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꧁•⊹٭ R E S C I S Ã O ٭⊹•꧂

- Não sei porquê decidi vir aqui. - Tomei outro gole de Tequila olhando Francis jesticular os braços contando uma de suas histórias de aventureiro, sentei o ar frustrada com a situação e ainda teve a coragem de mencionar a sua "tábua da salvação".

- Talvez não quisesse perder lá fiesta del las Muertos. Fascinante ele! - Trina comentou sorrindo e admirando meu vulgo, "amigo".

- Você nem sabe o quanto. - Respondi ela sabendo como Francis poderia ser irritante as vezes.

- Vem cá! Se comemora isso hoje? - Tomei mais da tequila já podendo ver meus dedos refletidos no cristal da taça.

- Sim, todo ano comemoramos. - Respondeu e vi Francis subir na mesa fazendo movimentos agachados e seus amigos vibrarem loucos pelas bebidas, provavelmente ele estaria contando sobre a expedição nas florestas de Madagascar.

- Se eles estivessem em sã conciência, não estariam ali para ver essa palhaçada. - Apontei para a mesa e Trina riu quase engasgando com sua puro Malte.

- Convenhamos que Francis tem um belo glúteo e um par de pernas que... Dios mio! - Se abanou enquanto deixava o copo vazio na mesa.

- Nem é tanto assim. - Senti um vazio dentro de mim, parece que nada que eu fizesse poderia preencher esse espaço.

E isso já faz mais de dois anos.

- Eu só queria estar dormindo agora. - Deixei o copo vazio na mesa aos olhares incrédulos de Trina.

- Vamos dançar então? - Ela se levantou me puxando, começando a nos mexer com uma música latina qualquer e decidi deixar a noite rolar como bem desejasse, até porque no dia seguinte estaríamos visitando a tal Cidade dos Deuses em busca de mais outra velharia qualquer.

Os passos foram acompanhados por muitas pessoas na pista de dança, Francis vez ou outra me olhava estranho, mas a música me embalou diretamente em outra e já estava sentindo os cinco copos de tequila fazer efeito.

- Ele não para de te olhar. - Trina falou mexendo os ombros, olhei para a mesa encontrando a roda de amigos com mulheres e Francis sentado virado para nós, bebia algo e me olhava descaradamente.

- Tô nem aí. - Continuei a dançar.

- Ele está vindo. - Ela gritou em meio a música alta.

- Quer para você? - Perguntei fazendo ela rir.

- Acho que não estou com essa atenção toda hoje. - Deu de ombros e saiu me deixando sozinha.

Francis tomou sua bebida em um gole só e veio em minha direção, estava fora de mim e por tanto feliz por ter enchido a cara ao ponto de não sentir seus braços me rodearem, apenas um formigamento tomou conta de meu corpo.

- Se divertindo amor? - Senti sua ligada de ar em meus cabelos.

- Um pouco. E seus amigos? - Perguntei vendo o quanto eles estavam conversando e olhando para nós.

- Estão de boa, não esquenta coelhinha! - Sua atitude foi um tanto estranha, e nunca gostava de demonstrar o que tínhamos atualmente, era apenas apegação de amigos e pronto.

- Que bicho te mordeu hein? - Parei de dançar para encarar Francis de frente. - Na escavação me ignorou e agora quer me exibir.

- Não é nada Cristin, só achei que queria companhia já que sua amiga partiu agora outra.

- Tanto faz! - Sai da pista chateada, ele veio atrás e segurou meu braço.

- Desculpa Cris! Fui um idiota nesses últimos meses. - O riso saiu sem emoção, acho que depois que me formei como a mais nova cientista de pesquisa de campo que ele ficou insuportável.

- Tá desculpado. - Puxei meu braço e segui para a minha mesa.

- Olha! - Francis parou respirando fundo e soltando o ar com força. - Quero te recompensar, não gosto de ficarmos assim um com o outro.

- Não sei Francis. Andei sem paciência ultimamente...

- Vai ser no quarto! Eu vou cuidar de você. Por favor? - Francis tem a mania de ser irritante assim como muitas das outras vezes se tornava fofo fazendo seu biquinho de pidão. Minha reação era sempre a mesma - Bufar revirando os olhos e respondendo com um sim.

- Está bem Francis. - Ele se aproximou e me beijou na bochecha, então entendi o seu ato que fez ele recuar de meus lábios, os seus amigos estavam nos olhando e cochichando algo.

- Vamos subir? - Sua carícia em minhas costas fez meus pés caminharem involuntariamente e logo após o elevador já nos encontramos no quarto.

- Nossa! Francis... você quem preparou tudo isso? - Uma mesa estava posta sobre o centro da sala, cadeiras de madeira e um belo par de bandejas de prata, um em cada lado da mesa.

As luminárias estavam acesas o que transmitia uma luz amarelada ao ambiente deixando mais romântico.

- Resolvi comemorar com você a nossa conquista.

- Agora é a nossa conquista? - Encarei Francis que ficou sem onde esconder o rosto.

- Sim, sempre foi a nossa conquista.

- Não aprecia isso lá naquele campo de escavação. Você basicamente me esmagou naquele dia quando se exibiu para toda a equipe.

- Me perdoe! Por favor Cris, eu sei que andei falhando com você as vezes...

- As vezes Francis? Todas as vezes! Todas as malditas vezes que sempre conseguia o que você queria, eu sempre estou em segundo lugar em seus planos e para mim dessa forma não dá mais!

Desabafar era a melhor opção no momento e Francis ficou com aquele olhar, as sombrancelhas franzidas, os lábios mais finos e os olhos compenetrados nos meus, o seu olhar sedutor que conseguia me desmanchar.

- Eu não quero te perder meu amor! Me perdoe, eu prometo que dessa vez vai ser tudo diferente, olha! - Ele moveu o braço indicando o ambiente da sala. - Fiz tudo isso por você.

- Eu não quero mais isso Francis, a partir de agora. Quero pelo menos que me reconheça, não precisa assumir o que temos, mas que me reconheça como uma boa profissional na frente de nossa equipe.

- Promessa. - Ele se aproximou me pegando pela cintura.

- Promessa? - Cruzei os braços.

- Sim. - Seus dedos passearam em meus ombros, nuca e depois nas costas, desmanchei minha postura com seus lábios bem perto de meus ouvidos.

- Vamos lá Cristin. Quero provar o que você tem de melhor. - Francis pegou minha mão e nos guiou até a mesa.

- Então que façamos do jeito certo! - Sentei vencida pela curiosidade sobre o que tinha em baixo da tampa de prata.

- Começando pelo estômago? - Ele sorriu me acompanhando na gargalhada.

- Você sabe bem do que gosto né? - Sua mão se posicionou sobre a tampa e aos poucos pude ver uma carne avermelhada ser exposta, em conta dela um tipo de molho dourado juntamente com bastante batatas, a boca encheu d'água assim que peguei no garfo e na faca.

O jantar não foi de um desastre pior do que imaginava, apenas depois que Francis acabou se molhando com o estouro da rolha do champanhe e teve que tirar a camisa que acreditei, não iríamos ficar apenas no romântico.

- Você é linda Cristin. - Deitei no colchão da cama esperando por seus toques. - Estou feliz por ter me perdoado. Agora...

Fechei os olhos e respirei tranquila enquanto sentia o colchão afundar com seu peso, Francis sempre foi bom de cama e adorava isso nele.

- Eu vou fazer o fusquinha.

- Não! Não, Francis o fusquinha... - Ele tremeu os lábios conforme soprava diretamente em minha região sensível.

- Maldade Francis! Eu não... Hahahahahaha! - Segurei os lençóis enquanto sentia a vibração percorrer toda a minha pele e a sensação de eletricidade percorrer toda a região.

- Franciiiiiiiiiiiiiis! - De vibrações passou a lamber minha vulva, das cosquinhas Francis passou a mordicar de leve e meus suspiros foram altos.
Apartir daí então, os mordiscos vieram juntamente com mãos atrevidas e explorativas, dando lugar a beijos molhados pelas minhas coxas e comecei a ajudar com os tecidos do meu vestido. Meus seios foram expostos e Francis começou tomar conta deles, já estava molhada o suficiente quando ele se despiu e posicionou o membro em minha entrada.
- Com certeza essa é a melhor parte! - Francis resmungou e senti ele penetrar vagarosamente, tomando espaço aos poucos e consumindo parte de mim para si.
Aos poucos os movimentos ficaram firmes e nossos gemidos audíveis, invertemos as posições o que me deixou por cima e aproveitei bem o momento, as carícias entre nós era a melhor parte para mim, principalmente após um bom sexo ou simplesmente depois de um dia bem cansativo.
Deitados e esperando o sono chegar, Francis tentava acalmar sua própria respiração enquanto buscava algo dentro de mim, algo que sempre estava faltando e não sabia exatamente o que seria.
- Nossa! Uau! - Exclamou colocando a mão no peitoral, ofegante. - Faz tempo que não...
- É. Pois é! Que nos não...
- Isso, quero dizer, você foi... - O silêncio se fez presente, Francis piscou algumas vezes olhando para mim. Segurei o lençol sobre o corpo e fechei os olhos, talvez algo no universo tenha acontecido e eu esteja me sentindo a pessoa mais incompleta ou quem sabe foi as maldições proferidas pela minha própria mãe.

A minha vida não vai para frente.

- Francis?
- Hum.
- Você já teve a sensação de estar sentindo falta de algo? - Esperei pela resposta.
- Sim, quero dizer. Não sei. Eu sempre tive meus sonhos concretizados, o pessoal e todas essas descobertas. - Suspirei sabendo que ele não poderia resolver meu dilema de existência.
- Entendi.
- É, vamos dormir que amanhã temos muito o que fazer. - Disse me dando as costas, se você precisasse de um amigo para apoiar, não poderia contar com Francis.

[...]

O cheiro.

O suor.

O frio se espalhando por todo o corpo, um lugar escuro e úmido, o chão de pedra e apenas usando o tato para me locomover com segurança. As paredes também eram frias de espessura bruta, alguns metros a diante e podia sentir relevos na superfície das paredes, como se fossem gravuras.

Uma tocha acesa.

Continuei a andar até aquela luz amarelada, esperando por algo que me ajudasse a sair daquele espaço quase minúsculo. Meus pés ardiam conforme o peso do próprio corpo e o cansaço, mas continuei até conseguir retirar a tocha da armação de ferro que a mantinha presa sobre a parede.

A câmara estava diante de mim. Com várias covas enfileiradas e apenas um caminho de pedras para mim conseguir passar, o suor brotou de minhas temporas quando entre os espaços de uma tumba e outra poderia apenas pular entre os pilares de pedra. O primeiro pulo deixou minhas pernas trêmulas, no segundo quase chorava de desespero e a tocha mal iluminava dois metros a baixo de mim e as grandes fendas que circullavam cada sarcófago, a adrenalina em cada dês palmos que tinha de esticar minhas pernas transitava por todo corpo me fazendo continuar.

E precisava.

Os passos me fizeram alcançar o meio da câmara que até em tão, tempos antes estava escondida e agora eu iria poder fazer uma das maiores descobertas que já fiz sobre uma civilização completa.
A grande concentração de poeira começava a incomodar meu nariz, o desespero de não saber se poderia pisar em falso e cari naquela fenda sem fim era o que me trazia a necessidade de tomar medidas cautelosas ou pelo menos os movimentos mais suaves.
Faltavam apenas dois pilares quando um tremor tomou conta de todo o lugar, minhas pernas já doíam e com o movimento brusco meu corpo pendeu para frente, filetes de terra caiam de fendas no teto e meu pé escorregou quando fui alcançar o próximo pilar para tentar evitar a queda.

Mas tudo foi em vão.

[...]

Levantei meu corpo em um sobressalto, a respiração ofegante e a sensação de aperto no peito era terrível. A perna de Francis estava ao redor de minha cintura, empurrei saindo de vagar da cama, recusava de uma água com açúcar depois de um sonho estranho assim.
Caminhei até a cozinha e peguei um copo do armário, busquei por água na torneira e levei aos lábios sentindo o líquido me refrescar. Agora o tempo parecia mais seco e a hidratação necessária.

- Foi apenas um sonho. - Respirei deixando o copo na pia. - Apenas um sonho.

Mais calma, voltei para o quarto encontrando Francis atravessado nela. Tomei meu espaço empurrando ele novamente que resmungou algo e voltou a dormir, deitei esperando que o sono viesse, mas isso me custou muito tempo.

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