🧁 Capítulo 11
— O que você quer, Harry?
Louis começou curto e grosso, depois de sua conversa com Lee, o jovem chegou a cogitar a possibilidade de convidar Harry para uma conversa sobre o futuro. Ele só não esperava que essa conversa fosse acontecer tão cedo, e que ainda por cima, fosse na confeitaria, a mesma confeitaria que ele estivesse escolhendo seu bolo de casamento.
Era estranho ter Harry ali, no meio dos preparativos para seu casamento, era como se o cardiologista não passasse de um parasita inconveniente no meio da sua felicidade. Um intruso. Podia parecer cruel da sua parte, mas era como ele sentia-se. Aquele momento era para ser dividido com um amigo, e não com um fantasma do seu passado.
Seus olhos observavam aquele homem de 28 anos, e se deu conta que ele era um completo estranho para si. Nada mais que isso. Um passado doloroso . Louis, tentou fazer uma força sobre humana para não deixar transparecer sua mágoa a Harry, uma vez que, sua vontade era apontar o dedo na cara dele e gritar todas as acusações que teve de engolir em sua adolescência.
Em vez disso, ele lembrou-se que não era mais um menino de 16 anos, e sim um adulto. Assim sendo, com um gesto de cabeça, pediu da forma mais educada que conseguia no momento, para que Harry sentasse à sua mesa.
Não era um convite, era uma intimação, uma vez que Louis queria pôr as cartas na mesa, e poder resolver aquela situação da melhor maneira possível.
Rapidamente Harry aceitou, aproveitou que Louis estava silencioso para novamente observar a beleza dele. Percebeu que Louis em um determinado momento franziu o cenho confuso, o silêncio estava constrangedor entre ele. O engraçado é que Harry tinha tantas coisas para falar, e mesmo assim, sua mente parecia estar fora de órbita.
Pela janela, ele notou que o dia estava ficando nublado, era como se uma tempestade estivesse próxima , ou talvez, aquela tempestade fosse somente dentro dele. Ter Louis em sua frente, depois de anos o deixava nervoso. Prova disso era que seus dedos estavam trêmulos e de forma inquieta batia na mesa, ele estava confiante até alguns segundos atrás, agora ele era um poço de incertezas.
Sabia que era ousado da sua parte seguir Louis, mas sua dignidade estava no lixo desde que percebeu o quanto amava e sempre amou aquele ser, nada mais importava em sua vida. E aquela era sua chance de poder ter ao menos Louis perto de si. Mesmo que isso significasse vê-lo com aquela expressão de indiferença.
Foi Louis a quebrar a silêncio:
— Então…
— Isso é muito estranho, digo, a sensação, é como nós dois somos dois estranhos. — sussurrou Harry nervoso.
— E somos mesmo. — Afirmou Louis curto e grosso.
Harry franziu o cenho e engoliu em seco, um pouco magoado ressaltou:
— Eu não penso que somos dois estranhos. Eu nunca vou achar que você é um para mim. É impossível. — Harry se recusava aceitar que o destino fez deles dois completos estranhos.
Louis deixou escapar um sorriso debochado e ressaltou:
— E o que somos, na verdade sempre fomos, agora, creio que você não veio aqui, ou melhor, me seguiu até aqui para um bate papo de velhos conhecidos. Vamos direto ao ponto.
Harry ficou vermelho e desconcertado, aquele Louis ali na sua frente não era aquele ser doce e gentil da sua adolescência. Estava mais para alguém hostil.
— Sobre Caledônia...— murmurou Harry. Ele estava tão nervoso, que tinha certeza que estava gaguejando. Louis era a única pessoa no planeta capaz de deixá-lo assim, com medo.
— O que você quer falar sobre minha filha?
— Nossa. — corrigiu Harry, vendo Louis arquear a sobrancelha com ar zombeteiro. — Eu...eu…
Louis interrompeu Harry e comentou impaciente:
— Vamos resumir isso aqui, porque estou sem tempo para gastar meu dia com você.
Os olhos de Harry se encheram de lágrimas diante do tratamento frio de Louis, sem falar, que ele nem mesmo disfarçava o quanto queria terminar aquela situação com Harry o mais rápido possível.
— Meu noivo explicou que conversou com você, eu não estou confortável com essa situação, mas acho que ele tem razão. E nesse momento a felicidade de Caledônia vem em primeiro lugar, então, sim, você é bem-vindo em minha casa para visitar nossa filha.
Harry abriu um lindo sorriso e esperançoso perguntou:
— Isso quer dizer que podemos ter uma relação de amizade? Digo, eu e você?
Louis sorriu como se Harry tivesse dito a coisa mais ridícula do mundo.
— Amigos? Eu não falei amigo, e tão pouco quero estabelecer qualquer tipo de relação com você. O que sugeri é que você é bem-vindo a minha casa, mas isso não te dá o direito de julgar que teremos algum laço. Seu laço é somente com Caledônia, espero que isso fique claro.
Mais uma vez ,Harry engoliu em seco, Louis tinha o poder deixá-lo paralisado de medo, era difícil sentir o desprezo da pessoa que amava. Embora Louis demonstrasse uma postura fria. Harry tinha a sensação que lá no fundo, Louis queria mesmo era gritar. Mesmo cheio de dor , diante de Louis despreza sua amizade, ele encontrou força e murmurou:
— Eu entendo.
— Que bom, acho fundamental deixar as coisas claras com você, agora, preciso mesmo ir, à noite, farei um jantar, está convidado. Assim, você e Caledônia estabelecem bem a nova rotina.
Um tímido sorriso surgiu em Harry. Louis não o tratava bem, mas pelo menos, ele se mostrava disposto a tentar pelo bem de Caledônia.
— Obrigado.
Louis não respondeu, levantou-se da mesa sem dizer nada, antes de sair , voltou-se para Harry e deixou claro:
— Harry, eu não sou uma pessoa mesquinha que vai falar mal ou tentar atrapalhar sua relação com Caledônia.
— Eu sei disso, sempre soube — sussurrou Harry.
— Então concordamos em ter uma relação cordial diante da Calcedônia, não quero que minha filha veja nada hostil entre a gente, mas isso é somente diante dela.
Harry apenas fez um gesto de afirmação com um movimento de cabeça, ele estava emocionado demais e temia chorar. Louis rapidamente saiu do estabelecimento sem olhar para atrás. Pelo visto, ele teria que aceitar Harry, ou pelo menos uma parte dele novamente em sua vida.
Três semanas depois, a presença de Harry já se podia dizer constante na rotina da casa de Louis. Uma vez, que depois do primeiro jantar, que aliás, foi bem tenso para Louis, mas que deixou Caledônia feliz, foi o suficiente para fazer que Harry se tornasse um convidado assíduo dos jantares na residência de Louis.
Não só do jantar, como do almoço no restaurante de Liam e Niall. Louis não sentia-se feliz com aquela aproximação, mas tinha que concordar que Caledônia estava radiante. E pelo bem da filha, ele chegava até engoli o seu orgulho e tentar ser cordial com Harry. Pelo menos na frente da filha, já que quando Caledônia ia dormir, Louis fazia questão de demonstrar todo seu desprezo por Harry.
Niall também não ficará satisfeito com a aproximação de Harry na vida do melhor amigo. Aqueles jantares estavam se tornando sufocantes para Louis. Lee, como prometido, sempre esteve ao seu lado, assim Louis sentia-se segurança para enfrentar aqueles momentos.
Não demorou para Louis se dar conta de que Harry não iria sair de sua vida, pelo bem da sua filha, ele se via na obrigação de ser cordial com o cardiologista. O que é extremamente difícil, uma vez que Harry demonstrava um certo desespero em tentar chamar sua atenção. Prova disso, Louis se deu conta de que todo lugar que ia, Harry por coincidência também aparecia. Às vezes, Louis se perguntava se as aparições eram por acaso, ou se era uma tentativa frustrada do cardiologista em tentar forçar uma amizade entre eles.
Se pelo lado, a vinda de Harry em sua vida trouxe um furacão de emoções conflitantes, por outro, na sua empresa e na vida pessoal, as coisas estavam dando tudo certo, os preparativos do seu casamento estavam indo muito bem.
Agora faltavam menos de dois meses para o grande dia, e tudo segundo Niall, estava na mais perfeita ordem, só faltava mesmo Louis fazer a prova do seu terno.
A apresentação de Caledônia também estava próxima, ia se em três semanas, e por incrível que pareça, Louis sentia-se completamente seguro para ir prestigiar a filha. Se bem que depois dos últimos acontecimentos em sua vida, ele não ia ter tempo para uma crise de ansiedade.
Naquela noite em especial, Harry chegou cedo em sua casa, em suas mãos, ele tinha uma torta de maçã e uma garrafa térmica de chá, não passou despercebido a Louis, que aquela era sua sobremesa favorita, ele lembrava de ter falando isso a Harry, tempos atrás, quando ambos ainda eram adolescentes e matava suas tarde na cafeteria que lembrava a década de 50.
— Adivinha de onde essa torta? — Harry perguntou para Louis na expectativa do jovem responder. Seus olhos estavam carregados de esperança.
— Não faço ideia! — Mentiu Louis.
Mas por dentro um nó seco se formava em sua garganta, odiava seu passado, odiava pensar que sentia saudade da época que era inocente e que tinha todo futuro pela frente. Odiava pensar naquele Louis cheio de sonhos. E Louis fez uma prece silenciosa para que Harry não revelasse da onde era a torta.
— E do café que nós dois passamos as tardes juntos. Fazia anos que não entrava nele — Harry fez uma pausa para engolir em seco e sussurrou — Sinto uma enorme saudade daquela época.
Louis fez sua melhor expressão de pouco caso e revelou:
— E passado! E como tal é esta no seu lugar de direito.
O jantar começou naquela noite em um clima tenso, foi Caledônia que estava alheia ao ambiente à sua volta que quebrou a atmosfera carregada. Ela deixou Harry a par de sua apresentação, ele nem mesmo conseguiu esconder a surpresa.
— Então papai, você vai, né ?— perguntou Caledônia esperançosa a Harry.
— Claro minha pequena, eu não perderia por nada.
Caledônia sorriu satisfeita, após a sobremesa, Lee a acompanhou até o quarto para contar uma história. Harry e Louis estavam sozinhos na sala.
— Sabe o que estava imaginando? O quão incrível é de como Caledônia se parece com você, em tudo, até na paixão pela ginástica rítmica, ver nos olhos dela a mesma paixão que via no seu. É incrível.
Louis bebericou um pouco de chá e ficou em silêncio. O lugar que Harry tocou, era um terreno perigoso para Louis.
Diante do silêncio de Louis, Harry continuou, porque na verdade estava curioso para saber o que tinha acontecido.
— Aliás, porque você não seguiu com a ginástica? Digo, eu não soube se você conseguiu ou não ganhar sua medalha? Sei que era seu sonho, e também sei que não existia ninguém melhor que você na época.
Louis inclinou-se no sofá e com olhar ameaçador murmurou de forma hostil para Harry:
— Você está de brincadeira? E para responder mesmo isso?
Harry arqueou o cenho preocupado, aquela versão de Louis quase homicida também era uma novidade para ele. E no seu íntimo, algo gritou silenciosamente que ele tocou em lugar proibido.
— Eu...eu
Louis interrompeu Harry, levantou-se rapidamente do sofá e desafio o cardiologista:
— Seu sonho sempre foi se tornar um médico, mas pelo visto você não é muito inteligente. O que você julga que me impediu de ganhar uma medalha?
Harry engoliu em seco diante do Louis. Sua mente ficou em branco, e tudo que ele conseguiu registrar era o olhar de dor, mágoa e ressentimento de Louis.
— Vamos Harry, você consegue pensar, eu estou curioso para saber se você chega em alguma conclusão? — desafio Louis irônico.
Harry observou Louis da cabeça aos pés, tentando entender o que havia de errado ali, então sua mente paralisou quando seus olhos chegaram até a barriga de Louis.
E claro, como ele poderá ser tão tolo?
A gravidez! Devido ele ser um atleta, a gestação , a rotina de um atleta, o físico dele, não era adaptado para uma gravidez, e depois de noves meses, o corpo dele não seria mais o mesmo. Por Deus, durante todo aquele tempo, Por nenhum momento, Harry chegou a pensar naquele hipótese. Uma onda de desespero tomou conta de Harry.
— Pelo visto, você não é tão tolo afinal— Debochou Louis quando se deu conta de que Harry percebeu o motivo que o fez interromper sua promissora carreira.
Tudo que Harry fez foi levantar-se e correr o mais rápido que podia da casa de Louis.
Louis apenas sussurrou:
— Não sei porque ainda me surpreendo, fugir é sempre sua melhor opção, Harry Styles.
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