Arriscar
Kate Bernadi
Entro na cozinha e Pietro está debruçado sobre a mesa de jantar enquanto tem uma caneca de café na frente dele. Bruno está fazendo ovos mexidos e logo meu estômago ronca.
Vou até a geladeira e pego uma garrafinha de iogurte, abro o lacre e me sento na mesa também, enquanto tomo o iogurte fico pensando no que conversei ontem a noite com Dante.
Ele não suporta me perder. Sei que já deveria saber disso ou coisa assim, mas ouvir ele falar foi muito mais impactante do que qualquer outra coisa que já ouvi.
-Bom dia?- Dante chega na cozinha e olha para Pietro.
-Ele está com dor de cabeça.- Bruno explica.
-Ah, e ficar deitado com a cabeça na mesa vai melhorar muito.- falo calma.- Vai deitar de novo, Pietro.
-Mas eu preciso...
-Vai deitar.- falo mais séria.
Ele levanta a cabeça e me encara, eu lanço um sorriso doce e ele olha para atrás de mim onde sei que Dante está. Então bufa levantando e volta para o quarto que divide com Bruno.
Sinto o beijo de Dante no topo da minha cabeça e logo ele vai pegar uma fruta para sentar ao meu lado depois, seu braço passa pelos meus ombros e deito a cabeça no ombro dele.
-O que vamos fazer hoje?- Bruno fala sentando na nossa frente com o prato de ovos mexidos e torradas.
-Sérgio vai levar a gente só às nove.- explica Dante.- Então temos o dia de folga.
-É bom que dá tempo dessa dor de cabeça passar.- aponto para a saída.
-Ele estava bem ontem.- Dante murmura.
-É que...- Bruno sorri.- Ele bateu a cabeça.
-Como ele bateu a cabeça?- pergunto curiosa.
-Kate.- Dante me repreende percebendo o que estava acontecendo.
-Vai, Bruno, fala.- mexo a mão.
-A gente estava se divertindo.- é tudo que ele fala.
-Para de ser curiosa.- Dante me cutuca.
-Você também queria saber.- me levanto para jogar a garrafinha no lixo.- O que a gente vai fazer, então?
-A gente vai voltar pro quarto.- Dante joga o resto da maça no lixo e começa a me puxar.
-Claro que vão.- Bruno ri enquanto entramos.
Minhas bochechas esquentam e Dante fecha a porta do quarto, percebo que ele me puxa até o closet cheio de roupas masculinas de sair e vamos até o final.
Ele me coloca na frente de uma gaveta e fica atrás de mim, franzo as sobrancelhas sorrindo quando ele empurra ela e a gaveta abre sozinha me mostrando o que tem dentro.
Meus olhos se arregalam quando vejo o colar com diamantes pequenos e uma safira enorme no meio. Aquele colar brilha tanto que poderia usar ele para iluminar tudo.
-Dante...
-Foi da minha mãe.- explica.- Ela me pediu para guardar. Para você.
-Para mim?- sorrio lentamente.
-Para a minha esposa.- ele ri beijando minha bochecha.- Mas sim, para você.
-É lindo.- o observo atentamente.
-Quero que use hoje.- ele sussurra mordendo minha orelha.
-Não mesmo.- me viro e ele me encara.- É da sua mãe, Dante, eu não vou roubar...
-É um presente.- ele acaricia meus braços.- Dela para você.
-Não sei...
-Vai combinar com você.- ele afasta uma mecha.- Com seus olhos.
-Não deveria ir com uma jóia dessas para essa reunião.- explico com mais calma.
-Eu quero que você use ela.- ele ajeita meus cabelos.
-Dante...
-Por favor?- franze as sobrancelhas.
Sorrio lentamente e ele me observa com um olhar calmo, assinto e ele abre um sorriso enorme me pegando nos braços e me beijando.
Abraço seus ombros e deixo ele me levantar do chão, afundo meu rosto no pescoço de Dante e ele passa as mãos pelas minhas costas e beija minha cabeça.
-Você vai ficar linda.- sussurra.
-Obrigada.- sorrio enquanto volto para o chão.- Pelo colar e por...
Paro de falar e olho por trás do ombro de Dante, ele fica tenso e olha também vendo que é Sérgio. Nós três nos olhamos e Dante vira de frente para ele, me cobrindo com o corpo e impedindo ele de olhar para mim.
-Alguma coisa urgente?- pergunta sério.
-Na verdade, sim.- ele assente.- Desculpa por aparecer de repente, mas sabem que você está aqui.
-Como sabem?- pergunta.
-Surgiu uma foto de você na frente da boate.- Sérgio explica com a voz tremendo.- Eles estão lá embaixo.
-Disseram o que queriam?- franze as sobrancelhas.
-Querem ver você.- Sérgio mexe as mãos ansioso e percebo que ele está com medo.
Ele está com medo de ter acolhido Dante e agora estar sendo perseguido como todos nós fomos. Sinto pena dele, sinto pena por ele ter tanto medo assim.
-Vou descer. Avise a eles.- Dante fala calmo.
-O que?- é a primeira vez que falo.- Não mesmo...
-Fique aqui.- ele aperta meu braço.
-Dante.- começo a seguir ele pelo apartamento.- Dante!
-O que houve?- Pietro abre a porta do quarto.
-Estão lá embaixo, o pessoal da reunião.- Dante explica.- Cuide de Kate.
-Eu vou com você.- ignoro o que ele falou.
-Kate, uma vez na vida, me ouça.- ele segura meus ombros.- Fique com Pietro e Bruno.
-Mas...
-Você sabe como eu sou persuasivo.- ele sorrir e beija meus lábios.- Volto em dez minutos, se eu não chegar até dar dez minutos, você pode vir atrás de mim.
-Ok.- minha voz treme e ele olha para Pietro.
Ele me puxa para dentro do quarto e Bruno está pegando uma bolsa preta e colocando algumas roupas. Pietro me senta na ponta da cama e começa a ajudar Bruno.
-O que vocês estão fazendo?- olho para eles.
-Precisamos estar preparados para ir.- Bruno explica com cuidado.
-Dante sabe para onde vamos quando ele sair?- pergunto e os dois me encaram.- O que?
-Pegue isso.- Pietro coloca a arma na minha mão.
-A arma do meu pai.- saio do quarto.
-Kate!- Pietro me chama.
-Eu vou com ela, calma.- Bruno me segue.
Ele pega a arma das minhas mãos e então entro no meu quarto com Dante, afasto os travesseiros e pego a arma prateada, isso me deixa mais confiante e confortável.
Olho para a porta de entrada e Bruno me puxa de novo para o quarto, vejo Pietro afastando o armário da parede e percebo que tem um tipo de abertura para uma escada.
Engulo em seco e peço a qualquer coisa que esteja me ouvindo para que não precisemos usar essa escada. Aperto a arma com força e olho para a porta, vai dar tudo certo.
Mas não vou deixar Dante para trás.
♧︎︎︎
Dante Bernadi
Chego no final da escada e abro a porta que dá para a boate, vários caras se levantam na mesma hora e me observam, reconheço alguns que já tinha visto trabalhando para mim.
Todos aqueles caras já tinham sido meus funcionários antes, todos eles estavam olhando para mim e alguns deles estavam com cicatrizes no rosto.
-Dante Bernadi!- um se coloca na minha frente e respiro fundo.- Veio dos mortos.
-Achei que iriam querer minha ajuda.- falo calmo.
-Na verdade...- ele pega a arma e meu coração para.- Queremos ajudar você.
Ele então me oferece a arma.
-Estamos com você, Bernadi.- ele sorri.- Queremos a paz de volta e aquela velha não vai nos dar.
-Então estão comigo?- olho para eles surpreso.
-Sempre estivemos.- ele fala sorrindo.
-Obrigado.- nunca me senti tão grato.- De verdade.
-Kate!- ouço alguém gritar, Bruno.- Kate, não!
Kate aparece correndo nas escadas com a arma do pai dela, um sorriso se instala na minha boca quando ela olha para mim e me puxa para trás ficando na minha frente.
-Se...- ela engole em seco.- Se quiser ele, vai ter que passar por cima de mim.- ela fala com raiva.
Ele sorri para ela e então olha para mim.
-Gostei dela.- murmura.- Finalmente podemos conhecer Kate Bernadi.
Ela pisca e eu abaixo a arma da mão dela e beijo sua cabeça, Kate parece confusa quando todos começam a se reunir perto de uma mesa maior para beber.
-Estão com a gente, fiore.- sussurro em seu ouvido.- Estão com a gente.
Ela pisca e vejo alívio em seus lábios, então seguro seu pulso e começo a puxar ela para perto da mesa, hoje a boate não vai abrir por que vamos estar comemorando aqui dentro.
Agora eu tenho mais gente espalhadas pelo lugares e posso usar isso ao meu favor, mas ainda sim é muita coisa para resolver. Aperto a mão de Kate e ela aperta a minha.
Tudo vai dar certo.
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