Capítulo 10
No fim da semana Charlotte percebeu com bastante clareza que tipo de tratamento aplicaria à menina. Antes de mais nada, precisaria convencê-la a modificar seu comportamento e dar um jeito de alterar inteiramente a decoração do quarto.
Como de hábito, Dante telefonou antes que Charlotte fosse embora, após a sessão da sexta-feira. Conversou com Anne e em seguida pediu para falar com ela. Encontrava-se no aeroporto da Flórida e estava para tomar o avião.
— Charlotte, preciso muito conversar com você a respeito de Anne. Talvez eu chegue tarde. Posso telefonar ou você estará em seu consultório amanhã?
— Alguma coisa o preocupa?
— Não sei exatamente, mas percebi uma mudança na voz de Anne, uma excitação que não existia há muito tempo. Será que ela está fazendo progressos?
— Acho melhor você me telefonar mais tarde. — Sugeriu Charlotte. Passou ainda alguns momentos com Anne e foi para casa.
Mal experimentou a salada que havia preparado. Por menos que quisesse admitir, ansiava pelo telefonema de Dante. Os contatos entre ambos durante a semana tinham sido breves e referiam-se exclusivamente a Anne. No entanto, quando a voz dele se tornava mais pessoal, ela sentia-se perturbada.
Por que aquele homem a afetava tanto?
Não havia como negar que ele era bonito, charmoso, atraente. Teria tanto medo assim de se aproximar de um homem?
Só de pensar num relacionamento mais íntimo, Charlotte sentiu um frio na boca do estômago. Sim, receava um compromisso que acabaria por levá-la a uma situação de dependência. Tinha muita confiança em si e era autossuficiente. Um envolvimento trazia implicações emocionais e, até o momento, ela conseguira escapar disso, com grande sucesso.
Lavou a louça com certa raiva e foi para a sala. Não pretendia mais pensar naquele assunto. Tomaria um banho, levaria um bom livro para a cama e dormiria.
Ela mal tinha saído do chuveiro quando o telefone tocou. A voz macia e sedutora de Dante acabou de vez com toda a sua irritação.
— Julguei que você tivesse resolvido não falar comigo. — Disse ele com toda calma. — Será que eu a peguei num mau momento?
— Estava no banho.
— Posso telefonar mais tarde...
— Não! Sei que você quer conversar a respeito de Anne.
— Sim, entre outras coisas. Talvez fosse melhor conversarmos pessoalmente.
— Não tenho muito o que lhe dizer, a não ser transmitir algumas opiniões.
Charlotte contou a Dante como iam suas sessões com Anne. Não se esqueceu de dizer que a menina lhe tinha dado muitas informações em seu quarto.
— Já notou que ela fala nos pais como se eles ainda estivessem vivos? — Perguntou.
— Acho que isso não passa de um jogo. — Afirmou Dante.
— Creio que é mais do que isto. Anne não quer admitir que os pais morreram e, enquanto falar deles no presente, continuarão vivos.
— Você tem sugestões a fazer?
— Sim, algumas, mas levará tempo. Em primeiro lugar preciso levá-la a se abrir um pouco mais e contar-me o que aconteceu. Ela ainda não tocou no acidente e quero que se sinta mais confiante em mim, antes de eu abordar o assunto.
— Há algo que eu possa fazer?
— No momento, não. Na verdade estou muito animada. Talvez precise de seu apoio quando Anne se expuser um pouco mais. Naturalmente ela vai se sentir vulnerável, pois as emoções serão fortes, e precisará de você.
— Estarei ao lado dela. — Prometeu Dante.
— Foi bem de viagem? — Perguntou Charlotte, notando que ele estava um pouco tenso.
—- Bem, o proprietário gostaria que eu acompanhasse a obra vinte e quatro horas por dia, o que, evidentemente, é impossível. Ainda bem que está para terminar! Não vale a pena falar de meus problemas. Além disso, meu irmão deixou uma confusão em suas propriedades e algumas clásulas muito estranhas. Mas isso eu terei que resolver depois. E como foi sua semana?
— Ótima.
— Que bom que um dos dois não tem motivos de queixas! Mais uma vez obrigado por ter atendido Anne em casa.
— Não há de quê.
— Não quer deixar que eu mostre minha gratidão convidando-a para jantar? Pretendo passar o sábado com Anne. Que tal domingo?
— Já tenho compromissos para domingo. — Era verdade, mas sua mãe não se importaria se ela cancelasse o encontro.
— Nesse caso voltaremos a conversar em outra ocasião.
Charlotte desligou. Embora fosse tarde, não sentia o menor sono.
No fim da semana Charlotte percebeu com bastante clareza que tipo de tratamento aplicaria à menina. Antes de mais nada, precisaria convencê-la a modificar seu comportamento e dar um jeito de alterar inteiramente a decoração do quarto.
Como de hábito, Dante telefonou antes que Charlotte fosse embora, após a sessão da sexta-feira. Conversou com Anne e em seguida pediu para falar com ela. Encontrava-se no aeroporto da Flórida e estava para tomar o avião.
— Charlotte, preciso muito conversar com você a respeito de Anne. Talvez eu chegue tarde. Posso telefonar ou você estará em seu consultório amanhã?
— Alguma coisa o preocupa?
— Não sei exatamente, mas percebi uma mudança na voz de Anne, uma excitação que não existia há muito tempo. Será que ela está fazendo progressos?
— Acho melhor você me telefonar mais tarde. — Sugeriu Charlotte. Passou ainda alguns momentos com Anne e foi para casa.
Mal experimentou a salada que havia preparado. Por menos que quisesse admitir, ansiava pelo telefonema de Dante. Os contatos entre ambos durante a semana tinham sido breves e referiam-se exclusivamente a Anne. No entanto, quando a voz dele se tornava mais pessoal, ela sentia-se perturbada.
Por que aquele homem a afetava tanto?
Não havia como negar que ele era bonito, charmoso, atraente. Teria tanto medo assim de se aproximar de um homem?
Só de pensar num relacionamento mais íntimo, Charlotte sentiu um frio na boca do estômago. Sim, receava um compromisso que acabaria por levá-la a uma situação de dependência. Tinha muita confiança em si e era autossuficiente. Um envolvimento trazia implicações emocionais e, até o momento, ela conseguira escapar disso, com grande sucesso.
Lavou a louça com certa raiva e foi para a sala. Não pretendia mais pensar naquele assunto. Tomaria um banho, levaria um bom livro para a cama e dormiria.
Ela mal tinha saído do chuveiro quando o telefone tocou. A voz macia e sedutora de Dante acabou de vez com toda a sua irritação.
— Julguei que você tivesse resolvido não falar comigo. — Disse ele com toda calma. — Será que eu a peguei num mau momento?
— Estava no banho.
— Posso telefonar mais tarde...
— Não! Sei que você quer conversar a respeito de Anne.
— Sim, entre outras coisas. Talvez fosse melhor conversarmos pessoalmente.
— Não tenho muito o que lhe dizer, a não ser transmitir algumas opiniões.
Charlotte contou a Dante como iam suas sessões com Anne. Não se esqueceu de dizer que a menina lhe tinha dado muitas informações em seu quarto.
— Já notou que ela fala nos pais como se eles ainda estivessem vivos? — Perguntou.
— Acho que isso não passa de um jogo. — Afirmou Dante.
— Creio que é mais do que isto. Anne não quer admitir que os pais morreram e, enquanto falar deles no presente, continuarão vivos.
— Você tem sugestões a fazer?
— Sim, algumas, mas levará tempo. Em primeiro lugar preciso levá-la a se abrir um pouco mais e contar-me o que aconteceu. Ela ainda não tocou no acidente e quero que se sinta mais confiante em mim, antes de eu abordar o assunto.
— Há algo que eu possa fazer?
— No momento, não. Na verdade estou muito animada. Talvez precise de seu apoio quando Anne se expuser um pouco mais. Naturalmente ela vai se sentir vulnerável, pois as emoções serão fortes, e precisará de você.
— Estarei ao lado dela. — Prometeu Dante.
— Foi bem de viagem? — Perguntou Charlotte, notando que ele estava um pouco tenso.
—- Bem, o proprietário gostaria que eu acompanhasse a obra vinte e quatro horas por dia, o que, evidentemente, é impossível. Ainda bem que está para terminar! Não vale a pena falar de meus problemas. Além disso, meu irmão deixou uma confusão em suas propriedades e algumas clásulas muito estranhas. Mas isso eu terei que resolver depois. E como foi sua semana?
— Ótima.
— Que bom que um dos dois não tem motivos de queixas! Mais uma vez obrigado por ter atendido Anne em casa.
— Não há de quê.
— Não quer deixar que eu mostre minha gratidão convidando-a para jantar? Pretendo passar o sábado com Anne. Que tal domingo?
— Já tenho compromissos para domingo. — Era verdade, mas sua mãe não se importaria se ela cancelasse o encontro.
— Nesse caso voltaremos a conversar em outra ocasião.
Charlotte desligou. Embora fosse tarde, não sentia o menor sono.
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