Capítulo 3
•/Luisa Souza/•
Dar uma volta? Não sei o motivo, mas me animei com a ideia.
- Por que não? - Digo e nossos sorrisos se aumentaram automaticamente.
- Posso passar na sua casa para irmos?
- Daqui a duas horas. - Dou partida e saio do estacionamento, dou uma rápida olhada para trás. Lá está ele, no mesmo lugar, me encarando, com as mãos no bolso, com um sorriso lindo...
Paro a moto na frente de casa, pego o celular do bolso da jaqueta, entro no WhatsApp e vejo se tenho o número do Peter. Por sorte acho, digito e, para a minha sorte, ele está online.
Adiciono o número dele e mando mensagem. Para a minha sorte, hoje eu estou sortuda, ele também estava online.
Bloqueio a tela do celular e percebo que estou sorrindo. Guardo a moto na garagem e entro em casa. Subo as escadas correndo, entro no quarto e corro em direção ao guarda-roupa.
Pego a roupa e levo até o banheiro. Tiro minha roupa e entro debaixo da água morna. Tomo um banho rápido de quinze minutos e saio do box. Pego minha toalha e a enrolo em volta do meu corpo, decido me vestir no quarto mesmo.
Visto um short cintura alta jeans claro e um cropped preto. Calço um tênis branco, pego meu celular e vejo a quantia de dinheiro que tem na capa, pego mais dinheiro e boto na capa do celular junto da minha identidade.
Desço correndo e vejo as horas, são 13:35. Pego meu batom que eu esqueci na bancada da cozinha e passo. Vou ao primeiro espelho que eu vejo e arrumo o cabelo com as mãos.
Como só se passaram 4 minutos de quando eu vi a hora, decido mexer nas redes sociais. Olho uma foto antiga que eu postei, gosto muito dela. Eu a coloquei como papel de parede em todo o meu celular, menos a tela de bloqueio. Eu a tirei do telefone da minha mãe. Ela tinha um iPhone, nunca fui muito chegada, mas naquele dia, fiquei mexendo no celular dela e deu vontade de tirar a foto.
Isso foi no mesmo dia que a minha vida começou a mudar. Eu ainda era feliz.
Saio do meu transe com a campainha tocando. Olho no celular e são 13:59. Nossa! Ele é pontual mesmo.
- Oi. - Digo após abrir a porta.
- Oi.
- Entra.
- Obrigado.
- Você é pontual mesmo.
- Nem tanto, só estava nervoso.
- Nervoso?
- Sim. Então, vamos?
- Antes, nós vamos no seu carro?
- Sim, por que? Quer ir de moto?
- Não, não precisa, só queria saber.
- Ok, vem.
Puxou pela minha mão delicadamente. Tranquei a casa e entramos no seu carro. Nos encaramos por alguns segundos e ele deu partida.
Estamos andando a pouco tempo, mas parece bastante. Acho que o silêncio que está reinando também o está incomodando. Tenho certeza disso quando ele puxa assunto.
Ficamos o caminho todo conversando. Quando chegamos era um restaurante que eu conhecia muito bem. Era o restaurante que eu ia com a minha família. Paro de falar e olho em direção a ele, muitas lembranças invadem minha mente, sinto meus olhos ficarem marejados.
- Tudo bem? - Fala percebendo minha reação.
- T-t-tudo. - Falo gaguejando e evito contato visual, olho para cima para evitar de chorar. - Podemos ir embora?
- Claro. - Diz e da partida no carro de novo. Depois de algumas ruas, nós chegamos a um outro restaurante. - Vem. - diz e só aí que eu percebo que ele abriu a porta para mim e estava tocando em minha mão, na intenção de pegá-la e me puxar por ela.
Dou a mão para ele e ele me ajudar a sair do carro. Percebo que ele parou do outro lado da rua, numa praia.
Eu saio do carro e ele me abraça forte, retribuo na mesma intensidade. Não consigo aguentar e choro em seus braços. Não aguentava mais segurar.
Depois que eu consigo me acalmar nos separamos e nos assustamos com uma moça que estava de costas para o carro, de frente para nós dois com o celular na mão.
- Oii! Eu estava passando e vi a cena. Não me aguentei e tirei uma foto, tem problema?
- Não, não tem. - Responde o Matheus.
- Como posso mandar para vocês?
- Bluetooth.
Passamos a foto do celular dela para o meu e devo admitir que a foto ficou maravilhosa. Decido postar no Instagram.
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@LuisaSouza Obgda por existir em minha vida! Obgda por insistir em mim! @MatheusMendes✨❤️
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Ela foi embora e fomos para a praia. Sentamos na areia e o Matheus pegou o celular e ligou para alguém. Ficamos encarando o mar e minutos depois a comida chegou.
- Tu chamou delivery do restaurante que é do outro lado da rua? - Perguntei incrédula.
- Sim, estava com preguiça de ir até lá... - Nós rimos de leve. - Quer conversar?
- Acho melhor não. Nada contra, mas acabamos de nos conhecer...
- Eu sei, mas as vezes é bom desabafar...
Ficamos comendo em silêncio por poucos minutos.
- Eu ia naquele restaurante com a minha família, - Digo sem pensar. - não gosto de lembrar muito disso.
- Por que?
- Minha família era feliz. Eu era feliz. Até que tudo mudou. Nunca mais fomos os mesmos.
- O que aconteceu?
- Era um dia comum, só até ali pelo menos, eu tinha pegado o celular da minha mãe e tinha tirado várias fotos, inclusive com os meus pais... Até que meus pais sobem para o quarto e depois de alguns minutos eu ouço alguns gritos. Minha mãe desceu e pediu para eu ir comprar algumas coisas no mercado, eu não iria, mas achei melhor deixá-los a sós para eles se acertarem. Foi a pior decisão que eu já tomei. Quando eu cheguei em casa minha mãe estava chorando horrores na sala, ela estava jogada no chão, com o rosto e os olhos inchados de tanto chorar. Fui até ela e as palavras que saíram com muita dificuldade da sua boca rasgaram meu coração. Ela disse que tinha brigado com meu pai e ele saiu furioso de casa com o carro, sofreu um acidente e o carro explodiu. Eu perdi o meu chão, o meu ar, perdi tudo. Ficou nós duas abraçadas chorando no chão. Eu fiquei com depressão e minha mãe se mostrava muito mal com tudo isso. Fiquei sem ir para a escola e o único motivo de eu não me matar era minha mãe. Ela não aguentaria a morte de nós dois, ela já não estava aguentando a morte dele... Depois de três semanas, eu saí de casa e fui na escola para falar com a diretora sobre as provas que eu tinha perdido. Cheguei em casa e, ainda do lado de fora, ouvi gritos. Minha mãe gritava com alguém afirmando que essa pessoa não podia fazer isso, não podia estar ali e ela havia deixado isso claro. Escutei a pessoa gritando de volta declarando que não iria desistir e que ela não tinha esse direito. Aquela voz. Eu conhecia tão bem aquela voz. Meu coração parou quando a primeira palavra saiu em alto tom da boca daquela pessoa. Fiquei paralisada, não estava acreditando. Lágrimas molhavam meu rosto a uma velocidade inacreditável. Abri a porta brutalmente e as duas pessoa que estavam ali, pessoas que eu conhecia muito bem, pararam e me olharam. Minha mãe me olhava com desespero nos olhos, já a pessoa ao seu lado me olhava com surpresa e felicidade. Era ele. Meu pai. Meu pai estava ali na minha frente depois de tudo. Corri e pulei em cima dele, o abracei e ele retribuiu o gesto, me rodando no ar. Minha mãe estava paralisada no lugar. Depois do meu momento com meu pai, ele me colocou no chão e só aí eu me dei conta que tinha algo muito errado, olhei e minha mãe me olhava desesperada. Perguntei o que tinha acontecido e meu pai me explicou que ela tinha pedido divórcio e o expulsado da casa que ela tinha ganhado por herança do pai. Ela tinha o proibido de me ver ou voltar. Me disse que ele morreu, comprou um celular e um chip novo para mim, para impedi-lo de fazer contato comigo. Ele havia voltado depois de três semanas para pegar a minha guarda. Minha mãe havia feito tudo isso pois estava traindo meu pai e ele descobriu, se separou dele e quis ficar comigo para ver se conseguia fazer com que eu tivesse uma ótima profissão e ela ganhasse dinheiro as minhas custas. Como ela tava chorando por tudo aquilo? Como ela estava tão arrasada? Como ela podia ser tão falsa? Essas perguntas ecoavam na minha mente. Depois de muita confusão eu fui morar com meu pai. Voltei para a escola e peguei a Geovanna dando em cima do meu namorado, nós duas brigamos feio. Depois de eu vencer a briga com ela e ela sair bufando, chegou a minha melhor amiga e reclamou comigo por eu ter pegado pesado com Geovanna, nós brigamos feio e perdi minha melhor amiga para a minha pior inimiga. Saí atordoada dali e encontrei meu namorado aos beijos com a nojenta. Depois de um término, encontrei meu melhor amigo, fui até ele e ele me humilhou. Eles começaram a andar com a Geovanna e contaram para ela todos os meus segredos. Ela espalhou para a escola inteira e depois humilhou eles. Como já tinha decidido que não iria mais dar faça para ninguém me esfaquear, dei a volta por cima e peguei todos os meus machucados e os coloquei ao meu favor. Fiz das minhas fraquezas as minhas maiores vantagens. E hoje, sou o que sou.
Ele olhava para mim com um olhar surpreso e triste.
- Entendo... - Percebi que ele não tinha palavras. Eu não sabia o motivo de eu ter contado para ele, mas senti que podia confiar nele. - Vamos entrar?
- O que? - Disse saindo do meu transe.
- Vamos entrar no mar?
- Não trouxemos roupa e vamos molhar seu carro.
- Não me importo com o carro.
- Se quiser podemos voltar outro dia ou até mesmo ir na piscina da minha casa...
- Eu topo a piscina.
Chegamos na minha casa e eu o deixo na área da piscina, subo e pego meu maiô. Visto com meu short e desço novamente. Encontro ele sentado na beira da piscina molhando as pernas.
Entramos na piscina e ficamos brincando muito. Nos divertimos muito. Foi bom tê-lo ali. Quando cansamos, saímos e nos secamos, entramos em casa e fomos em direção a cozinha. Nós dois temos práticas na cozinha, então preparamos lanches.
Combinamos tudo do trabalho enquanto comíamos e depois sentamos no sofá da sala e ficamos vendo séries. Até isso tínhamos em comum, amávamos as mesmas séries.
Depois de muito tempo, ainda não tínhamos noção da hora, ouvimos a porta abrir e levantamos assustados. Quando vimos a figura do meu pai aparecer, nós suspiramos aliviados.
- Quem é esse? - Disse meu pai surpreso, logicamente por eu não trazer um amigo aqui em casa a um bom tempo.
- Eu... Eh... Sou... Eu... Me... Meu... - Disse gaguejando.
- Ele é o Matheus. - Disse segurando o riso. - Um amigo meu, nós vamos fazer um trabalho juntos.
Meu pai nos olhou feliz, com certeza por eu ter um amigo.
- Não já está tarde para ele estar aqui?
- Que horas são? - Pergunto me dando conta que já está escuro e nem tínhamos percebido.
- Nove e meia.
- Eu preciso ir! - Disse enquanto pegava a carteira e as chaves do carro. - Tchau. - Se despediu me dando um beijo na bochecha e eu corei levemente por não ter esperado e por ser na frente do meu pai. - Tchau, Senhor...
- Carlos, sem senhor por favor.
- Tchau, Carlos. - Disse com um sorriso gentil.
- Eu te levo até a porta.
- Obrigado.
Levei ele até o seu carro e ele perguntou se eu podia entrar. Entrei e ele perguntou se não tinha problema se ele me levasse para um lugar. Fomos e ficamos conversando o caminho inteiro.
- É aqui. - Disse quando paramos.
Era uma rua deserta. Mas era um ótimo lugar para olhar para o céu. Como ele sabia que eu amava?
- Você me espiona?
- Como assim?
- Eu amo olhar o céu! Principalmente as estrelas!
- Que ótimo! - Disse alargando o sorriso.
Encostamos no capô do carro e ficamos olhando o céu por vários minutos. Quando senti que estava quase dormindo, levantei e entrei no carro do lado do motorista. Ele acompanhou o meu movimento com os olhos e depois que eu entrei, ele entrou no lado do carona.
Ficamos assim por bastante tempo, conversando. Até que ele perguntou o que era algo que estava lá fora, olhei pela janela, mas não achava nada. Quando virei para ele de novo vi que ele havia tirado uma foto minha. Fingi brigar com ele e nós rimos.
- Tu sabe dirigir?
- Sei. Antes de ter minha moto, eu dirigia o carro do meu pai.
- Vamos te deixar em casa então.
Eu dirigi até em casa, parei o carro e nós saímos. Ele me puxou até a porta.
- Está entregue.
- Obrigada. Obrigada por tudo, pelo dia, por ter insistido em falar comigo e por estar sendo legal.
- Não foi nada. E... - Fez uma pausa meio sem jeito.
- E? - Incentivei.
- Obrigado. Obrigado por tudo, pelo dia, por confiar em mim e por me alegrar de um modo que eu realmente não esperava.
Eu o abracei forte e ele retribuiu na mesma intensidade. Era tão bom ter um amigo depois de tudo. Nos separamos e ele me deu um beijo na bochecha, retribuí o gesto e ficamos alguns segundos nos encarando.
- Tchau.
- Tchau...
- Até amanhã na escola.
- Até.
E ele se virou, entrou no carro e deu partida. Depois de ele virar a esquina, eu entrei. Meu pai estava comendo algo enquanto assistia sua série.
- Fico feliz por você ter um amigo novo.
- Eu também.
Subo, entro no meu quarto, tomo um banho, coloco um pijama qualquer e me jogo na cama. Fico pensando no meu dia e me pego sorrindo.
Como estou sem sono, pego meu celular e decido entrar nas redes sociais. Depois de ver os status do povo, vou no Instagram. Lá vejo que me marcaram em uma publicação. Quando vejo quem publicou, um sorrisinho escapa de mim.
Instagram on
@MatheusMendes Cm ela @LuisaSouza❤ Obgda por td😝
Instagram off
Depois de curtir e comentar um "Obgda vc❤", coloquei meu celular para carregar, virei para o lado e apaguei.
Obs.: Depois que fomos na piscina, eu troquei de roupa e botei a roupa dessa da foto.
❤🤗Votem e comentem🤗❤
❤🤗Digam se estão gostando,
se eu devo continuar🤗❤
❤🤗Deixem idéias 🤗❤
❤🤗Críticas construtivas e dicas são sempre bem vindas🤗❤
❤🤗Gente, eu não escolhi uma pessoa específica para ser os personagens, mas deixei as características deles para ajudar a vocês na hora de imaginar. Mesmo assim, na hora das fotos, eu procuro colocar fotos de pessoas que tenham características semelhantes dos personagens. Podem reparar que até mesmo as roupas eu faço questão de ser as mesmas🤗❤
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