Arriscar
Kate Reed
Estou deitada na cama e só consigo encarar o teto, passar o dia todo presa nessa casa é horrível quando as meninas vão para sei lá onde e eu não tenho o que fazer.
A porta abre rapidamente vejo Bianca, ela está com uma calça de couro e uma regata branca que dá para ver que está completamente sem sutiã por baixo.
Me sento lentamente e ela fecha a porta atrás dela, então tira os sapatos e senta na ponta da minha cama. Não sei o motivo, mas gostei do jeito dela desde o começo.
-Você está parecendo bem entediada aqui.- ela me observa.
-Não faço nada o dia todo.- explico.
-Achou sua salvadora.- ela olha para a porta.- Acho que a gente pode dar uma passadinha no jardim.
-Jardim?- fico surpresa.- Não sabia que tinha um aqui.
-Tem.- ela levanta.- A mãe de Dante se esforçou muito nele e o pai dele deixa sempre do jeito que está.
-Você conheceu?- me levanto também.
-Não, eu era bem nova.- Bianca aponta para o closet.- Vista uma roupa e me encontre lá embaixo, eu dou um jeito no segurança.
-Como?- ainda estou com um pé atrás nisso.
-Ele é meu namorado.- ela sorri.- Uma jogadinha de cabelo e a mão no canto certo....ele vai estar na minha mão.
Tento não demonstrar que eu estou meio desconfortável, eu não falava com muita gente sobre essas coisas. Na verdade, não falava com isso sobre ninguém.
A única vez que alguma coisa assim aconteceu foi quando um "namorado" meu estava me beijando e passou a mão na minha bunda em frente ao meu pai. Ele quase perdeu a mão.
-Ok, vou me vestir.- começo a ir até o closet.
Ela sorri animada e bate as mãos várias vezes, acendo as luzes e vou até a parte das calças, pego qualquer uma e hoje o dia está mais quente, por isso pego uma blusa de alcinhas vermelha escuro.
Me troco rapidamente e prendo os cabelos em um rabo de cavalo frouxo, pego um tênis e olho para a penteadeira que tem no final do closet.
Está cheia de anéis e colares bonitos e chiques, engulo em seco lembrando de Dante me dizendo que podia me dar o que quisesse. Mas ele não queria me dar a coisa que eu mais queria....
Saio do quarto meio irritada e desço as escadas rapidamente, vou até a porta que deve dar para o jardim e vejo Bianca pressionando Pietro contra a parede enquanto a mão dela desce pelo peito dele.
Minhas bochechas esquentam e eu viro para o outro lado andando pela sala, vejo o brasão da família em cima da lareira. É um escudo e um urso entalhado nele.
Observo atentamente e vejo o lema em italiano, mas é um tão antigo que eu não lembro as palavras exatas. As vezes as coisas me falham e eu não consigo lembrar.
-Kate.- ouço a voz de Bianca e me viro.- Vamos.
Meu coração bate mais rápido e vou até ela, Bianca segura minha mão e me puxa pela saída, Pietro me observa atento e então olha para cima fingindo que não nos vê.
Ela me leva até um jardim cheio de rosas vermelhas e alguns girassóis, meus olhos parecem doer com tantas cores, acho que nunca vi algo tão bonito.
-É tão...
-Mágico, não?- ela sorri e eu assinto.
Me aproximo de uma rosa e passo meus dedos pelas pétalas macias, o cheiro de planta é bem forte e percebo que tem um tipo de coreto no meio de todo aquele jardim.
Como nunca vi isso antes?
-Sabe...- ela cruza os braços.- Podemos ser amigas. Quer dizer, se você quiser.- Bianca fala rapidamente.- Não quero que se sinta obrigada.
-Talvez.- a observo.
-Sei que pode parecer um plano.- ela ri.- Eu trago você aqui e viramos melhores amigas, mas não é isso...
-Não?- levanto as sobrancelhas.
-Não.- ela sorri sincera.- Só queria mostrar que tudo tem um lado bom e ruim.- ela aponta com o queixo para as rosas.- Sei que é uma merda você estar aqui do jeito que está, mas acho que Dante já te falou sobre....
-Minha avó maluca e traíra?- pergunto e ela assente sorrindo.- Já sim.
-Com a proteção de Dante você não vai precisar casar com um cara trinta anos mais velho que você.- ela observa envolta.- Só...se sinta a vontade parar falar comigo, ok?
-Ok.- cedo um pouco.- Obrigada pela conversa. Estava precisando.
-De nada.- ela balança os ombros.- Pedi para trazerem alguma comida para o coreto, podemos conversar melhor lá.
-Claro.- assinto agradecida.
Talvez Bianca fosse uma boa pessoa, estava tentando confiar nela, mas sempre com um pé atrás. Tinha que ter sempre um pé atrás sobre tudo isso.
♧︎︎︎
Dante Bernadi
Coloco as mãos dentro dos bolsos do casaco e observo Chris Reed abrir a porta com uma aparência cansada. Me informaram que ele estava procurando Kate por todos os cantos.
Passo a mão pela barba por fazer e ele acha a pasta que mandei Bruno deixar, Chris se agacha e abre a pasta lentamente. Provavelmente está vendo o que a mãe da esposa fez.
Seus olhos são rápidos e ele passa as páginas rapidamente, quero que ele saiba o perigo que Kate está correndo e que está completamente segura comigo.
Ele olha envolta e eu não me preocupo, o carro está bem escondido. Ele entra em casa de novo e eu olho para Bruno, ele começa a dirigir para fora daquela cidadezinha e fico olhando a paisagem.
-E agora?- ele pergunta.
-Vou deixar ele pensar sobre isso, temos seis dias restantes.- passo a mão pelo cabelo.- Quero que ele esteja no casamento.
-Já deu o anel da sua mãe para ela?- ele me olha pelo retrovisor.
-Ainda não.- balanço a cabeça.- Estou tentando dar o máximo de espaço que posso.
-Sabe o que eu acho?- ele vira uma esquina e vejo a placa de despedida da cidade.- Você deveria mostrar a ela algo pessoal.
-Que?- fico confuso.
-Tipo, você as vezes anda com aquela câmera por todo canto.- ele explica.- Deveria mostrar a ela algumas fotos. Ou contar pra ela seu maior medo.
-Não vou induzir ela a sentir pena de mim, Bruno.- falo sério.
-Por que você acha que mostrar algo pessoal é sentir pena?- ele pergunta.- Pode ser algo a mais para uma ligação.
-Você está muito apaixonado esses dias, não?- franzo as sobrancelhas.
-Karina e eu estamos saindo.- ele explica e sorrio.
Karina é uma das atendentes do bar e ele sempre está tentando chegar nela, parece que conseguiu já que estão saindo. Ela é bem séria e durona quando quer.
-Ok, vou tentar alguma dessas besteiras.- mexo a cabeça.
-Ótimo.- ele sorri.- É só você se abrir, Dante, é um bom homem.
-Não tenho tanta certeza.- sorrio amargo.
-Você é, mesmo que não ache.- ele insiste.
Assinto deixando o assunto para lá e pensando comigo mesmo que nenhum homem bom deixaria acontecer o que aconteceu com a mulher que amava.
Respiro fundo e tento pensar em algo, acho que vou usar a ideia de Bruno para tentar conquistar Kate. Talvez dizer o que eu mais gosto de fazer ajude.
Espero que sim.
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