𝟎𝟖. Perigo
𝟎𝟖. Perigo
▋Maleta de Newt ── Noite.
O GRUPO ESTAVA NOVAMENTE dentro da maleta de Newt Scamander, mas agora, nenhuma de suas criaturas estava faltando mais.
Jacob estava guiando o Seminviso até o cercado do mesmo, os dois pareciam ter feito amizade, com Jacob segurando a mão do Seminviso e conversando com o animal animadamente
Tina estava com os Occamis, observando com admiração e preocupação os animais.
Newt estava no meio de uma discussão com Pickett, que estava muito chateado pelos acontecimentos de antes. O pequenino Tronquilho parecia não querer conversa com o magizoólogo depois de o mesmo o ter entregado para Gnarlak.
Enquanto isso, Margot estava sentada nas escadas próximo ao lugar onde Frank fica, o enorme Pássaro-trovão parecia apreciar a presença da bruxa, que acariciava suas penas com delicadeza.
Newt parece ter terminado sua discussão com Pickett e então, observa Margot e Frank com admiração.
O Pássaro-trovão não confiava em ninguém e, até ele mesmo teve que tomar seu tempo para conseguir a total confiança do animal, mas… lá estava Margot, já entrosada com o pássaro, que parecia já confiar totalmente na mesma de um jeito genuíno.
Newt costuma pensar que os animais conseguem ver a maldade nas pessoas, por isso eram sempre tão desconfiados, ainda mais Frank, por ter passado por tudo que já havia passado tendo sido mantido em cativeiro.
Ele observou o enorme pássaro bater sua cabeça várias vezes levemente nos ombros de Margot, pedindo por mais carinho e atenção, fazendo-a rir.
Newt sorriu junto.
Ela tinha um belo sorriso.
E ambos Frank e ele, sabiam que Margot era genuinamente bondosa.
— Mais cedo, no Porco Cego… — ele começou a dizer, assim que se aproximou o suficiente. — … você estava tão brilhante quanto Frank em seu vestido.
Newt havia se ocupado com vários baldes de comida, não olhando na direção de Margot enquanto falava, então, ele não viu o quanto o rosto dela corou em um leve tom de vermelho com aquelas palavras.
Tão brilhante quanto um Pássaro-trovão… aquilo definitivamente tinha que ser um elogio.
Margot coçou a garganta, sem jeito e sem saber o que responder, enquanto escondia seu rosto ardente em vermelho nas penas de Frank, que pareceu apreciar, pensando que aquele era mais um tipo de carinho.
— … obrigada — ela murmurou baixinho, mas Newt a escutou, o que o fez sorrir enquanto ainda se ocupava com os baldes. — Mais cedo, também no Porco Cego, você disse algo que me chamou a atenção — ela revelou, o que fez Newt se virar e olhar com atenção para a mesma.
Newt encarava Margot com curiosidade.
— Sobre Graves… — ela continuou murmurando distraidamente, enquanto ainda acarinhava Frank. — Não sei nada sobre o passado dele, mas sei que apesar de ser muito exigente e às vezes um tanto rude, o senhor Graves não é um homem ruim.
Newt concordou com a cabeça, limpando suas mãos e agora dando total atenção a Margot.
— Isso tem haver com sua história como Auror? — ele perguntou e ela sorriu.
— Você é muito perspicaz, é exatamente sobre isso — ela revelou. — Na verdade, eu deveria ter cumprido uma certa pena pelo que fiz, mas Graves me livrou dessa… ele foi bastante gentil.
— O que aconteceu? — Newt perguntou se aproximando, preocupação em sua voz.
— Não é nada demais — ela o acalmou, sorrindo. — Lembra-se quando disse no apartamento de Jacob que nós, americanos, somos retrógrados em nossas leis? — Newt concordou com a cabeça. — Você não estava errado… muitos de nós odeiam os Não-Maj ou os que só descobriram mais tarde serem bruxos…
— Você é uma nascida-trouxa, não é? — ele pergunta e Margot dá uma leve risada.
— Eu ainda acho um insulto o jeito que vocês, ingleses, chamam os Não-Maj, mas sim, eu sou — ela disse, agora voltando a acariciar as penas de Frank distraidamente. — Era um dia importante no MACUSA, estávamos no meio de uma reunião e… eles me deram uma tarefa importante para fazer — começou a contar, dando de ombros. — Muitos não gostaram da escolha, eles não me achavam "adequada" para o trabalho e, apesar de tudo isso… eu fiz um excelente trabalho.
"Mas não foi o que um dos superintendentes achou… ele riu no meu rosto e disse que eu era uma piada ali dentro, pior do que duendes ou até mesmo do que um elfo doméstico, disse ele… eu fiquei nervosa e fiz algo do qual não me orgulho…"
Newt se sentou ao lado de Margot na escada e colocou uma de suas mãos no ombro dela, como quem dizia "estou aqui".
— O que você fez? — perguntou num sussurro.
— Eu apontei minha varinha para ele e o fiz inchar tanto que ficou quase irreconhecível — ela soltou uma pequena risada sem graça. — Ele voou por todo o departamento feito um balão, com as pessoas olhando espantadas para ele e outros até mesmo rindo, quando o mesmo desceu, quis me matar…
— Ele a atacou? — Newt perguntou e Margot negou com a cabeça.
— Graves não deixou — ela disse. — Ele me perguntou o que havia acontecido… foi o único que me perguntou… e então, me suspendeu dos meus serviços como Auror.
— Sinto muito por isso… — Newt disse, olhando com pesar para Margot.
Ela negou com a cabeça, como se aquilo não fosse grande coisa, não mais.
— Podia ter sido pior, mas Graves foi misericordioso comigo, então… — ela mais uma vez riu e deu de ombros. — Não sei… ele parece estranho e cruel agora.
"Você é talentosa, Margaret. Não deixe os outros te dizerem o contrário, e também não dê tanta importância para eles", ela ainda se lembrava das palavras de Percival para ela, como se ela fosse uma pequena criança que ainda estava aprendendo sobre o mundo ao seu redor.
Talvez ela nunca tivesse o conhecido de verdade… o seu mentor…
— Lembra-se do que você disse sobre os excêntricos poucos momentos antes de pegarmos o Pelúcio? — Newt disse, chamando a atenção de Margot e fazendo-a sair de seus pensamentos, piscando várias vezes na direção dele. — Você é extremamente excêntrica, Margot, mas de uma forma maravilhosa. Verdadeiramente maravilhosa…
Margot sorriu para Newt, com os olhos brilhantes. Era um belo sorriso, o mais doce que Newt já havia visto.
De repente, Queenie sai de dentro da cabana e encara os dois, Margot e Newt na escada, ambos, percebendo a presença da mesma ali, sentem-se arder em vergonha.
Logo, Margot volta a fazer carinho em Frank e Newt se põe de pé, voltando aos baldes.
— Ei, Newt — Queenie chama, fazendo o mesmo olhar na direção dela. — Quem é ela? — ela pergunta apontando para o lado de dentro da cabana.
Por um segundo, Newt fica sem entender, mas então, quando finalmente entende, ele apenas abaixa a cabeça depressa, voltando a se ocupar com os baldes e fingindo despreocupação.
— Ah… não é ninguém — ele simplesmente responde, dando de ombros.
Queenie semicerra os olhos para Newt e sua óbvia mentira e, depois, olha na direção de Margot… desconfiada.
— Leta Lestrange? — ela volta a perguntar, fazendo Newt olhar surpreso para ela. — Ouvi falar dessa família. Eles não são meio… sabe como é?
— Por favor, não leia a minha mente — Newt pede, parecendo agora aborrecido.
Uma pausa e, então, fica óbvio que Queenie estava lendo os pensamentos de Newt, todos eles.
O rosto de Queenie passa de desconfiado, para entristecido e Newt continua a trabalhar, esforçando-se ao máximo para fingir que Queenie não está lendo sua mente.
Queenie se aproxima mais de Newt e o mesmo a olha com uma mistura de raiva e constrangimento.
— Com licença, mas… — ele murmura chateado. — Já pedi que não fizesse isso!
— Eu sei, desculpe-me, não posso evitar — Queenie murmura, ainda entristecida. — É fácil ler as pessoas quando elas estão sofrendo.
— Não estou sofrendo — ele retrucou. — Além do mais, já faz muito tempo.
— Foi uma amizade íntima de verdade que você teve na escola.
Newt deu de ombros, tentando ser indiferente.
— Sim, bom, nenhum dos dois se adaptou bem na escola, então nós…
— … ficaram muito próximos. Durante anos — Queenie terminou por ele, fazendo Newt se sentir desconfortável.
Margot tentava ao máximo não prestar atenção na conversa, mas era impossível… ambos estavam bem à sua frente e, mesmo que ela continuasse acariciando Frank, não é como se ela fosse incapaz de ouvir, ainda mais com eles falando tão alto…
Ao fundo, Tina aparece, vendo que Queenie, Newt e Margot estão juntos.
Ela se aproxima.
— Ela preferia receber — Queenie disse para Newt, preocupada. — Você precisava de alguém que se doasse.
Margot se remexeu onde estava, se sentindo bastante desconfortável com aquilo tudo.
— Do que vocês estão falando? — Tina pergunta com um sorriso no rosto, se aproximando de todos eles.
— Ah, nada — Newt responde rápido.
— Da escola — Queenie diz, virando-se em direção da irmã e sorrindo.
— É, da escola — Newt concorda.
Jacob então aparece, se juntando aos três enquanto veste seu casaco.
— Você disse escola? — ele pergunta surpreso. — Existe uma escola? Uma de bruxos aqui na América?
— É claro… Ilvermorny! — Queenie responde alegremente, fazendo Jacob olhar admirado para ela. — É simplesmente a melhor escola de magia e bruxaria do mundo todo!
Newt nega com a cabeça, com um pequeno sorriso brincalhão agora adornando seus lábios.
— Acho que você vai descobrir que a melhor escola de bruxaria do mundo é Hogwarts!
— HORRORGWARTS — Queenie diz, debochando e brincando, fazendo Margot e Tina rirem.
— Então vocês estudaram juntas? — Jacob pergunta, se pondo ao lado de Queenie.
— Sim! — Queenie responde animada. — Nós três nos conhecemos desde pequenas — ela diz, mostrando com uma das mãos o que parece ser a estatura de uma pequena criança.
— São amigas de infância, então? — Newt pergunta, olhando para Margot, que faz uma pequena careta.
— Não diria que amigas…
— Ora, pare com isso! — Queenie diz, repreendendo Margot. — Somos sim amigas desde os tempos da escola… apesar de Margot e Tina sempre acabarem brigando ou disputando uma com a outra — ela fala enquanto rola os olhos para as duas.
De repente, um trovão se faz presente, assustando ao grupo, que olham de imediato na direção do Pássaro-trovão.
Frank sobe no ar, deixando o lado de Margot. Ele grita no alto, batendo suas asas com vigor, o corpo ficando preto e dourado, os olhos faiscando com raios.
— Perigo — Newt diz de repente, observando preocupadamente a ave. — Ele pressente perigo.
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