iii. the beginning of the end
12 anos atrás, Thunder Bay.
𝒟amon Torrance.
A mansão estava repleta de risos forçados e vozes vazias que flutuavam como fumaça no ar. A neve caía lá fora, criando uma barreira entre o mundo real e esse palco de falsidade. Eu estava sentado no sofá, observando o frenesi de adultos tentando impressionar uns aos outros com suas histórias sem sentido. Meu olhar, no entanto, não estava fixado nesse espetáculo superficial, meus olhos estavam em Aurora, a garota que conversei há apenas quatro dias, mas que já se tornara o ponto de luz no meu pequeno universo muito antes disso.
Ela estava ali, uma ilha de felicidade em meio a um oceano de hipocrisia. Seus cabelos pretos dançavam emoldurando um sorriso puro, e seu olhar era brilhante como água cristalina. Ela estava conversando com seu irmão, tão envolvida em sua animação que parecia não notar o espetáculo de máscaras ao seu redor.
Eu a observava, em silêncio, como se ela fosse a única coisa real nessa sala cheia de ilusões. Meus dedos traçavam padrões invisíveis no tecido do sofá, minhas pernas balançando ligeiramente enquanto meu coração martelava contra o peito. Ela não sabia o poder que exercia sobre mim, como um farol em meio à escuridão que me envolvia.
E então, como se sentisse minha presença, seus olhos encontraram os meus. Uma sensação eletromagnética pareceu preencher o espaço entre nós, atração e incerteza colidindo em um ponto invisível. Ela sorriu, aquele sorriso que poderia dissolver as nuvens mais escuras, e começou a se aproximar. Cada passo dela era como um tambor pulsante nos meus ouvidos, um ritmo de expectativa e medo.
Finalmente, ela estava ao meu lado, sua presença enchendo o espaço ao meu redor com uma energia que eu não ousava entender. Seus olhos mantinham-se fixos nos meus, uma chama brincando neles, como se ela estivesse curiosa sobre os mistérios que eu guardava. Seu irmão continuou sua conversa com outro amigo, parecendo ter esquecido completamente de sua irmã.
──── Olá, Damon. ── Ela disse, sua voz doce como mel e suave como um suspiro de inverno.
──── Oi, Aurora. ── Respondi, minha voz mais baixa do que eu pretendia. Minha mente estava em conflito, atraída por ela, mas enredada nas sombras que eu sempre carregava.
──── Estou feliz em ter te encontrado. A festas é um pouco chata, não acha? ── Ela disse enquanto sorria novamente, um gesto que parecia tão natural para ela.
Balancei a cabeça em concordância. ──── Sim, um pouco.
Nós dois nos perdemos em um silêncio confortável por um momento, nossos olhares ainda conectados. Era como se nossos olhos fossem portas para um mundo onde apenas nós existíamos.
──── Você gosta da neve? ── Ela perguntou, olhando para fora onde os flocos caíam em uma dança tranquila.
──── Sim. ── Respondi, a surpresa me fazendo esquecer um pouco da minha relutância habitual em falar. ──── É como se tudo ficasse em paz quando neva. Como se o mundo estivesse tirando um cochilo.
Ela riu suavemente, um som que aqueceu o ar gelado entre nós. ──── Gosto disso. Nunca pensei desse jeito.
Conversamos sobre coisas simples, como as estrelas no céu noturno e os contos de fadas que nossos pais costumavam nos contar quando éramos mais jovens. Cada palavra trocada entre nós era um fio que nos unia, uma conexão que eu nunca imaginei ser possível. Ela não parecia julgar ou temer minha quietude, e isso me dava um estranho conforto.
No entanto, mesmo em meio a essa atmosfera encantada, eu podia sentir a sombra da mãe dela pairando sobre nós. Seus olhos sempre estavam atentos, varrendo a sala em intervalos regulares. Aurora também parecia ciente disso, um instinto de sobrevivência que a mantinha alerta para a possibilidade de ser afastada.
──── Você já fez bonecos de neve? ── Ela perguntou, desviando o olhar para mim.
──── Sim. ── Respondi, um sorriso tímido curvando meus lábios. ──── Eu gosto de fazer bonecos de neve.
──── Vamos fazer um amanhã! Na minha casa. A neve deve continuar até amanhã de manhã. ── Ela riu novamente, e parecia que o mundo inteiro desaparecia quando ela fazia isso. Minha surpresa deve ter sido evidente em meu rosto, pois ela riu ainda mais. ──── Você não precisa responder agora. Só pense nisso, está bem?
──── Está bem. ── Assenti com um aceno lento.
Nossos olhos se encontraram mais uma vez, uma troca silenciosa de promessas não ditas e uma compreensão que ia além das palavras. Não precisávamos dizer o quanto essa conexão significava para nós dois.
À medida que a festa continuava, nós dois permanecemos sentados no sofá, conversando e rindo como velhos amigos. A sensação de isolamento que eu carregava há tanto tempo parecia diminuir a cada palavra que trocávamos. Ela me deu um vislumbre de luz em meio às minhas sombras, uma esperança de que talvez, um dia, eu pudesse aprender a ser livre.
Aurora percebeu o olhar furioso da mãe quando ela finalmente se aproximou de nós. Ela se levantou rapidamente, uma expressão de culpa e como se tentasse se desculpar silenciosamente por ter demorado. Ela deu um último sorriso, tão brilhante quanto o sol nascendo sobre um campo de neve recém-caída, antes de partir.
E assim, ela se foi, levando consigo uma parte de mim que eu nunca soube que estava faltando. Me sentei ali, no sofá vazio, sabendo que minha vida tinha mudado irrevogavelmente em uma única tarde de neve e palavras trocadas. Aurora era a promessa de algo melhor, de algo mais real do que as mentiras que permeavam meu mundo.
E enquanto a festa continuava a zumbir ao meu redor, eu fechei os olhos e segurei as palavras dela em meu coração, como se elas fossem a chave para desvendar as correntes que me mantinham prisioneiro. A neve continuava a cair lá fora, envolvendo a mansão em um manto de silêncio e promessas. E eu sabia, de alguma forma, que a neve não era a única coisa que estava mudando naquela noite.
O sol brilhava através das cortinas, lançando raios dourados pelo quarto e iluminando o quadro de neve lá fora. Eu sabia que aquele era o dia. O dia em que eu iria finalmente pedir ao meu pai para me deixar ir à casa de Aurora, para construirmos nosso boneco de neve prometido. A ansiedade revirava meu estômago enquanto eu descia as escadas em direção ao escritório do meu pai.
Meus passos eram hesitantes, e o corredor parecia um túnel que me levava mais perto do meu destino. Antes que eu pudesse alcançar a porta do escritório, no entanto, o som da madeira rangendo fez meu coração disparar. Eu vi minha mãe saindo, sua expressão enraivecida e olhos ardentes de raiva. Meu coração afundou. Isso não era algo incomum. Os episódios de raiva dela eram frequentes, e eu já tinha me acostumado a evitá-la.
Mas então, nossos olhos se encontraram, e o ar ao redor parecia congelar. Ela estava visivelmente surpresa por me ver ali. Antes que eu pudesse recuar, ela veio na minha direção, e suas palavras cortaram o silêncio.
──── Damon, quero que você se afaste daquela garota, entendeu? ── Sua voz era um sussurro gélido, mas a fúria estava clara em cada sílaba.
Minha mente girou, tentando processar suas palavras. Por que ela estava tão furiosa? E o que ela tinha contra Aurora? Eu conhecia minha mãe o suficiente para saber que fazer perguntas apenas pioraria a situação, então me limitei a assentir.
──── Não quero ver você se aproximando dela, entendido? Ela não é uma boa influência para você. ── Ela inclinou a cabeça em direção à sala de estar, onde a janela revelava a casa da Aurora ao longe.
Minha voz estava presa na garganta, minhas palavras sufocadas pelo medo de provocar mais raiva. Mas aquelas palavras ecoaram em minha mente. ──── Ela não é uma boa influência? ── Aurora e eu não estávamos fazendo nada de errado. Estávamos apenas conversando, nos conhecendo.
──── Você está me ouvindo, Damon? ── A voz dela era um chicote de gelo.
──── Sim. ── Murmurei, os olhos fixos no chão.
Ela me lançou um último olhar incisivo antes de se afastar, me deixando sozinho no corredor, perdido em um turbilhão de emoções. Meu pai nunca estava por perto, tão ocupado com seus negócios que mal tinha tempo para mim. E minha mãe... bem, eu não sabia o que fazer com ela. Apenas sabia que sua raiva não tinha nada a ver comigo, mas isso não a impedia de descontar em mim.
Mais tarde naquela tarde, eu estava olhando para a casa da Aurora. As luzes estavam acesas, e meu coração se apertou. Eu queria vê-la, queria estar com ela. Mas minha mãe havia sido clara, e eu sabia que desobedecê-la resultaria em consequências que eu não estava disposto a enfrentar.
Era tarde quando minha mãe finalmente saiu de casa, sem me dirigir uma palavra. A noite já estava caindo quando decidi fazer algo que raramente fazia: pedir ajuda a Alexei Orlov, um dos seguranças do meu pai, o único que é um pouco confiável. Entrei na sala onde ele ficava, e ele estava absorto em papéis e relatórios.
──── Alexei. ── Minha voz era um sussurro, quase perdida no espaço amplo da sala.
──── Damon, meu garoto. O que o traz aqui? ── Ele ergueu os olhos, e por um momento, um sorriso suave curvou seus lábios.
Tentei encontrar as palavras certas, mas elas pareciam fugir de mim. Finalmente, respirei fundo e disse. ──── Alex, eu... eu gostaria de ir à casa da Aurora amanhã, mas minha mãe não me deixa ir.. pode me levar escondido?
──── Você gosta daquela garota, não é? ── Ele parecia surpreso com meu pedido, mas depois de um momento, sua expressão se suavizou.
──── Sim, ela é legal, e nós nos demos bem. ── Assenti com um aceno lento, sentindo meu rosto esquentar levemente.
Ele estudou meu rosto por um momento antes de assentir. ──── Eu acho que você pode ir, desde que seja apenas para uma visita rápida.
──── Obrigado, Alex. ── Senti um alívio inundar meu peito.
──── Aproveite o tempo com sua amiga, Damon. Lembre-se, a amizade é uma coisa preciosa. ── Ele me deu um sorriso gentil.
Três meses haviam se arrastado desde que o inverno começou a ceder espaço à primavera em Thunder Bay. Minha vida, tão vazia quanto o espaço ao meu redor, não passava de uma rotina monótona. Eu, Damon, vivia enclausurado na minha própria mente, um lugar repleto de sombras do passado e feridas mal cicatrizadas. As marcas invisíveis deixadas pela minha mãe e por um pai mais interessado em si mesmo do que em qualquer outra coisa.
Naquela tarde, eu estava na sala, sentado em um dos cantos empoeirados, observando a janela. O sol tímido da primavera tentava, em vão, aquecer o ambiente sombrio. Meus olhos vagavam sem rumo, perdidos entre os lampejos de memórias dolorosas. Foi então que um movimento capturou minha atenção e minha respiração vacilou. Era a mãe da Aurora, uma figura enigmática, entrando na casa. Seu casaco cinza parecia pesar sobre ela, como uma tempestade que se recusa a dissipar.
Ela caminhou ate o escritório do meu pai e a porta se fechou atrás dela e eu me vi incapaz de afastar os olhos. Meia hora se esticou diante de mim como um abismo de expectativa e apreensão. Finalmente, a porta se abriu de novo, e a mãe da Aurora emergiu do escritório do meu pai, segurando uma maleta nas mãos e os olhos vermelhos e inchados. Seu semblante era um reflexo da tristeza que também morava em mim.
Meus músculos se contraíram enquanto a observava fechar a porta, como se quisesse manter os pedaços frágeis de si mesma intactos. Ela atravessou o cômodo, suas pegadas parecendo ecoar as batidas pesadas do meu próprio coração. Era como se o ar estivesse impregnado de emoções densas, tão densas quanto as minhas próprias.
Eu permaneci ali, encolhido no meu canto, meu olhar seguindo seus passos até que ela desaparecesse da vista. A solidão que eu sempre conheci parecia palpável naquele momento, e eu desejei poder estender a mão e oferecer algum tipo de conforto. Mas eu sabia, da maneira mais amarga possível, que as palavras eram frágeis e muitas vezes vazias.
Minutos depois, meu pai entrou na sala, seus passos pesadas preenchendo o ambiente com um desconforto palpável. Ele se aproximou de mim e se sentou no sofá, não muito longe de onde eu estava. Sua presença não trouxe consolo, apenas ansiedade.
──── Então, você a viu. ── Ele não precisou olhar para mim para saber que eu tinha observado a cena.
Eu balancei a cabeça lentamente, minha boca seca demais para falar. Meus olhos fixaram em um ponto vago no chão, a tristeza dentro de mim se misturando com a tristeza que eu via nos olhos de Catherine.
──── Não se preocupe, garoto. ── Ele fez uma careta, tentando oferecer um sorriso que não chegava nem perto dos seus olhos. ──── Não é nada que você precise entender.
Sua voz soou áspera, como se ele estivesse frustrado com a situação. Foi quando percebi que ele sempre fora assim - disposto a ignorar as coisas que importavam, a me deixar de lado como se eu fosse um estorvo.
──── Por que ela estava chorando? ── Minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria, mas eu não conseguia evitar. A mãe da Aurora não era uma estranha para mim. Ela podia nao ser gentil comigo, mas se ela estava triste isso poderia afetar a Aurora.
──── Isso não é da sua conta, Damon. Deixe para lá. ── Ele suspirou, parecendo irritado com a minha insistência.
Minhas mãos se fecharam em punhos, uma mistura de raiva e tristeza me invadindo. Eu sabia que ele não era o tipo de pai que se importava com os sentimentos dos outros, mas eu ainda me pegava esperando que ele tivesse um resquício de empatia.
Eu assisti enquanto ele se levantava do sofá, pronto para deixar a sala. Mas algo dentro de mim se recusou a aceitar sua falta de compaixão, sua indiferença cruel.
──── Eu sei que você não se importa com ninguém além de você mesmo. ── As palavras escaparam da minha boca antes que eu pudesse contê-las. Minha voz era fraca, mas cada sílaba continha todo o meu descontentamento.
──── Cuidado com o que você diz, moleque, você não sabe de porra nenhuma, e pare de andar com aquela garota estranha. ── Ele se virou para mim, seus olhos estreitados em raiva.
Eu o encarei, as lágrimas ameaçando inundar os meus olhos, não de tristeza, mas de raiva. Não me importava quando ele era cruel comigo, mas ele não tinha o direito de ao menos pensar em ofender ela, ela era minha e eu não admito que ele a trate assim. Mas eu sabia que não poderia enfrentar ele sem levar a porra de uma surra, e não quero que ela fique preocupada comigo.
──── Eu só queria entender, queria saber por que as coisas são assim.── Minha voz tremeu, uma mistura de raiva e desespero borbulhando dentro de mim.
Ele riu, um som amargo que ecoou pelo ambiente. ──── Você não entende nada, Damon. Você não é mais do que uma criança mimada.
A última palavra me atingiu como um soco no estômago. Ele estava certo, de certa forma. Eu era apenas uma criança, uma criança tentando compreender um mundo cheio de dor e vazio.
Ele se afastou, deixando-me sozinho na sala, com as minhas emoções em tumulto. Lágrimas silenciosas escorriam pelo meu rosto, uma mistura de tristeza e raiva que eu não sabia como lidar. Limpei meu rosto rapidamente, não iria chorar, não por ele, nem por ninguém.
Enquanto a tarde cedia lugar à noite lá fora, eu permaneci na sala, o vazio dentro de mim refletindo o vazio daquele ambiente. Minha mãe estava ausente e meu pai continuava sendo o mesmo babaca de sempre. Eu me perguntava se havia alguma esperança para mim, se eu poderia um dia escapar das sombras que pareciam me envolver tão completamente. E eu senti que estava afundando ainda mais, em um lugar onde a solidão parecia ser a única companhia que eu poderia contar.
Bom, até ela chegar, porque Aurora era o meu ponto de paz em toda essa bagunça.
A noite estava caindo, espalhando sombras compridas pela sala de jantar. Eu estava sentado sozinho à mesa, cutucando a comida no meu prato sem muito ânimo. Meu olhar estava perdido, e meus pensamentos estavam em todos os lugares. Parecia que um peso estava apertando meu peito, tornando cada respiração mais difícil.
A porta se abriu silenciosamente, revelando a figura conhecida de Alexei. Ele tinha um jeito calmo e respeitoso, alguém em quem eu confiava. Levantei os olhos para encontrá-lo parado ali, sua expressão séria me dizendo que ele trazia notícias importantes. Senti uma pontada de ansiedade se misturando à minha curiosidade.
──── Damon. ── Alexei começou, sua voz profunda e suave ao mesmo tempo. ──── Posso falar com você um momento?"
Assenti, engolindo em seco. Alexei se aproximou e se sentou na cadeira ao meu lado, como se quisesse estar ao meu nível. Aquele gesto me fez sentir um pouco mais à vontade.
──── O que aconteceu, Alex?
Ele suspirou, seu olhar encontrando o meu com gentileza. ──── Eu soube que a Catherine se separou.. e levou a Aurora e o Liam embora, mas não sei para que lugar, sinto muito garoto.
Fiquei boquiaberto, uma mistura de tristeza e surpresa tomando conta de mim. Afastei o garfo e olhei para Alexei, em busca de alguma explicação.
──── O quê? Eles foram embora? ── Perguntei sentindo meu coração bater descontroladamente.
Ele assentiu, colocando uma mão reconfortante no meu ombro. ──── Parece que sim, Damon. Eu sei que é difícil de entender.
Eu sentia um nó na garganta, e meu peito doía. Aurora era minha melhor amiga, alguém que entendia minhas confusões e compartilhava minhas aventuras. Não conseguia imaginar minha vida sem ela .
──── Mas por que, Alexei? Eles não disseram nada, a Aurora teria me dito se fosse embora. ── Alexei olhou nos meus olhos, parecendo entender as emoções que passavam por mim.
──── Às vezes, os adultos tomam decisões difíceis que nem sempre conseguimos entender por completo, acho que ela só descobriu que ia embora um pouco antes. Mas você é um garoto forte, Damon. Vai superar isso.
Balancei a cabeça, sentindo um misto de tristeza e raiva. Aurora sempre compartilhava tudo comigo. E agora ela estava longe, e aquilo parecia injusto.
──── Eu sei que dói, Damon. Mas você é mais forte do que pensa. E vai guardar as memórias dos momentos que passaram juntos e sei que a história de vocês não acabou.
Lembrei das risadas, das aventuras, dos segredos compartilhados. A dor apertava ainda mais.
──── Eu vou sentir tanto a falta dela, Alexei.
Ele olhou para mim com um olhar compreensivo e caloroso. ──── É normal sentir falta das pessoas que amamos. Mas você é valioso, independentemente de quem está ao seu lado.── Era reconfortante ouvir essas palavras dele. Alexei era alguém em quem confiava profundamente. Olhei para o prato de comida intocado e suspirei.
──── Acha que eles vão voltar um dia? Que ela vai voltar?
──── Nada é impossível, Damon. O futuro sempre reserva surpresas. ── Ele sorriu gentilmente.
──── Acho que vou para o meu quarto. ── Apesar das palavras dele, a tristeza ainda estava lá. Empurrei o prato e me levantei.
Alexei também se levantou, mas com um olhar gentil. ──── Claro, Damon. Estou aqui se quiser conversar.
Forcei um pequeno sorriso e saí da sala de jantar. Subi as escadas devagar, meus pensamentos ainda envoltos na notícia sobre Aurora e sua família.
No meu quarto, a escuridão me abraçou como um abrigo seguro. Sentei na cama, olhando ao redor. Avistei algo prateado brilhando na mesa de cabeceira: a pulseira de prata com o pingente de um patins que Aurora tinha deixado aqui semana passada, quando ela veio me trazer um pedaço de bolo de chocolate que a avó dela tinha feito. Peguei o objeto delicado, sentindo sua frieza nos meus dedos. Era como se Aurora estivesse ali comigo.
Deitei na cama, segurando a pulseira perto do coração. Fechei os olhos e me permiti lembrar dos momentos que compartilhamos, das risadas e das aventuras. Enquanto apertava a pulseira, adormeci, sonhando com o som dos patins dela arranhando o gelo, as gargalhadas nos corredores e a esperança de um reencontro com Aurora.
Porque ela vai voltar pra mim, de um jeito ou de outro.
Ela é minha.
⛸️ ᝰ 01﹕❛ A Aurora foi embora e é agora que as coisas começam a ficar legais.
⛸️ ㅤAlexei Orlov é de minha autoria! Ele é um dos seguranças do Gabriel Torrance e veio da Rússia um ano depois que o Damon nasceu.
⛸️ ㅤ Espero que tenham gostado! ❜
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