Prólogo
Inferno existe?
Se sim, talvez fosse melhor ir para lá; se não, então temos uma representação muito boa de um.
Ou quase.
Depende do ângulo em que se olha. Alguns vivem em um, outros vivem um, mas estando nele a definição é viver, ou sobreviver?
Pergunta que ficaria para bem mais tarde, e tarde demais era quando pela última vez a viu em meio a fumaça do incêndio...
Onde tem fumaça, há fogo, e o fogo queima, queima fora, queima dentro, queima devorando onde estiver, esse é ele, do combustível que for, alimentado ele cresce, toma tudo numa lenta e torturante arrematada, ou duma única vez...fogo que queima, consome e destrói.
Destruída, era como estava largada sobre a grama, com o pulmão chiando e resmungando com dificuldades em respirar devida a inalação de fumaça toxica; viva, porém partida de todas as formas que se poderia estar na situação daquela noite, quando tudo se foi, e da pior forma. Lena, envolta de sangue que não somente o dela. Debruçada no frio gramado do campo de futebol da escola. De bruços com as verdes gramíneas arranhando sua pele, pescoço duro e tenso ao erguer a cabeça, e ver aquela loira com o cobertor sobre os ombros, coberta da mesma fuligem e sangue em sua pele, caminhando calmamente da porta da frente da escola para o carro preto, para nunca mais se encontrarem.
Foi assim, a última vez em que a viu pessoalmente. Seu maior pesadelo, seu desespero...
...Kara...
Foi sua última visão dela, a loira dos seus infernos pessoais.
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