Epílogo
EM UM PEQUENO QUARTO de cores cinzas e monótonas, Margot se encontra sentada em uma cama de hospital, vestindo uma camisola cinza e sem graça, como a de todos os outros pacientes, mas com um casaco de lã em várias cores berrantes — esse casaco havia sido feito por ela mesma em sua estadia ali.
— Não vejo a hora de voltarmos pra casa — George, que estava sentado em uma poltrona não muito distante dela, lendo um jornal, murmurou de repente entre um suspiro e outro. — Esse lugar não tem cor nenhuma — falou com uma careta que fez Margot rir.
George havia viajado de Nova York até Paris quando finalmente recebeu notícias de Margot, veio o mais rápido que pôde quando soube do estado de sua amiga. Ele cuidou de tudo no ateliê e então deixou uma prima sua de confiança cuidando dos negócios, para poder vir fazer companhia a sua amiga no hospital em que ela estava.
— Também não gosto muito daqui — Margot concordou, olhando mais uma vez para as cortinas brancas, o tapete cinza e as paredes de mesma cor. — Nunca vi tanto cinza em toda a minha vida — ela comentou, abraçando seu casaco de lã multicolorido.
— Com sorte eles lhe darão alta logo e nós vamos voltar para casa — George comentou animado, olhando para sua amiga e a vendo em um estado bem melhor.
Mas Margot apenas deu um meio sorriso de lado que fez o sorriso no rosto de George murchar, pois ele conhecia bem demais aquele sorriso de Margot.
— Ou talvez eu volte sozinho — ele disse fechando o jornal em suas mãos e o jogando para longe, em uma das prateleiras próximas a ele. — Afinal você não está sozinha e eu duvido que vá desistir das coisas como elas estão.
Margot concordou, ele a conhecia bem demais. E era verdade, ela não estava sozinha, havia Tina, que dormia com ela ali sempre que podia e quando ela não estava disponível, havia Jacob, que sempre aparecia para a alegrar, mesmo estando triste com a súbita escolha de Queenie, e havia também Newt, que nunca saia de seu lado, mas que essa manhã teve que sair pela primeira vez — com muito pesar — , pois ele tinha algo importante a se tratar com Dumbledore que havia vindo de longe apenas para conversar com Newt, que se recusava a sair do lado de Margot enquanto ela não melhorasse.
— As coisas estão longe de se arrumarem por aqui — ela voltou a falar. — Assim que eles me liberarem, eu irei ajudar com o pouco que eu sei.
— Uma verdadeira Auror — George comentou e Margot teve que concordar.
— Acho que isso nunca saiu de mim, sabe? Mesmo que eu quisesse sempre negar muito para mim mesma.
— Eu sei — George comentou e Margot deu uma pequena risada.
Ele abriu a boca para comentar sobre mais alguma coisa, mas então, sons de passos foram ouvidos no corredor e quando ambos se viraram para a porta do quarto, lá estava Newt Scamander.
— Olá, Margot — ele cumprimentou com um pequeno sorriso nos lábios, ele parecia ofegante, como se tivesse corrido até ali, com pressa para voltar. — George — ele disse depois, também cumprimentando o homem do outro lado da sala.
— Olá, Newt — George cumprimentou com um sorriso radiante. — Que bom que chegou, Margot já estava morrendo de saudades, não parava de falar de você... — ele disse enquanto se levantava e suspirava teatralmente, lançando uma piscadela para Margot, que apenas rolou os olhos em resposta. — Cuide bem dela, amanhã eu volto para te trazer mais lã — ele falou apontando para a cama de Margot, abarrotada de bolas de lã de diversas cores diferentes e gorros e luvas que Margot estava tricotando para passar o tempo.
— Até mais George — Newt disse enquanto observava George acenar uma última vez para os dois e então sair do quarto fechando a porta atrás de si.
Margot sentiu o coração dar uma salto nervoso dentro de seu peito quando observou Newt, ela tratou de afastar todas as peças de lã de sua cama e então deu duas batidinhas no espaço logo ao lado dela, convidando Newt.
— E então — ela começou, observando Newt se sentar desajeitadamente ao seu lado. — Como foi com Dumbledore?
— Era como nós desconfiávamos, aquele pequeno recipiente que o Pelucio pegou de Grindelwald se tratava mesmo de um pacto de sangue — ele revelou, soltando um suspiro nervoso, ou talvez cansado. — Eles juraram não lutar um contra o outro.
Margot mexia em seu casaco de lã nervosamente, sentindo o tecido entre os dedos enquanto prestava atenção em Newt.
— E ele pode destruí-lo?
Newt deixou de encarar as próprias mãos e então olhou para Margot logo ao lado.
Ela estava linda naquele casaco de lã novo... ele pigarrou, tentando mudar sua linha de raciocínio e voltar a conversa dos dois.
— Nós vamos trabalhar nisso — ele finalmente respondeu e Margot sorriu para aquilo.
— Que bom — ela respondeu ainda sorrindo e, apesar de não estar olhando diretamente para ela, Newt sorriu também. — Aqui, eu fiz um par de luvas para combinarem com o seu cachecol — ela falou de repente, puxando no meio da cama um par de luvas amarelas com detalhes em dourado.
Margot estava entediada ali e não gostava daquele lugar, aquilo não era surpresa para ninguém, então, George sempre trazia muitas lãs e kits de costura para que ela pudesse ocupar seu tempo com algo e, além de fazer casacos coloridos para si mesma, Margot parecia gostar de fazer pequenos apetrechos para Newt também.
Primeiro ela o fez um cachecol amarelo com um Pelucio desenhado em uma das pontas, ao qual, Newt tratou de vestir no mesmo momento em que ela o deu de presente e, agora, ela estava o dando um par de luvas amarelas com detalhes em dourado, os detalhes pareciam com penas desenhadas com lã dourada e pequenos detalhes de raios, o que o fazia lembrar um pássaro trovão, aquilo o fez sorrir brilhantemente para Margot.
— Obrigado, Margot, são muito bonitas — ele falou aceitando o presente e logo vestindo seu mais novo par de luvas novos.
— O amarelo combina mesmo com você — ela comentou e Newt apenas sentiu as bochechas queimarem, sem saber o que dizer.
Ele virou o rosto na direção de Margot e a viu olhando na direção dele, a pele dela ainda estava meio avermelhada por conta das queimaduras, eram pequenas, mas mesmo assim se destacavam em sua pele pálida.
— Eu sei — ela comentou, colocando uma das mãos sobre uma bochecha, tampando uma das queimaduras. — Não é muito bonito de se olhar.
Newt no mesmo momento negou com a cabeça e pegou as mãos de Margot nas suas, a surpreendendo.
— Não, você continua sendo a criatura mais bonita que já vi — ele falou rápido, não querendo nem por um momento que ela duvidasse daquilo.
Margot sentiu as bochechas pegarem fogo com aquele elogio, mas sorriu em direção de Newt.
— Eu só queria ter feito algo — ele murmurou. — Eu deveria ter feito algo.
Margot apertou as mãos de Newt nas suas e o fez voltar a olhar na direção dela, ela sorriu para ele novamente, o tranquilizando.
— Você fez muitas coisas, Newt. Muitas coisas boas — ela falou, com uma certeza tão grande na voz que fez Newt a olhar com carinho. — Não me arrependo do que fiz lá, sabe? Todos saíram salvos e agora eu estou aqui — ela murmurou, acarinhando as mãos de Newt e sorrindo delicadamente. — Estou aqui com você.
Newt sentiu seu coração saltar em seu peito e por um segundo quis não ter vestido as luvas, só para que conseguisse sentir o carinho que Margot estava fazendo em suas mãos tocarem diretamente em sua pele.
— Não vou para lugar nenhum — ele disse confiante. — Eu prometo.
Margot sorriu e uniu sua testa com a de Newt, ela fechou os olhos e concordou com a cabeça, ela sabia disso. Ela sabia que ele não a deixaria, Margot sabia que onde um fosse o outro também iria junto.
— Eu sei — ela respondeu e abriu os olhos, apenas para se deparar com os olhos de Newt já a observando de perto.
Newt viu uma pergunta nos olhos de Margot, ela o estava pedindo permissão e com um pequeno agitar de cabeça, ele deu sua resposta a Margot, que sorriu brilhantemente e uniu brevemente os lábios dos dois.
Foi um beijo breve e delicado, Margot deixou um segundo beijo na bochecha de Newt antes de deitar a cabeça em um dos ombros dele, que ainda estava tentando fazer com que seu coração desacelerasse em seu próprio peito.
Ele piscou os olhos e abraçou os ombros de Margot. Ela sairia dali e então todos eles trariam Queenie de volta, derrotariam Grindelwald e trariam paz às coisas novamente. Obviamente as coisas não seriam tão simples assim, mas ele sabia que, enquanto ambos estivessem juntos, tudo daria certo no final.
Muito obrigada a todos que acompanharam Eccentrically Eccentrici até aqui, por todos os comentários e votos... a história finalmente chegou ao seu fim, muito obrigada mesmo por fazerem parte dessa aventura 💛
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