Kate Reed

-O que você tinha na cabeça, Chris?- minha mãe grita lá em baixo.

-Você pode me ouvir?- meu pai pergunta calmo.

-Não! Você praticamente deu Kate...

-Eu não sou burro, Ella.- ele fala no mesmo tom.- Eu deixei bem claro que é apenas se ela aceitar!

-Ah, quem vai garantir?- ela bate em alguma coisa.- Você vai ver!

-Ella, era a melhor forma de termos alguém atrás da sua mãe!- ele explica.- Eles tem mais contatos por mais que eu não goste de admitir.

-Achei que conseguia fazer isso sozinho.- ela fala baixinho.

-Consigo apenas proteger, você sabe que ela se casou com um cara bem mais poderoso.- ele parece frustrado.- É bom ter alguém como Dante Bernadi ao seu lado.

-Kate não vai se envolver com ele...

-É só ela falar não.- ele explica calmo.- Ele falou que iria embora se ela falasse não.

-Tem certeza?- minha mãe parece ir se acalmando.

-Sim, amor...

-Kate.- Cody aparece atrás de mim nas escadas.- Eles estão brigando?

-Não, querido.- me levanto.- Já terminou os deveres?

-Ainda não.- fala enquanto eu o levo para o quarto.- Pode me ajudar, não entendo esse problema.

-Claro.- sento na cama com ele.

-Kate.- meu pai chega na porta.- Lá pra baixo, agora.

Fico tensa, sei que agora eles sabem o que aconteceu. Deixo o caderno em cima da cama e bagunço os cabelos de Cody enquanto passo pelo meu pai.

Sei que eles não vão fazer nada demais, mas com certeza vou receber vários gritos, principalmente da minha mãe que ainda não parece tão calma.

-E então?- ela pergunta quando sento no sofá.

-Então...- eu junto as mãos.- Eu fui pra Salerno.

-Não diga.- meu pai cruza os braços.

-Era só para comemorar os dezoito.- falo rapidamente.- Não era para acontecer....isso.

-Sabe quem é aquele cara?- meu pai aponta para a porta.- Máfia italiana, Kate.

-Eu...

-Ninguém diz não para a máfia italiana.- ele bufa passando a mão pelos cabelos.

-Mas você acabou de falar...

-Vamos torcer para ele não ser esquentadinho.- minha mãe parece cansada.- O que você achava que ia acontecer?

-Eu ia me divertir um pouco e voltar com Anna...

-Claro, tinha que ser a Anna.- meu pai sorri.- Foi ideia dela, não é?

-Foi, mas...

-Quantas vezes já falamos que Anna não bate bem?- minha mãe pergunta.- Ela não se importa com as consequências...

-Eu só queria me divertir um pouco.- levanto.- Quando você tinha dezoito conheceu o papai!- aponto e minha mãe fica calada.- Eu não quero conhecer ninguém, eu só quero me divertir!

-Conseguiu algo muito mais complicado.- meu pai fala sério.- Feliz?

Travo o maxilar e sustento o olhar dele.

-Para o quarto.- ele aponta com o queixo.

-E Cody...

-Eu ajudo ele.- minha mãe começa a subir as escadas.

-Eu só não entendo, você e a mamãe...

-Sua mãe não tinha ninguém que cuidasse dela.- ele fala sério.- Você me tem e tem ela, é totalmente diferente, Kate.

-Então o que vai acontecer?- franzo as sobrancelhas.- Fico no quarto pelo resto da minha vida?

-Não sei, isso vai depender do que acontecer na sexta.- ele suspira.

-Sexta?- comprimo os lábios.

-Dante vai vir aqui, ele quer conhecer você melhor.- meu pai faz careta.- Vai ficar um pouco e depois vai perguntar se você quer passar o fim de semana em Salerno....você vai responder...

-Não.- mexo a cabeça.

-Isso.- ele aponta novamente para a escada.- Agora, quarto.

Reviro os olhos e começo a subir de dois em dois degraus, passo pelo corredor e entro no meu quarto fechando a porta com todo o cuidado do mundo.

Sento na cama segurando um travesseiro e o abraçando, meu pai sempre foi protetor, mas agora eu estava começando a ficar com raiva disso.

Dante. Dante Bernadi.

Era um nome bem incomum, não acredito que eu esqueci dele naquela hora, mas também...quis esquecer tudo que aconteceu naquele bar. Talvez não devesse.

♧︎︎︎

Dante Bernadi

Abro a porta de casa e jogo meu blazer no sofá, desço as escadinhas para a sala de estar e meu pai levanta da poltrona com um copo de uísque na mão.

-Então? Achou a garota?- ele pergunta animado.

-Achei.- vou até o bar.- Mas tem um problema.

-Ela já é casada? Podemos dar um jeito...

-Não.- balanço a cabeça enchendo o copo com uísque.- A família dela parece ter algum envolvimento com a máfia.

-Ótimo...

-Máfia americana.- faço careta.

-Ela é americana?- ele franze as sobrancelhas.

-Achei que o nome Kate já diria tudo.- tomo um gole.

-Podemos resolver isso do nome.- ele balança a mão.- E então? Conversou com ele?

-Quer segurança, proteção.- observo a lua.

Minha casa tem uma varanda bem aberta, com vista para o mar e as outras casas mais simples, dá pra ver toda a cidade de Salerno daqui.

-O que vai fazer?- ele parece perceber que planejo algo.

-Vou dar a proteção que eles querem.- o observo.- Mas Kate vai vir para cá. Não confio em Chris Reed.

-Ele sabe disso?- meu pai sorri gostando da ideia hilária.

-Não, mas é o preço.- tomo o resto e deixo o copo em cima da bancada.- Peça que arrumem um quarto perto do meu.

-Claro.- ele fala rindo.- Quando?

-Essa noite.- tento não sorrir.

-Quem mandou?- levanta as sobrancelhas.

-Pietro.- informo.

-Estou muito animado para conhecê-la.- ele fala sorrindo.

-Merda, pai, o que é?- pergunto.

-É ela.- ele fala calmo.

-Ainda não sei.- começo a subir as escadas.

-É ela.- ele repete.

♧︎︎︎

Kate Reed

Me sinto estranha e viro na cama pela quarta vez seguida, encaro o teto e ajeito a camisola no meu corpo. Não estava conseguindo dormir.

Sento na cama colocando os cabelos para trás e pensando em fazer algo para tomar, levanto da cama cuidadosamente e vou até a porta do meu quarto.

Tenho que fazer silêncio, meus irmãos adoram um lanchinho da madrugada e sempre que ouvem qualquer coisa já acordam querendo comer.

Chego na cozinha e começo a pegar o leite e a panela, minha mente está tão confusa que apenas vou fazendo tudo como um robô. Um vento gelado toca meus braços e franzo as sobrancelhas.

Olho para o lado lentamente e a porta do quintal está aberta, coloco a cabeça em cima da bancada e vou na direção para fechar, o vento pode ter aberto.

Alguém segura meu braço e quando abro a boca para gritar um pano a tampa junto com meu nariz, meu corpo encosta no de alguém e o cheiro forte me faz perder os sentidos.

Tento me segurar e ele se ajoelha me deixando cair para logo depois me colocar no colo, meus olhos vão fechando e eu vou sentindo meu corpo mais pesado.

Logo depois já estou desmaiada.