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Capítulo 26

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá

O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar

Vamos todos numa linda passarela

De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá

- Aquarela - Toquinho


Não estava sendo fácil para a Mônica manter o sorriso calmo enquanto suas mãos trabalhavam sem parar dando mil nós num pedaço de fita que ela achou no chão. Ela precisava voltar para o lado do Eduardo, mas cada vez que ela tentava, alguma coisa a impedia.

Assinar o cartão não levou mais que cinco segundos, mas as meninas fizeram questão de mostrar cada um dos itens que elas tinham comprado de presente para a Míriam. A Mônica, moderna e aberta a novidades, sentiu o rosto ficando vermelho ao olhar o conteúdo da caixa em cima da cama da amiga.

Tudo começou com uma conversa boba sobre o que se dar de aniversário para alguém que tinha tudo. A Mônica tinha brincado que a Míriam não tinha um vibrador. Foi quando a Denise informou, com a cara mais tranquila do mundo, que a tia dela era dona de uma loja de artigos íntimos para casais. Elas fizeram uma vaquinha e entregaram o dinheiro para a Denise que recebeu uma visita discreta da tia na casa dela, porque nem morta ela ia se arriscar a ser vista entrando numa loja daquelas. Palavras dela.

Pelo jeito, o dinheiro tinha dado para comprar mais do que o vibrador cor de rosa, e entre gargalhadas e curiosidade, as meninas desvendaram um jogo de sutiã e calcinha pretos com fendas convenientemente colocadas em lugares estratégicos, óleos de massagem, camisinhas coloridas e com gosto de frutas, uma venda para os olhos e um par de algemas revestidas de veludo vermelho.

Ainda bem que o Eduardo não subiu. Não que a Mônica tivesse alguma coisa contra apimentar o relacionamento, ela estava até cogitando pedir a Denise para lhe arranjar uma reunião privada com a tia dela, mas ela nunca tinha usado nada daquilo e preferia explorar essas possibilidades com o seu namorado, em particular.

Depois de todos os comentários apropriados para cada produto, ela anunciou que ia descer só para a Denise avisar que ela estava indo buscar a Míriam e a Mônica precisava estar lá na hora de entregar o presente. Ela concordou porque claro, não queria perder a cara da aniversariante e, para ser honesta, esse tempo aqui em cima não estava sendo de todo desagradável.

Ela virou o restinho da cuba libre. Melhor parar por ali e continuar com todos os reflexos afiados para navegar pelas conversas com destreza e garantir que a presença do Eduardo ao seu lado causasse a menor agitação possível. Talvez, ela estivesse exagerando a importância do seu namoro e ninguém ia ligar para o fato dele ser tão jovem ou pertencer a uma família de classe média e não soubesse conversar sobre carros de luxo ou viagens à Europa, entre outros assuntos preferidos de alguns esnobes lá embaixo.

Porém, ainda que ela e o Eduardo não se tornassem a fofoca mais suculenta da noite, havia uma consequência da qual a Mônica não ia escapar. A notícia ia chegar aos ouvidos do pai. Não que ele tivesse o poder de fazê-la terminar com o Eduardo, e a ironia era que até há bem pouco tempo isso não teria tido um pingo de importância, já que o desdém dos pais incluía qualquer interesse na sua vida amorosa, mas a situação tinha mudado.

Depois que o pai cismou que ela e o Ivan eram absolutamente o casal mais perfeito do mundo, ele vinha pegando no pé da Mônica com mais chatice que o normal. Ele não iria enxergar o seu namoro como um relacionamento entre duas pessoas que se gostam, até porque ele não sabia que isso existia, e sim como um ato de rebeldia. E ele ia aumentar a pressão, mas a Mônica estava pronta. Seu pai não ia causar nem um arranhão no seu namoro, mesmo que significasse colocar sua própria pele na linha de fogo.

O que ela precisava era de uma bebida. Só mais uma cuba libre não faria mal. E a Denise estava demorando para trazer a Míriam, se a Mônica fosse rápida, dava tempo de ir lá embaixo pegar um copo cheio e dar uma checadinha no Eduardo, mas assim que ela abriu a porta do quarto, ouviu as risadas das amigas subindo a escada.

Quase lá, ela suspirou, dando meia volta.

A Míriam lhe lançou um olhar esquisito ao entrar no quarto, que ficou em segundo plano quando ela abriu a caixa e deu um gritinho de surpresa. A Mônica se divertiu observando a amiga mergulhando nos presentes, tudo podia ter começado como uma brincadeira, no entanto, ela não duvidava que a Míriam iria experimentar todos os itens da caixa. Aliás, esses eram os presentes perfeitos, coisas que por algum motivo você nunca tinha coragem de comprar para você mesmo, e que alguém que te conhecia bem sabia que você ia gostar de ganhar.

Depois que a Míriam acabou de esconder a caixa de surpresas no fundo do guarda-roupas, a Mônica se preparou para finalmente descer, mas foi impedida por uma mão no seu ombro.

O quê, agora?

Ela se virou e deu de cara com a Míriam que fez um sinal discreto para ela ficar.

— Eu preciso descer. — A Mônica tentou se soltar, enquanto a última menina saia do quarto. — Eu já deixei o Eduardo sozinho tempo demais.

— Isso é verdade. — O tom de voz e o olhar da Míriam fizeram uma tonelada de chumbo pesarem no seu peito.

— Que foi?

— O Eduardo estava conversando com o Ivan.

— Com o Ivan? — A Mônica quase caiu para trás. Tanta gente na festa e o Eduardo foi conversar logo com o Ivan? Não que a Mônica estivesse com medo, ela não tinha feito nada de errado e sua consciência estava tranquila, mas o resultado dessa conversa não podia ser nada de bom. — O que será que eles conversaram?

— Eu só sei que o Ivan estava rindo e o Eduardo parecia a ponto de cometer um assassinato.

— Que droga!

Que droga, que droga, que droga!

Ela não devia ter ficado nessa droga de festa! Ela não devia ter dado ouvidos ao Eduardo! Sua pressa em descer retornou amplificada por mil.

— Tem mais. — A Míriam a segurou e a Mônica fechou os olhos sem saber se aguentava mais. — O Eduardo não parecia bem, ele estava com um copo de vodca na mão e eu acho que ele deu um tapa.

— Ele bateu no Ivan? — Os olhos da Mônica não só se abriram por vontade própria como ela os sentiu duplicando de tamanho.

A Míriam se dobrou ao meio numa gargalhada. Desde quando briga era motivo de risada?

— Desculpa, desculpa. — A Míriam tentou recuperar o fôlego enquanto o pé da Mônica martelava o chão, impaciente. — Eu sei que não é hora de rir. Às vezes eu esqueço que você não conhece todas as gírias e é engraçado.

— Eu conheço muitas gírias — a Mônica se defendeu, e massageou o lado da testa sentindo uma pequena dor de cabeça despontando.

— Não todas. — A Míriam recuperou a seriedade. — Dar um tapa quer dizer fumar maconha.

Dessa vez, a Mônica podia apostar que seus olhos ficaram dez vezes maior.

— Não é possível. O Eduardo não ia fazer isso — ela defendeu o namorado.

Ele não faria uma burrada tão grande. Ele nem tinha ficado sozinho tanto tempo.

Tudo bem, talvez tivesse sido tempo o suficiente, mas... maconha?

Se fosse verdade, a Mônica ia dar uma surra tão grande nele!

Imagina se os pais dele descobrissem que ele estava se envolvendo com drogas nas festinhas em que ia com a Mônica? Além de perder o privilégio que tinha acabado de receber, ia ser proibido de vê-la, e ao contrário dos seus pais, os do Eduardo tinham sim, o poder de acabar com o namoro deles.

— Eu não tô dizendo que ele fumou, às vezes ele ficou perto de alguém, mas que a roupa dele estava fedendo, estava. — A Míriam a puxou para a porta e as duas seguiram o corredor com passos rápidos. — Eu achei melhor te contar antes de você encontrar com ele. Como eu disse, ele não estava legal. Eu deixei ele sentado bem ali...

A Mônica seguiu a direção do dedo da Míriam apontando para as poucas pessoas na sala lá embaixo, mas o Eduardo não estava entre elas. Elas voaram degraus abaixo.

— Eu deixei ele aqui. — A Míriam deu um tapa – um tapa com a mão mesmo – no encosto da poltrona vazia. — Eu mandei ele não sair!

— Calma. — A Mônica quase riu do pedido que fez para a amiga, porque ela mesma estava tão longe de estar calma quanto o planeta Terra de atingir a paz mundial. — Você disse que ele não estava legal, ele pode ter ido ao banheiro.

E assim começou a busca pelo Eduardo, com as duas batendo nas portas dos banheiros. Nada. Elas começaram a andar a esmo pelo quintal e pela casa. A Míriam precisou abandonar a expedição, ela era a aniversariante e toda hora alguém chamava por ela. Depois de vasculhar todos os cômodos do segundo andar e não encontrá-lo, a Mônica foi até o portão.

— Seu Raimundo, por acaso o senhor viu se o rapaz que veio comigo, passou por aqui?

— Sei não, dona Mônica. — Ele coçou a cabeça. — É muita gente entrando e saindo. Eu não lembro quem chegou com a senhorita.

Nem uma descrição detalhada fez o seu Raimundo ter certeza de nada. A Mônica agradeceu e voltou para a festa, disposta a começar a questionar os convidados, alguém tinha que ter visto o Eduardo, ele não era invisível! Até com o Ivan ela estava disposta a ir falar se fosse preciso. Aliás, ela ia começar por ele e aproveitar e tentar descobrir o assunto da conversa entre os dois.

— Nada? — A Míriam veio de encontro a ela de mãos dadas com o Tony.

— Não, ele tá bem aqui, não tá vendo? — a Mônica estourou e se arrependeu imediatamente. A amiga não tinha culpa e só estava tentando ajudar. — Desculpa. Eu não sei mais onde procurar.

— Fica calma. Vocês podem estar se desencontrando. — O Tony tentou acalmar os ânimos. — Vamos fazer uma varredura, nós três separados, de fora pra dentro. Se ele estiver aqui, a gente acha.

— Eu estava indo perguntar ao Ivan...

— Eu já perguntei. — A Míriam interrompeu. — Ele não viu o Eduardo depois que eu levei ele embora.

— Então, vamos. — A Mônica se submeteu ao plano do Tony por falta de outro melhor.

Depois que os três checaram cada milímetro da casa e do jardim, inclusive debaixo das camas, atrás das árvores e entre as flores nos canteiros, a Mônica precisou aceitar que o Eduardo tinha ido embora.

— Ele mora aqui perto, dá pra ir a pé — a Mônica pensou alto. — Mas a verdade é que ele pode ter ido pra qualquer lugar.

Tanta coisa ruim podia acontecer com o Eduardo perambulando sozinho pela rua àquela hora depois de ter bebido pelo menos uma cuba libre e uma vodca que ela tinha conhecimento. Provavelmente mais, sem contar a pequena possibilidade de ele ter fumando maconha. Só Deus sabia em que estado ele estava.

— Eu vou na casa dele. — Não adiantava ficar ali perdendo tempo com suposições, ela precisava fazer alguma coisa.

Depois de se despedir da Míriam e do Tony, prometendo dar notícias, a Mônica correu até o carro e despejou uma enxurrada de palavrões ao vê-lo na mesma lata de sardinhas de antes. Dessa vez, as cinquenta mil manobras levaram o dobro do tempo sem o Eduardo para ajudá-la.

Seu coração se comprimiu dentro do peito, ela nunca ia se perdoar se tivesse acontecido alguma coisa com ele. Como um dia tão perfeito podia ter virado esse desastre?

A Mônica se obrigou a dirigir mais devagar que seu nervoso exigia, procurando pelo Eduardo entre as poucas pessoas na calçada. Alguns motoristas passaram por ela xingando e buzinando, mas a Mônica mal prestou atenção, achar o namorado era tudo o que lhe importava.

A rua dele estava calma como sempre, e ela desceu do carro com os olhos grudados na janela escura do apartamento do segundo andar. E se ela fosse lá e o Eduardo não tivesse vindo para casa? Os pais dele iam morrer do coração, e a Mônica ia ter que explicar o inexplicável, como ela podia ter perdido o filho deles?

Enquanto ela andava de um lado para o outro, retorcendo as mãos e o cérebro em busca de opção melhor, uma risada alta flutuou pelo ar.

A festa do Renato!

Era a ajuda que ela precisava. O Renato podia acordar os pais do Eduardo e se ele não estivesse em casa inventava uma desculpa qualquer. Melhor irritar a dona Patrícia e o seu Nelson do que preocupá-los. E o Renato talvez tivesse alguma sugestão de onde mais ela poderia ir procurar o namorado.

A Mônica foi até o final da rua, tentando reconhecer a casa em que o Eduardo tinha escondido os capacetes, mas foi mais fácil do que ela pensou. Ao se aproximar das grades de uma casa de dois andares, ela escutou música e risadas altas vindas do fundo. Ela já estava com a mão estendida para testar se o portão estava destrancado quando viu o perfil do Eduardo perto de uma árvore. Seu corpo todo amoleceu e ela se apoiou na grade, graças a tudo o que era sagrado, ele parecia estar bem.

Porém, seu alívio durou poucos segundos. Entre o Eduardo e a árvore tinha uma pessoa.

Na Alemanha, a Mônica cansou de escutar avisos e histórias sobre pessoas impacientes que se arriscavam a patinar nos lagos antes da hora e desapareciam dentro do gelo. Algumas eram salvas, a maioria morria. Mesmo nunca tendo acontecido com ela, naquele segundo a Mônica soube como seria sentir a fina camada de gelo se rompendo sob os seus pés e as águas congelantes engolindo e anestesiando seu corpo.

A loirinha sem graça que há menos de vinte e quatro horas tinha recebido sua piscadinha arrogante, estava aos beijos com o seu namorado.

A Mônica via, mas não queria acreditar. Enquanto ela quase morria de preocupação, ele estava jogando fora todas as promessas sussurradas entre beijos e carinhos da tarde passada na cama. Ou talvez, ele tivesse conseguido o que queria e não precisava mais dela. Não seria a primeira vez que a Mônica caia nessa armadilha. O Eduardo parecia ser diferente, mas pelo jeito, seu julgamento tinha errado feio. Quem sabe ele não usou a história de virgindade para comover a Mônica e conseguir uma transa fácil?

Era engraçado como o ser humano tinha um masoquismo que aparecia nas horas mais inconvenientes. A Mônica não queria assistir ao show, no entanto, seus pés estavam colados no chão e seus olhos não conseguiam se desviar do filme de terror passando na sua frente. Foi o movimento claro do Eduardo abrindo o fecho do sutiã da menina por dentro da blusa e em seguida deslizando a mão até a frente que retirou a Mônica do torpor.

Que espécie de menina deixa o namorado de outra apalpar os peitos dela praticamente na rua, as vistas de qualquer um? Vagabunda! Sem-vergonha!

A Mônica deu um passo a frente para ir lá e acabar com aquela falta de pudor, mas desistiu. Escândalos não eram seu estilo.

E sua raiva não devia ser dirigida à menina. Ela fazia o que quisesse da vida e do corpo dela.

Foi o Eduardo quem estragou tudo. Não importa a quantidade de álcool ou maconha, aquilo que ele estava fazendo bem na sua frente, não tinha volta. Não tinha perdão. Não tinha conserto.

A Mônica refez o caminho até o carro se segurando em um fio para não cair no desespero total. Ela estava quebrada, aberta, sangrando pelos poros, uma dor no peito, tão esmagadora, que estava difícil respirar.

'Acredito que estou no inferno, portanto, estou nele', dizia um dos seus poetas favoritos.

Antes, eram apenas palavras impressas num pedaço de papel.

Agora, eram a sua vida.

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"Acredito que estou no inferno, portanto estou nele." - Frase do poema Noite no Inferno, do francês Arthur Rimbaud (1854- 1891) - Fonte Wikipédia

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