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Capítulo 20

A semana que se seguiu foi movimentada. As férias de verão tiveram como consequência uma série de consultas canceladas e muitos pacientes simplesmente não apareceram. Por outro lado muitos pais, preocupados com a interrupção do tratamento de seus filhos, procuraram Charlotte, à procura de conselhos. Durante dois dias ela os atendeu, da manhã até a noite, e passou outros dois tentando colocar suas anotações em dia. Teve até dias que aceitou falar fora do horário com alguns pais, mudou algumas datas e agendou outras.

Na sexta-feira ela já não tinha quase mais nada para fazer. Ao meio-dia completou o restante de suas anotações, cancelou as consultas da semana seguinte, fez uma lista do que iria comprar no supermercado, verificou seu saldo bancário e fez tudo o que a ajudasse a passar as horas. Anne era a única criança a quem atenderia naquele dia.

Durante a semana conseguira refletir bastante, sobretudo com relação a Dante. Tinha de reconhecer que gostava muito dele. Ele a divertia com suas brincadeiras irônicas, mas também a irritava. Quando isso acontecia, Charlotte tinha vontade de chorar. Detestava perder o controle de suas emoções, especialmente na frente de Dante. Sua determinação de não se envolver com ele cedia lentamente, diante da personalidade daquele homem. Era impossível negar que Dante despertava nela reações perturbadoras, que julgava ter superado, e um medo que não conseguia dominar tão facilmente.

Não era com muita frequência que a convocavam para ir ao hospital no sábado, mas ela combinou com um colega substituí-la, caso isso viesse a acontecer. Durante toda a semana antecipou o prazer do passeio com Dante. Procurou imaginar onde iriam, o que ele tinha planejado, excitada como uma moça na primeira saída com o namorado.

Charlotte passou o dia inteiro sonhando de olhos abertos. De repente a porta do consultório se abriu, dando passagem à sua mãe.

— Pelo que vejo, Kira não exagerou. Ela disse que a semana foi calma!

— Calma? Foi uma verdadeira loucura! Ainda bem que as férias de verão acontecem apenas uma vez por ano. Caso contrário eu me aposentaria!

— Eu estava fazendo compras e decidi dar um pulo até aqui, mas telefonei antes de vir. Kira disse que você tinha apenas um cliente. Não quer passar a tarde comigo fazendo compras?

— Mamãe, você é um verdadeiro salva-vidas! Mais um pouco e eu começaria a tirar poeira das estantes ou qualquer coisa no gênero.

— Então aceita meu convite?

— Mas é claro! Podemos ir àquela enorme galeria que fizeram aqui perto do hospital. As lojas são magníficas. Também estou precisando de um lanche reforçado!

— Esteve lá muitas vezes?

— Apenas uma. O parente de uma paciente e eu jantamos juntos lá, pois tínhamos de conversar a respeito da menina.

Antes que Sônia pudesse fazer qualquer comentário o interfone tocou e Charlotte atendeu.

— Minha última paciente chegou. Se você não se incomoda de esperar...

— Nem um pouco.

Sônia ia saindo quando Anne entrou no consultório, ao lado de Dante.

— Oh, desculpe! Não queremos interrompê-las... — Desculpou-se Dante, bastante constrangido.

Charlotte os apresentou.

— É um prazer conhecê-la, Sra. Mckagan. Charlotte me falou muito a seu respeito. Não é sempre que a gente encontra uma pessoa que corresponda à imagem que fizemos dela.

— É mesmo?

Sônia desejava prolongar um pouco o assunto, pois queria observar melhor o homem que estivera na casa de sua filha, levara-a para jantar e a impressionara demais, como há muito não acontecia com outros homens.

— A senhora e Charlotte têm um relacionamento único! — Comentou Dante.

— Creio que sim!... — Confirmou Sônia, olhando para a filha com grande afeto. — Muito prazer em conhecê-lo e a você também, Anne. Charlotte, estou à sua espera na recepção. — Sônia retirou-se, mas antes ouviu o que Dante dizia a Charlotte.

— Você não se esqueceu de nosso programa, não é mesmo? Não se esqueça de levar maiô e também um chapéu. Passarei por seu apartamento às dez.

— A previsão é de que vai chover.

— Nunca lhe disseram que a meteorologia é uma ciência pouco exata?

Sônia sorriu e fechou a porta. Sentou-se na recepção e começou a sonhar de olhos abertos, como sua filha havia feito. Quer dizer que aquele era o homem que punha um novo brilho no olhar de sua filha Charlotte... Sim, para isso era preciso uma criatura como ele. De personalidade totalmente diferente dos homens que sua filha era acostumada a lidar. Deu pra perceber a determinação dele em sua postura e olhar.

Dante confiava o suficiente em si para desmanchar a rigidez de Charlotte, mas em suas brincadeiras havia uma boa dose de ternura. Sônia desejou-lhe sorte. Quem sabe sua filha estava pronta para pôr o passado de lado! E viver uma nova história de amor.

Quando ficou a sós com Anne, Charlotte ouviu tudo o que tinha acontecido desde a última sessão. A menina estava muito excitada diante da perspectiva do verão que se aproximava: iria visitar duas novas amiguinhas, além de Aline, e partiria para o acampamento.

— Você e seu tio chegaram a um acordo?

— Sim. Em vez de passar três semanas no acampamento, fico apenas duas.

— Ótimo! Ainda bem que vocês se entenderam.

— Se eu ficasse lá três semanas, não podia fazer festa no meu aniversário. Tio Dante disse que tem uma surpresa para mim.

— Eu sei.

— É mesmo? O que é?

— Anne, se eu contasse já não seria mais uma surpresa e acho que seu tio não gostaria. Afinal de contas, o presente é dele. — Charlotte aproveitou a oportunidade e pediu que a menina falasse de Dante.

— Ele me levou para ver um prédio que está construindo e depois para um outro. Disse que foi meu pai quem cuidou da arqui... arqui... Droga! Me deu um branco agora.

— Arquitetura! E o que foi que você achou?

— Como é grande!

— De fato. É formidável. E o que você achou do prédio de seu tio?

— Meu pai dizia que tio Dante é o melhor construtor que existe! Meu tio falou que o prédio vai estar pronto quando as aulas começarem. Elas mal acabaram e ele já está falando de eu voltar para a escola!

— Anne, você acha que seu tio quer que você more com ele?

— Acho que sim.

— Pensa que ele se importa com você?

— Acho que sim...

— Diga o que você mais gosta em seu tio e aquilo de que não gosta.

— Gosto muito dele! — Afirmou Anne com sinceridade. — A gente conversa muito sobre a escola e ele me ajuda a fazer meus deveres, mas não posso dizer pra ele umas coisas...

— Que coisas?

— Bem... o jeito de minhas amigas se comportarem. Elas são muito más de vez em quando e eu não entendo! Acho que não é a mesma coisa...

— A mesma coisa que quando você conversava com sua mãe?

— Isso... Penso que tio Dante não entenderia.

— Creio que entenderia, sim, se você lhe desse uma chance.

— Ele não sabe nada sobre crianças ou sobre mulheres!... — Afirmou Anne com uma ponta de raiva. — Foi meu pai quem disse. Eu ouvi.

— Quando foi que ele disse isso?

— Uma noite em que ele e a mamãe brigavam. Ele estava muito zangado. Ele queria que minha mãe falasse a verdade para o meu tio e ela dizia que jamais lhe diria nada. E que o assunto estava encerrado! Ela não iria voltar atrás em sua decisão.

Charlotte sentiu que Anne estava prestes a revelar algo muito importante.

— Foi na noite do desastre, Anne?

A garota fez que sim. Tinha ouvido parte da discussão, pensou Charlotte, e ela dizia respeito a Dante. Por que Sloan teria feito aquele comentário? e depois exigido que a esposa contasse algo que a mesma havia escondido de Dante. Isso levara Anne a confiar menos em seu tio, mas Charlotte estava certa de que existiam outros fatores.

— Minha mãe e meu pai brigavam muito quando tio Dante vinha visitar a gente. Eu ouvia a voz deles do meu quarto, mas não conseguia entender o que diziam. Quando meu tio ia embora, as brigas paravam.

Aquela revelação custou demais a Anne. Ela parecia estar muito insegura naquele momento. Seus olhos azuis se encheram de lágrimas.

— Gente grande costuma brigar, Anne. — Disse Charlotte, procurando tranquilizar a menina. — Duas pessoas serem casadas se tornam diferentes...

— Você não está entendendo! Eles brigavam por causa de tio Dante... e de mim. Meu pai dizia que quem deveria estar do nosso lado era o tio Dante e que era isso que a minha mãe queria na verdade, ele ficasse do lado dela. Lembro do meu pai gritar muito, parecia triste, magoado, até mesmo desesperado... Meu pai dizia que estava tudo errado... e era tudo por minha causa!

— E você não sabe de que se tratava?

A julgar pelo jeito como a menina desviou o olhar, Charlotte percebeu que ela tinha uma idéia dos motivos que levavam seus pais a se enfrentarem. Por alguma razão não os queria revelar.

"Seja o que for, talvez seja muito penoso para Anne lidar com o problema", pensou Charlotte.

— Anne, se você pudesse me dizer qualquer coisa a respeito de seus pais, o que seria?

— Que eu os amo muito, mas os dois estavam mentindo pra mim e pro tio Dante! E isso é imperdoável!

— E se eu fizesse a mesma pergunta sobre seu tio?

A expressão da menina modificou-se no mesmo momento.

— Gostaria que ele nunca tivesse ido visitar a gente. Eu agora estaria na minha casa como sempre estive... Meu pai não teria brigado feio com a minha mãe e nem exigido que ela revelasse toda a verdade. Meu pai mudou a rota da nossa viagem, estavamos indo atrás do tio Dante!

— Quer dizer então que culpa seu tio pelo fato de seus pais discutirem por causa dele quando aconteceu o desastre?

— Ele não devia ter ido em casa perturbar minha mãe.

— E seu pai também ficou perturbado?

— Meu pai ficou muito zangado, mas não chorou, como minha mãe fez.

Tudo o que Anne acabara de contar confirmava a opinião de Charlotte de que as crianças eram muito mais observadoras do que os adultos acreditavam. A menina presenciara uma série de acontecimentos e, ainda que não os tivesse compreendido, percebera que existia alguma coisa no ar.

— Anne, você nunca conversou com sua mãe sobre seu tio Dante ou questionou seus pais sobre as brigas por causa dele?

— Não, porque ela sempre ia para a cama toda vez que ele ia embora, após uma visita. Mamãe ficava com dor de cabeça.

Charlotte refletiu sobre tudo aquilo. Havia algo que não fazia sentido. O que existia nas discussões entre Sloan e Izzie que pudesse dizer respeito a Dante e Anne? Que tipo de situação poderia envolver aqueles dois? Acaso Dante dedicava excessiva atenção à menina durante suas visitas? Seus pais preocupavam-se com o fato de que ele pudesse mimá-la? No entanto Dante afirmara que não via Anne tanto quanto desejava, mas apenas duas ou três vezes durante o ano, quando seus negócios o levavam a visitar a cidade onde o irmão morava. Pois o mesmo preferia manter certa distância do casal. O que provocava o sentimento de culpa em Anne tinha a ver com as discussões que ela ouvia.

Havia a possibilidade de a menina ter interpretado aquilo muito mal. Como chegar até a verdade? Era um desafio muito grande, que Charlotte precisava avaliar.

— Posso lhe fazer uma pergunta, Charlotte? — O pedido de Anne a trouxe de volta ao presente. — Como foi que você fez para esquecer o que aconteceu com seu marido e seu filho?

— Eu não esqueci, Anne. Aliás, não esqueço deles nunca, mas tive de deixá-los no passado e entender que não poderia mais estar com eles. Minha vida tinha de prosseguir sem os dois.

— E ainda sente falta deles?

— Sim, mas não me sinto mais infeliz, embora me sentisse assim durante muito tempo.

De repente o telefone tocou. Charlotte ouviu a voz aflita de Elise, pedindo que ela fosse para o pronto-socorro do hospital assim que pudesse. Acontecera algo terrível e Elise precisava da ajuda dela.

Charlotte prometeu ir logo; ao desligar o telefone, sua expressão era de angústia.

— Desculpe, Anne...

— E como foi que você fez para parar de pensar no que aconteceu?

— Não existe uma fórmula, Anne. Para mim, acho que me ajudou o fato de eu ter voltado ao lugar onde tudo aconteceu. Durante muito tempo não consegui fazer isso. Foi nesse momento que me despedi deles. Aquilo que ajuda uma pessoa talvez não seja uma solução para outra pessoa.

— É, acho que não...

— Garanto a você, Anne, que tudo haverá de melhorar. — Disse Charlotte com um sorriso. — Sei que é difícil acreditar, mas o tempo acaba curando muita coisa. A gente não pode insistir com as coisas que não se pode mudar, e você não pode mudar o que aconteceu. Também não adianta a gente querer que o sofrimento vá embora. Tudo acaba ficando mais fácil conforme o tempo vai passando, mas é preciso ajudarmos, não tentando esquecer o que aconteceu, mas recordando e colocando as coisas no seu devido lugar. Quero ajudar você a fazer isso. Na próxima sessão desejo que você conte o que aconteceu ou quais foram as suas lembranças da noite do desastre.

Charlotte calou-se e esperou alguma reação de Anne, o que não sucedeu. A menina refugiou-se em si mesma, fingindo ignorar o que não queria ouvir.

— Acabamos? — Perguntou.

— Creio que sim. — Respondeu Charlotte. — A menos que você queira dizer mais alguma coisa.

— Não, mas você ficou com uma cara esquisita quando falava no telefone.

— É porque uma amiga minha precisa de ajuda. Agora tenho de ir até o pronto-socorro, mas nós nos veremos na terça-feira e quem sabe até mesmo antes.

— Vou para o acampamento na próxima quinta. Tio Dante pediu para eu dizer que não virei aqui durante duas semanas. Tomara que não tenha acontecido nada sério com sua amiga! — Disse Anne, antes de se retirar um pouco apreensiva, a jovem garota tinha muita empatia pelas pessoas, mesmo que não demonstrasse.

— Eu também espero!

Charlotte ficou alguns momentos no consultório, mas, quando passou pela recepção, sua mãe, Dante e Anne ainda se encontravam lá.

— Aconteceu alguma coisa, Charlotte? — Perguntou Sônia, preocupada. — Kira contou que foi Elise quem telefonou e que ela parecia estar muito angustiada.

— Está havendo um problema, mas ainda não sei do que se trata.

— Posso ajudar em alguma coisa?

— Creio que não, mamãe. Muito obrigada. Acho que vamos ter de deixar as compras para outra ocasião. Não sei quanto tempo irei demorar.

— Não quer me telefonar mais tarde para contar o que aconteceu?

— Mas é claro.

— Talvez fosse melhor eu acompanhá-la. — Sugeriu Dante.

— Creio que não é necessário.

No fundo, Charlotte estava muito preocupada. E se tivesse acontecido algo sério com Nanda?

— Pois eu irei de qualquer maneira! — Declarou Dante.

— Anne poderá me acompanhar até a lanchonete do hospital. — Disse Sônia. — Vocês nos encontrarão lá assim que for possível.

— Obrigada, Sônia. Anne, vá comer um sanduíche. Não demoramos muito.

Querendo ou não, Charlotte tinha companhia e ela e Dante saíram às pressas em direção ao pronto-socorro.

No momento em que entrou lá Charlotte experimentou um grande alívio. Nanda estava ao lado de Elise na recepção. Perto deles encontrava-se outro casal, extremamente tenso.

A mulher chorava sem parar e o homem dava a impressão de que iria explodir a qualquer momento. Junto a eles havia três crianças, muito pálidas e angustiadas.

— Se você não tivesse jogado nossa filha contra nós, nada disso teria acontecido. — Disse o homem com raiva, dirigindo-se a Nanda.

Nanda não disse nada e deu o braço a Elise, que procurava reconfortá-la.

— Que bom que você chegou, Charlotte! — Disse, ao ver sua amiga.

— O que está acontecendo?

— Trata-se de Gabriela, uma de minhas pacientes. Mariah e Jonas Lucca são os pais dela. Segundo o que me contaram, Mariah deixou a menina sozinha durante alguns instantes e ela se cortou com uma faca.

— Oh, não! Ficou muito ferida?

— Quase cortou dois dedos! — Os olhos de Nanda se encheram de lágrimas. — Está indo para a cirurgia. Os pais estão preocupadíssimos.

— O que você quer que eu faça?

— Sei que você não atende adultos, Charlotte, mas não poderia conversar com Mariah?

Ela está à beira de uma crise histérica e não quer ouvir ninguém. Repete o tempo todo que o que aconteceu foi uma coisa estúpida, que sabe que não pode deixar Gabriela sozinha nem sequer por um momento e que não aguenta mais o que está acontecendo. Talvez adiantasse alguma coisa você bater um papo com ela.

— Posso tentar, Nanda, mas não sei se adiantará.

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