𝟎𝟏. Uma Grande Confusão
𝟎𝟏. Uma Grande Confusão
▋Banco Central de Nova York ── Dia
ERA UMA MANHÃ NUBLADA em Nova York, assim como a grande maioria dos dias por ali e, por conta disso, as cores do céu nublado costumavam refletir no humor e também na vestimenta das pessoas ao redor.
Uma grande multidão ia de um lado ao outro nas ruas, todos em seus casacos e sobretudo grossos, longos e de cores escuras. As pessoas andavam rápido por ali, era sempre assim em Nova York, as pessoas aparentavam sempre estar correndo de um lado ao outro como se estivessem sempre atrasadas para algo.
Alguns corriam para o trabalho, outros para suas casas depois de já terem cumprido alguma tarefa e outras, bom, outras pessoas que pareciam não estarem correndo atrasadas paravam na multidão de pessoas em frente ao banco que havia ali, maioria parava por pura curiosidade, mas não prestavam realmente atenção às palavras da mulher raivosa que discursava em alto e bom tom sobre bruxos e bruxas existirem e estarem escondidos em Nova York.
Contrastando contra tudo isso, um pequeno ponto em cores gritantes se aproximou da multidão, era uma mulher, uma mulher que chamava bastante atenção aonde quer que passasse.
As vestimentas dela não eram neutras, muito pelo contrário, elas começavam por um azul incandescente no chapéu coco que encontrava-se no topo de sua cabeça, os cabelos estavam bem presos em um penteado bem ornamentado, uma blusa de poá podia ser vista abaixo do enorme casaco também azul gritante, assim como a gravata azul de bolinhas em seu pescoço e os sapatos extremamente vermelhos.
Alguns cochichavam entre risos e murmúrios enquanto a mulher passava, mas a mesma pareceu não dar muita atenção àquilo, ela subiu as escadas que davam ao banco, ignorando completamente a mulher e sua falação.
A mulher excêntrica, entrou no local e logo atraiu mais olhos para si, ela jogou para a outra mão o seu longo guarda-chuva e subiu a manga de seu casaco, conferindo as horas em seu relógio de pulso.
Nove e meia, era o que o relógio indicava e, sorrindo satisfeita, a mulher sentou-se em um banco próximo e esperou perto de uma fila onde nomes estavam sendo chamados.
Ela arrumou seu guarda-chuva delicadamente ao seu lado no banco e abriu sua bolsa amarela, tirando de dentro um jornal com a data daquele dia.
"GRINDELWALD ATACA NOVAMENTE NA EUROPA"
Era o que dizia estampado em enormes letras berrantes logo no início do jornal.
A mulher fez uma careta quando leu o seguinte artigo: "ONDE ESTÁ GRINDELWALD?"
Ela estava pronta para ler o próximo, que provavelmente abordava o mesmo assunto, mas teve que fechar o jornal quando escutou uma voz alta e grave a chamar pelo nome.
"Margaret Robbin Murray", a voz gritou da fila mais à frente e Margot logo se pôs de pé, indo em direção de onde estava sendo chamada.
— Bom dia — uma voz doce e animada desejou.
O homem de trás do balcão olhou para a mulher de roupas coloridas e grande sorriso nos lábios vermelhos.
Ela era sim excêntrica, mas isso não queria dizer que não fosse uma mulher atraente.
— Bom dia, senhorita Margaret — ele desejou de volta.
— Pode me chamar apenas de Margot... — ela sorriu e olhou para o pequeno broche dourado no peito do homem, fechando um tanto os olhos para conseguir enxergar de onde estava — ... senhor Leopold.
Ele sorriu em resposta e concordou com a cabeça.
— Bom, Margot — ele coçou a garganta por um instante e Margot concordou com a cabeça, o incentivando a continuar. — Você está aqui por conta de uma herança, certo?
Margot concordou e retirou um pedaço de papel de dentro de sua bolsa, o arrastando pelo balcão em direção do homem ao outro lado.
— Meu pai faleceu — ela disse enquanto o homem lia o obituário que confirmava a morte de seu pai.
— Minhas condolências — ele desejou e ela apenas deu um pequeno sorriso sem graça em resposta. — Bom, parece que ele deixou algo aqui para a senhorita, não é?
Margot suspirou e passou uma de suas mãos enluvadas na testa, nem ela conseguia acreditar ainda que seu pai havia mesmo deixado algo para ela.
— Pelo menos é o que diz no testamento.
O homem concordou.
— Vou pedir que me entregue por um momento seus documentos, senhorita.
— Claro — ela sorriu mais uma vez e deu todos os documentos que havia trago consigo mesma para o homem.
Leopold, assim como o nome na placa em seu peito indicava, pegou os documentos e pediu por um segundo a Margot, a deixando sozinha no balcão e indo conferir algo mais aos fundos.
Margot mordeu um de seus dedos enluvados em nervosismo, ela realmente não fazia ideia do que seu pai poderia ter deixado para ela.
A história dela e de seu pai era complicada, assim como a grande maioria das histórias familiares.
Margot não via seu pai ou tinha notícias do mesmo desde que era uma pequena garotinha, ela apenas se lembrava dele a mandando embora assim que descobriu, a descartando nos braços de sua tia como se não fosse nada.
Mais um suspiro profundo se fez presente e Margot balançou a cabeça de um lado ao outro, espantando aqueles pensamentos.
Ela deu mais uma olhadela para onde o homem havia ido, mas sem sinal dele ainda.
Margot semicerrou os olhos e se colocou a pensar.
Se seu pai não gostava dela, o que será que ele havia deixado para a mesma?
Talvez dinheiro? Não, não. Ele era muito orgulhoso para fazer algo do tipo e ela estava sendo esperançosa demais esperando por aquilo.
Talvez, quem sabe, algo que ela tenha esquecido lá quando era mais nova? Não também, ele muito provavelmente já teria jogado fora a muito tempo.
Margot deu um pequeno salto ansioso quando viu o homem de mais cedo voltar, ele carregava consigo uma pequena caixa de madeira e estava sorridente.
— Aqui está, me desculpe pela demora — ele pediu. — As papeladas sempre são um problema.
Margot negou com a cabeça e tentou sorrir novamente.
— Então... — ela começou, olhando para a caixa. — O que há aí? — apontou com sua luva azul em direção da caixa de madeira em cima do balcão.
O homem sorriu em direção dela e ajeitou sua gravata.
— Senhorita Murray, o seu pai realmente te amava, se deixou isso aqui para a senhorita — ele disse enquanto abria a pequena caixa.
Por fora, a pequena caixa de madeira era simples. A cor era clara e ela brilhava contra a luz forte que havia no banco, mas quando foi aberta, Margot não pôde acreditar no que os seus olhos estavam olhando.
— É uma peça raríssima... — o homem detrás do balcão disse enquanto pegava com delicadeza o colar dentro da pequena caixa. — Ele é todo feito em diamantes — falou enquanto mostrava os diamantes incrustados delicadamente na longa alça do colar — e essa pedra ao meio, nada mais é do que um grande rubi.
Margot encontrava-se com seus olhos e boca arregalados, ela piscou um bocado de vezes e depois apontou para si mesma.
— Tem certeza que isso era mesmo para mim? Será que o senhor não errou e acabou me dando um dos objetos de outro Murray? — ela perguntou com seu coração acelerado.
É, aquilo era bem provável, afinal de contas, seu pai depois de sua mãe havia se casado novamente... não só uma vez, mas uma dezena delas e, bom, ele tinha muitos filhos.
O homem enrugou a testa em desentendimento e olhou novamente a papelada ao seu lado.
— Margaret Robbin Murray, é o nome que está aqui — confirmou.
Margot piscou e abriu a boca mais um bocado de vezes, sem conseguir dizer nada. Ela apenas olhou para o colar agora de volta na caixa e pensou no quanto aquilo parecia surreal demais.
— Vou precisar que a senhorita assine esses papéis — o homem voltou a falar, tirando Margot de seu próprio mundo em sua cabeça. — São para provar que a senhorita retirou o objeto do banco.
Margot respirou fundo e concordou com a cabeça.
— Certo — ela murmurou. — Tudo bem.
Ela assinou os papéis e quando o homem os pegou e a pediu por mais alguns segundos enquanto mais uma vez sumia na parte de trás do balcão, Margot pegou o pequeno e delicado colar em suas mãos.
Ela o pegou com extrema delicadeza, como se a qualquer momento o mesmo fosse se desfazer e sumir em um piscar de olhos.
Era um belo colar e obviamente deveria custar mais dinheiro do que Margot já havia visto ou pego em sua vida toda.
Ela não sabia o que fez seu pai deixar aquilo para ela... talvez uma consciência pesada antes de morrer?
Margot não sabia e nunca chegaria a saber, mas ela não ligava, era como se ele tivesse adivinhado o momento certo para lhe entregar aquilo e, mesmo que ela em seu passado já tivesse pensado o pior de seu pai, ela lhe daria algum crédito por aquilo, afinal de contas, se ela vendesse aquele colar conseguiria pagar o aluguel e não precisaria fechar o ateliê.
Aquilo a fez sorrir e beijar a enorme pedra no colar.
Sim! Ela continuaria confeccionando suas roupas e vivendo do que ama fazer!
Margot nunca mais reclamaria de seu pai, por mais que o mesmo merecesse e muito, ela nunca mais reclamaria e desejava que ele descansasse com bastante paz onde quer que estivesse!
Ela sorriu e olhou para a pedra mais de perto, limpando as marcas de batom que a mesma havia deixado ali e, quando fez isso, ela percebeu que havia duas pequenas letras gravadas próximo ao enorme rubi.
M e R, eram as letras que estavam ali e ela sorriu para aquilo.
Margaret Robbin era o seu nome, mas também havia sido o nome de sua mãe.
Aquele colar era realmente precioso.
Margot estava prestes a guardar o colar, pensando que dali para frente as coisas finalmente voltariam a dar certo para ela, porém, no momento seguinte, o colar não estava mais em suas mãos.
Foi rápido demais, como no movimentar de um piscar de olhos e então puf o colar havia sido arrancado de suas mãos enluvadas.
Margot olhou exasperada para o lado e viu um pequeno e peludo Pelúcio.
Por um momento ela não acreditou, afinal de contas, ela não estava em um banco Não-Maj? O que um Pelúcio estaria fazendo ali?
Porém, ela não conseguiu divagar nem um pouco mais quando o pequeno Pelúcio ladrãozinho saiu correndo enquanto escondia o colar no compartimento em sua pequena barriga.
— Ei! — ela gritou e as pessoas ao redor dela olharam em sua direção, mas Margot estava atordoada demais para reparar nisso agora.
— Algum problema? — o homem de mais cedo que havia voltado com os papéis perguntou alegremente.
Margot fechou a pequena caixa de madeira, para que ele não percebesse que não havia mais nenhum colar extremamente caro ali e a guardou em sua bolsa.
— Eu já vou indo, muito obrigada — ela falou rapidamente, deixando para trás o homem agora confuso.
Margot olha de um lado ao outro em desespero, como diabos um Pelúcio havia ido parar ali? E por que logo quando ela tinha ganhado um colar de diamantes e rubi?!
Ela não acreditava em seu azar.
Os olhos claros da mulher foram de um lado ao outro do lugar e, finalmente, ela viu novamente o pequeno Pelúcio sentado em um carrinho cheio de sacos de dinheiro, sendo empurrado por um guarda em direção a um elevador.
O que ela faria agora?!
E se ela desse um jeito no guarda e depois no Pelúcio?
Por Deliverance Dane! Ela já era odiada o suficiente pelo MACUSA para sair por aí fazendo mais uma coisa dessas.
"Ei, Senhor inglês! Acho que seu ovo está chocando."
Margaret olha rapidamente na direção de quem havia gritado isso e se depara com um homem parrudo e com um ovo de Occami em suas mãos erguidas.
Ele não tinha jeito de bruxo, Margot logo viu isso, mas o homem ao qual ele encarava que parecia atordoado olhando para o homem com um ovo de Occami na mão e para o elevador onde o Pelúcio havia ido ao mesmo tempo, ele sim obviamente era um bruxo e, percebendo o que o mesmo estava prestes a fazer, Margot se apressou em correr nos seus sapatos vermelhos e agarrar nos ombros do homem ruivo, bem no momento em que o mesmo desaparatou junto ao Não-Maj.
Em um instante, todos os três aparataram em uma sala aos fundos do banco, em uma escada estreita.
Margot observou o bruxo retirar o ovo das mãos do outro homem e, logo em seguida, o pequeno ovo eclodiu, revelando um pequeno passarinho azul, parecido com uma cobra — um Occami.
E, como se nem ao menos tivesse reparado em Margot ali e se esquecido do Não-Maj, o bruxo leva delicadamente a criatura bebê escada abaixo.
— Com licença... — o Não-Maj disse, parecendo extremamente confuso. — Eu estava... lá. Agora estou aqui. Eu estava... lá? — ele dizia em confusão, olhando de um lado ao outro.
Margot decide deixar o homem ali e vai em direção do bruxo que ela tinha certeza absoluta ser quem estava causando toda essa enorme confusão.
— Você, para dentro... — ela o escutou sussurrar para sua mala um tanto aberta. — Não. Todo mundo quietinho... fiquem aí. Dougal, não me obrigue a entrar aí...
— Aquele pequeno ladrãozinho é seu, não é?
O bruxo ruivo fechou sua maleta e levantou os olhos em confusão em direção da voz feminina que se fez de repente presente ali.
— O Pelúcio, ele é seu, não é? — ela perguntou novamente, impaciente, quando o mesmo chegou com os olhos no rosto da mesma. — Onde ele está? Está aí dentro? — apontou para a maleta.
O bruxo ainda olhava intrigado para a mulher a sua frente, que obviamente era uma bruxa também, porém, ele apenas se recordava de ter desaparatado com um Trouxa e não com mais alguém.
— Tem um Tronquilho escapando do bolso do seu paletó — ela apontou e o homem logo observou o pequenino Tronquilho observando curioso ao redor.
— Bela gravata — o bruxo apontou para o pescoço dela, ao qual Margot levou a mão enluvada até sua gravata vermelha com pequenos pontinhos brancos.
— Obrigada — ela agradeceu.
Um pequeno barulho chama a atenção de ambos, que olham para trás e se deparam com o pequeno Pelúcio espremendo-se pelas portas trancadas, entrando na caixa-forte central.
— De jeito nenhum! — o bruxo exclamou e foi em direção a caixa-forte, pegando sua varinha e apontando para a mesma. — Alohomora.
As trancas e engrenagens começam a girar e se destrancar e, conforme as mesmas vão se abrindo, Margot se aproxima ainda mais da grande porta, pronta para pegar o Pelúcio e seu colar de volta.
— Ah, então o senhor vai roubar o dinheiro, hein? — todos os três olharam surpresos para trás e se depararam com um velho homem apontando para o Não-Maj que ainda continuava próximo às escadas.
De repente, um enorme e ensurdecedor alarme tocou por todos os lados do banco e, Margot, colocando uma das mãos em sua orelha, não aguentando o ensurdecedor alarme, saca sua varinha e aponta em direção ao homem...
— Petrificus Totalus!
O homem mais velho de repente fica rígido e cai duro no chão. O Não-Maj parecia nem acreditar no que via e muito menos Margot no que havia feito... ela estava tão encrencada!
O bruxo ruivo corre em direção à caixa-forte e Margot se apressa em ir junto dele. Dentro dela, o Pelúcio se encontra entre centenas de cofres de depósitos abertos, sentado em uma grande pilha de dinheiro.
O Pelúcio encara seu dono em desafio enquanto força mais uma barra de ouro para dentro de sua bolsa já transbordando.
— Sério?! — ambos o homem ruivo e Margot exclamam em direção ao Pelúcio.
O homem corre e agarra o Pelúcio com força e o vira de cabeça para baixo, sacudindo-o pelas pernas traseiras. Cai dele uma quantidade extraordinária e aparentemente interminável de objetos preciosos, mas nenhum deles é o colar de Margot.
— Não está aqui — ela murmurou enquanto olhava para todas as coisas que caiam do Pelúcio, ela olhou em desespero para o homem à sua frente. — Ele pegou algo meu mais cedo, algo bastante valioso! — explicou e o bruxo acenou com a cabeça, voltando a balançar o Pelúcio.
Margot resolveu ajudar, já que queria sair o mais rápido possível dali, então, ela chegou mais próximo de ambos bruxo e Pelúcio e atacou o ladrãozinho com cócegas em sua pequena barriga, o que fez o mesmo soltar mais um bocado de tesouros no chão enquanto ria.
O bruxo olhou surpreso para a mulher à sua frente que parecia nem ao menos se lembrar mais dele ali enquanto olhava para tudo que caía da bolsa do Pelúcio. Ela parecia entender o que estava fazendo.
Passos rápidos de vários guardas armados descendo às escadas se fazem presentes.
— Ah, não... não... não atirem — o Não-Maj grita enquanto coloca suas mãos ao alto de sua cabeça, em completo desespero. — Não atirem!
Margot, vendo as armas nas mãos dos homens, acaba se desesperando também e então agarra ambos seus dois comparsas no crime e então desaparatam dali.
Os três aparatam em uma rua lateral, próxima ao banco. Alarmes de segurança soam de lá ainda e, no final da rua, uma multidão se reúne com a chegada da polícia.
Margot está com a mão em seu peito esquerdo, pensando que fazia muito tempo que ela não passava por tamanha emoção, enquanto isso, o outro bruxo luta para recolocar o Pelúcio na maleta, enquanto o Não-Maj se encolhe em uma parede.
— Aaaahhh! — ele gritou reparando em seus arredores e não entendendo bulhufas do que poderia estar acontecendo.
Margot se aproximou dele e deu um pequeno tapinha em um de seus ombros, tentando o consolar.
— Pela última vez, seu pestinha ladrão... tire suas patas do que não lhe pertence! — o bruxo ruivo exclamou enquanto finalmente fechava a maleta e se virava em direção às outras duas pessoas atrás dele. — Eu lamento muitíssimo por tudo isso...
— Você não deveria estar com uma maleta cheia desses animais em Nova York — Margot advertiu.
— Mas o que diabos foi isso?! — o Não-Maj exclamou ainda completamente confuso.
O bruxo ruivo olhou para a mulher como se pedisse por um segundo e então se virou para o Não-Maj novamente.
— Nada que precise preocupá-lo. — ele começou. — Agora, infelizmente o senhor viu demais e, assim, se não se importa... se ficar parado aí... isto acabará em um minutinho.
Ele se virou procurando sua varinha e o Não-Maj, surpreendendo a todos, pega sua maleta e com ela bate violentamente no bruxo, que cai no chão.
— Desculpe-me! — o Não-Maj gritou correndo como o diabo da cruz, se misturando na multidão de pessoas.
— Você está bem? — Margot perguntou ao homem que se levantava com uma mão na cabeça. — Hoje está sendo um dia de muitas surpresas...
"Droga!", ela o ouviu murmurar e, ela o entendia, os dois estariam bastante encrencados se mais alguém descobrisse que um Não-Maj foi exposto a tudo aquilo e ainda fugiu sem ser obliviado, porém, ela contava consigo mesma para estar bem longe dali quando aquilo acontecesse.
— Então... agora... — Margot voltou a falar. — Onde está aquele seu pequeno Pelúcio, senhor? Ele ainda está com algo que me pertence.
O bruxo concordou com a cabeça e voltou a pegar sua maleta.
— Mais uma vez... — ele disse. — Eu lamento muitíssimo por tudo isso.
— Vamos apenas pegar o meu objeto valioso com o Pelúcio e então estará tudo perdoado — ela sorriu e ele concordou com a cabeça.
Ambos se aproximaram da maleta quando o bruxo estava prestes a abri-la, porém, não foi isso que aconteceu quando os dois sentiram-se serem agarrados subitamente e serem levados a força dali.
Mais uma vez aparatando naquele dia, Margot se viu tropeçando nos próprios pés e sendo amparada pelo bruxo de mais cedo antes que caísse de cara no chão.
— Tina! — ela exclamou para a mulher à sua frente, com um enorme casaco cinza e molho de mostarda sujando o lábio superior, ao qual a mesma parecia não ter reparado ainda.
— Margaret! — a bruxa exclamou de volta, apontando acusadoramente para Margot.
Sério, Margot não conseguia acreditar na enorme onda de azar que estava tendo naquele dia.
— E quem é você? — a mulher com molho de mostar no rosto voltou a perguntar, mas agora apontando na direção do bruxo ruivo.
— Como disse?
— Quem é você? — ela repetiu parecendo irritada, ela obviamente sabia sobre os acontecimentos no banco, o que apenas fez Margot suspirar em desespero.
— Newt Scamander. E você é?
— O que é isso na sua maleta? — ela voltou a perguntar, apontando para a maleta acusadoramente.
— Ele tem um Pelúcio aí dentro — Margot foi quem respondeu e Newt, como havia revelado, apontou para a mostarda que ainda estava no lábio de Tina.
— Humm, tem uma coisa na sua...-
— Por Deliverance Dane! — ela exclamou o cortando. — Por que você deixou essa coisa fugir?
Margot chamou a atenção de Tina para ela, não entendendo até onde a mesma gostaria de chegar, mas esperando que acabasse logo.
— Acho que não foi a intenção dele, Pelúcios ficam malucos quando vêem coisas brilhantes.
— Não foi a intenção dele? — Tina perguntou incrédula. — Não importa, ele não podia ter escolhido uma hora pior para deixar essa criatura fugir! Temos um problemão aqui! Vou levar vocês.
— Como é?
— Vai me levar para onde?
Margot e Newt perguntaram ao mesmo tempo.
Tina abre então um dos lados de seu enorme casaco cinza e mostra uma carteira de identidade com sua foto em movimento e um símbolo magnífico da águia americana: MACUSA.
— Congresso Mágico dos Estados Unidos da América.
O senhor Scamander pareceu nervoso diante dessa mais nova informação.
— Então, trabalha para o MACUSA? E você é o quê, alguma espécie de investigadora?
— Hum-hum — foi o que Tina respondeu enquanto devolvia a identidade ao casaco e, Margot, soltou uma pequena risada para isso.
— Por Deliverance Dane, Porpentina! — ela exclamou. — Apenas me deixe, por favor, pegar algo meu que está com o Pelúcio e nos deixe ir embora, sim?
— Não! — Tina respondeu. — Já disse que temos um problemão aqui! Vocês vem comigo.
— Para onde e para que? Verificar nossas varin...-
Tina correu até Margot e fechou a boca da mesma, que a olhou não gostando nem um pouco daquilo.
— Além de tudo isso, eu vi que também não deram um jeito no Não-Maj — ela revelou.
Margot resmungou uma maldição e Newt olhou confuso para Tina.
— Demos um jeito em quê? — ele perguntou e Tina pareceu ficar ainda mais irritada.
— O Não-mágico...
— O não-bruxo — Margot também tentou quando viu o rosto de confusão do bruxo que, pelo sotaque, parecia ser inglês.
— Ah, desculpe-me, nós os chamamos de Trouxas.
— Mas isso não é um insulto? — Margot perguntou de cenho franzido, achando aquilo bastante estranho.
Tina bufou ao lado de Margot, parecendo preocupada e horrorizada de verdade ali.
— Isto é uma Sessão 3A, Senhor Scamander e Senhorita Murray. Vou levar vocês.
Ela então agarrou o braço de cada um deles e antes que pudessem dizer algo, desaparataram mais uma vez.
— Por que tenho que vir junto também? — Margot perguntou enquanto Tina arrastava ela e Scamander pela manga de seus casacos. — Estou dizendo, sou apenas uma vítima nisso tudo.
Eles andavam apressados pela Broadway, indo em direção a um enorme arranha-céu decorado com entalhes em uma esquina movimentada.
— Ora, por que será que não acredito nisso? — Tina falou e Margot colocou uma mão no peito, sentindo-se ofendida. — Vamos.
— Humm... — o senhor Scamander resmungou do outro lado. — Desculpe-me, mas na verdade tenho o que fazer.
— Ora, você terá de remarcar então! — Tina respondeu e Margot bufou em desagrado logo ao lado.
Tina guia ambos à força pelo trânsito intenso do local, em direção ao enorme arranha-céu, os levando para uma porta lateral que estava sendo protegida por um homem de uniforme com capa.
— Tenho uma Sessão 3A — Tina informou a ele, que olhou do bruxo ruivo até Margot do outro lado e franziu o cenho para ela ali.
— Ela tem uma Sessão 3A — Margot repetiu com um sorriso de lado e o guarda assentiu ainda parecendo um tanto confuso, mas abriu a porta para que eles passassem.
Enquanto os três andam pelo que parece ser um saguão comercial normal dos anos 1920, com muita gente reunida e conversando, as coisas mudam drasticamente quando os três passam pela porta do Woolworth Building, que se transforma magicamente no Congresso Mágico dos Estados Unidos (MACUSA).
Tina os arrasta até o elevador e, quando a porta do mesmo se abre, um duende mensageiro é revelado.
— Oi, Goldstein — ele cumprimenta e vê ao lado uma pessoa já conhecida também. — ... e Murray também — ele murmura olhando na direção de Margot.
— Olá, Red — as duas cumprimentam enquanto entram no elevador.
— Departamento Central de Investigação — Tina informa ao duende.
— Pensei que você estava...-
— Departamento Central de Investigação! Tenho uma Sessão 3A! — Tina disse interrompendo o duende.
— Você não está sozinho, Red — Margot disse ao lado do duende. — Todos nós pensamos o mesmo.
O duende seguiu Margot em uma pequena risada, ao qual Tina não escondeu seu desgosto com aquilo.
— Não pode rir de mim quando está encrencada, Margot — ela disse.
— Eu não sei do que está falando — Margot resmungou enquanto parava subitamente de rir.
O elevador parou no Departamento Central de Investigação e os três saíram sendo guiados por Tina novamente, mas, quando estavam se aproximando, Margot logo viu que não era uma boa ideia entrar ali.
— É uma reunião, Tina! — ela alertou, mas já era tarde demais.
Uma grande quantidade de pessoas estava reunida ali, todos Aurores do mais alto nível e, claro, Madame Picquery em pessoa também estava ali, a própria Presidente da Magia.
Todos olharam surpresos para o trio que acabara de chegar ali.
— Deixei sua posição aqui bem clara, Senhorita Goldstein — a presidente disse, parecendo furiosa por ter sua reunião interrompida, porém contida.
— Sim, senhora presidente, mas eu... — Tina tentou continuar, mesmo parecendo assustada, mas não conseguiu.
— Você não é mais uma Auror — a presidente disse em tom de aviso bem claro.
— Não, senhora presidente, mas...
— Goldstein — alertou mais uma vez.
— Houve um pequeno incidente...
— Bem, este gabinete no momento está preocupado com incidentes muito maiores — a presidente disse e parecia prestes a mandá-la sair dali, mas então percebeu um casaco azul berrante e um chapéu coco na mesma cor tentando se esconder atrás do bruxo que estava sendo puxado por uma das mangas por Porpentina Goldstein. — Senhorita Murray... — ela falou surpresa.
Margot, percebendo que sua tentativa de se esconder não havia dado muito certo, acabou saindo e dando as caras.
— Olá, senhora presidente.
— Que bela dupla — ela olhou para Margot e então para Tina. — A senhorita também não deveria estar aqui.
Margot concordou com a cabeça e coçou a garganta.
— Não deveria mesmo... — ela concordou — ... vim apenas trazer meu amigo aqui para dar uma olhada em sua licença de varinha.
Madame Picquery não pareceu acreditar nem um pouco naquilo, mas também não se importava com o que quer que fosse.
— Saiam daqui — ela mandou e Tina e Margot logo concordaram enquanto saiam em disparada daquela sala.
— Olhe só que vergonha você nos fez passar — Margot murmurou para Tina, com uma enorme feição de desgosto no rosto.
— Você já está bastante acostumada — Tina respondeu e Margot a olhou raivosa por aquilo.
Eles foram novamente em direção ao elevador e dessa vez, foi Margot quem pediu à Red para ir diretamente à Seção de Licenciamento de Varinhas.
Tina anda derrotada na frente quando o elevador pára, dessa vez na seção certa. Ela para atrás de uma mesa, tira o casaco e o chapéu e tenta recuperar a autoestima perdida.
— Então, você já conseguiu sua licença de varinha? — ela diz diretamente a Newt Scamander. — Todos os estrangeiros precisam ter uma em Nova York.
— Mandei uma requisição pelo correio semanas atrás — ele respondeu e Margot revirou os olhos para a mentira óbvia demais.
Tina se sentou à mesa, escrevendo em uma prancheta.
— Vamos lá, Tina — Margot pediu enquanto se aproximava da mesa. — Eu não tenho todo o tempo do mundo, apenas preciso do meu colar que está com o Pelúcio dele, nada mais.
Uma sobrancelha escura na testa de Tina se ergueu em direção de Margot.
— Pensei que estava aqui para ajudar seu amigo com a licença dele — ela disse e Margot revirou os olhos. — Uma coisa de cada vez, Murray.
Margot cruzou os braços e se sentou em cima da mesa e de alguns papéis que haviam ali jogados, esperando.
— Scamander... — Tina disse enquanto escrevia, era óbvio que ela achava-o muito suspeito. — E você esteve na Guiné Equatorial? — perguntou surpresa.
— Acabo de completar um ano de pesquisa de campo. Estou escrevendo um livro sobre criaturas mágicas.
— Como... um guia de extermínio? — Tina perguntou com uma sobrancelha erguida.
— Não. Um guia para ajudar as pessoas a entender por que devem proteger essas criaturas em vez de matá-las.
— Isso é bastante interessante — Margot disse surpresa. — Estava dando uma volta ao mundo pela sua pesquisa?
Newt estava bastante empolgado para responder aquilo, visto que Margot parecia verdadeiramente interessada no assunto, porém, logo uma voz bastante zangada se fez presente.
— GOLDSTEIN! — gritou. — Onde ela está? Onde ela está? GOLDSTEIN!
Tina arregalou os olhos e se jogou para trás da mesa, escondendo-se, o que pareceu divertir Margot e Newt.
Um homem de estatura pequena, porém, de queixo erguido em uma pose altiva e pomposa, aparece na pequena saleta e de imediato nota o esconderijo terrível de Tina.
— Goldstein! Por acaso você se intrometeu de novo na Equipe de Investigação?
Tina sai com uma expressão de culpa em seu rosto, ela estava prestes a se defender, porém, o pequeno homem foi mais rápido que ela.
— Onde você esteve?
— O que...? — ela pergunta sem jeito.
— Onde ela pegou você? — ele pergunta para Newt dessa vez.
— Eu? — Newt pergunta em confusão e o pequeno homem pomposo olha em direção de Margot, reparando nela ali pela primeira vez.
Tina nega com cabeça e braços logo atrás deles, em desespero.
— Murray? O que faz aqui? — perguntou diretamente para Margot, que deu uma olhadela em Tina que implorava com as mãos para que ela não dissesse a verdade.
Margot deu de ombros, assim como Newt.
— Vim ver se minha licença de varinha estava em dia.
O homem revirou os olhos para a óbvia mentira de Murray e voltou a olhar para Tina.
— Você esteve atrás dos Segundos-salemianos de novo?
Margot arregalou os olhos e Tina também.
— É claro que não, senhor — ela negou veementemente com a cabeça.
"Sério?", Margot perguntou em silêncio para Tina, que deu um sorriso sem graça em resposta.
Ela nunca parecia aprender.
O pequeno sujeito pomposo se vira em direção aos outros dois novamente, mas logo fica rígido quando parece ver mais alguém na pequena saleta.
— Boa tarde, senhor Graves, senhor!
Margot se virou nos calcanhares e olhou surpresa para o homem que havia acabado de chegar.
— Boa tarde, humm... Abernathy.
Tina avança para frente e se dirige formalmente a Graves também.
— Senhor Graves, senhor — ela fala acelerado. — Este é o senhor Scamander... — ela aponta acusadoramente para o mesmo — ele tem uma criatura louca nesta maleta, ela saiu e provocou desordem no banco, senhor.
Graves olha para Tina como se não acreditasse muito naquilo.
— A senhorita Murray também estava lá, senhor — ela logo se adiantou em falar, apontando para Margot.
Os olhos de Graves pousaram na excêntrica mulher em roupas de cores berrantes.
— Olá, senhor Graves — ela cumprimentou com uma careta. — É verdade que eu estava lá, mas não é o que parece, senhor... — ela logo se adiantou a explicar.
— E com o que se parece então, senhorita Murray? — ele perguntou.
— É apenas um Pelúcio — falou dando de ombros.
— Vejamos o sujeitinho então — Graves disse e apontou em direção a maleta de Newt Scamander.
Tina soltou um suspiro de alívio; enfim alguém lhe dava ouvidos.
Enquanto isso, Newt tenta falar — parecendo entrar em pânico — e, Margot volta a cruzar os braços em impaciência, ninguém parecia querer escutá-la também.
Tina remexe os dedos das mãos e então abre a maleta em um supetão, como se estivesse pronta para combater o que quer que estivesse ali, mas não havia nada de errado ou perigoso nos bolinhos dentro da maleta.
Newt e Margot correm apavorados até a maleta.
— Ela deveria estar assim? — Margot pergunta em um sussurro para Newt que nega com a cabeça e ela tem vontade de jogar aqueles bolinhos para todos os lados na pequena sala.
— Tina... — Graves diz em repreensão para mais um dos erros de Tina.
Ele se afasta e vai embora, deixando os três ali na saleta sozinhos.
— Certo — Margot fala apontando para Newt Scamander. — Nós precisamos encontrar esse Pelúcio imediatamente!
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