𝟎𝟐. Jantar Inesperado
𝟎𝟐. Jantar Inesperado
▋Rua Principal do Lower East Side ── Tarde
MARGOT, NEWT E TINA andam pela rua principal da Lower East Side a tarde, lugar onde eles souberam ter tido um estranho "acidente" com gás em um dos vários apartamentos por ali.
— Não acredito que não obliviaram aquele homem! — Tina murmurou quase aos prantos enquanto carregava a maleta de Newt por precaução. — Se houver uma investigação, estou perdida.
— Mas por que você estaria perdida? Fui eu que...-
— Ela não deveria chegar perto dos Segundos-salemianos — Margot explicou e Tina concordou cabisbaixa com a cabeça.
Uma coisa de repente passa por cima da cabeça dos três, zunindo alto e os assustando.
— O que foi isso? — Tina perguntou, semicerrando os olhos para tentar enxergar melhor.
— Humm... acho que uma mariposa. Das grandes — Newt respondeu.
— Eu tenho minhas dúvidas quanto a isso — Margot murmurou desconfiada.
Os três foram andando em direção a uma multidão no meio da rua, de frente a um prédio arruinado.
— Desculpe-me, senhora... não tem cheiro de gás — um policial falou enquanto tentava acalmar a multidão.
— Não foi gás... — um homem parecendo bêbado começou a dizer. — ... ô, da polícia, eu vi! ... foi um... um tremendo... um imenso hipopota...
Margot e Tina estavam mais preocupadas com a destruição no local do que a falação ao redor deles, por isso ambas não viram quando Newt deslizou a varinha da manga e apontou para o homem que estava prestes a dizer o que pensava ter realmente visto.
— ... gás. Foi gás — ele finalmente disse.
Os outros em volta dele concordam e Newt sorri aliviado, porém, isso não passou despercebido por Margot apesar de ter passado por Tina e, logo, Newt percebeu que havia sido pego pela mulher.
Margot sorriu de lado e apenas girou seu guarda-chuva em mãos de um lado ao outro, falando para Tina como o clima naquele dia estava penço para uma chuva, apontando para o céu e a distraindo.
No meio do céu nublado e cinzento o animal de mais cedo aparece novamente, sobrevoando o céu de um lado ao outro e zumbindo.
— O que é aquilo? — Tina pergunta a Margot que está logo ao lado dela.
Margaret dá de ombros e tenta focar sua visão no animal que voava de um lado ao outro sem parar.
— Se parece com uma enorme mosca.
— Está mais para uma abelha — Tina disse e Margot negou com a cabeça.
— Oh! É um Gira-gira! — ela disse alegre, apontando para o animal ainda nos céus. — Senhor Scamander, ali está um dos seus... senhor Scamander? — ela olhou para trás, onde antes Newt se encontrava, porém, agora não havia mais ninguém ali.
— O prédio! — Tina disse apontando para o edifício arruinado e puxou Margot pelo casaco, a arrastando junto, enquanto corria em direção ao mesmo.
As duas correram até lá e subiram as escadas o mais rápido que conseguiram.
— Senhor Scamander! — Tina gritou já no alto da escadaria e Margot não estava muito atrás.
As duas finalmente sobem os lances de escada e chegam ao apartamento onde Newt está. Elas o encontram sentado em uma cama, tentando aparentar inocência e controle, mas ele parecia não ser muito bom naquilo.
Calmamente ele dá um pequeno sorriso nervoso e tranca os fechos de sua maleta ao seu lado.
— Estava aberta? — Tina pergunta alarmada.
— Só um pouquinho — ele responde e Margot olha ao redor, vendo o pequeno apartamento estranhamente intacto, sendo que do lado de fora as coisas estavam uma enorme bagunça.
— Você tem certeza de que era apenas um pouquinho? — Margot perguntou e Newt olhou de um lado ao outro no quarto. — Onde está o Pelúcio?
— Humm... — ele resmungou e Tina deu um tapa em sua própria testa.
— Não me diga que ele está à solta de novo...
— Pode ser que sim... — Newt revelou e dessa vez ambas Margot e Tina pareceram desesperadas.
Margot não podia acreditar que perderia mesmo para sempre aquele colar para um pequenino Pelúcio!
— Então procure por ele! — ela exclamou enquanto já começava sua própria caça ao Pelúcio no pequeno apartamento.
— Olhe! Vá! — Tina também exclamou em direção de Newt enquanto ia em direção do Não-Maj que parecia desacordado mais ao fundo no pequeno quarto. — O pescoço dele está sangrando, ele se machucou! Acorde, senhor Não-Maj... — ela disse em desespero e preocupada ao mesmo tempo, dando pequenos tapinhas no rosto do homem numa tentativa de acordá-lo.
Com Tina de costas ainda tentando cuidar do Não-Maj, Newt se coloca na ponta dos pés e vai em direção da porta de saída, porém, é impedido por Margot, que o olha nem um pouco contente com aquilo.
— Não antes de pegarmos o Pelúcio, senhor Scamander — ela avisou e ele engoliu com dificuldade enquanto concordava com a cabeça.
De súbito, Tina solta um grito gutural quando um animal de tamanho médio sai correndo de baixo de um armário e se agarra no pescoço dela. Newt se vira rapidamente, alarmado e pega a criatura pela cauda, lutando para enfiá-la na maleta.
— Lewis Misericordiosa, o que é isso? — Tina pergunta em pânico.
— Nada com que se preocupar — Newt diz e Margot olha espantada para ele.
— Isso é um Murtisco! — ela diz acusadoramente e ele olha admirado para ela. — É um pouco preocupante sim!
Sem que nenhum dos três note, o Não-Maj abre os olhos aos poucos, acordando de seu desmaio.
— Você! — ele grita apontando para Newt e depois para Margot. — E você!
Margot se esconde atrás de Newt quase que automaticamente, o homem parecia verdadeiramente nervoso.
— Olá — Newt cumprimenta sem jeito, dando um aceno de mão.
— Calma, senhor... — Margot tenta falar calmamente de trás de Newt, tentando apaziguar o Não-Maj.
— Senhor Kowalski... — ele diz ainda meio grogue. — Kowalski... Jacob...
Tina cumprimenta Jacob Kowalski com um aperto de mãos, enquanto Margot sai detrás de Newt e dá um leve aceno em direção do homem caído.
— É um prazer conhecê-lo, senhor Kowalski — ela fala enquanto girava o guarda-chuva de um lado ao outro. — Não precisa se alarmar... calma...
Newt então ergue de súbito sua varinha, o que faz Jacob se retrair onde estava e se agarrar com força em Tina, que se coloca à frente dele.
— Ei! — Margot repreendeu Newt, abaixando a mão dele e sua varinha. — Eu estava tentando acalmá-lo, não saia apontando sua varinha assim para os outros!
— Desculpe-me, mas pensei que iríamos obliviá-lo — ele disse incerto, piscando várias vezes em confusão.
— Não pode obliviá-lo! Precisamos dele como testemunha — Tina exclama protetoramente, ainda na frente de Jacob Kowalski.
— Desculpe-me, mas... — Newt voltou a dizer — você gritava comigo por toda Nova York por eu não ter feito isso...
— Ele está machucado! Parece doente! — ela exclamou.
— Ele vai ficar bem. As mordidas de Murtisco não são graves — Newt disse com confiança e, no mesmo momento, o senhor Kowalski se virou com ânsias de vômito no canto do pequeno quarto, Tina e Margot olharam estupefatas para Newt. — Admito que esta é uma reação ligeiramente mais severa do que já vi, mas se fosse realmente grave... ele teria...
— O que? — Margot pergunta, assustada com a hesitação de Newt.
— Bom, o primeiro sintoma seria fogo saindo pelo ânus...
Apavorado, Jacob Kowalski apalpa os fundos de sua calça enquanto olha em desespero na direção de Newt Scamander.
— Por Deliverance Dane... — Margot resmungou com aquela confusão toda. — Isso pode acontecer a qualquer momento?
— Vai durar no máximo 48 horas! Posso ficar com ele, se vocês quiserem... — Newt murmurou dando de ombros.
— Ah, ficar com ele? — Tina perguntou incrédula. — Nós não ficamos com eles! Senhor Scamander, sabe alguma coisa sobre a comunidade bruxa da América?
— Para falar a verdade, sei de algumas coisas sim — Newt disse. — Sei que vocês têm leis muito retrógradas a respeito das relações com o povo não-bruxo. Que vocês não querem amizades com eles, não se casam com eles, o que me parece um tanto absurdo.
Jacob encarava aquela conversa boquiaberto, enquanto Margot sorria para as palavras de Newt Scamander.
— Não sorria para ele! — Tina falou apontando acusadoramente na direção de Margot. — Você também é americana.
Margot cruzou os braços e rolou os olhos.
— Ele não deixa de ter razão... e eu sei bem disso.
Tina iria contra argumentar, porém, se calou quando se lembrou com quem estava falando e na trajetória de Margaret Robbin Murray até ali.
— E quem é que vai querer se casar com ele? — Tina voltou a dizer, apontando para Jacob que a olhou ofendido. — Vocês três vão comigo...
— Não entendo por que preciso ir com você... — Newt falou, parecendo desagradado com aquele mais novo plano de Tina.
— Eu também não entendo — Margot entrou na conversa.
— Ajudem-me! — Tina fala enquanto tenta erguer um Jacob parcialmente consciente do chão, ignorando completamente os protestos de Margot e Newt.
Margot e Newt sentem-se obrigados a ajudar e então, vão até a bruxa e a ajudam a carregar o Não-Maj parcialmente consciente.
— Eu estou sonhando, não é? — o senhor Kowalski murmurou nos braços dos bruxos. — É... estou cansado, jamais fui ao banco. Tudo isso é só um baita pesadelo, não é?
— Eu também espero que assim seja, senhor Kowalski — Margot murmurou ao lado dele.
Os três voltam a desaparatar, dessa vez, reaparecendo na Brownstone Street, já ao anoitecer.
Margot e Newt colocados cada um de um lado de um Jacob adoentado, andam seguindo Tina que está mais a frente, enquanto também tentavam mantê-lo equilibrado.
— Vamos entrar na direita aqui — Tina disse apontando e, o grupo vira uma esquina.
Todos os quatro se escondem atrás de um grande caminhão de consertos. Dali, Tina espia uma casa do outro lado da rua.
— Tudo bem... antes de a gente entrar... — ela murmura se virando para todos eles. — Eu não devia levar homens para casa.
Margot solta um enorme suspiro.
— Bom, nós temos dois aqui — ela diz, apontando para Newt e depois para Jacob Kowalski, que solta vários ruídos de vômito.
— Neste caso, o senhor Kowalski e eu podemos muito bem procurar outras acomodações... — Newt disse dando de ombros, como se aquela fosse uma ótima ideia.
— Boa ideia! — Margot exclamou animada. — Na minha casa não são proibidos os homens, que tal?
— Ah, não, não! Nada disso! — Tina disse apontando para os dois. — Eu estou de olho em vocês, não se esqueçam disso.
Tina rapidamente segura o braço de Jacob e o puxa para si, indo em direção a rua junto ao homem.
Margot e Newt se entreolham e com um suspiro profundo de ambos, eles seguem Tina em direção da casa ao outro lado da rua.
— Cuidado onde pisam! — Tina alertou apontando para alguns buracos na rua.
Os quatro subiam as escadas do local na ponta dos pés, porém, assim que chegam ao primeiro patamar, a voz de uma senhora vindo do fim das escadas os alerta, fazendo todos pararem petrificados em seus lugares.
— É você, Tina? — a velha voz perguntou.
— Sim, senhora Esposito! — Tina grita em resposta, com um dedo diante dos lábio, pedindo por silêncio para seus parceiros.
— Está sozinha? — a senhora Esposito voltou a perguntar.
— Sempre estou sozinha, senhora Esposito!
Houve uma pausa e então, vendo que a barra estava limpa, Tina volta a guiar os outros três até seu apartamento.
O grupo entra na residência de Goldstein, se deparando com uma sala de estar totalmente animada pela magia.
O ferro trabalhava sozinho em um canto e um secador de roupas se revira desajeitado em suas pernas de madeira na frente da lareira, secando um sortimento de roupas íntimas. Há também revistas espalhadas por todo o humilde apartamento; A amiga da bruxa, Conversa de bruxa e Transfiguração hoje.
Mais a frente, está uma mulher loira trajando vestes de bruxa, supervisionando o conserto de um vestido em um manequim de costureira.
Jacob fica estupefato com a beleza da mulher, enquanto isso, Newt mal repara em seus arredores. Impaciente para sair o quanto antes dali, ele espia pelas janelas e Margot apenas espera pelo desenrolar daquilo tudo, com seus braços cruzados à frente do corpo.
— Teenie... — a loira cumprimenta Tina. — Você trouxe homens para casa? — pergunta surpresa, e depois olha animada na direção de Margot. — Margot!
Margot dá um pequeno sorriso e acena na direção da mulher loira, também meio feliz em vê-la depois de tanto tempo.
— Cavalheiros, está é minha irmã — Tina apresenta rapidamente. — Não quer vestir alguma coisa, Queenie?
Queenie dá de ombros, despreocupada.
— Ah, claro... — ela diz enquanto veste o vestido de seda que estava no manequim.
Tina bufa frustrada e começa a arrumar o apartamento.
— E então, quem são eles? — Queenie pergunta para Margot, vendo que Tina está ocupada tentando esconder a bagunça.
— Este é o senhor Scamander, ele tem uma maleta de animais ilegais e... — Margot diz apontando para o bruxo ruivo e depois para o homem que aparenta estar doente — ... aquele é o senhor Kowalski, ele é um Não-Maj.
Queenie abre a boca impressionada.
— Um criminoso e um Não-Maj? O que vocês estão aprontando?
Margot abriu a boca para responder a Queenie mais uma vez, mas Tina foi mais rápida.
— Não estamos aprontando nada — ela falou rapidamente. — Ele está doente... é uma longa história — falou apontando para o senhor Kowalski. — E o senhor Scamander perdeu uma coisa, vou ajudá-lo a encontrar.
Queenie olha de soslaio para Margot.
— E quanto a você?
— Eu? — Margot pergunta e Queenie concorda com a cabeça, a insentivando a dizer. — Bom, acontece que uma das coisas que o senhor Scamander perdeu, está com uma coisa que pertence a mim. Por isso estou aqui.
— Uau... — Queenie fala impressionada em direção das duas. — Isso é uma baita história.
O senhor Kowalski de súbito cambaleia, muito suado e indisposto. Queenie sai do lado de Margot e rapidamente o ajuda a se sentar no sofá.
— Precisa se sentar, querido. Ei... — ela fala e pausa por um segundo, olhando preocupada para o homem. — ... ele não comeu o dia todo. E... aaai que horror... — falou colocando uma mão no peito e outra no ombro de Kowalski, como se o consolasse. — ... ele não conseguiu o dinheiro que queria para sua padaria. Você faz pães, querido? Adoro cozinhar.
Newt, que parecia desinteressado em tudo, se aproximou parecendo atento agora.
— Você é uma Legilimente? — ele perguntou curioso e Queenie concordou alegre com a cabeça.
— Arrã, sou. Mas sempre tenho problemas com sua espécie. Ingleses. Acho que é o sotaque.
— Você sabe ler pensamentos? — Jacob pergunta alarmado, finalmente entendendo.
— Aaah, não se preocupe, querido. A maioria dos homens pensa o mesmo que você na primeira vez que me vê — Queenie diz gesticulando alegremente com sua varinha na direção de Jacob. — Agora, você precisa comer.
Tina e Queenie se ocupam na cozinha. Ingredientes saem voando dos armários enquanto Queenie os enfeitiça para que se tornem componentes de uma refeição — cenouras e maçãs se cortam sozinhas, massa se enrola sozinha e as panelas se mexem.
Margot agarra seu guarda-chuva impacientemente e anda até às duas irmãs, com uma cara pouco amigável.
— Tudo bem, ele precisa comer — ela concordou —, mas eu só preciso dar uma olhadinha na maleta e no Pelúcio... apenas isso!
Tina estava prestes a responder Margot, porém, Queenie, sabendo o que vinha por aí, tomou a frente e pegou Margot desprevenida em um abraço de urso.
— A quando tempo não nos vemos, Margot! — ela diz animada e se afasta apenas o suficiente para olhar no rosto da mulher. — Fique para o jantar também, vamos papear, colocar a conversa em dia! — falou alegremente e Margot fez uma careta para aquilo.
— Obrigada, Queenie, mas vou ter que recusar... estou com pressa e um tanto ocupada no momento.
— Você sempre recusou meus convites — Queenie murmura num tom magoado, mas logo franziu as sobrancelhas em direção de Margot, parecendo preocupada. — Oh! Seu pai faleceu? — essa pequena frase fez todos os que estavam na sala olharem na direção das duas.
— Por favor, Queenie... — Margot murmurou enrugando o nariz de um lado ao outro.
— E é claro que você está triste por conta disso... sinto muito — Queenie continuou, parecendo não escutar Margot. — Aii, então foi isso o que o Pelúcio pegou? Que azar... mas tenho certeza que tudo vai acabar bem...
— Queenie, não leia meus pensamentos, por favor.
— O ateliê também não está indo bem? — ela perguntou chorosa.
— Tudo bem, tudo bem... — Margot concordou enquanto se desfazia dos braços de Queenie. — Vamos jantar.
Queenie sorriu alegre e mais uma vez abraçou Margot, deixando um beijo estalado em uma das bochechas da mulher e, logo em seguida, voltou aos seus afazeres na cozinha.
Margot suspirou, ter Queenie a lendo era algo bastante desagradável, mas ela sabia que a loira não fazia aquilo de propósito, ela sempre foi daquele jeito e, apesar de não terem sido melhores amigas, Margot gostava de Queenie em seus tempos de escola e até mesmo depois, no trabalho.
Ela andou até a mesa, na pretensão de sentar-se, porém, percebeu Newt Scamander indo em direção a porta, com a mão já na maçaneta da mesma.
— Não escutou, senhor Scamander? Nós vamos jantar — ela disse o cutucando no ombro de repente, o pegando mais uma vez de surpresa. — Não está pensando em ir sem antes me devolver meu pertence, não é?
Todos olharam para Newt que, constrangido, retira a mão da maçaneta e nega com a cabeça.
— Mas é claro que não.
Margot sorriu e apontou para a mesa.
— Depois de você...
Newt pegou um dos assentos á mesa e Margot também, Queenie deu uma pequena risadinha antes de perguntar:
— Vocês preferem torta ou strudel?
— Não tenho preferências — ambos Margot e Newt responderam ao mesmo tempo, enquanto davam de ombros, o que os fez olhar surpresos um para o outro.
Queenie da uma outra pequena risada antes de servir a mesa para todos com a ajuda de sua varinha.
Durante o jantar, entre comida e conversas, o fecho da maleta de Newt se abre e ele abaixa a mão rapidamente para voltar a fechá-lo.
— O emprego não é assim tão glamouroso — Queenie falava alegremente. — Quer dizer, eu passo a maior parte do tempo fazendo café e desentupindo privadas... Tina é quem vai fazer carreira — falou orgulhosa da irmã e depois olhou para Margot. — E é claro que a Margot também, apesar de não ser mais uma Auror, ela faz roupas que é uma maravilha! Olhem só para ela... — falou apontando para as roupas coloridas de Margot. — Amo as roupas que ela faz.
— Você era uma Auror também? — Newt perguntou surpreso logo ao lado.
Margot concorda com a cabeça e limpa a boca com um pequeno guardanapo na mesa.
— Costumava ser, mas já não faço mais parte.
Newt voltou a encarar seu prato, mas com um cenho franzido agora.
— Oh! Isso é porque nem todos lá são tão gentis, sabe? — Queenie respondeu em direção a Newt, mas logo percebeu que o mesmo não havia dito nada, então ela coçou a garganta e olhou para os lados disfarçadamente. — Quer dizer... eu sempre ficarei do lado da Margot sobre aquele fatídico dia...
— Certo! — Margot interveio, apontando um garfo na direção de Queenie. — Essa é uma péssima história, então não vamos falar dela.
— É uma ótima história, na verdade — Tina falou de repente, chamando a atenção de todos na mesa enquanto dava de ombros.
— É uma péssima história — Margot repetiu irritada.
— Bom... não podemos negar que foi bem engraçado... — Tina falou sorridente, mas logo fechou a boca quando viu o olhar de Margot para ela.
Queenie abriu a boca para dizer mais alguma coisa, provavelmente responder a pergunta que alguém havia feito em pensamento, mas Margot logo voltou a apontar o garfo na direção dela.
— Essa é uma péssima história e eu não quero mais ouvir falar sobre isso — avisou e Queenie logo concordou veementemente com a cabeça.
Um silêncio matador se fez presente na mesa de jantar, ao qual, segundos depois, foi quebrado pelo senhor Kowalski com uma leve tossida.
— Essa comida... está uma loucura de boa! — exclamou alegre, olhando na direção de Queenie. — É isso que eu faço... sou cozinheiro e esta, eu diria, é a melhor refeição que tive na minha vida.
Queenie ri delicada e maravilhada com aquilo.
— Ah, assim você me mata! Nunca na vida conversei de verdade com um Não-Maj antes.
— É mesmo? — Jacob pergunta sorridente.
Queenie e Jacob se olham nos olhos, todos sorrisos e risinhos, o que faz Margot, Newt e Tina se olharem entre si em um silêncio desagradável diante de todo aquele comportamento tão carinhoso e súbito.
— Eu não estou flertando! — ela fala chocada, na direção de Tina e Margot.
Margot sorri constrangida e Tina nega com a cabeça em direção da irmã.
— Só estou dizendo... para não se apegar, ele terá de ser obliviado! — Tina olha para Jacob com um olhar de desculpas. — Não é nada pessoal.
De súbito, assustando a todos, Jacob fica muito pálido e suado novamente, embora obviamente estivesse se esforçando para aparentar estar bem.
— Ah, ei, você está bem, querido? — Queenie pergunta preocupada.
Newt levanta-se rapidamente da mesa e se coloca sem jeito atrás de sua cadeira.
— Senhorita Goldstein, creio que o senhor Kowalski precisa dormir cedo — ele começa a dizer. — Além disso, nós precisaremos estar de pé cedinho para encontrar meu Pelúcio — falou olhando agora na direção de Margot
— Então...
Tina bufa aborrecida.
— Tudo bem — ela diz se levantando e indo em direção a um cômodo nos fundos do pequeno apartamento —, vocês podem dormir aqui, rapazes.
Um pouco mais tarde, Margot esperava por Tina, que havia ido entregar bebidas quentes para os dois homens, ela a esperava sentada na sala de estar com Queenie de companhia, cada uma com sua caneca de chocolate quente em mãos também.
— Você poderia dormir aqui também — Queenie falou em direção de Margot, que logo negou com a cabeça.
— Tenho que ir para casa, mas estarei aqui no primeiro horário da manhã de amanhã.
Queenie sorriu e concordou com a cabeça e, no minuto seguinte, Tina aparece na sala de estar onde as duas estão.
— E então? — Margot pergunta para ela.
— Eu os deixei bem acomodados — Tina respondeu dando de ombros.
Margot achou aquilo estranho.
— Assim tão fácil? O senhor Scamander não disse mais nada?
Tina apenas negou com a cabeça.
— Tudo bem — Margot falou enquanto se levantava e deixava a caneca agora vazia de chocolate na pequena mesa da sala. — Será que eu poderia dar uma palavrinha com o senhor Scamander antes de ir? — ela pergunta e Tina olha desconfiada para ela. — É sobre o Pelúcio e a minha coisa importante... sabe? Quero apenas ter certeza.
— O que é essa coisa importante? — Tina pergunta de olhos semicerrados na direção de Margot, obviamente duvidando dela e de suas intenções, mas Queenie logo se pôs de pé e toca um dos ombros da irmã em um aviso silencioso.
— É algo realmente importante para ela — Queenie diz sorridente. — Vá lá, querida, não tem problema.
Margot agradece com um leve acenar de cabeça e vai em direção ao corredor do quarto onde Tina havia deixado os dois homens se acolherem.
Ela anda devagar até lá e, quando abre a porta, se depara com a surpresa de um quarto totalmente vazio.
Margot pisca os olhos rapidamente e repetidamente, pensando por um segundo que eles talvez tenham fugido, porém, logo ela vê a maleta do senhor Scamander fechada e parada ao meio do quarto, ela então entra no cômodo devagar e fecha a porta com o dobro de cuidado atrás dela.
Ela não podia acreditar que estava prestes a entrar dentro de uma maleta.
O dia nem ao menos havia acabado, mas Newt Scamander já havia a metido em incontáveis problemas.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro