Cuidados
Dante Bernadi
Ainda é madrugada quando me levanto e vou até a varanda, vejo os guardas fazendo a vigília e olho para cima vendo dois dele de guarda também.
Ouço algo dentro do quarto e vou até Kate, sento na borda da cama e afasto seus cabelos vendo o hematoma roxo na sua testa.
Observo o rosto delicado de Kate e ela respira fundo abrindo os olhos, então me observa e sorri lentamente tocando minha mão.
-O que você está fazendo?- pergunta.
-Nada, fui ver como estava a segurança.- explico calmamente.- E você? Ainda com dor de cabeça?
-Não, tudo bem.- ela senta.- O que você tem, Dante?
-Não tem importância.- arrumo seus cabelos.
-Tem sim, você fica acordando nessa hora para ver e depois senta na cadeira com a arma no colo.- ela se aproxima e acaricia meus cabelos.
Os dedos de Kate acariciam as mechas do meu cabelo e descem até minha nuca, fico idiota com o jeito que ela pode me deixar calmo com aqueles toques.
-Eu só estou preocupado...
-Não fique.- ela sobe em cima do meu colo e levo as mãos até os quadris dela.- Foi um evento isolado, ele entrou por um canto que não estava sendo vigiado e agora tem uns cinquenta caras ao redor do quarto...
-Mesmo assim...
-Dante.- ela passa o dedo pela ponte do meu nariz e sorrio.- Você é um marido horrível.
-O que?- arregalo os olhos
-Você não fica comigo, não dorme na cama comigo e agora está me arrastando todo dia para cuidar dos negócios.- ela fala suave.- Você não sabe fazer isso.
-Ah, e você sabe?- deito ela na cama e subo em cima.- Você só tem dezoito, Kate. Como sabe como agir na vida de casado?
-Como você tem vinte e sete e não sabe?- ela devolve e bufo.
Me levanto e afasto da cama, ela senta rapidamente e eu ando pelo quarto de um lado para o outro. É incrível como ela pode tirar minha paciência com uma frase.
-Eu estou tentando proteger, Kate.- mexo a mão.- Acredite em mim, eu só estou tentando manter a promessa que fiz para mim e para seu pai.
-Mas você está me protegendo demais.- ela suspira.- Você está se esforçando demais. Ninguém vai morrer se você aproveitar sua lua-de-mel.
-Kate...
-Você não fala comigo, não se abre.- ela senta na cama quase como se desistisse.- O que estamos fazendo juntos, Dante?
-O que você quer saber?- abro os braços e ela me observa.- É sobre Lara? Quer mesmo desenterrar isso?
-Eu quero que você me conte algo...
-Eu conheci ela em uma padaria, ela trabalhava no caixa.- começo.- Começamos a sair e eu nunca falei para ela o que eu era de verdade. Achei que eu estaria protegendo ela se a deixasse ignorante para tudo.- passo a mão pelos cabelos.- Mas quando eu ia pedir ela em casamento... Quando ia contar toda a verdade.... Eles mataram ela.
-Dante...
-Eles mataram ela na minha frente e então me deixaram vivo.- falo baixo.- Uma máfia inimiga. Uma máfia que não existe mais hoje por que eu tratei de caçar cada um que participava dela.
Kate engole em seco e abaixa a cabeça.
-Gostou de saber?- pego uma blusa.- Agora você acha que me conhece melhor?
-Dante...
-Eu vou estar no escritório.- abro a porta.
-Dante!- ela sai da cama e eu fecho a porta.
Nunca contei isso pra ninguém por que as pessoas que sabiam passaram por isso comigo, mas agora eu tinha contado para Kate e não podia receber o olhar de pena dela.
Só não quero aquele olhar de pena, não quero ela me tratando como se fosse um pobre coitado. Não aguentava que ela simplesmente me olhasse como alguém quebrado.
Eu tinha concertado tudo isso, tinha feito todos pagarem pelo que tinha acontecido, eu tinha dado um jeito. E eu não ia repetir esse mesmo erro.
♧︎︎︎
Kate Bernadi
Encosto meu corpo no elevador e cruzo meus braços vendo Bruno mexer no celular despreocupado. Isso quer dizer que não tem nada ameaçador agora.
-Onde ele está?- pergunto.
-Ele saiu para cuidar de um negócio no porto.- Bruno explica.
-Você não deveria estar com ele?- levanto as sobrancelhas.
-Não, ele está bem.- Bruno me observa.- O que você tem?
-Nada.- mexo o ombro.- O que era para eu ter?
-Não sei, ele saiu todo sério.- explica.- Só achei que você e ele tinham brigado...
-Não sei nem sei foi uma briga.- falo baixo.
O elevador abre no andar que ele apertou e arregalo os olhos, ando lentamente até o meio da sala e observo o vídeo game. Olho para Bruno e ele sorri.
-Dante falou com seus irmãos e eles falaram que você gostava de determinados jogos.- ele explica.- Então ele comprou pra....
-Pra me tirar daquele escritório.- assinto sentando no sofá.- Vai jogar comigo?
-Eu preciso fazer a segurança...
-Senta logo aqui, você me deve.- pego os controles.
Bruno senta pegando o outro controle e sorrio, sei que isso não muda muita coisa depois da conversa que tivemos. Mas eu realmente queria resolver isso.
Dante vai ter que descansar uma hora ou outra, então ele vai ter que ir para o quarto e eu vou estar lá esperando pior ele. Vai ter que ouvir o que eu tenho a dizer.
♧︎︎︎
Dante Bernadi
Estou encostado no carro quando o jatinho pousa e abrem as portas, tiro os óculos escuros quando vejo Pietro descer cheio de malas e então Bianca logo atrás dele.
-Que lindo!- Bianca começa.- Pietro! Cuidado com a mala dos sapatos!
-Eu vou colocar algo nessa sua boca!- Pietro vem se aproximando.
-Você está horrível, Dante!- ela se aproxima.- Cadê Kate?
-Lá no hotel.- falo calmo.- É uma surpresa, então...
-Ah, adoro surpresas!- Bianca bate palmas.- Nossa, mas vocês estão em lua-de-mel ou em um velório? Por que está com essa cara de bunda?
-Brigamos.- abro a porta.- Vai, entra logo.
-É por isso que vocês brigaram? Por que você é um grosso?- ela dá lingua.- Não se preocupe, vou melhorar você.
Empurro ela para dentro e Bianca ri quando fecho a porta, vou até o porta-malas ajudar Pietro e ele já está na metade das malas.
-O que aconteceu?- ele pergunta.
-Contei de Lara.- pego uma e coloco.
-Isso é...bom, não?- ele pensa.- Finalmente contou para alguém.
-É, mas...- limpo a garganta.- Ela agora vai ficar me vendo como coitadinho...
-Todos sabem que você não é o coitadinho, até Kate sabe que não.- ele fecha o porta malas e me encara.- Bianca estava certa, realmente precisa de nós.
-É, talvez...
-Não diga a ela que disse que eu disse que estava certa.- ele fala antes de entrarmos e sorrio.
Bianca podia melhorar o humor de qualquer pessoa, talvez pudesse ser uma boa companhia para Kate enquanto eu tentava diminuir o ritmo e delegar as coisas para Bruno e Pietro de forma igual.
Eu podia ser um marido bom. Eu seria um marido bom a partir de agora.
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