O último mês foi estranho, Jace não parava de falar sobre a cultura grega e se eu sabia ou me interessava por algo. Eu não podia negar que sim, até porque já estudei isso na academia. Mas nunca cheguei ao ponto de Luke que era um viciado, e sempre o pegava lendo sobre.

Hoje é meu aniversário de 18 anos, e meus pais deixaram eu sair com Jace e Luke para comemorar, o que é estranho, já que normalmente os pais tinham ciúmes de suas filhas com garotos, mas com eles era totalmente diferente. Jace me considerava como melhor amiga, porém Luke me considerava como sua irmã de verdade. Se fosse em outra época eu pediria para meus pais colocarem ele como meu irmão no papel.

Desci as escadas de minha casa e fiquei de frente para meu pai que lia um jornal sobre as estranhas mortes de adolescentes em NY.

- pai?

Meu pai resmungou algo e indicou que estava me ouvindo. Bufei em resposta e ele finalmente me olhou.

- tenho horário hoje?

Ele me olhou me analisando de cima a baixo. Talvez considerando que por sua única filha fazer finalmente 18 anos, poderia chegar mais tarde.

- pode, mas não tão tarde, sabe como sua mãe é quando o assunto é você.

- obrigada pai. - me aproximei com um sorriso pequeno e dei um beijo em sua bochecha.

Sai rápido pela porta antes que o mesmo mudasse de ideia. Quando cheguei lá fora, tive a sensação de que algo hoje iria mudar tudo.

" A noite te salvará"

Olhei para trás procurando a voz que eu ouvi, mas somente a porta vermelha de minha casa podia ser vista, deixei de lado achando que podia ser as 3 horas de tentativa ao ler um livro de fantasia.

Os meninos estavam logo na esquina me esperando, eles ainda eram de menores, Jace com 17 e Luke com 16. Por isso escolhemos ir para uma lanchonete próxima.

- como estão os meu meninos? - dei um sorriso caloroso para cada um deles e fui recebida com um abraço.

Me afastei dos dois, e percebi que os dois estavam sorrindo porém ainda com caras desanimadas.

- okay, o que foi? - perguntei querendo saber logo o que estava acontecendo. Era meu aniversário, porque eles estavam assim?

- por que acha que aconteceu algo? - perguntou Luke com a testa franzida.

- vocês nunca ficaram com essas caras em nenhum dos meu aniversários, que aliás eram todos na minha casa e justo nesse vocês escolheram sair e meu pai deixou eu voltar mais tarde e com consentimento da minha mãe. Minha mãe! A mulher que me protege de tudo.

- hoje é um dia especial Nira, queremos te levar em um lugar. - disse Jace sorrindo.

- mas?

- as coisas acontecem Nira, e nem sempre é do jeito que a gente quer.

- vocês estão me assustando sabiam disso?

Um carro parou ao nosso lado e percebi pela plaquinha que era um taxi

- um taxi? Está de brincadeira comigo? Vamos levar ela em um taxi? - disse Luke olhando para Jace em descrença.

- era isso ou a pé. A mãe dela quase nos mata pedindo para que ela fosse em segurança.

- minha mãe? O que minha mãe tem a ver com isso?

Luke entrou no taxi negando com a cabeça e Jace abriu a outra porta para mim.

- confia em nós? - ele perguntou e eu queria dizer que no momento não, mas como eu iria dizer isso para o garoto que me salvou de viver uma vida de solidão na escola.

- confio. - entrei no carro e me sentei no meio dos dois.

- para onde vamos? - perguntou o motorista olhando pelo retrovisor. Jace tirou da jaqueta um papel e entregou a ele.

- tem certeza? É um pouco longe para esse horário.

- tenho sim.

Suspirei olhando pela janela, hoje era pra ser um dia totalmente diferente e agora estava um dia estranho, onde Luke estava olhando preocupado para fora. Peguei em sua mão e entralacei com a minha.

- você está bem?- perguntei a ele com um sorriso de lado.

- estou, é só que...eu não quero que nada mude.

- e por que iria mudar? - balancei minha cabeça em descrença.

- quando estiver preparada, iremos te contar tudo.

Balancei minha cabeça em concordância e me ajustei no banco.

Quando menos notei estávamos no meio do nada. Minha mãe me mataria se visse onde eu estava, e depois mataria os meninos, só por precaução.

Abri meus braços em descrença e olhei para os dois a minha frente querendo uma resposta.

- podem me dizer agora o que está acontecendo?

- Nira...lembra quando te perguntei se você se interessava por cultura grega e você respondeu que sim? - perguntou jace sendo cauteloso.

- sim, e eu respondi que sim porque na verdade eu conseguia entender melhor o grego do que o nosso idioma.

- isso! Nira, você é uma pessoa especial, muito especial e é por isso que estava estudando na yancy. Lembra quando você me contou que cortou seu dedo naquela vez que estava tentando fazer uma janta surpresa para seus pais e do nada o corte se curou?

Olhei para ele ainda tentando entender aonde ele queria chegar.

- isso não acontece com pessoas normais Nira...

Ouvimos um barulho vindo da floresta e quando eu menos pensava, Luke tirou algo de seu bolso que virou uma lança com pontas dos dois lados e no centro era um roxo escuro com dourado.

Olhei com os olhos arregalados para a lança em minha frente e me afastei com cautela.

- temos que ir, eles provavelmente já sentiram o nosso cheiro.

- nos guie Luke. - pediu Jace segurando minha mão.

Fui arrastada por longos minutos para uma colina, e no meio da correria eu só pensava que não devia ter vindo de botas. Paramos por um instante e Luke começou a olhar em volta de onde estávamos.

- o que foi? Porque paramos? - perguntei desesperada.

- estão aqui, fiquei atrás de mim Nira. - Luke estava em posição de ataque e Jace ao seu lado.

Foi quando em minha frente, uma criatura enorme que tinha apenas um olho apareceu. Um ciclope. Eu lembrava de ter lido sobre ele na biblioteca da academia. Puta merda, a gente estava ferrado.

- corre! - gritou Jace. O ciclope começou a correr logo atrás e uma pedra foi jogada em nós. Senti que algo estava estranho, e olhei para trás, vendo Luke parando.

- o que você está fazendo? - gritei preocupada e cheia de medo.

- vão na frente, estarei logo atrás- ele falou e foi na direção do monstro. Por incrível que pareça Luke era bom, mesmo sendo baixo e magro, na luta que ele estava. Mas pelo visto não era rápido o sufiente para o ataque que o ciclope fez. A única coisa que eu consegui ouvir foi o baque de seu corpo sendo jogada no tronco de uma árvore que ficava no topo da colina.

A lança que antes estava em sua mão, agora estava aos meus pés.

- nem pense nisso Nira! - disse Jace - só precisamos entrar no acampamento e buscarmos ajuda.

Mas eu não ouvi ele, e a a imagem do corpo de Luke sendo jogado fez meu sangue ferver. Peguei a lança em minhas mãos e mesmo estando de noite e escuro o bastante para nenhuma pessoa normal enxergar, eu conseguia ter a visão total do local onde eu queria acertar e por instinto, eu apenas lancei a lança com toda a força que restava em meu corpo.

Minha visão foi ficando mais baixa e talvez, só talvez minha adrelina tenha passado. Porque eu apaguei total depois disso.

" me desculpe"

• Vocês tem palpites de quem ela é filha?