xi. again
Atualmente, Meridian.
𝓐urora Dauphin.
Não sei quanto tempo eu fiquei parada na garagem, mas a sensação de pavor e desespero ainda latejava dentro de mim. Após o que tinha acabado de acontecer, não conseguia processar meus pensamentos. As imagens e as palavras deles se repetiam como um disco arranhado, torturando minha mente.
Finalmente, consegui encontrar forças para sair daquele lugar, trancar todas as portas e janelas de casa e subir para o meu quarto. A necessidade de um banho quente me impeliu até o banheiro, e lá fiquei sob o chuveiro por uma eternidade. A água quente escorria pelo meu corpo, mas eu estava mais absorta nas lembranças do que havia acontecido na garagem do que na realidade de estar tomando banho.
O vapor que preenchia o banheiro tinha o propósito de acalmar, mas não conseguia me livrar da sensação de medo e nojo que me assolava. A voz de Damon, as ameaças, a sensação de estar presa sob o seu domínio, tudo aquilo ecoava na minha mente de forma implacável.
Apenas quando o som da chave na fechadura da porta da frente me tirou de meus pensamentos, percebi o quanto tinha perdido a noção do tempo. Era tarde, ou melhor, já era madrugada. A solidão do meu quarto me sufocava, e eu sabia que não conseguiria passar a noite sozinha.
Eu estava tão imersa em meus próprios pensamentos que mal percebi quando Liam entrou em casa e subiu as escadas. Quando ele entrou no quarto, sua expressão preocupada me atingiu como um soco no estômago. Ele notou minha angústia, meu desespero disfarçado sob uma fachada de exaustão.
──── Você está bem, Aurora? ── Ele perguntou, preocupado, enquanto se aproximava da cama. Ele parecia cansado também, os olhos cansados e uma pitada de frustração se destacando em sua expressão.
Balancei a cabeça, não confiando minha voz para falar naquele momento. Meu irmão se sentou na cama ao meu lado e me envolveu em um abraço caloroso. Era isso que eu precisava. A segurança dos braços de Liam, sua presença familiar, era o antídoto para o veneno que eu tinha engolido na garagem.
──── Liam. ── eu comecei, escolhendo cuidadosamente minhas palavras. ──── Estou apenas muito estressada com a faculdade. Tive um dia difícil, e as coisas estão começando a se acumular.
──── Você precisa descansar mais, Rory, mas vai ficar tudo bem, eu prometo. ── Ele acariciou meus cabelos com gentileza, e eu afundei um pouco mais em seu abraço.
Suas palavras me trouxeram algum conforto, mesmo que temporário. Ele não precisava saber o que tinha acontecido na garagem, não agora. Era um segredo que eu carregaria sozinha, pelo menos por enquanto. O importante era que, naquela noite, eu não estava sozinha. E, enquanto estava nos braços protetores de Liam, consegui deixar de lado a escuridão que ameaçava me consumir. Por enquanto, eu podia me refugiar na segurança daquele abraço e esquecer o terror que tinha experimentado.
Juntos, ficamos ali, compartilhando o silêncio, Liam era a minha âncora naquele momento, e sempre foi, e eu estava grata por tê-lo ao meu lado. Mesmo que o medo e a incerteza me assombrassem, sabia que, com Liam ao meu lado, eu conseguiria encontrar forças para enfrentar o que quer que viesse pela frente.
Ele não precisava saber que eles voltaram, ele não precisa ter que lidar com o Will, não por enquanto.
No silêncio da noite, o lago se estendia diante de mim, uma vasta extensão de água congelada e escura. A lua cheia lançava sua luz prateada sobre a paisagem desolada, criando sombras que dançavam sinistramente na superfície gélida. Eu estava sozinha, imersa em um mundo de gelo e escuridão, e a sensação de solidão era avassaladora.
O vento cortante sussurrava em meus ouvidos, como se murmurasse segredos sombrios que eu não conseguia decifrar. Os arbustos retorcidos e as árvores esqueléticas que cercavam o lago pareciam se contorcer e se inclinar em minha direção, como se estivessem se curvando perante a chegada de algo terrível. A sensação de que algo estava errado, de que algo estava me perseguindo, começou a me envolver.
E então, como se tivesse surgido das sombras, eles apareceram.
Os quatro cavaleiros, emergiram do horizonte. Suas figuras sinistras avançavam lentamente, mas com determinação, através do gelo rachado. Seus rostos eram obscurecidos pelas máscaras, e eu não conseguia ver seus olhos, mas sabia que eles me observavam.
Eu tentei correr, minhas pernas se movendo desajeitadamente sobre o gelo traiçoeiro. Mas não importava o quanto eu me esforçasse, eles se aproximavam implacavelmente, seus pés batendo no gelo com um som oco e arrepiante. A sensação de que eu estava sendo perseguida, de que não havia escapatória, me sufocava.
O medo me envolveu, apertando meu peito com uma força avassaladora. Minha respiração se tornou ofegante, meu coração batia descontroladamente, e o frio intenso do ambiente cortava minha pele como lâminas afiadas. Eu sabia que não podia continuar correndo, que não havia escapatória.
Com um último esforço desesperado, virei para enfrentar eles. Eles se aproximaram, e, com um movimento coordenado. Suas máscaras ocultavam seus rostos, mas podia sentir o ódio e a maldade emanando deles. Eu estava encurralada, indefesa diante de sua presença sinistra.
Em um gesto lento e ameaçador, Damon estendeu a mão na minha direção. Ele estava prestes a me tocar, e eu sabia que, se o fizesse, tudo estaria perdido. Aterrorizada, gritei, mas nenhum som saiu dos meus lábios.
Foi então que acordei.
Ofegante e coberta de suor, abri os olhos para a escuridão do meu quarto. A sensação de terror do pesadelo ainda estava presente, como um aperto no meu peito. Levei a mão ao coração acelerado, tentando recuperar o controle sobre minha respiração.
Eu estava de volta à realidade, longe do lago congelado e deles. Mas o medo persistia, a sensação de perseguição ainda fresca em minha mente. Eu não conseguia escapar da sombra do passado, mesmo nos meus sonhos.
Com um suspiro, rolei na cama e senti a presença reconfortante de Liam ao meu lado. Ele estava dormindo profundamente, alheio ao meu pesadelo. Sua respiração era calma e regular, um lembrete de que eu não estava mais sozinha.
Ficar acordada naquela noite, relembrando o pesadelo e as ameaças deles, não era uma opção. Eu precisava encontrar uma maneira de superar o medo que me assombrava, de confrontar os demônios do passado. Mas, por enquanto, a única coisa que podia fazer era fechar os olhos e tentar voltar a dormir, sabendo que, ao lado de Liam, eu estava segura.
O pesadelo tinha me deixado com um sentimento de inquietação, mas eu estava determinada a não deixar que o medo me dominasse. Com a luz fraca do amanhecer começando a iluminar o quarto, fechei os olhos e respirei fundo, esperando que, na próxima vez que eu acordasse, os pesadelos tivessem desaparecido e eu estivesse pronta para enfrentar o dia com coragem.
O dia na faculdade tinha sido longo e cansativo, e eu mal podia esperar para voltar para casa. Depois de encerrar meu turno na cafeteria, finalmente peguei o ônibus que me levaria de volta para o meu bairro tranquilo. O sol estava se pondo no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e rosa, mas meu coração ainda estava pesado.
Enquanto eu andava pelas ruas familiares, quase chegando em casa, peguei meu celular para verificar as mensagens. Estava esperando um texto de Liam para saber se ele precisava de alguma coisa do mercado, mas o que encontrei era completamente diferente. Uma mensagem de Damon, apenas uma palavra:
"Corra."
A mensagem era curta e enigmática, e um calafrio percorreu minha espinha. O que ele queria dizer com "corra"? Por que Damon estava me mandando essa mensagem? Uma série de pensamentos aterrorizantes começou a invadir minha mente, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, olhei para trás e vi algo que me fez congelar de pavor.
Um farol de carro se aproximava rapidamente, e eu podia ver a silhueta de quatro homens dentro do veículo. Não precisava de muito para reconhecê-los. Eram eles, os mesmos que me atormentavam em meus pesadelos e fora deles.
Meu coração disparou, e a adrenalina começou a fluir. Eu não podia acreditar que eles estavam aqui, depois de ontem. Porque eles voltaram tão rápido? Por que estavam me perseguindo no meio da rua? Aqui não era Thunder Bay então eles tem tanto poder. Mas não havia tempo para respostas, apenas para a ação.
Quando o sinal ficou vermelho, eu não esperei. Respirei fundo e comecei a correr pela rua em direção à minha casa. Cada passo era como uma martelada em meu peito, e eu podia sentir a proximidade deles atrás de mim.
As pernas tremiam, mas eu não podia desistir. A chave de casa estava em minha mão, e eu sabia que precisava chegar lá o mais rápido possível. A respiração entrecortada e o suor escorrendo pelo meu rosto, eu alcancei a porta da frente e rapidamente a destranquei.
Entrei na casa e tranquei a porta atrás de mim, respirando com dificuldade. Eles estavam do lado de fora, podia ouvir o motor do carro cada vez mais perto, mas a porta sólida me separava deles. Meu coração batia descontroladamente, e eu sabia que não estava fora de perigo, mas pelo menos estava segura por enquanto.
Eu não tinha ideia do porquê deles estarem ali outra vez, não espereva que eles voltariam tão cedo, mas sabia que não podia me dar ao luxo de baixar a guarda. Eu estava em um pesadelo, um daqueles que me atormentavam nas noites, mas agora era real, e eu precisava encontrar uma maneira de enfrentá-lo.
Com o telefone em mãos, liguei para Liam, minha voz trêmula e aterrorizada. Ele atendeu imediatamente, preocupado com a minha agitação, disse que não estava me sentindo bem e que ele precisava voltar o mais rápido qie conseguisse. A presença de Liam afastaria eles por um tempo.
Os quatro ainda estavam do lado de fora, esperando, mas eu não estava sozinha. Enquanto esperava a chegada de Liam, minha mente se encheu de perguntas e medos, mas também de determinação. Eu sabia por que eles estavam ali, e estava disposta a enfrentar o que quer que viesse pela frente, mesmo que fosse o próprio pesadelo personificado.
O que eu sabia com certeza era que eu não podia deixar que o medo me dominasse, porque, no final das contas, eu tinha algo pelo qual lutar, uma vida que valia a pena proteger. Mesmo não parecendo, eu estava pronta para enfrentar os quatro e qualquer escuridão que eles trouxessem. Eu encontraria uma maneira de superar tudo que eles trazem a tona.
⛸️ ᝰ 01﹕❛ A partir dessa capítulo a interação da Aurora com os cavaleiros será maior, e por conta disso, os capítulos podem demorar um pouco mais para sair, em vez de sexta eles podem sair no sábado ou na segunda, depende de como for o capítulo.
⛸️ ㅤ Eu ia postar esse capítulo ontem (02/11) em comemoração a aniversário da Aurora, mas não tive tempo.
⛸️ ㅤ Espero que tenham gostado! ❜
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