T r ê s
Rita Pov
Nem sei se estou feliz por o Miguel vir à minha procura ou se fico furiosa por ter demorado dois anos a fazê-lo. Durante dois anos, tudo o que eu queria era que, algum dia, o Miguel entrasse por aquela porta e me dissesse que iria ficar do meu lado, que me iria apoiar, queria que ele me dissesse que ainda me amava. Mas agora... Agora eu estava tão bem sem ele... Agora, que eu estava decidida a esquecê-lo, a tentar seguir com a minha vida para a frente, mesmo sendo difícil, devido à situação em que me encontro.
Como é que ele estará? Ainda me ama? Terá ele seguido em frente? Estará com alguém? Ela é melhor que eu? Ela é capaz de lhe dar aquilo que eu não posso? Ela...
Eu tenho de parar com isto, tenho de parar de pensar nisto.
Não me interessa como é que ele está, não interessa com quem é que ele está! Ele abandonou-me no momento em que eu mais precisava de apoio, quando eu mais precisava dele. Eu não posso estar agora a preocupar-me com ele... Nem sei se foi boa ideia ter concordado com o Rapha e ter aceite que o Miguel viesse cá a casa.
A campainha toca e, automaticamente, todo o meu corpo treme. É ele!
— Eu vou abrir! Tens mesmo a certeza que o queres ver. Se não quiseres...
— Podes abrir, eu quero vê-lo.— não estou a ser completamente honesta com ele, mas não interessa. De qualquer das maneiras eu preciso de fazer isto, devo isso a mim própria.
Ouço a porta a abrir e depois a ser fechada novamente. Levanto a minha cabeça e os meus olhos cruzam-se com os seus olhos castanhos que me fizeram apaixonar.
Sinto-me estranha, mas não no mau sentido, acho eu.
— Eu vou deixar-vos sozinhos.— diz Rapha, abandonando a sala.
— Olá!
— Olá!— respondo.
— Como é tens estado depois... Tu sabes... do acidente?— ele pergunta um pouco a medo. Também não é para menos, este assunto ainda é muito sensível para mim e mesmo que ele não tenha estado presente nos últimos anos, ele conhece-me melhor do que ninguém.
— Como é tu achas?— a minha voz sai mais bruta do que pretendo.
— Pois, foi uma pergunta estúpida.— dou uma gargalhada seca e reviro os olhos.
Ficamos num silêncio bastante constrangedor durante alguns minutos. Os meus olhos percorrem a sua figura alta e percebo que ele não mudou muito nestes dois anos. Diria até que ele está mais atraente, mais... Parou tudo! Mas em que raio é que eu estou a pensar? Ai Rita, tens de parar com esses pensamentos, ele abandonou-te! Repreendo-me mentalmente.
— Desculpa!— ele termina com aquele silêncio.
— O quê?
— Desculpa.— ele repete, mas desta vez encara-me.— Desculpa por te ter abandonado, por ter sido um covarde e te ter deixado depois daquele maldito acidente. Tu precisavas do meu apoio mais do que nunca e o quê que eu faço? Abandono-te! E nem sei o porquê de o ter feito! Acho que não ia conseguir ver-te assim como estás agora.— aponta para mim sentada na cadeira de rodas. Baixo a minha cabeça e tento segurar as lágrimas. Sinto o seu corpo a baixar-se à minha frente e ele continua a falar.— Olho para ti e dói tanto ver-te assim... Eu não estou à espera que me perdoes, afinal passaram dois anos, e nem eu mesmo me consigo perdoar. Eu só gostava de começar de novo contigo!
— Começar de novo? Tu achas que isso é possível sequer? Eu nunca me vou esquecer daquele maldito dia, como eu me senti... Eu perdi tudo o que tinha graças aquele estúpido acidente. Perdi a oportunidade de realizar o meu sonho, perdi a minha independência, perdi-te a ti e até a mim mesma... Eu já não sei mais quem sou desde aquele acidente!— digo e desfaço-me em lágrimas à frente dele, após ter dito o que aguentei, durante dois anos, dentro do meu peito.
Votem e comentem, por favor!
Beijinhos e até ao próximo capítulo! 😘
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