𝟎𝟗. Revelio
𝟎𝟗. Revelio
▋Terraço do Squire's ── Noite.
NEWT, MARGOT, JACOB, QUEENIE e Tina estavam num terraço com uma enorme placa atrás indicando "SQUIRE'S". Todos eles se aproximam da beira, tendo uma ampla visão do caos que acontece logo abaixo.
— Meu Deus… — Jacob murmurou, espantado com tudo aquilo. — É aquela coisa Obscuria?
Sirenes são ouvidas ao longe, enquanto uma massa enorme se agita e contorce pela cidade, criando um grande caos.
Carros voam, calçadas explodem e prédios são demolidos — o Obscuro apenas deixava destruição em seu rastro.
— Este é mais poderoso do que qualquer Obscurial de que já ouvi falar… — Newt diz, alarmado.
E então, uma explosão particularmente forte acontece mais ao longe, a cidade começa a arder em chamas.
Newt se vira rapidamente e dá uma olhada profunda em Margot, logo em seguida, colocando nas mãos dela a sua maleta e um diário que tira do bolso.
— Se eu não voltar, cuide de minhas criaturas, Margot — ele pediu e aquilo fez Margot olhar desesperada para ele. — Tudo que precisa saber está aqui — Newt continua, tamborilando os dedos na capa do diário que entregou a ela.
Newt mal conseguia olhar nos olhos de Margot enquanto falava.
— O que? — ela pergunta alarmada. — O que você quer dizer com isso?
Newt olha de volta para a cidade em completo caos.
— Eles não vão matá-lo…
Os olhos de Newt e Margot se reencontram, havia tantas coisas que Margot queria dizer a ele, assim, como também no olhar de Newt, era nítido o quanto de coisas ele também gostaria de ter dito para ela.
— NEWT! — Margot grita de repente, quando vê Newt simplesmente pular do terraço e desaparatar.
Margot toma apenas um segundo para respirar e então, se vira para tina, batendo a maleta nos braços dela.
— Você ouviu o que ele disse… cuide deles! — ela exclamou, antes de também se jogar do terraço e desaparatar atrás de Newt para onde quer que ele tenha ido.
Margot aparece próximo a rua onde mais cedo houve a explosão, onde o Obscuros havia sido visto pela última vez e, mais uma vez, uma nova explosão se faz presente, só que ainda maior.
Margot corre até lá e tenta procurar uma cobertura, indo parar atrás de um veículo em chamas, se protegendo de todo aquele caos.
— Newt! — ela grita quando encontra o bruxo não muito longe dali.
Ele se vira surpreso e encara a bruxa se protegendo atrás do carro em chamas.
— É o menino da Segunda Salem — ele diz transtornado. — Ele é o Obscurial.
Margot franze a testa em confusão, não entendendo.
Não tinha como ser ele, Credence não era mais uma criança.
— Ele não é uma criança.
— Eu sei… mas eu o vi… — ele responde, parecendo tentar entender também. — Seu poder deve ser muito forte… de algum jeito ele conseguiu sobreviver. É inacreditável.
Os dois então escutam um estalo logo atrás e, quando se viram, se deparam com Tina ali também.
Ela corre desesperada até Margot, tentando pegar cobertura junto a ela.
— Credence é o Obscurial — Margot murmurou para Tina, que a olhou de olhos arregalados. — Newt o viu!
Mais um vez uma explosão acontece e, então, eles vêem o Obscurial voar para longe, deixando um Percival Graves para trás.
— Graves… — Margot murmurou enquanto encarava o mesmo, desconfiada.
— Newt! — Tina grita em direção ao mesmo, parecendo decidida. — Salve o menino.
Ela diz isso e então olha para Margot, que logo a entende, concordando com a cabeça e a seguindo até onde Graves estava.
Enquanto isso, Newt corria para tentar salvar o garoto Credence.
Margot e Tina se aproximam por trás de Graves, que parece ainda não ter percebido a presença de ambas as bruxas. Ele parecia prestes a disparar com sua varinha em direção aonde o Obscurus havia ido, mas foi impedido quando um disparo soou atrás dele, o fazendo virar rapidamente e se proteger para não ser atingido.
Ele vê as duas bruxas e, sem dizer mais nada, ambas disparam feitiços em direção a ele.
As reações de Graves são admiráveis e impressionantes, desviando de cada feitiço, de ambas as bruxas, com perfeita tranquilidade.
— Margot e Tina… ambas sempre se metendo onde não são chamadas — ele murmurou, parecendo bastante irritado por ter sido atrapalhado.
Graves aponta sua varinha para um dos carros abandonados e em chamas na rua, pronto para invocá-lo, mas Margot dispara na direção do mesmo, já imaginando seus movimentos, tentando o impedir.
Surpreendentemente, Graves, com uma das mãos, se protege dos feitiços de Margot e, com a varinha empunhada na outra mão, invoca o carro abandonado e o joga em direção a ambas as mulheres, que se jogam ao chão, esquivando-se do carro que passa zunindo por suas cabeças.
Quando as duas se recuperam, levantando-se do chão, já era tarde demais… Graves já havia desaparatado.
— Ele fugiu… — Tina diz, ainda sem fôlego, mas Margot nega logo ao lado.
— Ele foi atrás do garoto — ela fala, olhando para Tina com sangue de guerra em seus olhos. — Vamos atrás dele — Margot diz e estende uma mão para Tina, que não pensa duas vezes antes de aceitá-la.
As duas desaparatam da rua agora vazia, indo parar no topo de um prédio.
Elas olham para todos os lados, procurando sinais de Credence ou de Graves.
— Ali! — Tina aponta para a entrada de um metrô.
Elas observam vários Aurores chegarem e, Graves passa logo ao lado deles, dando ordens.
— Vamos lá — Margot diz e, segurando no ombro de Tina, as duas voltam a desaparatar.
Ambas as mulheres correm o mais rápido que conseguem quando reparam que os Aurores estão fechando a área com um campo mágico, isolando tudo dos Não-Maj.
As duas disparam por baixo do campo, sem serem vistas, correndo direto em direção ao Metrô.
De súbito, o Obscurus estoura para cima, saindo pela calçada, dando um enorme susto em Margot e Tina, que corriam aos tropeços.
O Obscurus vai em direção a um arranha-céu semi-construído, fazendo as janelas se espatifarem em cada andar. As fiações elétricas também explodem, alcançando a estrutura do andaime acima, que verga perigosamente.
Abaixo, a multidão ao lado de fora do campo de magia corre apavorada para se proteger.
O Obscurus então forma um enorme disco assustador e mergulha de volta no metrô, destruindo tudo à sua frente.
Ambas as bruxas descem correndo, vendo Newt e Graves estendidos nos trilhos do metrô, sendo forçados a se encolher pela força sombria.
— CREDENCE, NÃO! — Tina grita o mais alto que pode, terminando de descer as escadas e sendo seguida por Margot, armada com sua varinha.
As duas pulam nos trilhos, Credence está a centímetros do rosto de Graves, mas quando escuta a voz de Tina, ele fica petrificado e, bem lentamente, ele volta a subir, deixando os dois bruxos. O Obscurus parecia olhar fixamente para Tina.
— Não faça isso, por favor… — ela pede desesperada.
Uma pausa, mas dentro da massa escura, um rosto se deforma e forma, parecendo aos poucos voltar a pertencer ao garoto Credence.
— Continue, Tina… — Margot sussurra ao lado da mesma. — Parece estar dando certo.
Uma mão se estende para fora da massa inconsistente. Credence estende a mão para Tina, a única pessoa que um dia lhe fez uma gentileza desinteressada.
Ele a olhava desesperado, desamparado.
Ele sonhou com ela desde o dia em que ela o salvou de uma surra.
— Sei o que aquela mulher fazia com você… sei o que você sofreu… — Tina dizia, com a voz trêmula e baixa, na direção de Credence. — Você precisa parar com isso agora… Newt, Margot e eu vamos protegê-lo…
Graves de repente se coloca de pé, como se já tivesse se recomposto.
— Credence… — Margot diz de repente, chamando a atenção de Credence para ela. — Esse homem… ele está usando você. Ele não é quem você pensa.
Graves olha surpreso na direção de Margot, mas logo volta a olhar para Credence.
— Não dê atenção a ela, Credence. Quero que você seja livre, que fique bem — Graves disse em voz alta, para conseguir ser escutado por Credence.
Margot nega devagar com a cabeça para Credence, que olha atento para ela e para Tina logo ao lado.
— Acabou… — Tina diz calmamente, com as mãos na frente do corpo, tentando demonstrar que estava tudo bem para o jovem garoto.
O Obscurus então começa a encolher. Sua cara medonha e distorcida começa a se tornar mais humana, mais parecida com a de Credence.
Repentinamente, Aurores descem as escadas do metrô e entram no túnel, surpreendendo a todos ali.
Outros Aurores avançam de trás de Margot e Tina, as varinhas agressivamente erguidas em direção a Credence, o Obscurus.
— Shhh! Não, vocês vão assustá-lo! — Tina implora, olhando para todos os Aurores ali.
Mas já é tarde demais, o Obscurus solta um gemido terrível e volta a inchar. A estação está se destruindo aos poucos por conta da forte energia da massa escura.
Newt, Margot e Tina giram em seus calcanhares, erguendo suas varinhas em direção aos Aurores — prontos para protegerem Credence.
Graves também se vira para os Aurores, a varinha erguida e preparada.
— Baixem as varinhas! — ele ordena em um grito. — Se alguém machucá-lo… terá de se entender comigo depois… — avisou, ameaçando a todos ali.
Porém, os Aurores não dão muita atenção a ele, e começam a disparar sem parar feitiços no Obscurus.
— NÃO! — Graves grita, em desespero.
Por um instante, o rosto de Credence pode ser visto dentro da massa negra, seu rosto contorcido em dor, gritando.
Os feitiços continuam sendo disparados nele e Credence berra de dor no ar, os Aurores estavam sendo brutais e impiedosos.
Sob a pressão dos feitiços, o Obscurus parece implodir. Uma bola branca de luz mágica apodera-se da massa negra, a potência do poder fazendo todos ali caírem para trás, cambaleando.
Ele explode no ar e então diminui, agora restavam apenas pequenos farrapos de matéria negra, flutuando pelo ar como penas.
Credence não estava mais ali… ele não havia sobrevivido.
Margot se levanta do chão, o rosto atormentado por uma tristeza profunda, ela chora.
Ele era apenas um jovem garoto…
Os soluços de Tina se fazem audíveis, ela nem ao menos conseguia se levantar de onde estava.
Graves avança até os restos da massa negra, olhando com enorme pesar para aquilo tudo.
— Imbecis! — ele grita, se virando em direção aos Aurores, que erguem suas varinhas e avançam para Graves. — Tem ideia do que fizeram?
Graves estava fervilhando em ódio puro, com o rosto vermelho.
Os outros olhavam surpresos para ele.
Madame Picquery surge de trás dos Aurores e olha implacavelmente para Graves, com o queixo erguido.
— O Obscurial foi morto por ordens minhas, senhor Graves.
— Sim… — ele respondeu, como se zombasse dela. — E a história certamente vai registrar isto, senhora presidente.
Graves anda raivoso na direção dela, sua intenção ficando bem clara a todos.
— O que fizeram aqui está noite foi um erro! — ele continua gritando em direção dela, que a olha de um jeito questionador.
— Ele foi responsável pela morte de um Não-Maj — a presidente relembrou. — Colocou nossa comunidade em risco de ser revelada. Ele infringiu uma de nossas leis mais sagradas.
Graves solta uma risada.
Uma risada alta e amarga.
— Uma lei que tem nos obrigado a fugir como ratos no esgoto! — ele grita ensandecido. — Uma lei que exige que ocultemos nossa verdadeira natureza! Uma lei que ordena aqueles sob seu domínio a se encolherem de medo para não correr o risco da descoberta! Eu lhe pergunto, senhora presidente… — os olhos de Graves faiscavam na direção de todos ali. — … pergunto a todos vocês. A quem esta lei protege? A nós? — ele gesticula para ele mesmo e depois para cima, onde os Não-Maj estavam. — Ou eles? Recuso-me a me curvar a isto por mais tempo — ele diz enquanto se afasta, com um sorriso amargo nos lábios.
Madame Picquery dá um passo a frente, olhando impiedosa para Graves.
— Aurores, eu gostaria que aliviassem o senhor Graves de sua varinha e o escoltassem de volta ao… — ela dizia em tom de ordem, para os Aurores que a flanqueavam, mas antes que pudesse acabar, Graves parecia prestes a se retirar quando, de repente, uma muralha de luz de súbito aparece diante dele, bloqueando seu caminho.
Ele parece refletir por um momento e então, se vira em direção aos Aurores novamente. Seu rosto embebido em escárnio e desprezo.
Graves anda com confiança pela plataforma, agora disparando feitiços nos grupos de Aurores que estavam de frente para ele. Os feitiços voam de volta para ele de todos os lados, mas Graves apara todos os golpes com perfeição.
Vários Aurores começam a ser lançados no ar, Graves parecia estar vencendo e, aquilo o fez sorrir por um momento…
Madame Picquery olhava espantada para aquele sorriso dissimulado no rosto de Percival Graves.
Numa fração de segundo, Newt retira o casulo de dentro do bolso e solta em direção de Graves. O Rapinomônio voa com precisão em volta dele, protegendo Newt e os Aurores dos feitiços de Graves, dando tempo a Newt de sacar sua varinha.
Antes que pudesse fazer algo a mais, Newt vê um cordão prateado de luz crepitante cortar o ar e ir em direção de Graves como um chicote.
Graves tenta repeli-lo com sua varinha, mas o Rapinomônio o apertava com força, o que o fez vacilar em seus próprios pés e eventualmente cair de joelhos sendo acertado pelo chicote prateado de luz, que o desarma, fazendo sua varinha cair ao chão.
— ACCIO! — Tina grita e a varinha de Graves voa para a mão dela.
Graves olha para o lado e se depara com Margot indo em sua direção, com o fio prateado de luz voltando para a varinha da mesma, de onde havia saído.
Ele a olhava com um ódio profundo nos olhos e, aquilo só deu ainda mais certeza para Margot de que, aquele definitivamente não era Percival Graves.
— Revelio — Margot murmurou, apontando sua varinha diretamente para o rosto que costumava ser de Percival Graves.
Ele aos poucos começa a se transformar, a se revelar…
Os cabelos deixam de ser escuros e se tornam um louro quase branco como a neve, os olhos deixam de ser castanhos e se transformam em olhos azuis, frios e gelados como o próprio gelo.
Um murmúrio se espalha por ali, todos olhando espantados em direção ao homem que foi revelado.
Margot por um momento se sentiu instável em seus próprios pés, abrindo a boca em completo espanto… aquele era… era…
— Grindewald… — ela murmurou em um sussurro, horrorizada.
Um sorriso de canto, maldoso e gelado surge nos lábios de Grindelwald.
— Você parece surpresa… — ele murmura com zombaria em sua voz. — Pensei que já soubesse.
Margot piscou os olhos muitas vezes… ainda tentando sair de seu torpor.
Bom, ela sabia sim que não era Percival Graves ali… mas não imaginava ser Grindewald!
Madame Picquery avança com seus saltos, olhando agora confiante para Grindewald, que estava preso e imóvel ao chão.
— Acha que você consegue deter a mim? — ele pergunta em direção a ela, desprezo em cada uma de suas palavras ditas.
— Faremos o melhor possível, senhor Grindewald — Picquery responde com um sorriso ladino.
A expressão no rosto de Grindewald enquanto olhava para Madame Picquery logo acima, era de pura repulsa, mas logo, ela muda, transformando-se em um leve sorriso ladino e de escárnio.
Aurores se postam ao lado dele e o forçam a se colocar de pé, o levando em direção a entrada.
Ao alcançar Newt próximo às escadas da saída do local, Grindewald se força a parar, olhando para o bruxo e sorrindo.
— Morreremos, só um pouco? — ele murmura, logo em seguida sendo levado para cima a força, saindo do metrô
Newt franze o cenho, pensativo enquanto observa Grindewald ser arrastado para longe dali.
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