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Capítulo Um: Fim e Começo

Não tenho problema em ver pessoas mortas. Não, realmente não tenho. Afinal, a única certeza que tenho na vida é de que, algum dia, será o meu corpo que enfiarão em um caixão de madeira, jogarão flores em cima e dirão palavras bonitas e falsas ao vento.

Não que eu me importe com toda essa merda. Estarei morto, de qualquer forma.

Também não me importo com o cheiro. O cheiro da putrefação de cadáveres, que faria qualquer um vomitar as próprias tripas em questão de minutos, sujando o chão e os sapatos de outras pessoas. Não, apesar de ser nojento, também não me importo com o cheiro rançoso e, ao mesmo tempo, estranhamente doce de corpos humanos.

Não que seja esse o caso, já que essa pobre mulher ainda não começou a apodrecer. Ainda. Na atual situação, o único cheiro que sinto é de sangue e aquele odor familiar, suave e quase imperceptível: morte. Morte cobrindo as paredes de tijolos e concreto desse beco imundo, como a chuva cobre o chão durante uma tempestade.

Não. Nem ver, nem sentir o cheiro, me incomodam.

O que realmente me incomoda, o que realmente é um problema para mim, é o barulho.

Sirenes. Pessoas. Choro. Gritos. Me pergunto como a morte pode ser algo tão silencioso e, ao mesmo tempo, tão barulhento. Como pode ser uma das únicas coisas da vida pela qual passaremos completamente sozinhos e, ainda assim, as pessoas se amontoam ao lado dos corpos sem vida, seja por pesar ou por curiosidade.

Morreremos do modo como viemos ao mundo: sozinhos. Isso nunca vai mudar. Mórbido? Talvez. Mas real.

— Já está dormindo, Nik? — uma voz soa.

Estou escorado em uma das paredes desse maldito beco, de olhos fechados. Ou assim estava, antes do meu parceiro chamar a minha atenção. Abro os olhos e fito o homem à minha frente: cabelos castanhos escuros trançados, curtos, raspados nas laterais e presos, pele negra, barba da mesma cor dos cabelos, tão alto quanto eu, olhos castanhos esverdeados que se destacam em seu rosto sério. Axel.

— Como se alguém pudesse sequer tirar um cochilo com essa bagunça. — murmuro, segurando um bocejo.

Cara, como eu odeio crimes que acontecem no meio da madrugada. Nem pude terminar de beber a minha garrafa de vinho e assistir àquela série. Me pergunto se um assassino não poderia ter outro maldito hobby que o mantenha ocupado durante a madrugada, ao invés de matar pessoas por aí.

Axel solta uma risada baixa, mas volta a ficar sério. Ele olha para o seu bloco de notas. Sim, meu parceiro ainda usa bloco de notas. Tão ultrapassado que me dá calafrios.

— A vítima dessa vez é Cassidy Willians, vinte e três anos de idade. Ainda não conseguimos contatar os pais. — ele olha de soslaio para o corpo sendo coberto por aquela porra de saco preto. — Mesma coisa das outras duas vítimas: marcas profundas de perfuração no pescoço, sangue totalmente drenado. Sem sinais de roubo ou outras marcas.

Solto um palavrão. Malditos vampiros imbecis!

Não é problema meu o que uma pessoa faz para viver, mas eles poderiam ser mais discretos. Como seres com séculos de idade conseguem ser tão estúpidos às vezes? Qual o problema de tomar um pouco de sangue de duas ou três pessoas, ao invés de secar as veias de uma única pessoa?

Sugadores de sangue idiotas!

Semana passada encontramos dois corpos, dois homens, mortos da mesma maneira, com três dias de diferença um do outro. Os corpos estavam jogados em uma vala qualquer, esquecidos por seu assassino como uma criança esquece um brinquedo velho.

Darion, o chefe da Divisão de Investigações Sobrenaturais, está louco atrás de algo que ligue as vítimas. Embora sem muito sucesso, por enquanto. Por isso ele está praticamente instaurando uma espécie de caça às bruxas dentro do DIS, já que os grandões lá de cima estão se borrando de medo de que essas mortes sejam a fagulha que irá explodir uma guerra entre nós e os sobrenaturais. Conflito esse que faria as Guerras Mundiais parecerem brincadeira de escoteiro, perto do que pode acontecer.

Não me envolvo muito nessa parte burocrática, já que o meu trabalho é melhor aproveitado em campo. Afinal, o que um psíquico faria atrás de um computador, procurando imagens de câmeras e fazendo triangulações de locais de crimes?

Mas Darion prometeu que pagaria todas as rodadas de bebidas nos próximos três happy hours, se conseguirmos pegar o assassino antes do final do mês. Quem precisa de um incentivo melhor?

— Candice encontrou alguma coisa? — pergunto.

Axel apenas meneia a cabeça em negativa.

— Não, mas prometeu ligar assim que conseguisse algo. — ele confere o próprio celular. — Ainda nada.

Como um bizarro acaso do destino, o meu celular começa a tocar. Lanço um sorriso de lado para o meu parceiro, que apenas dá de ombros e volta para perto do corpo. Está na cara de qual de nós dois Candice gosta mais.

— Um beijo por uma boa notícia. — atendo.

Ela é uma das melhores agentes da divisão, uma psíquica como eu e Axel, e uma amiga há um bom tempo. A sua habilidade com computadores somente não é superada pela resistência que ela tem a gin tônica. Já a vi tomar taças e taças daquele Diabo em forma de bebida e nem sequer ficar vermelha. Mais assustador do que um bando de fantasmas raivosos.

— Então você está me devendo dois beijos, Nik. — Candice responde. — Fiz as triangulações que Ax me pediu e adivinhe o que encontrei?

— Uma igreja de vampiros. — respondo prontamente. — Sempre suspeitei daquela conversa sobre o "Sangue de Jesus".

A risada da mulher soa do outro lado da linha, me fazendo sorrir também.

— Uma boate chamada Aoi Chi, que em japonês significa... — escuto o barulho de papéis sendo revirados. Engraçado como alguém que trabalha o dia inteiro com computadores prefere anotar coisas importantes em meras páginas. — Sangue Azul. Te parece familiar? — afirmo. Que falta de imaginação. — E, olha que coincidência, esse lugar fica exatamente dentro do perímetro onde encontraram os outros corpos.

Uma boate com "sangue" no nome, no mesmo bairro onde encontramos cadáveres com as veias mais secas do que o deserto do Atacama. Que um raio me atinja duas vezes neste exato momento, se for apenas uma coincidência.

— Dois beijos e uma caixa de chocolate, Can. Prometo.

— É bom que você me pague, Nikolay Delyon! Estou entrando na TPM.

Reviro os olhos e solto outra risada.

— Que Deus me defenda da entidade do mal que possuirá o seu corpo nos próximos dias.

Me despeço, ainda escutando os xingamentos de Candice. Cara, como alguém pode ter uma mente tão criativa para xingamentos? Ela é uma adversária e tanto para mim no quesito "boca suja".

— Então? O que Candice disse? Ou você dois ficaram apenas trocando sutilezas? — meu parceiro pergunta novamente.

O ignoro e ando até o cadáver, agora ensacado. Apenas o rosto de Cassidy está visível, os olhos castanhos claros, agora tão pálidos quanto a sua pele, os lábios arroxeados e a expressão tão vazia quanto o seu corpo sem sangue.

Tão jovem. Com a vida inteira pela frente. É triste pensar que eu, aos trinta anos, vivi mais do que essa pobre garota. Triste pensar que ela não poderá viajar para algum lugar que sempre sonhou conhecer, comer a sua comida preferida novamente, ou até mesmo se apaixonar por alguém.

Não que ela esteja perdendo muito com essa última parte, amor não é tudo na vida. Oh, se os românticos pudessem me ouvir neste momento, eu seria pregado em um outdoor, com um enorme e vermelho coração. E vestido como a porra do Cupido de Xena, a Princesa Guerreira.

De qualquer forma, não conheço Cassidy e muito menos sei o tipo de pessoa que ela foi, embora não me pareça ser uma garota que merecia esse fim. Mas essa é a nossa sina: apenas reconhecemos o valor da vida, quando confrontamos a morte. Confrontar a importância de uma vida é o suficiente para nos fazer amar viver. Ou morrer tentando.

Sinto a presença de Axel ao meu lado. Ele coloca a mão sobre o meu ombro e desvio o meu olhar para o seu. Ele sabe o quanto odeio essa parte desse trabalho. O quanto odeio o... Barulho.

Todos os dias eu confronto o fim. O fim de uma vida. O fim de um ciclo. O fim das batidas de um coração. Por mais certeza que tenhamos acerca da morte, de que ela é o único caminho que todos nós tomaremos algum dia, é difícil conviver com essa perspectiva de forma tão explícita e crua. O que me faz pensar que é bonito falar sobre uma realidade, mas é feio vivê-la.

Espero continuar vivendo sem enlouquecer, pelo menos pelos próximos dez anos.

Mas esse é um mal necessário. Como todos, também tenho os meus próprios pecados pelos quais preciso me redimir e esse trabalho também me serve para esse propósito.

— Tire a poeira da sua capa do Drácula, Ax. — lhe lanço um sorriso sarcástico, ele arqueia uma sobrancelha. — Vamos a uma boate de vampiros.

A tal boate Aoi Chi é frequentada apenas pelos figurões cheios de grana. Lotada de pessoas esnobes que provavelmente nem imaginam que estão dividindo espaço com um bando de sanguessugas. Ou até imaginam, mas não ligam. Acredito que o senso de autopreservação dessas pessoas deve ter vindo com defeito de fábrica.

Não que seja problema meu o lugar onde alguém decide enfiar o próprio pescoço. E qualquer outra parte do corpo.

A questão toda é que levamos quatro dias observando o movimento da boate, a clientela e os costumes, enquanto Darion tentava conseguir a nossa entrada no local. Precisamos nos misturar e essa parte de ficar de tocaia foi muito importante para pensar em quando e como agir. Não quero nem sequer pensar o quanto essa operação custou. Mas não sou eu quem paga as contas, de qualquer forma.

Sábado à noite. O dia perfeito para lotar uma boate. Cheio de pessoas dispostas a gastar tudo o que não têm e beber tudo o que não podem, apenas pela promessa de diversão.

Merda, odeio trabalhar de final de semana.

Como a clientela da boate parece ser um bando de góticos esquisitos, daqueles que frequentam cemitérios e bebem bloody mary dizendo ser sangue de virgens, eu e Axel tivemos que entrar no papel para passar o mais despercebidos possível.

Policial, agente do DIS, psíquico e agora ator. Cara, realmente preciso atualizar as minhas prioridades profissionais.

Pelo menos isso tudo me rendeu boas risadas, daquelas que fazem até lágrimas escorrerem pelos olhos. Axel rosnou como um cachorro acometido por raiva quando o enfiaram em uma blusa de tela preta, tão transparente que é possível ver os seus órgãos. Pelo menos ele conseguiu uma jaqueta de couro preta para colocar por cima dessa... Coisa. Calças de couro e coturnos pretos completam o seu visual, fazendo-o parecer o Blade com produção de baixo orçamento. Se bem que, na situação em que nos encontramos, um caçador de vampiros viria bem a calhar.

Já eu... Bem, não tenho nem sequer palavras para descrever o fato de que estou nu da cintura pra cima.

Não literalmente nu, já que tiveram o mínimo de senso para me dar um trench coat de couro, que cobre quase todo o meu torso, deixando apenas uma parte do meu peito exposta. Calças de couro pretas com correntes transpassadas e coturnos até as canelas completam o "visual". Me recusei a deixar os meus cabelos claros de outra forma, que não como o de costume: penteados para trás, evidenciando os meus olhos verdes. Meu cavanhaque também continua da mesma forma como costumo deixá-lo. Admito que os demais agentes do DIS são muito corajosos, mas ninguém tem coragem o suficiente para encostar no meu cavanhaque ou nos meus cabelos. Não se quiserem viver mais um maldito dia.

Certo, sou vaidoso com a minha aparência, mas o que posso fazer? É como dizem: a beleza tem o seu próprio poder.

Os seguranças nem sequer olham para nós quando paramos na porta mostrando os convites vip que Darion conseguiu com muito esforço — e uma boa dose do velho dinheiro. Um deles, de olhos azuis e cabelos cor de chocolate, apenas confere os convites, nos lança um olhar carrancudo, e permite a nossa entrada.

O interior da boate é todo decorado por tapeçarias de várias cores, que ostentam imagens de dragões, tigres e outras bestas mitológicas. O ambiente é iluminado por luzes roxas e rosas, bem com a cara de boate, mas ainda com certa elegância. Algumas partes até mesmo são decoradas por luminárias japonesas tradicionais, me fazendo achar essa mistura de oriente e ocidente estranhamente agradável.

A maior parte da energia que sinto vem de vampiros, mas ainda há alguns humanos. Axel meneia a cabeça em direção ao bar e ocupamos duas cadeiras mais ao fundo. Enquanto ele pede pela sua tradicional bebida, Cosmopolitan, e o meu whisky de sempre, foco em pensar como iremos abordar um vampiro no meio dessa boate e lhe perguntar algo como "ei, você andou matando humanos nos últimos dias?".

Não acredito que qualquer vampiro medíocre saiba algo sobre o que está acontecendo, então precisaremos mirar em alguém do alto escalão deles. O problema é: como encontrar alguém tão específico no meio de toda essa energia?

Precisarei fazer uma aposta muito ambiciosa e um tanto... Perigosa. Não que depois de seis anos no DIS eu não tenha passado por situações assim. Pelo menos a vida não é tediosa nessa divisão, nem de longe.

Quando nossas bebidas finalmente chegam, tomo o primeiro gole, agradecendo a qualquer um que queira ouvir pelo fato de poder degustar dois dos maiores prazeres da vida: comer e beber.

Entre outras coisas.

— O barman disse que não soube de nada estranho acontecendo nos últimos dias. — Axel chama a minha atenção. — O DIS está cumprindo muito bem o papel de encobrir as mortes.

— Ou alguém, além de nós, também está fazendo isso. — faço um sinal com a cabeça para a multidão, que dança ao redor do bar e por todas as partes da boate. — Não é possível que nenhum deles tenha sequer ouvido algo sobre.

— Você acha que alguém do alto escalão dos vampiros está metido nisso?

Dou de ombros, tomando outro gole da bebida.

— Eles podem sentir cheiro de sangue a dezenas de metros de distância. A maioria dos corpos estava a apenas um quilômetro daqui, então é impossível que ninguém tenha sentido nada. — deixo o copo no balcão e cruzo os braços sobre o peito. — Embora eles também possam confundir o cheiro com o que emana daqui.

O lugar cheira a bebida, suor e sexo, com uma pequena pitada de sangue vivo. Então existe sim a possibilidade de ninguém saber de nada sobre o que aconteceu. Embora eu mesmo não coloque a minha mão no fogo por isso. Vampiros são os sobrenaturais mais difíceis de lidar, justamente pela sua imprevisibilidade e instintos aflorados.

Axel olha fixamente para a multidão e eu acompanho o seu olhar. No canto, escondido dos olhos menos atentos, um vampiro está com as presas enfiadas no pescoço de uma mulher. Tudo leva a crer que se trata de algo consentido, ou ela não estaria puxando-o para mais perto de si. A expressão no seu rosto é do mais puro e profundo prazer, me fazendo pensar se eu permitiria que um vampiro tomasse o meu sangue.

Mas quem sou eu para julgar os fetiches alheios, afinal?

Meu olhar volta a vagar pela multidão e percebo que alguém está me olhando fixamente. Uma mulher. Uma vampira. Longos cabelos ondulados caem pelas suas costas, olhos castanhos claros e um belo corpo em um apertado vestido azul água. Inclino a cabeça um pouco para o lado e abro um sorriso sarcástico, mas não olho por muito tempo para ela, voltando a esquadrinhar o local como se procurasse por algo. Ou alguém.

Não, pela forma como ela me olha, sei que virá a mim logo, logo.

Ainda sinto o seu olhar sobre mim, mas me limito a me jogar mais sobre a cadeira, passando a imagem de que estou relaxado e confiante. O que não é uma mentira. Já passei por muitas situações arriscadas para me importar com o olhar de uma simples vampira.

Axel e eu pedimos mais uma rodada de bebidas e quando estou na metade do meu whisky, a vampira decide tomar a iniciativa. Ela vem caminhando a passos lentos e sensuais em direção a nós, seu olhar alterna entre mim e o meu parceiro como se fôssemos pedaços de carne expostos em um açougue. Ela até passa a língua pelo lábio inferior.

Sinceramente, não ligo para esse tipo de atitude. Já vi esse olhar em dezenas de outras mulheres e não me incomodo com ele. Nunca me senti afetado por um simples olhar, nenhuma mulher jamais conseguiu essa proeza. Nenhuma conseguiu sequer me fazer ter um arrepio de antecipação ou excitação com um simples gesto. Normalmente elas precisam se utilizar de outros... Atributos para isso.

A mulher para a alguns metros de nós e coloca a mão nos quadris, olhando ao redor com um ar despreocupado, como se admirasse a decoração da boate. Ela volta a nos olhar com um movimento distraído e quando os seus olhos cruzam com os meus, abro um sorriso malicioso e aponto para ela, fazendo um sinal para que venha até mim.

Ela sorri e obedientemente volta a caminhar em um ritmo calmo, parando apenas quando o seu corpo já está entre as minhas pernas. Uma mão sua desce pela lateral do meu pescoço, enquanto a outra faz menção de tocar os meus cabelos. Antes que ela possa fazer o movimento, eu seguro o seu pulso firmemente, mas sem machucá-la, e arqueio uma sobrancelha desafiadoramente.

— Normalmente não me tratam assim. — ela faz bico e a sua expressão ganha um toque falso de tristeza. — Muitos rastejariam no chão apenas para saber o meu nome.

Abro um sorriso convencido, ignorando o olhar do meu parceiro ao lado.

— E o que te faz pensar que desejo saber o seu nome?

A mulher solta uma risada baixa.

Todos querem saber. — ela murmura no meu ouvido.

Sinto um leve arrepio irromper no meu corpo. Sedução, o chamado sedutor e sobrenatural dos vampiros. Não me deixo abalar.

— Engraçado você dizer isso, porque eu não sou "todos".

Ela continua sorrindo e me lança um olhar desejoso. Seus olhos, agora tão vermelhos quanto o sangue em minhas veias, me medem de cima a baixo.

— Um humano que consegue resistir a mim? Interessante, nunca havia visto um. — ela tira o pulso do meu alcance e coloca as duas mãos sobre o meu peito, por cima do trench coat. — Posso levar isso como um desafio.

Solto uma risada de escárnio e os seus olhos ganham um toque de perigo.

— Estou disposto a deixá-la tentar, mas apenas se me contar um segredo. — a mulher semicerra os olhos. Penso bem nas minhas próximas palavras. — O que você sabe sobre os assassinatos que estão acontecendo aos humanos?

Percebo o seu corpo ficar tenso e ela inclina a cabeça para o lado, os seus olhos se arregalam ligeiramente e a sua expressão me diz que ela está surpresa.

— Acho que não te entendi direito.

— Ah, eu acho que entendeu, sim. — colo meus lábios no seu ouvido, minha voz cai para um sussurro. — O que você sabe sobre os assassinatos? Seja uma boa menina e me conte.

A vampira recua alguns centímetros para trás, suas mãos sobre o meu peito começam a subir vagarosamente em direção ao meu pescoço. Não sei se ela pretende me enforcar até a morte aqui e agora.

De soslaio, vejo Axel fazer menção de interceptar o movimento dela, mas faço um sinal com a mão para que ele espere.

Sinto uma unha, comprida como uma garra, arranhar a minha bochecha e resisto ao ímpeto de parar o movimento. Não tenho problema com a dor, mas não gostaria de sangrar em uma boate cheia de vampiros.

— Tem certeza de que quer a resposta para essa pergunta? — meneio a cabeça em afirmação. — Por que eu não posso dá-la, mas conheço alguém que pode. Embora, diferente de mim, essa pessoa irá cobrar muito mais do que apenas um beijo pela resposta, que é o que eu cobraria.

— Estou disposto a qualquer coisa por essa informação.

De soslaio, percebo Axel me lançar um olhar tenso, preocupado, mas continuo focado na vampira. Ela abre um sorriso, agora expondo as presas de forma quase distraída.

— Eu teria cuidado com essas palavras, humano. Principalmente ao tratar com pessoas como... Nós.

Sempre a mesma conversa para tentar passar o ar de "mistério". É tão clichê que chega a ser enfadonho.

— Não tenho a noite inteira, querida. — enfeito a minha voz com o melhor tom de tédio.

Posso até jogar esse jogo com alguém, mas não sinto que essa vampira é uma oponente à altura.

— Muito bem, então. Espere aqui, a pessoa virá até você. — ela me lança uma piscadela. — Cobrarei o meu beijo mais tarde, se você sair inteiro depois de lidar com ela.

Lhe lanço um olhar desconfiado, mas continuo com um sorriso de lado. A melhor forma de se lidar com vampiros é ser mais seguro e soberbo do que eles. E nisso eu sou mestre.

A vampira se afasta e some em um piscar de olhos entre a multidão, me deixando com um estranho sentimento de agitação. Ela? Ela quem?

— Você está louco, Nik? Não podemos confiar em vampiros. — Axel me repreende. Me limito a revirar os olhos e tomo outro gole da bebida. — Ela pode alertar alguém sobre a nossa presença e amanhã o pessoal encontrará os nossos cadáveres em um beco.

— Não acho, ela pareceu assustada, então deve saber algo sobre o que aconteceu. Talvez, mesmo esses vampiros estejam com dificuldades para saber quem é o assassino, ou ela não teria oferecido ajuda assim de cara.

— Mesmo assim, não podemos confiar em qualquer informação dada por eles, já que um deles com certeza é o assassino. Estaremos correndo um grande risco. — meu parceiro aponta, olhando ao redor com uma expressão desconfiada.

— Estamos correndo risco desde que entramos nessa boate, Ax.

Essa é a verdade: confronte o perigo, quebre as regras, lide com as consequências. Sei muito bem disso.

Incontáveis minutos se passam e já estamos na terceira rodada de bebidas. Me pergunto se aquela vampira realmente estava falando sério, ou foi tudo apenas algum tipo bizarro de interpretação para nos fazer de idiotas.

Essa incerteza faz uma leve irritação começar a tomar conta de mim e murmuro um xingamento. Meu corpo se agita e, estranhamente, as batidas do meu coração se aceleram. Trinta anos não é a idade propícia para um infarto fulminante?

Sou tirado dos meus pensamentos quando percebo a multidão se afastar, como se alguém estivesse partindo-a ao meio. Ao mesmo tempo, Personal Jesus, da banda Depeche Mode, começa a tocar.

Tenho que fazer um enorme esforço para travar a minha mandíbula e evitar a imagem de idiota que passaria, se estivesse de queixo literalmente caído. Cerro os meus punhos e desvio o olhar, mas logo sou atraído novamente para ela.

Andando calmamente em meio à multidão, uma mulher perversamente... Linda. Como uma Deusa da Morte. Os cabelos lisos castanhos escuros estão presos em um elegante penteado no topo da sua cabeça, evidenciando o pescoço delgado e altivo. Uma espécie de quimono branco de mangas longas e largas, adornado com o desenho de flores vermelhas carmim, que parecem ser pintadas a mão, cobre o seu torso. Uma saia godê, de cintura alta, vermelha escura e até os tornozelos, lhe dá um ar elegante que contrasta selvagemente com o ambiente ao seu redor, assim como os sapatos pretos baixos.

O seu rosto é fino e angelical, com traços japoneses, mas os seus olhos castanhos escuros, acentuados pelo delineado preto simples, possuem uma sagacidade e força que fazem a minha espinha gelar. O nariz é fino e compõe harmoniosamente o seu rosto, com maçãs delicadas e lábios extremamente convidativos, pintados de vermelho vibrante. Apesar da constituição física tipicamente feminina, delicada, os seus passos são firmes e decididos como os de um guerreiro e os seus olhos fixos em mim são o suficiente para fazer um intenso arrepio irromper no meu corpo.

É como olhar para um felino belo e, ao mesmo tempo, mortal.

Como se não bastasse a elegância e altivez de alguém que parece pertencer à realeza, o tigre branco, personificação da sua aura, me diz que essa é uma vampira antiga. Poderosa. Tão selvagem quanto o animal enrolado ao seu redor.

A sedução que emana dela, a força e o poder, me faz ter que resistir muito para não cair de joelhos no chão e implorar por algo que nem eu mesmo sei do que se trata. É o tipo de sensualidade sombria tão instigante, que quase me obriga a ignorar todos os sinais de alerta que o meu corpo emite.

Parece que, nesse momento, é o meu instinto de autopreservação que está com defeito.

A vampira para entre nós e o seu olhar afiado me diz que, para ela, não passamos de meros insetos. Comida. Amaldiçoo o fato de que não me importaria, caso ela quisesse me ter no seu cardápio da noite.

— Boa noite, cavalheiros. — sua voz é baixa e delicada, mas com um toque sedutor que me faz querer fechar os olhos. Outro arrepio irrompe no meu corpo e sinto um formigamento atingir cada músculo meu. — No que posso ajudá-los?

https://youtu.be/pm3sP0n7F-M

Haha, parece que o jogo virou, não é mesmo? A força do Nikolay agora será colocada à prova e já estou prevendo o caos.

Não se esqueçam de votar e até o próximo <3

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