Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 5

Sentia-se mais segura quando se entregava à rotina. Daí a pouco um miado interrompeu sua concentração. Um gato, negro como a noite, estava parado na frente da porta que se abria para o quintal. Felix pertencia a um vizinho e costumava aparecer com frequência na casa de Charlotte nos momentos mais inesperados. Ela sentiu-se contente com a sua companhia.

— Olá, Felix, o que você me conta? Será que só eu fiquei em casa hoje à noite? E como conseguiu fugir novamente da vigilância de seu dono?

As perguntas foram recebidas com alguns miados impacientes e o gato esfregou-se na porta, entrando logo em seguida, muito seguro de si, como se aquela casa lhe pertencesse.

Pulou para o sofá e aninhou-se no colo dela, como costumava fazer. Distraída, Charlotte coçou a cabeça de Fêlix e continuou a ler as fichas. Decidiu deitar-se, mas nesse exato momento o telefone tocou. Tânia Sanders, a enfermeira que dava plantão à noite no setor de Pediatria, identificou-se.

— Doutora, estou com um pequeno problema. Fui até a porta do quarto de Anne várias vezes e julguei que ela tivesse dormido, mas a ouvi chorar. Dei um tempo, fui vê-la novamente e ela continua chorando. Pretendia telefonar para o Dr. Blosson, mas o nome do Dra. Laura Houston e o seu também estão na ficha dela.

— Ela tomou algum medicamento?

— Não, pois ainda há pouco encontrava-se sob o efeito da anestesia. Anne disse que não sente dor, mas estou pensando em telefonar para o Dra. Houston e dar-lhe em seguida um sedativo. Quem sabe isso a acalmará.

— Talvez seja melhor eu conversar com ela primeiro. — Disse Charlotte. — Daqui a pouco estou aí.

— Obrigada, doutora. Sinto muito incomodá-la.

— Não tem a menor importância.

Charlotte vestiu calça comprida, uma blusa de lã preta e prendeu os cabelos. Passou um pouco de batom nos lábios, pegou a bolsa e, com muito jeito, pôs Felix para fora de casa, após o que trancou a porta.

O dono dele deveria estar procurando-o como sempre e Felix, saiu em disparada para o jardim de sua casa, depois de olhar pra trás e miar. Charlotte sorriu e deu adeus ao seu visitante audacioso.

Em menos de dez minutos chegava ao hospital. Assim que entrou no setor de Pediatria a enfermeira sorriu, agradecida, e informou que Dante já estivera ali naquela noite. O quarto de Anne ficava no fundo do corredor. A luz estava acesa e, ao aproximar-se, Charlotte ouviu soluços abafados. Recordou-se de certos momentos de sua infância, quando enterrava o rosto no travesseiro, a fim de abafar os próprios soluços.

Charlotte tocou no ombro da menina, mas Anne não olhou para ela.

— O que está acontecendo, meu bem?

Ela não respondeu, o que deixou Charlotte preocupada.

— Os pontos estão doendo? Posso pedir à enfermeira para afrouxar a atadura.

— Ele prometeu que voltaria e não voltou! — Queixou-se Anne.

— Quem?

— Tio Dante. Disse que voltaria mais tarde e eu fiquei esperando até agora.

— Mas ele voltou, sim! Esteve aqui agora há pouco. A enfermeira o viu em seu quarto. Você deve ter dormido, enquanto o esperava.

— Mas por que foi que ele demorou tanto? Será que ele não gosta de mim?

— Anne, você está sendo injusta. — Bastou aquele comentário para a menina ficar desconfiada. — Você gosta de seu tio Dante?

— Ele é bom comigo. E está tentando ser um bom... Mas é difícil pra nós dois.

— Há quanto tempo você mora com ele?

— Desde que meus pais me deixaram, no último verão.

Charlotte logo percebeu o alcance daquela imagem, que se referia à morte. Ela exprimia a sensação de abandono, de ser deixada para trás, que tantas pessoas sentiam.

Charlotte fez a Anne perguntas bem simples, para descobrir em que circunstâncias a menina vivia. Ficou sabendo que, a maior parte do tempo, ela ficava sob os cuidados de uma governanta. Dante viajava com frequência ou chegava tarde em casa.

— Meu tio não dorme muito bem a noite também. Ele tem pesadelos também, não como os meus, sabe. Contou a criança ainda com lágrimas nos olhos. — O ouvi muitas vezes discutindo com alguém pelo telefone.

— Sabe que não deveria ficar ouvindo as conversas dos adultos.

— Foi sem querer, estava indo pra cozinha, queria um copo de leite quente. O tio está trabalhando em dobro depois do que aconteceu. ele tem a empresa dele, a da família e agora precisa terminar os trabalhos de meu pai. Ele está sozinho e eu não consigo ajudá-lo!

Não havia muitas crianças no bairro em que viviam, um lugar chique situado no centro da cidade de Miami.

Chegou à conclusão de que Anne não se sentia muito ajustada, após ter mudado de Orlando. O ano escolar chegava ao fim, mas a menina não falava de seus colegas ou amiguinhos, como as demais crianças costumavam fazer. Charlotte fez uma última pergunta, a mais delicada de todas.

— Anne, você não quer me falar de seus pais?

— Não. Eles mentiram para mim!...

De repente a garota modificou sua atitude e tornou-se tensa e retraída.

— Por que não?

— Estou com sono agora.

Aquela brusca mudança tornou claro o fato de que Anne não se sentia feliz com a vida que levava. Era evidente a raiva que sentia por ter perdido os pais. Tratava-se de uma sensação de abandono, que chegava a ser patológica. E a sensação de não conseguir ajudar o tio ou mesmo a sensação de estar atrapalhando a vida do mesmo a deixava mais assustada ainda.

Charlotte cobriu a menina e desejou boa-noite, mas, antes que chegasse à porta, Anne perguntou.

— A senhora volta amanhã? Ainda não vi meus pontos!

— Volto, sim, Anne. Agora durma.

— A que horas o Dra. Laura costuma visitar os pacientes, Tânia? — Charlotte perguntou a Tânia Sanders, a enfermeira de plantão.

— Entre oito e nove horas.

— Você anotou em sua ficha que Anne me chamou?

— Sim. Ela parece ser uma menina tão meiga! Mas também percebi que é uma garota bastante carente.

— E é, mas, por outro lado, trata-se de uma criança um tanto difícil. Estou pensando em fazer urna sessão com ela amanhã e chegarei lá pelas oito. Se acontecer alguma coisa, faça o favor de me prevenir.

— Será que o Sr. Mayweather virá amanhã de manhã? — Perguntou Tânia. — É um homem tão atraente! Tenho uma colega que derrete, só de vê-lo! Mas percebi que ele também parece bastante triste, até mesmo um pouco melancólico.

— Ele é, de fato, um homem encantador. E quanto a isso, deve ser pelas perdas recentes.

Charlotte recordou como aquele encanto a afetara. Percebeu que a enfermeira a encarava com curiosidade. Não se sentia disposta a fazer confidências, sobretudo quando o assunto era Dante Mayweather. Já era tarde e a única coisa que desejava naquele momento era uma cama.

Mais uma vez voltou para casa, esperando encontrar a solidão, sua velha companheira. Gostaria que sua mãe estivesse ali; necessitava muito da companhia de alguém que lhe fosse próximo, mesmo por alguns momentos. Houve um tempo em que tinha vários amigos. Aos poucos, eles foram se afastando... ou seria ela quem os teria afastado? Procurou ficar em contato com eles, comparecendo a jantares e festas, mas as pessoas se preocupavam tanto com ela que Charlotte começou a sentir-se pouco à vontade.

A verdade é que se sentia muito só, em meio a tanta gente casada, com suas famílias formadas.

O telefone tocou às sete da manhã em ponto. Charlotte se encontrava na cozinha, tomando café, e sorriu, ao reconhecer aquela voz tão querida.

— Olá, mamãe!

— Charlotte, meu bem, está tudo em ordem?

— Mas é claro que sim! Que bom que você telefonou! Estava com saudades.

— Eu também! — Disse Sônia Mckagan. — Não sei, mas tive o pressentimento de que alguma coisa não estava bem.

— Que engraçado, mamãe. Ontem à noite pensei em falar com você. Acho que seu radar ainda funciona muito bem!

Ambas caíram na risada. Sua mãe sempre sabia quando ela estava preocupada o quando lhe acontecia um problema. O famoso instinto materno, só que na família Mckagan era duas vezes mais preciso.

Sônia falou a respeito de sua viagem e de alguns parentes a quem visitara recentemente na Itália.

— Minha filha, existe alguma coisa que a esteja preocupando neste momento? — Perguntou a mãe de Charlotte.

— Não, mamãe. O que tenho a dizer pode esperar.

— Tem certeza, meu bem? Eu a estou achando um tanto estranha...

— Não, está tudo em ordem. É que me sinto um pouco cansada. Tive de atender uma paciente ontem à noite. Estava me preparando para ir ao hospital.

— Voltarei na semana que vem e poderemos almoçar juntas.

— Ótimo! — Disse Charlotte, animada.

Apesar de não se encontrar frequentemente com sua mãe, Charlotte tinha com ela um relacionamento muito especial. Ambas eram bastante independentes, mas sempre estavam à disposição uma da outra, em caso de necessidade.

Charlotte entendia muito bem a paixão que sua mãe tinha em relação às viagens.

Durante anos a fio Sônia Mckagan cuidara de casa, dedicando-se inteiramente ao marido e à filha. Agora estava só e chegara o momento de fazer exatamente o que queria. Viajar e conhecer o mundo, foi graças a mãe que Charlotte passou nalguns dias na Índia.

Charlotte lavou a louça, deu um jeito na cozinha e molhou as plantas. Olhou pela janela e prometeu a si mesma que, no fim de semana, cuidaria do quintal, seu jardim precisa urgentemente de uma boa manutenção. As ervas daninhas cresciam por toda parte e aquilo estava virando uma pequena selva, muito mal organizado.

1585 Palavras

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro