Apaixonado por você
Ok, aquilo era embaraçoso. Dulce remexeu-se no banco do carro de Christopher durante todo o trajeto querendo dizer alguma coisa, mas não sabendo muito bem o que fazer. Foram em silêncio, escutando uma música meio-nova-meio-antiga tocando na rádio e quando chegaram no restaurante, Christopher outra vez agiu como cavalheiro abrindo a porta para ela. Por aquele gesto recebeu o primeiro sorriso da noite. Pelo: "você está maravilhosa" recebeu o segundo. E por ter escolhido um restaurante simples, mas que parecia ser extremamente confortável, o terceiro.
— Eu espero que você goste de comida italiana...
— Existe no mundo alguém que não goste de comida italiana? — Dulce conseguiu acalmá-lo e depois de poucos minutos estavam sentando na mesa que lhes fora reservada, pedindo um copo de vinho e uma entrada.
Começaram a bebericar o vinho e a conversar assim que a música calma e agradável tomou conta do lugar e Dulce sorriu ao tentar se lembrar de quando tinha sido a última vez em que ela fora chamada para um encontro. Nem o Sr. Rapidinho, ou o Sr. Carente, ou o Sr. Meloso ou o Sr. Homossexual eram de chamá-la para sair e, mesmo quando chamavam, não pareciam nem 1/3 atraente de como Christopher parecia aos seus olhos.
Talvez Christopher pudesse ser o seu Sr. Me Ama.
Sim, talvez Christopher quisesse ser o seu Sr. Me Ama.
E ela poderia ser facilmente a Srta. Amo Ele.
Ah, bem fácil...
— Eu estive pensando muito nesses dias e resolvi tentar fazer um curso de psicologia em alguma Universidade. — Christopher confessou, enquanto quebrava uma torrada em duas e comia os pedaços devagar. — Mas ainda não sei se devo...
— E porque não? — Dulce fez o mesmo com uma torrada, olhando-o profundamente nos olhos como forma de incentivo e adquirindo o conhecimento de que o deixava acanhado quando fazia aquilo. — Você uma vez me disse que sonhava em ter o seu próprio escritório e exercer a profissão de psicólogo...
— Sim, é o meu sonho... — um pequeno sorriso apareceu nos lábios dele apenas de falar. — Mas ainda assim...
— Não deixe de lado essa oportunidade, Christopher! Você quer e você pode entrar numa Universidade ainda! Se você não quer passar o resto de sua vida respondendo e-mails de pessoas frustradas com aparelhos domésticos, você deveria realmente correr atrás...
— Mas eu não tenho mais dezoito ou dezenove anos...
— E o que é que tem? — as sobrancelhas dela se encurvaram e uma graciosa ruga de expressão formou-se entre elas. — E desde quando felicidade tem idade? — entortou o nariz ao ver como soara brega a frase que falara. — Você daria um ótimo psicólogo, eu já disse!
— Você me apoiaria?
— Mais do que 100%! — ela sorriu meiga para ele, sem ter noção do quanto aquilo era o último detalhe que ele precisava para decidir que estava perdidamente apaixonado por ela de verdade.
— E você...? — ele perguntou, não conseguindo evitar de retribuir o sorriso. — Não pensa em abrir o próprio escritório de advocacia?
— Para ser sincera, eu estava me preparando para contar uma coisa para você daqui a pouco, mas como já estamos no assunto profissão... — as bochechas dela queimaram em tom vivo e logo Dulce abaixou a cabeça, procurando esconder o rosto. — Uma sócia do meu chefe está querendo abrir um consultório de advocacia com o dobro do tamanho do atual que eu trabalho e ela me fez uma proposta de emprego excelente e me garantiu que se der certo, daqui no máximo um ano eu poderei, bem, ser uma sócia dela também e ter uma sala só para mim.
— Isso é ótimo, Dulce! — a empolgação na voz dele era evidente.
— Mas isso não é o melhor! — os olhos castanhos e bem maquiados dela começaram a brilhar. — Sabe o que estará escrito em minha porta?
— O que?
— Dulce María Saviñón. Advogada.
Sem terem mais o que falar, eles estenderam os copos para brindarem em demonstração de felicidade e assim que os copos se separaram, as comidas chegaram. Era tamanha a felicidade que os rodeava que chegava a contagiar quem ali por perto passasse.
Dulce percebeu que não havia mais volta.
E Christopher percebeu o mesmo.
Estavam ali, juntos, e se completavam de forma assustadora.
É, não tinha mais volta.
— Eu pensei que tinha desligado essa merda. — Dulce tentou se desculpar assim que o celular começou a tocar dentro da pequena bolsa. Antes que pudesse desligá-lo, Christopher disse que não se importaria se ela atendesse e ela assim o fez. — É bom que seja importante. — falou para a pessoa do outro lado da linha.
— Sua amiga está literalmente parindo uma criança nesse exato momento. É importante o suficiente? — Christian quase urrou do outro lado e Dulce, por muito pouco, não caiu da cadeira.
— COMO ASSIM ANGELIQUE ESTÁ EM TRABALHO DE PARTO? — vendo que tinha gritado alto e que atraíra a atenção de todos do restaurante, Dulce curvou os ombros para tentar se esconder, mas desistindo assim que escutou uma exclamação de surpresa vinda de Christopher. — Em que Hospital vocês estão?
— Santa Madalena.
— Eu... Eu...
— Você está indo para lá! — Christopher afirmou, abrindo a carteira e colocando até um pouco mais do que deveria em cima da mesa. — Vamos.
— Eu estou indo! Mande Angelique respirar fundo e segurar, porque eu juro que se quando eu chegar ai o bebê já tiver vindo ao mundo, eu tornarei o filho dela um órfão de mãe.
— Sempre delicada. — Christian deu uma risada. — Venha logo.
Quando estavam chegando perto do Hospital, Dulce colocou uma mão sobre a dele e murmurou algo indecifrável. Christopher estacionou o carro, impedindo-a de sair e segurando o rosto dela entre as mãos, da mesma forma como fizera antes de dar-lhe o primeiro beijo.
— Perdão. — Dulce voltou a murmurar. — Eu sei que não era dessa forma que você gostaria de terminar o nosso encontro, mas...
Christopher outra vez lhe beijou na boca, impedindo-a de continuar a falar todas aquelas besteiras e sorrindo depois de morder de leve o lábio inferior dela.
— Dulce, você não precisa pedir o meu perdão. — os dedos de Christopher acariciaram-lhe a face, passeando desde as suas bochechas até o seu pescoço. — E eu espero que você compreenda que eu estou... — outra vez o celular dela voltou a tocar, tornando a situação frustrante para ambos.
— Compreender que você está...? — ela até tentou retomar o assunto, mesmo sabendo que seria em vão.
— Outra hora eu lhe falo porque eu acredito que chances é que não vão mais faltar.
Dulce saiu do carro e viu que Christopher estava outra vez dando partida. Sem pensar, abriu a porta e perguntou o que diabos ele estava fazendo. Disse que queria que ele estivesse ao lado dela naquela hora, porque de uma forma ou de outra, agora ele fazia parte de sua vida e ela queria compartilhar com ele os seus melhores e piores momentos...
E aquele com toda a certeza do mundo era um dos melhores momentos que era teria em vida.
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De: Christopher Uckermann ([email protected])
Para: Dulce Maria ([email protected])
Assunto: Sem assunto
Ok, vamos lá.
Eu não quero que você pense que eu sou ansioso ou que eu simplesmente estou agindo rápido demais, mas eu não consigo mais controlar tudo o que eu quero lhe dizer, Dulce. Eu juro que tentei, juro de verdade, porém não tem mais jeito.
Eu estou apaixonado por você.
De verdade. Eu estou perdidamente apaixonado por você.
Não sei... Droga, eu não sei nem como começar! Ontem eu tentei lhe dizer antes de entrarmos no Hospital o quão louco eu me ponho quando estou ao seu lado, mas fui interrompido na hora H e por um lado foi bom, pois dessa forma eu tive a oportunidade de pensar a noite inteira para tentar lhe descrever pelo menos um pouco do que eu sinto por você... Eu quero que você seja a minha garota, Dulce. Eu quero poder dizer para todo mundo que eu sou o seu namorado, quero poder contar a forma engraçada como nos conhecemos, quero poder recordar as nossas primeiras histórias sem pé nem cabeça assim que acordar ao seu lado... Eu quero que você me queira como seu namorado. Eu quero que você esteja disposta a compartilhar comigo todos esses sentimentos que estão tomando conta do meu coração... Eu quero tudo o que você puder me dar.
E também quero comprar uma nova cafeteira para você.
E não, isso não é suborno para receber a resposta que eu quero ouvir.
Eu quero você, Dulce.
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