__ Tem certeza da decisão que está tomando, Drica?__ Anette conversa baixo.

Khan me aguarda na porta do apartamento em que estávamos hospedadas.

__ Tenho, Anette. Não posso fugir do que sinto. Ainda que seja um salto no escuro e ainda tenhamos muitas diferenças para superar, não suporto estar longe dele. Eu amo Khan.

__ É bom que tenha total certeza da escolha que está fazendo porque não pretendo voltar àquele palácio para resgatá-la. Depois de tudo o que o irmão dele aprontou...

__ Não será preciso. __ A interrompo.

__ Além do mais, esse Sultão ainda me provoca arrepios.__ Anette se estica e olha para Khan de soslaio.

Ele pigarreia.

Tenho certeza de que está ouvindo tudo que Anette sussurra com indiscrição.

__ Te entendo. Eu mesma ainda me impressiono com ele.__ Olho para trás. Khan nos observa com seu olhar intenso.

__ O que direi à Abigail quando ligar? Sabe que aquele lugar é de difícil comunicação.

__ Não se incomode com isso. Com Abigail me entenderei. Irá surtar no início. Talvez até venha com Kayke atrás de mim. Mas no fim respeitará minha decisão quando ver que Khan me faz feliz.

__ Certo. Boa sorte, então. __ Abaixo e abraço seu corpo pequeno.

__ Obrigada Nette...

__ Espero que não abandone a carreira de modelo. Tem um futuro promissor pela frente, garota.__ Dá um tapinha em meu traseiro.

__ Vamos conversando a respeito. Não abandonarei a carreira. Mas a partir de agora representarei apenas marcas que defendam causas que realmente valham a pena.

__ Tá certo. Acho que depois de ter se tornado a mulher de um Sultão, pode se dar ao luxo de escolher o que quer fazer daqui para frente.

Prendo o lábio inferior com o comentário.

Anette faz com que me sinta uma interesseira. Será que sempre ouvirei esse tipo de coisa?

__ Não deixarei de ser quem sou por causa disso, Anette. Não me prevalecerei de privilégios. Apenas me decepcionei bastante com o mundo da moda.

Nos despedimos mais uma vez. Khan pega minha mala e seguimos para o elevador do hotel...

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O céu se tinge de um tom rosado e um vento morno atinge meus cabelos quando o carro estaciona ao lado do avião particular no Aeroporto Internacional de Dubai.

Um comissário de bordo, o piloto e o copiloto nos recepcionam com eficiência e esmero.

Subimos a escadaria da aeronave de mãos dadas. Apesar de trajar camisa polo e calça esporte, Khan mantém uma aura nobre no agir e no falar. Já eu, em um jeans justo, camiseta e tênis, seria só mais uma garota entre tantas no Aeroporto se não estivesse acompanhada de um Sultão.

__ Está calada desde que partimos do hotel. Aconteceu alguma coisa?__ Khan me observa já acomodado em seu assento.

Aceno em negativa.

__ Nada demais, apenas um comentário que Anette fez.__ Viro o rosto para a janela observando Dubai diminuir como a ilustração de um mapa e as nuvens flutuarem ao redor da aeronave.

Khan solta o cinto de segurança e em seguida destrava o meu me surpreendendo.

__ O que está fazendo? Volte para o seu lugar.

Me puxa para seu colo.

O comissário, que vinha em nossa direção, congela no caminho, gira nos calcanhares e volta para seu reservado próximo à cabine.

__ O que ela disse?__ A voz rouca e os olhos azuis tão próximos deixam-me nervosa.

Abaixo a cabeça.

__ Algo que me fez sentir o mesmo desconforto que sentia com os comentários de Almir.

__ Escute. __ Khan ergue meu queixo.__ Não tem que se sentir assim. Ainda não entendeu que é minha mulher e com o pacote recebeu o título de sultana?

__ Sabe que não me sinto pronta para tal responsabilidade. __ Vasculho seu rosto com um misto de ansiedade e receio de decepcioná-lo.

__ Está tudo bem. Não tem que tomar nenhuma decisão nem se responsabilizar por nada agora. Estou aqui para te ensinar tudo o que precisa.

Seguro seu rosto entre minhas mãos.

__ A única coisa que quero é você, Khan. Não me importo com título, fortuna, nem status social.

__ Sei disso. E te amo mais ainda. Porém precisa entender que meu povo depende de mim. Tenho responsabilidades. Haverá situações em que precisarei que me acompanhe. Prometo te expor o menos possível e te proteger com minha vida se necessário.

Meu coração acelera com a intensidade refletida em seu olhar e na convicção das palavras.

Deslizo as mãos para seu pescoço.

__ Eu te amo, Khan Al-Abadi. __ Sussurro em seu ouvido.

Vejo sua pele se arrepiar e sinto certo orgulho por causar-lhe esse efeito.

Khan geme rouco e aperta-me contra o peito.

__ Isso é a única coisa que realmente importa para mim...

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Assim que aterrisamos no pequeno aeroporto de Durab fi Alsahra, um Jeep nos aguarda.

Aziz acompanha o motorista.

__ Sejam bem-vindos.__ Cumprimenta Khan com um aperto de mão e a mim com uma reverência.

__ Obrigado, Aziz.__ Khan retribui.

__ Olá, Aziz.__ Abraço o chefe da guarda e amigo de Khan.

Alguém que guardo certa gratidão, pois me ajudou em momentos difíceis enquanto estive em Durab fi Alsahra.

__ Bem-vinda sultana. __ Ele sorri timidamente abaixando a cabeça com respeito.

Khan me observa intrigado enquanto me acomodo no banco traseiro.

__ Desde quando se tornou tão íntima de Aziz?__ Questiona em meu ouvido quando o veículo entra em movimento.

__ Aziz me ajudou quando quase fui sequestrada por Farid e me defendeu algumas vezes dos comentários maldosos de Almir. Acredito que seja um bom amigo.

__ É sim. Ele é um bom amigo.__ Khan vira o rosto para a estrada.

__ Por quê? Está com ciúmes, Sultão?__ Toco em seu braço com um sorrisinho.

Khan vira o rosto sério.

__ Me incomoda o fato de que estive ausente enquanto correu perigo e outra pessoa teve que cumprir minha obrigação.

Fecho o sorriso quando noto que isso parece importante para ele.

__ Não tem que se cobrar dessa forma. Não é nenhum tipo de super-herói capaz de estar em vários lugares ao mesmo tempo. Nem prever o que vai acontecer.

Khan me observa deixando transparecer seus temores.

__ As vezes parece que as pessoas sempre esperam isso de mim.__ Olha pela janela.

__ O fato de ser um Sultão não o torna um ser invencível. __ Toco seu queixo e viro o rosto em minha direção. ___ É humano como todos e precisa se cuidar também. O maior exemplo foi o episódio com a serpente do deserto. Quase te perdi.

Um calafrio percorre minha espinha.

Khan analisa meu rosto.

__ Você é meu oásis no deserto, Adrielle. Um bálsamo para minha alma.

__ E vou cuidar de você a partir de agora.__ Espalmo a mão em sua face.

Ele beija o interior da mão.

__ Gosto disso.

Seguimos o restante do trajeto abraçados admirando a beleza e a magnitude do deserto...

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Assim que o motorista estaciona o Jeep no pátio do palácio, Khan desce e circula o veículo em direção a minha porta. Caminho vacilante por conta do tornozelo cansado. No mesmo instante, ele me ergue no colo e segue para a escadaria.

__ Bem-vinda de volta ao lar.__ Me desce apenas quando chega em seu quarto, agora nosso.

__ Obrigada. __ Nos encaramos por um tempo. Quando penso que irá me beijar, apenas encosta a testa na minha.

__ Preciso dar alguns telefonemas. Aproveite para relaxar um pouco. Nos vemos no jantar. Tudo bem?

Sinto-o um pouco preocupado, mas não contesto, apenas afirmo com a cabeça.

Assim que Khan sai, Ayra surge no quarto. Me observa sorridente, mas me cumprimenta com formalidade. Puxo-a para um abraço desarmando-a como fiz com Aziz.

Ayra se oferece para me ajudar a tomar um banho de imersão e dessa vez aceito com gratidão.

Parece que estou começando a me acostumar com os hábitos desse povo.

__ O Sultão recomendou que o encontre no salão principal para o jantar. Parece que terão convidados.__ Ayra comenta enquanto cuida de meus cabelos.

__ De quem se trata?__ Fico alerta imediatamente.

__ Não sei ao certo, mas vi o primeiro ministro chegando.

Por que será que Khan chamou o pai de Najla para jantar justo em nossa primeira noite de volta ao palácio?

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Assim que saio na porta do quarto, Aziz surge para me acompanhar até o salão.

__ Sultana. __ Acena a cabeça.

Observo minha imagem refletida nos vitrais que decoram os corredores do palácio. O vestido vermelho bordô de tecido leve esvoaça conforme me movimento. O perfume adocicado de óleos essenciais usados por Ayra exalam de meu corpo e cabelos.

Quando me aproximo do arco de entrada do salão, aproximadamente dez rostos me encaram. Reconheço Najla e o pai, além de alguns membros do conselho.

Imediatamente Khan levanta e vem a meu encontro. Beija minha mão e me conduz à mesa.

__ Najla, poderia trocar de assento, por favor?__ Khan solicita com educação.

__ Por quê?__ Ela olha para trás com as sobrancelhas erguidas.

__ Por que quero Adrielle sentada a minha direita.

__ Não entendo o motivo disso!__ Najla insiste.

__ Najla! Não conteste o Sultão!__ O pai a repreende.

Ela se levanta lentamente. Me observa de cima a baixo e troca de lugar a contragosto.

__ Obrigado.__ Khan acena a cabeça com cavalheirismo, mas noto um sorrisinho provocador no canto de seus lábios.

Khan apresenta os principais membros do conselho. Os homens me analisam como se pudessem ler minha alma. Alguns parecem assustados, outros admirados.

Após as bebidas e alguns petiscos serem servidos, Khan começa a falar...

__ Bem, como todos sabem, Adrielle e eu nos casamos em uma cerimônia religiosa no deserto realizada pela tribo que lidero.

__ Um ato totalmente impulsivo, se o Sultão me permite dizer. __ Um dos homens se pronuncia.

Khan pigarreia demonstrando aborrecimento por ser interrompido.

__ Não é novidade para ninguém que lidero uma tribo berbere. Muito menos minha posição. Deixei claro que escolheria a mulher que viveria ao meu lado. Nunca gostei da ideia de relacionamentos por conveniência.

Khan responde com a voz áspera. Seu olhar intenso parece fazer o homem encolher no assento.

__ Como vinha dizendo, Adrielle é a mulher que escolhi como companheira. Reuni os principais membros do conselho essa noite para oficializar o anúncio de nosso casamento. Pretendo promover uma outra cerimônia no palácio para realizar o casamento civil.

__ Como achar melhor, Sultão. __ Um dos membros acata a decisão.

Um dos homens se levanta e faz uma reverência.

__ Em nome do conselho de Durab fi Alsahra, gostaria de vos parabenizar. E desejar os mais sinceros votos de felicidades.

__ Obrigado.__ Khan sorri e segura meus dedos.

Najla se levanta repentinamente.

__ Isso é tão ridículo! Como podem aprovar uma união como essa?! __ Aponta em minha direção. __ Ela é uma estrangeira! Não sabe nada dos costumes do povo! Nem ao menos usa um véu na presença de outros homens! Não respeita nossas tradições.

__ Najla!__ O pai da jovem alerta a filha outra vez.

__ Está contestando minha decisão, Najla?!__ Khan a encara de uma forma que me faria tremer.

__ Perdoe o rompante de minha filha, Sultão. Najla tem andado nervosa ultimamente.

__ Aconselho-a então a controlar os nervos. Não tolerarei mais esses comentários petulantes em minha presença e nem em relação a minha esposa. Se souber que andou incomodando Adrielle proibirei que frequente o palácio.

__ Claro, Sultão! Perdão. Esse inconveniente não se repetirá mais.__ O pai de Najla a observa envergonhado.

Najla nos observa com expressão ofendida. Empurra a cadeira com força e sai do salão apressada...

Após alguns minutos de silêncio desconfortável, Khan volta a falar...

__ Outra coisa, acelerem a busca pelas provas contra Farid. Quero que pague pelas sabotagens contra nosso país e pelo terror que causou a minha mulher perseguindo-a e tentando sequestrá-la.

Os membros do conselho concordam.

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Observo o céu estrelado sem fim da sacada de nosso quarto. Khan se aproxima silenciosamente e me surpreende com as mãos deslizando por minha cintura

__ Acha que os membros do conselho aprovaram mesmo nossa união?

__ Achei eles até bastante tranquilos.__ Embrenha o rosto em meus cabelos fazendo os pelos de minha nuca arrepiarem.

__ Com exceção de Najla e do pai.

__ A opinião dela não é importante.

__ Mas a opinião do pai, o primeiro ministro, é.

__ Ele tem muito a perder "batendo de frente" comigo. Tenho certeza de que não será impecilho.

Suspiro ainda tensa.

__ Não tem que se preocupar com isso. Deixe que cuido deles. Quero que se dedique em convidar sua família para nosso casamento.

Sorrio ao lembrar de meus avós, minha mãe e Abigail. Isso me ajuda a relaxar.

__ Não tem noção do risco que está correndo.__ Digo irônica.

Khan sorri e me aperta em seus braços erguendo-me.

__ Um risco que faço questão de correr.

Me carrega até um dos divãs...

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Nota da autora:

Olá, minhas rosas do deserto!🌺

Como estão?

Espero que tenham gostado do capítulo.

Provavelmente da próxima vez que nos falarmos estarei postando o último capítulo de "Ela é indomável", a não ser que eu sinta a necessidade de mais um capítulo extra e epílogo.

Isso também fica a critério de vocês! Comentem se querem ler mais sobre Khan e Adrielle ou se está bom e a história já deu tudo o que tinha que dar.

Ok?

Aguardo a resposta de vocês, que são o motivo de "Ela é indomável " ter chegado até aqui. ♡♡♡

Muito obrigada pela atenção e carinho de sempre! 🥰

São as melhores leitoras! ♡

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Beijos!

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