu pai...
-Você e meu pai conversaram.- isso parece estranho.
-É, ele me contou que você tem um manual de viagens com os dez cantos que você gostaria de ir.- ele explica e eu fico surpresa.
-Metade deles é na Europa e alguns são nos Estados Unidos, mas um deles é bom para nós agora.- ele explica e tento me lembrar do que eu coloquei.- St. Barth, Cari....
-Caribe?- arregalo os olhos.
-Isso....
Deu um grito agudo e esqueço tudo ao pular em cima dele, as mãos de Dante tocam minhas costas e eu aperto ele com os braços. Eu vou finalmente conhecer o Caribe!
Sinto algo em meus pés e percebo que o vestido caiu e eu estou só de sutiã e calcinha enquanto abraço ele. Me afasto e ele fica me observando enquanto eu levanto o vestido de novo.
-Obrigada.- falo mais baixo.
-Tenho que começar a recompensar você.- ele sorri fraco.
-Você leu o diário ou ele só falou os lugares?- pergunto e ele dá um sorriso maior.
-Eu não perdi a oportunidade.- ele olha envolta.- Las Vegas, é?
-Dizem que é bonito.- mexo os ombros.
-Você mesma vai dizer se é bonito.- ele se aproxima.- Quando tudo isso acabar, você e eu vamos ir pra cada lugar que você colocou nessa lista.
-Sem brincadeira?- fico surpresa.
-Sim.- ele acaricia minha bochecha.
Prendo a respiração quando seus lábios tocam os meus delicadamente, ergo a cabeça e Dante vai avançar quando a porta abre e nos afastamos imediatamente.
-Dez minutos.- Mary se aproxima.- Vai embora agora, menino.
-Sim, senhora.- ele começa a se afastar e sorri para mim por cima do ombro antes de fechar a porta.
-Sobe aí de novo.- ela pede e eu já estou no mundo da lua.
Ele me sequestrou, é verdade. Mas tudo que ele estava tentando fazer e trazer minha família aqui.....eu estava começando a me sentir bem confortável com ele aqui.
Ah, meu Deus! Eu tenho síndrome de Estocolmo!
♧︎︎︎
Dante Bernadi
Começo a me desesperar quando não consigo arrumar a gravata, deveria ser fácil fazer isso já que eu sei fazer desde os dez anos de idade. Agora parece que eu estou aprendendo de novo.
A maior parte do nervosismo é que hoje de manhã eu realmente senti que podia funcionar, comigo e com Kate. E a outra parte era que eu queria que a família dela visse que eu podia ser bom.
Sequestrar ela não foi um acerto na minha lista, mas duvido que o pai dela conseguisse defender ela daqui, eles teriam que voltar para Nova York e aí ficariam mais expostos mesmo com um exército.
E em falar que meu plano para defender Kate era bom, eles estavam atrás dela, e com a família dela em um canto e ela em outro....nada podia dar errado.
-Ei.- a porta abre e vejo Kate.
Ela está com uma parte do cabelo para um lado e os cachos estão bem arrumados, o batom vermelho combina com o vestido vermelho longo. Ela está linda.
-Posso falar com você?- pergunta.
-Claro.- deixo a gravata.
Kate entra no quarto e fecha a porta, percebo que ela olha para a parede das fotos antes de chegar em mim. Estamos alguns centímetros afastados mas consigo sentir o cheiro doce do perfume.
-A gravata.- ela sorri e começa a fazer.
-Obrigado.- a observo encantado.
-Eu...- ela fala concentrada.- Queria saber se não tivesse todo esse problema da minha avó...- ela morde o lábio e suas mãos são ágeis.- Você me deixaria ir?
Seus olhos sobem até os meus e observo o azul deles, é tão claro que consigo ver algumas pintinhas verdes neles, mas a pergunta me trás algo... estranho.
-Como assim?- pergunto.
-Sei lá, você me deixaria ir?- ela termina com a gravata.
-Por que quer saber isso?- balanço a cabeça.
-Porque eu preciso.- ela abaixa as mãos.- Eu preciso saber se eu estou gostando de você de verdade ou é só uma síndrome idiota...
-Ah.- eu me afasto rindo.- Então você acha que gostar de mim é síndrome de Estocolmo.
-Você me sequestrou.- ela fala séria.
-E se eu não tivesse feito isso você estaria sendo obrigada a casar com um cara...
-Eu quero saber se não houvesse nada disso.- ela cruza os braços.- Se você tivesse me sequestrado e só isso.
-Eu não vou responder isso.- encosto meu corpo na escrivaninha.
-Então é um "não".- ela sorri fraco.
-Não é um "não" e nem um "sim".- corrijo.- É um "preciso pensar sobre isso mais que um minuto".
-Claro, vejo você lá embaixo..- ela se vira e começa a sair.
-Kate.- a chamo e ela para ainda de costas.- Eu gosto de você. De verdade.
-Você já sabe o que eu penso.- ela fala baixo e abre a porta.
Fico sozinho e passo a mão pelos cabelos, penso no que acabou de acontecer, em como tudo estava legal em um momento e depois desmoronou.
Ela realmente achava que a única forma para gostar de mim era se ela tivesse síndrome de Estocolmo?
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