17. Blood, Sweat & Tears
Acordou com o celular vibrando em algum ponto em baixo do seu travesseiro. Tinha colocado para despertar entre cinco e seis da manhã para poder correr um pouco e se acostumar com o fuso horário do país. Levantou a cabeça sonolenta, procurando o aparelho e acertando sem querer algo bem maior. O resmungo fez com que ela recolhesse a mão assustada e abrisse os olhos. Jungkook estava dormindo ao lado, os braços enfiados em baixo do travesseiro, ressonando baixinho, um sorriso brincando em seus lábios enquanto ele dormia.
"Puta que pariu, não foi sonho!!" – pensou horrorizada. O céu começava a querer mudar de cor do lado de fora e ela conseguiu usar aquela pouca luz para olhar o resto do quarto. Estava coberta – graças a Deus – mas podia sentir que não havia mais nada ali além do lençol. Enfiou a cabeça em baixo dele e gemeu desesperada.
– Kookie... Jungkook-ah. – sussurrou se aproximando do ouvido dele. Em resposta ele simplesmente virou para o outro lado, ignorando completamente o chamado dela. O desespero atingiu Julia com a mesma rapidez com que ela calculava a hora que o resto da equipe acordaria. Se alguém o pegasse saindo do quarto dela àquela hora... Adeus emprego, olá deportação para a Coréia. De quebra chegaria e teria um processo bem lindo a esperando.
– Jeong Jungkook! – chamou balançando o ombro dele. Nada. Ele continuava dormindo pesado. – Garoto do inferno. JUNGKOOK! – falou mais alto, dessa vez empurrando-o com os pés até que ele passasse pela beirada da cama e caísse com força no chão.
Ele estava revivendo a noite anterior no sonho. Acordou assustado, se levantando num pulo, mal sentindo o impacto que havia acabado de sofrer ao cair da cama. Achava que estava no quarto que dividia com Taehyung, mas estava no quarto de Julia. Desfez a pose de luta ao vê-la encarando de cima da cama, o lençol todo enrolado no corpo, como se ele não tivesse visto – e memorizado – cada poro daquela pele.
– Você precisa ir embora!
– Por quê? Ainda está escuro?
– Garoto, não sei se você é burro ou se você se faz. Some daqui! Se alguém te pega aqui... ai ai, não quero nem imaginar o que acontece comigo. – falou exasperada. Estava em pânico de verdade, não se importando em soar rude ou não. Havia anos de amizade ali, o suficiente para que falasse de modo informal. Pelo amor de Deus, tinham passado a noite transando, não tinha mais motivo para fazer joguinhos. Ainda mais àquela hora da manhã.
Levantou-se sem jeito, tentando manter o lençol – e a dignidade – ao redor do corpo enquanto assumia uma pose menos submissa. Viu-o lançar um olhar engraçado para seu cabelo e a malicia assumindo o lugar quando os olhos dele percorreram o corpo dela. Não tinha ouvido nada do que ela tinha dito, estava começando a ficar empolgado.
– Nem se atreva! – ela respondeu, pegando a calça dele do chão e jogando no rosto dele. – Vista-se logo, se alguém te pega aqui...! Ai meu Deus do céu, onde eu estava com a cabeça? – ela começou a falar sozinha, procurando a própria calça em meio à bagunça que o quarto estava. Segurava o lençol nas costas e tinha dificuldade para andar, mas continuou procurando e ignorando a cara de bobo que Jungkook assumia. Só voltou a se levantar quando se lembrou que os meninos provavelmente estavam dividindo o quarto entre si.
– Quem ficou no quarto com você? – perguntou assustada, parando de procurar para se levantar, o cabelo bagunçando mais ainda nesse processo. Se fosse alguém que tinha hábitos diurnos, daqueles que acordam cedo para se exercitar, tipo ele mesmo ou Namjoon, ela estava mais perdida ainda. Franziu o cenho, rezando mentalmente para ser Yoongi, porque esse ela tinha certeza que não acordaria quando o mais novo voltasse para o quarto.
– Taehyung... – foi a vez dela de assumir uma expressão de besta, juntando mentalmente toda a informação que havia acumulado sobre os hábitos de Taehyung ao longo daqueles anos que trabalhava com eles. Nada lhe veio a mente a não ser um imenso vazio. Obviamente não conhecia o menino tão bem como imaginava.
– Ele é do tipo que acorda cedo...? Quer saber, não me conte. Só volte para o seu quarto, por favor. – pediu se lembrando da hora, o céu cada vez mais claro do outro lado da janela. Achou a regata perto do pé dele e sorriu ao levantar-se com ela em mãos. Ele ainda segurava a própria calça, encarando-a.
– Não vai rolar de novo, nem pense nisso... Por favor, apenas vá... – pediu baixinho. Queria poder se perder em mais beijos e mais sexo com ele? Queria muito, mas tinha que ser a pessoa realista da situação. Ele era um idol do tipo que esgotava qualquer coisa que aparecesse usando na frente de uma câmera, ela era uma reles maquiadora sem faculdade que dependia daquele emprego para bancar a faculdade da irmã mais nova que sonhava em ser dentista.
Ele continuou parado, respirando perto dela, querendo se aproximar e toma-la nos braços. – Me obrigue. – falou, sério.
– Ah garoto... – ela gemeu exasperada, ficando nas pontas dos pés e dando um selinho rápido nos lábios dele. – Pronto, agora some daqui. Eu não tenho tempo para isso agora. Vai, anda. – falou. Estava falando bem sério quando pediu que ele saísse. Ia coloca-lo para fora nu se fosse preciso, mas eles tinham pouco tempo para que ele fizesse isso sem que alguém da equipe percebesse.
Deu risada ao ver a cara de espanto dele depois do selinho. Aproveitou a situação para empurra-lo em direção à porta.
– Você acabou de me beijar? – ele perguntou sem oferecer nenhuma resistência aos empurrões dela para a porta. Ainda estava em choque.
– Por quê? Não podia? – ela perguntou entre uma risada e um gemido de desespero. Estava dividida entre deixa-lo ficar e coloca-lo para fora. Mas gostava muito de seu emprego, não podia se dar ao luxo de perdê-lo por causa de uma noite de aventura com o crush. Não tinha nem certeza se isso ia se repetir – nem podia pensar nessa possibilidade, mas estava pensando assim mesmo.
– Noona.
– Hmmm? – foi a vez dele de aplicar um selinho rápido nos lábios dela antes de exibir um sorriso maroto e sair vestindo a calça no corredor. A ultima visão que ela teve foi a bunda dele enquanto ele se vestia correndo para o elevador.
Mal teve tempo de fechar a porta do quarto e se vestir quando alguém bateu a porta de novo. Sentiu o coração saltar do peito para a boca e voltar só com aquela batida. Pensou em câmeras de vigilância, em alguém vendo a bunda branca de Jungkook no corredor, em alguém ter ouvido os dois discutindo sobre beijos antes dele sair correndo. A batida na porta recomeçou, um pouco mais alto. Desesperada, ela jogou o lençol de volta na cama e tentou arrumar o cabelo antes de abrir a porta.
Deu de cara com Lola. Estava com o cabelo trançado, cheirando a banho, mas com uma expressão de quem tinha dormido pouco.
– O que aconteceu com você? – foi a primeira coisa que as duas perguntaram e o fizeram em coro.
– Você primeiro. – falou Lola, desviando o olhar de Julia, seu cabelo bagunçado e passando a olhar para o quarto. Parecia que havia tido uma briga ali dentro, com travesseiros jogados no chão, um edredom amarfalhado aos pés da cama e um lençol jogado de qualquer jeito por cima.
– O que rolou aqui? – completou, voltando a encarar Julia. Exibia um sorriso de quem sabia muito bem o que tinha rolado ali. Ela se aproximou de Julia e fingiu cheirar o ar. – Garota, você transou. – não era uma pergunta. Julia soltou um suspiro resignado e foi ate a cama, deixando a porta aberta e a decisão para Lola entrar ou não. A amiga prontamente fechou a porta e se aproximou depois. Cruzou os braços e continuou analisando a bagunça que estava no quarto.
– Foi por isso que você não me atendeu ontem?
– Não saí... – sussurrou olhando para o chão.
– Não...? Como que rolou tudo isso então?
– Ah, longa historia, outro dia te conto. Mas me diz, como foi sua patrulha army? – foi a vez de Lola ficar sem jeito e desviar o olhar.
– Foi legal... Fui só ate a sala de dança mesmo, mas tem uma vista maravilhosa de lá. Passei a noite olhando a cidade. – era uma mentira leve, mas ainda não estava pronta para contar sua aventura com Taehyung. Percebeu que provavelmente Julia também não estava confortável para contar sobre sua noite e levantou os olhos para a amiga. – Um dia eu conto e você me conta, combinado?
– Combinado. – respondeu Julia, balançando a cabeça concordando. – Agora, some porque eu preciso tomar um banho...
– Eca, nem banho você tomou ainda, sua porca?
– SOME DAQUI, LOLA! – gritou Julia dando risada e jogando um travesseiro que estava próximo na direção da amiga antes que ela saísse e fechasse a porta atrás de si.
Assim que ela saiu, Julia apoiou os cotovelos nos joelhos e abaixou a cabeça, desesperada. Sabia muito bem o que havia feito. Tinha gostado, e muito. Mas tinha medo das consequências do que aquilo traria. Ainda podia sentir as mãos de Jungkook em sua pele e se fechasse os olhos, podia reviver tudo com uma riqueza de detalhes que nem ela achava possível. Mas era. Levantou a cabeça num gesto rápido, as lagrimas se formando com facilidade. Mal parecia que tinha acabado de rir com Lola.
– O que foi que eu fiz, meu Deus!? – murmurou indignada.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro