Rita's Pov

Ver o sorriso do Miguel quando soube que ia ser pai deixou-me muito feliz.
Já não falta muito para o bebé nascer, falta apena uma semana, segundo o médico.

Nos últimos meses, eu e o Miguel temos estado mais próximos e felizes do que nunca.

Ele conseguiu recuperar a minha confiança, conseguiu cumprir a promessa que me fez. Ele reconquistou-me.

— Amor?— chamo-o e ele olha para mim. Estamos ambos sentados no sofá a ver um filme qualquer que está a dar na televisão. Ah, é verdade! Há cerca de dois meses compramos um apartamento para nós e para o nosso bebé.— Apetece-me gelado de baunilha.

— Eu vou buscar, acho que ainda temos um pouco no frigorífico.— levanta-se indo para a cozinha.

Não sou uma grávida que tem muitos desejos, mas ainda tenho alguns. Mas o meu namorado é super querido e vai sempre comprar (se não tivermos o que eu quero em casa) seja a que horas for. Às vezes até tenho pena dele, pois na maioria das vezes tenho desejos de madrugada e está tudo fechado a essa hora e às vezes quando ele volta, o desejo desaparece. Ao início, ele ficava um pouco chateado, pois no fundo, tinha acordado e saído de casa para nada, mas depois compreendia que eu não podia controlar os desejos.

— Aqui tens, princesa.— começo a comer o gelado com vontade, o que faz o Miguel rir-se.— Que foi?

— Parece que não comes à dias.

— A culpa é do teu filho, ele está sempre com imensa fome.— brinco.

— Sim, sim... Tu é que queres comer e suas a desculpa de que agora comes por dois.— ele entra na brincadeira e ambos rimos.— Estou ansiosa por o ter nos meus braços.— diz massajando a minha grande barriga.

— Eu também. Já falta pouco.— sorrio.

— Eu amo-te tanto.— diz ao fim de uns minutos.— Eu fui tão estúpido quando te deixei, nem sei como me conseguiste perdoar, como conseguiste voltar a confiar em mim. Mas não podia estar mais feliz por o teres feito. Tu és a mulher da minha vida, a mãe do meu filho! Para a minha vida ser ainda mais perfeita só falta uma coisa.— ele ajoelha-se no chão à minha frente.— Rita Silva, queres casa comigo?— tira uma caixa do bolso e abre-a revelando um lindo anel.

— Sim, claro que caso contigo!— ele coloca-me o anel, beija-me e abraça-me.

Eu estou tão mas tão feliz! Ele é o homem da minha vida e o pai do meu filho. O homem que eu escolhi perdoar, apesar de ele ter feito algo praticamente imperdoável por mim. Mas eu sem ele não sou ninguém, não feliz, só ando neste mundo por andar. O Miguel faz com que eu queira viver, apesar das minhas limitações. Ele faz-me feliz.

— Amor... Hoje, quando fui ver se tínhamos correio, tinha esta carta para ti do hospital.— ele entrega-me o pedaço de papel.— Aí diz que há uma possibilidade de tu voltares a andar. Se quiseres arriscar, podes ser operada, um mês depois do bebé nascer. Mas Rita, por favor, não tenhas expectativas ou esperanças demasiado altas. A operação é de risco e tanto podes voltar a andar como podes ficar ainda pior do que já estás. Esta decisão é tua e quero que saibas que, seja qual for a decisão que tomes, eu vou apoiar-te.

Eu posso voltar a andar. Existe essa hipótese.
Mas também posso ficar imóvel do pescoço para baixo, posso não conseguir segurar o meu filho nos meus braços, posso ficar completamente inválida e dependente dos outros para tudo.

E se eu volto a andar? E se o meu sonho não estiver perdido? E se eu ainda o puder realizar? E se eu puder voltar a dançar?

Mas...

E se eu ficar ainda pior do que estou?

Há tantos "E se"... Não sei o que fazer.
Por um lado, quero arriscar, mas por outro, tenho medo.

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