Capítulo 23
Charlotte não se cansava de contemplar a beleza da paisagem. Árvores enormes, cobertas de musgo, estendiam seus galhos para além das margens, e belíssimas casas de campo, rodeadas de jardins e gramados muito bem cuidados, sucediam-se umas às outras. Ela apoiou a cabeça nas bordas da boia, sentindo o sol queimar-lhe o rosto. A mão que a acariciava fez com que ela abrisse os olhos.
— Você vai acabar se queimando demais se não tomar cuidado. — Disse Dante, mostrando um tubo com protetor solas. Abriu-o e o passou com todo cuidado nos ombros, no nariz e no rosto de Charlotte.
— Como você é prevenido! — Ela comentou.
— Pelo menos tento. No passado era bem paranoico, hoje estou mais tranquilo.
Charlotte olhou aquelas mãos queimadas de sol e pensou numa observação que Dante fizera a seu respeito: que ela estava apaixonada pelas recordações do passado. No entanto sentia-se tão diferente naquele momento! Lembrou-se da psicoterapeuta, a Dra. Alane, ter dito que, com o tempo, poderia surgir um novo amor em sua vida, que a ajudaria a superar todas as lembranças. Acaso seria Dante? Seria por isso que se sentia muito mais cheia de vida, confusa e perturbada? Gostaria de modificar completamente sua atitude, mas era impossível.
— Ei, vocês pretendem ficar separados como dois pombinhos que se namoram ou vão participar de nossos papos? Pelo menos contem para a gente como se conheceram. — Disse Marcus.
— Um amigo comum nos apresentou. — Informou Dante.
Agora atravessavam uma região onde as casas de campo eram mais numerosas. Algumas eram construídas em colinas, acima do rio, e mal se viam por entre o arvoredo espesso.
Outras ficavam bem junto à margem e seus proprietários acenavam para eles. Havia muita gente pescando. Crianças correndo pela margem acenando empolgadas também. Flores do campo, margaridas e papoulas estendiam-se a perder de vista. Tudo aquilo era tão belo que Charlotte já não sabia mais para onde olhar. De vez em quando encarava Dante e sorria.
— Acho que vou cair na água. — Ele anunciou, dando um tapa num pernilongo que picava seu braço. — Ser do tipo O positivo atraí demais esses bichos!
A lancha parou e ele mergulhou no rio, insistindo para que Charlotte fizesse o mesmo.
Ela acabou se convencendo e não se arrependeu. A água estava uma delícia, mas o prazer maior era sentir o braço de Dante em torno de sua cintura. Suas pernas roçaram uma na outra por debaixo da água, o que provocou em Charlotte arrepios de prazer. Dante tocou de leve em seu ombro, que já estava vermelho de tanto sol.
— Ainda bem que o passeio pelo rio termina daqui a pouco, caso contrário você ficaria muito queimada. Ainda temos muita coisa pela frente. — Declarou Dante.
— Que coisas?
— Você verá... Tenho outra surpresa para você!
— Como voltaremos para o carro? Creio que a lancha já percorreu alguns quilômetros.
— Charlotte, quando é que você vai aprender a confiar em mim? A perua de Marcus está à nossa espera, no lugar onde desembarcaremos.
— Mas quem disse que eu não confio em você?
— Pois então não faça mais perguntas. — Dante inclinou-se e beijou-a ligeiramente.
— Não está se divertindo?
— Sim, mas você se veria em maus lençóis se eu fosse o tipo da pessoa que detesta surpresas.
O coque mal feito de Charlotte se desmanchara em parte e mechas de cabelo emolduravam seu rosto.
— Por que você não solta o cabelo mais vezes?
— Porque me atrapalha. Se eu quisesse usá-lo solto, teria de cortá-lo. Ele cresce rápido demais!
Charlotte segurou na boia, assim que Dante a soltou. Sem tirar os olhos dela, ele começou a remover um por um os grampos que prendiam seus cabelos, jogando-os dentro do rio. Finalmente o coque desmanchou-se de vez. Dante parecia estar fascinado com o que fazia. Os cabelos de Charlotte desciam até o ombro agora e enrolavam-se em torno do braço dele.
— Você parece uma sereia com certeza. — Ele murmurou, passando o braço em torno de sua cintura e puxando-a para si.
— As sereias não vivem nos rios...
— Pois a minha sereia vive... E você não sabe de todas as lendas que existem sobre as sereias pelo mundo.
Suas pernas se entrelaçaram e Charlotte teve a nítida sensação de que mais ninguém existia, quando seus olhos se encontraram. Ele começou a beijá-la com muita ternura e a sensualidade aos poucos foi aumentando, a ponto de deixá-la sem fôlego. Os lábios que roçavam os dela exigiam uma entrega que Charlotte não podia ignorar. Ela apertou-se de encontro ao corpo dele e gostou de sentir aquelas pernas musculosas cruzadas com as suas. A pele de Dante eram como uma pétala macia que seus dedos percorriam.
— Não acha melhor subirmos nas boias? — Ele sugeriu.
De volta à boia, Charlotte escorreu a água dos cabelos, a fim de que secassem ao sol.
Teria de lavá-los novamente, quando chegasse em casa, mas não tinha importância.
Nada mais contava, a não ser o fato de que se divertia como nunca. Dante havia prometido um passeio cheio de surpresas e cumpria a palavra.
A lancha aproximou-se de um ancoradouro, para decepção de Charlotte, que sentia que o dia chegava ao fim. Dante notou sua reação quando desceram.
— O dia não terminou! Ainda temos muito o que fazer.
Foram para a perua de Marcus, que ajudou Dante a retirar do bagageiro duas bicicletas.
— Obrigado por ter ido buscá-las em casa ontem à noite, Marcus! — Disse Dante.
— Eu devia cobrar aluguel de vocês! Mas estou fazendo isso em prol de algo mais proveitoso e não se esqueça de sua promessa.
Charlotte enxugou-se e pegou a sacola de couro onde se encontravam o chapéu, a blusa, o short e as sandálias. Não sabia como faria para se pentear, pois a bolsa estava no carro de Dante. Com um sorriso ele lhe entregou um elástico que trazia em volta do punho.
— Achei que você fosse precisar disto...
Charlotte vestiu a blusa justa e fez um rabo-de-cavalo improvisado. Antes que Dante fosse cuidar das bicicletas, ele lhe lançou um olhar carregado de desejo.
— Vamos indo... — Anunciou Marcus, depois que todo mundo se havia acomodado na perua. — Nós nos veremos mais tarde. Depois nos envie os convites! Afirmou picando e acenando ao ir embora sorridente.
— Onde iremos encontrá-los? — Perguntou Charlotte.
Dante não disse nada e sorriu.
— Mais uma surpresa! — Protestou ela. — Será que terei de atravessar o dia inteiro sem saber nada, até que as coisas aconteçam?
— Espero que sim. É bem mais divertido.
— Na sua opinião...
— Você está pronta?
— Chego a ter medo de responder. Já nem me lembro de quanto tempo faz que andei de bicicleta. Além do mais, nunca guiei uma que tivesse tantas marchas.
— É muito mais fácil do que uma bicicleta convencional. — Dante explicou o funcionamento e como Charlotte deveria usar os freios de mão.
Daí a pouco enfrentavam a estrada e deparavam com uma ladeira. Os carros passavam por eles a toda velocidade, deixando Charlotte um tanto nervosa.
Dante desceu da bicicleta e Charlotte fez o mesmo. Os dois subiram a encosta a pé.
— Quando chegarmos ao Parque Municipal não precisaremos mais nos preocupar com o tráfego. Como deve ter imaginado muitas famílias vem passar os finais de semana aqui com seus filhos. As crianças precisam correr e ter um contato mais profundo com a natureza. Quando eu era pequeno meus pais nos traziam aqui sempre. Algumas coisas mudaram de lá para cá. Tem mais casas e famílias que decidiram morar perto do parque nacional. — Explicou Dante.
— Qualquer um adoraria morar aqui. Tudo é tão verde e traz uma paz incrível.
— Até você?
— Até eu! Afirmou olhando uma bela casa do lado esquerdo de onde os dois estavam. — Linda casa que estão construindo ali.
— Concordo... Disse sorrindo.
Assim que a subida terminou eles voltaram a usar a bicicleta. Logo Charlotte percebeu que não era preciso empregar sequer a metade do esforço utilizado numa bicicleta comum. Toda vez que o tráfego se tornava um pouco mais congestionado, Dante diminuía a velocidade e voltava a cabeça, preocupado com ela.
Ao chegarem ao parque, ele dobrou à direita, seguindo por uma estrada um tanto estreita, porém muito mais calma. A paisagem tornava-se muito bela. Passaram por uma fazenda cheia de paióis e um estábulo. Logo adiante havia uma escola primária e uma ponte que atravessava um riacho e dava passagem para um veículo por vez.
O suor escorria por entre os seios de Charlotte e ela estava quase sem fôlego quando viu diante de si mais uma pequena colina. Dante seguiu por uma trilha que levava até o riacho.
— Que tal descansarmos um pouco? — Sugeriu. Pegou uma sacola e deu a mão a Charlotte.
A trilha serpenteava por entre as árvores e os arbustos era escorregadia. Assim que chegaram à beira do riacho deram com uma churrasqueira em mau estado, mas que apresentava sinais de ter sido usada recentemente. Lá havia uma pequena praia de areias escuras. Dante sentou-se, convidando Charlotte para fazer o mesmo.
Havia outros casais nas margens do riacho ou sentados nas pedras. Um cachorro husky siberiano vermelho, enorme, corria para todos os lados com uma pobre boneca de pano entre os dentes, feliz por gozar de tamanha liberdade. E pelo menos seis crianças desesperadas atrás dele. Ao ouvir o assobio de seu dono, empinou as orelhas e foi ao seu encontro, sem soltar a pobre boneca.
A tranquilidade era tanta que Charlotte fechou os olhos e ouviu o murmúrio da água.
Tinha morado em uma metrópole a vida inteira, mas Dante lhe mostrava coisas de cuja existência sequer suspeitara.
Dante abriu a sacola e dela retirou duas garrafas de água de coco bem geladas.
— Há quanto tempo você não andava de bicicleta?
— Há muito tempo. Nem sei quando foi a última vez.
— Pois você está em ótima forma.
Charlotte sentiu-se muito sem jeito e disfarçou, comendo um sanduíche. Assim que terminaram Dante deitou-se de costas, apoiando-se nos cotovelos e cruzando as pernas. Estava totalmente relaxado, mas seu olhar não abandonava Charlotte sequer por um momento. Cada vez que ele a elogiava, ela se retraía.
O que Dante descobria a respeito dela o deixava inteiramente cativado. Charlotte era extraordinariamente bela. Não se tratava, porém, de uma beleza superficial, sem substância. Era uma criatura sensível, boa e vulnerável. Dante sabia, sem o menor convencimento, que a atitude de Charlotte para com ele começava a mudar. Percebia isso no modo como ela o encarava e nas suas reações, quando a tocava.
Os sentimentos dele também haviam se modificado. Aprofundaram-se, tornando-se um misto de prazer e tormento. Queria passar cada momento ao lado dela, cobri-la de presentes, que certamente recusaria. Gostaria de poder mostrar-lhe o lado físico de seus sentimentos, mas até bem recentemente julgava que ela o repeliria. De uma coisa tinha absoluta certeza: cabia a ela iniciar qualquer intimidade que fosse além de simples beijos e carícias.
Só de olhar para ela e observar o modo como sorria, tão cheio de ternura, Dante sentia o coração disparar. Esperava que ela desse um sinal dentro em breve. Caso contrário precisaria tomar uma atitude. As noites o estava atormentando por causa dos sonhos que agora voavam sua mente. Sonhos esses que satisfazia o seu desejo pela mulher mais linda que os seus olhos já virão.
— Como foi que você encontrou este lugar? — Perguntou Charlotte, levantando-se.
— Costumava vir aqui com alguns colegas, quando estudava, na universidade. É claro que, naquele tempo, tudo era muito diferente. Depois da guerra, vi pra cá passar um tempo para tentar equilibrar a minha mente. Precisava desse contato com a natureza, muita coisa havia acontecido e a minha vida tinha virado de ponta cabeça. Então esse lugar foi meu ponto de equilíbrio.
— Sem dúvida. Lembro-me de que não existia absolutamente nada deste lado da cidade, a não ser uma pequena mercearia. Agora você encontra uma lanchonete em cada esquina, além de apartamentos e prédios de escritórios. Casas de madeira singelas e mansões luxuosas por onde se olha.
— Espero que não seja uma crítica à minha profissão.
— De modo algum. Apenas sinto muita pena em ver uma região tão bela transformar-se num conjunto de lanchonetes, onde o trânsito se tornará infernal.
— Não é só você quem lamenta. Quero lhe mostrar um lugar onde esquecerá o que está sendo feito aqui.
— De que se trata?
— Você verá... — Disse Dante, sorrindo. Era uma surpresa a mais, num dia cheio de imprevistos. — Que tal um mergulho? Ajuda a aliviar o calor.
Charlotte, que transpirava demais, ainda assim recusou. Lembrava-se do olhar que Dante lhe lançara, quando estavam no rio, e não queria de modo algum expor-se, tentando-o. Já era um esforço enorme evitar as sensações que ele despertava nela e não queria mais complicações. Por um lado, queria que ele a beijasse e a acariciasse, mas, por outro, temia as consequências. Uma vez que as coisas entre eles se desencadeassem, não haveria como voltar atrás e o arrependimento seria inútil. E isso era ao mesmo tempo excitante e aterrorizante...
Os seus sonhos poderiam se tronar realidade, era somente ela dar um sinal para Dante. E ela sabia muito bem disso.
Dante voltou-se e, notando o ar preocupado de Charlotte, ergueu-se e aproximou-se lentamente.
— Em que está pensando? — Perguntou, segurando em seu queixo.
— O dia foi maravilhoso.
— Quem a ouve falar até pensa que o dia terminou.
— Quase, mas eu me diverti pra valer.
— Se eu estiver errado corrija-me, mas o dia tem vinte e quatro horas. Temos planos para hoje à noite.
— E mesmo?
— Certamente.
— Creio que de nada adiantará eu perguntar que planos são esses.
— Não, é um segredo. Não conto, porque não quero que as pessoas pensem que você está numa situação difícil e venham correndo socorrê-la. Você não quer ser socorrida, não é mesmo?
— Mas isso é necessário?
— Depende... — Disse Dante, enlaçando a cintura de Charlotte.
— De quê? — Ela perguntou, em atitude de desafio.
— Do fato de você sentir ou não medo de mim.
— Mas por que haveria de sentir medo?
— Acho óbvio... — Declarou Dante, lançando-lhe um olhar carregado de intenções.
— Não creio que você me violentará na frente de todo mundo! — Disse Charlotte com bom humor.
— Não me tente... Ainda vamos acabar ficando sozinhos e será você quem iniciará ou terminará o que acontecer entre nós.
— Não tenho tanta certeza assim.
— Pois acabará tendo. — Ele beijou-lhe de leve os lábios, o que a deixou estranhamente perturbada.
Sem refletir no que fazia, ela ficou na ponta dos pés e enterrou os dedos nos cabelos de Dante. Em seguida, com um sorriso provocante, retribuiu o beijo. No momento em que seus olhares se cruzaram, Dante prendeu a respiração. A atitude de Charlotte o surpreendera, mas o que veio a seguir deixou-o ainda mais confuso.
A pressão dos dedos dela incitava Dante a dar-lhe outro beijo. Seus lábios se abriram e ele abraçou-a com força, pressionando seus seios de encontro ao peito.
Charlotte sentiu uma necessidade incontrolável de ficar bem perto dele, de tocar e ser tocada. Com as mãos Dante iniciou uma exploração sensual e atrevida, levando-a a gemer, o que apenas serviu para deixá-lo ainda mais excitado: seu corpo musculoso não fazia o menor segredo do desejo que ele experimentava naquele momento.
— Aí, É o amor! Vão em frente! Estamos gostando de ver! Ouviram gritos e aplausos.
Dante ergueu a cabeça; seus olhos estavam cheios de desejo.
Charlotte encostou o rosto no peito dele e procurou controlar-se. Suas pernas tremiam e ela teve a sensação de que iria cair, mas não se preocupou. Dante ainda a segurava.
Alguns garotos, do outro lado do riacho, os olhavam e riam.
— Que situação mais constrangedora! — Murmurou Charlotte.
— Se o garoto não tivesse gritado, teria sido muito mais...
Dante acenou para os garotos e os dois se afastaram em silêncio, de mãos dadas.
Os passarinhos e os esquilos pulavam de galho em galho e um lagarto azulado atravessou o caminho. Quando subiram nas bicicletas, Dante piscou para Charlotte, que sentiu a tensão diminuir.
Ela ficou pensativa. Afinal de contas, o que estava lhe acontecendo? O que a tinha levado a agir com tamanho atrevimento? Sabia perfeitamente a razão. Queria que Dante a beijasse e reafirmasse o que ela, no fundo, tinha medo de admitir.
Será que estava realmente se apaixonando por aquele homem? O pensamento não era tão aterrorizante conforme imaginara, embora a inquietasse. O amor significava compromisso, envolvimento e, algumas vezes, dor, mas ainda não se julgava pronta para voltar a passar por aquela experiência.
Charlotte pedalou a fim de alcançar Dante. Atravessavam um bairro residencial, com ruas muito arborizadas e casas de extremo bom gosto. Ele parou num terreno baldio, cheio de árvores, e Charlotte olhou à sua volta.
— Venha! — Disse Dante, entrando no terreno.
— Você acha que devemos? O proprietário não reclamará? Pois podemos ser presos por invasão.
— Já que o proprietário sou eu, este problema não existe...
— E você pretende construir alguma coisa aqui? Minha nossa esse terreno é gigantesco.
— Realmente é sim e ainda não sei. É cada vez mais difícil encontrar terrenos nas proximidades do rio.
— Você o tem a muito tempo? Perguntou vendo que as árvores em volta eram enormes.
— Quando voltei do Vietnã, recebi a herança dos meus avôs e mais tarde a dos meus pais, terminando de pagar tudo. Adquiri esse terreno antes do nascimento de Anne, eu tinha planos para ele na época. Mas nada deu muito certo, então eu pensei em vender.
Charlotte olhou para a estrada, por onde passavam alguns ciclistas e corredores. No terreno havia várias árvores, cujos botões iriam se abrir dentro em breve. Dante tinha razão. Era como se o mundo exterior não existisse. Havia em tudo uma grande paz e ela bocejou.
— Está cansada?
— Tivemos um dia movimentado. Amanhã ficarei com o corpo moído.
— Sentirei muito prazer em lhe fazer uma massagem.
— Obrigada. Um bom banho de banheira resolverá o problema.
— Mas eu posso resolvê-lo muito melhor...
— Lá vem você de novo com seu convencimento.
— Dizer a verdade não significa ser convencido. Bem, acho melhor irmos embora, para que você possa descansar um pouco. Lembre-se, porém, de que nosso dia ainda não acabou.
Eles levaram quase uma hora para chegar ao carro de Dante e, em seguida, à casa de Charlotte.
— Veja se toma uma boa ducha fria! — Recomendou Dante.
— Sem dúvida... — Disse Charlotte, pensando que era exatamente o que ela necessitava para impedir o sangue de lhe subir ao rosto, o que acontecia quando Dante a olhava daquele jeito.
— Passarei por aqui às oito horas. Vista-se à vontade e não coma.
— Sim, senhor... — Disse Charlotte, batendo continência, numa atitude brincalhona. — Mais alguma ordem?
— Não tive a intenção de ser autoritário... Você ganhou.
— Ganhei o quê?
— O prêmio do bom humor, muito embora eu ache que mereço o prêmio da frustração que você provoca em mim.
— Não foi em absoluto minha intenção.
— Como não! Depois do jeito como você me beijou hoje... Acha que um banho frio vai acalmar o meu corpo?
Charlotte ficou muito vermelha e Dante caiu na risada.
— Saiba que não estou me queixando de nada. Até logo!
Assim que entrou em casa, Charlotte sentiu-se no auge da felicidade. Despiu-se e foi para o banheiro. Antes, porém, ligou o rádio e começou a cantarolar, acompanhando a música.
3215 Palavras
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