Seis, la permission
— Você tem certeza de que não vai?
Silas perguntou mais uma vez para Manuela, que assentiu novamente com a cabeça. Júlio, estava enraivecido do lado de fora do quarto, pela colega já ter decidido que não iria almoçar com a turma, alegando que estava com uma dor de cabeça forte o suficiente para mudar seu humor.
— Então fique bem, melhoras!
— E sozinha! — Júlio gritou, fazendo Manuela rolar os olhos.
— Escandaloso. Eu vou ficar bem, Silas. — Manuela piscou de forma sapeca, fazendo um sorriso surgir nos lábios do ruivo. Ela tinha um plano, e sabia quem estava nele.
— Até mais. — Disse de soslaio, fechando a porta, deixando a jornalista suspirar e se jogar na cama. Se o seu problema fosse a cabeça doendo, ela estaria maravilhosamente bem.
Olhou para o celular e desbloqueou a tela, indo novamente na conversa que tinha tido com Keylor horas atrás, a qual dizia que iria sair com ele naquele dia, para tomar um café. Ela só tentava acreditar que iria sair com Keylor Navas para tomar café.
Que seja litros de café! Pensou risonha, olhando para a mala estarrecida de roupa que havia trago na viagem. Como outrora dito, hoje era o dia de folga da equipe e todos combinaram de ir almoçar em algum restaurante nas proximidades. Além de Manuela, outras três pessoas ficaram no hotel, as mais introvertidas. Eles iriam aproveitar o tempo para descansar, escrever ou apenas encarar o teto de cor cinza do hotel. Manuela ia fazer seu sonho se tornar realidade.
Levantou rapidamente da cama, não tinha muito tempo para pensar. Tinha algumas roupas menos sofisticadas ali, mas parecia que nenhuma seria legal o suficiente para sair. Tirou as roupas da mala e organizou-as por cor, procurando algo que fosse digno e discreto, afinal era apenas um café.
E se Keylor a levasse em um local chique?
Sua cabeça rodou, ela precisava de algo mais sofisticado. Encarou a saia longa em tom de pastel, que tinha uma leve fenda do leu lado esquerdo. Ela era simples, discreta e daria para sair correndo se algo desse errado. Olhou então para uma regata preta que estava entre as roupas que usava nas entrevistas, era para se caso fizesse muito calor, para poder colocar embaixo da blusa da emissora. Sorriu de lado para as duas e pegou as peças, indo diretamente para o banheiro, para um banho que relaxasse seus músculos, mais duros que a espada do rei Arthur.
Depois de sair do banheiro quente, vestiu a combinação que havia escolhido e suspirou aliviada, não estava se sentindo estranha. A saia caiu bem com a blusa, estava simples e ao mesmo tempo elegante. Verificou se as gorduras estavam muito aparentes e fez os últimos retoques, antes de pegar sua alpargata preta e colocar no pé, fazendo sua mente entender que aquilo era o mais próximo dela estar se achando confortável. Por fim, apanhou um cardigã, pois o vento era castigante.
Mas seu coração pulava, parecia que sairia pela boca a qualquer momento.
O dia estava lindo. Um calor formidável aquecia a cidade de São Petersburgo e Manuela estava terminando de arrumar, colocando uma maquiagem básica o suficiente para sua pele respirar um pouco. Ao terminar tudo, sorriu mais uma vez, mostrando suas pequenas rugas no extremo dos olhos, as rugas que indicavam sua felicidade ao estar fazendo parte daquela realidade, que nada era um sonho.
Keylor realmente havia chamado-a para um café e logo logo, estaria cara a cara novamente com o goleiro que tanto sonhou em conhecer.
Pegou a bolsa marrom e delicadamente saiu do apartamento, tendo o máximo de cuidado para não esboçar uma reação muito escandalosa, já que se pudesse, sairia rodopiando. Chegou no elevador e suspirou ao vê-lo se fechando, partindo para o térreo. Eram exatamente três horas da tarde, horário que havia combinado com Keylor para busca-la.
Passou pela recepção e nada disse, quase se tropeçando nos próprios pés. Habilidosa, atravessou a rua e logo virou a esquerda, pois ainda preferia o sigilo, pediu para que o goleiro a pegasse na rua atrás do hotel. Não sabia exatamente onde todos tinham ido então todo cuidado era pouco.
Assim que virou a esquina, seu coração se apertou ao ver um carro preto estacionado em frente a uma loja de roupas vintage. Apressou o passo e ao ver que era Keylor, acenou rapidamente. Navas viu Manuela vindo em sua direção e seu peito descompassou, deixando-o sem palavras.
— Oi! — Manuela disse, enquanto Keylor saia do carro para abrir a porta para ela. — Não, não precisa disso!
— Faço questão. — Disse sorrindo de lado, enquanto abria a porta, como um verdadeiro gentleman. Manuela entrou e sentia sua pele pegar fogo, então respirou fundo algumas vezes antes de Keylor adentrar no veículo.
Manuela mordeu o lábio e finalmente olhou para Keylor, analisando-o. Vestido com uma camiseta vinho da Dolce&Cabana, imaginou que seria exatamente essa forma que veria o goleiro: a mais simples possível. Uma calça preta e um sapa tênis escuro completaram a simplicidade e o charme que o moreno carregava consigo.
— Você está linda. — Keylor murmurou, olhando principalmente para o colar que caia sobre o colo de Manuela, avermelhado pelo nervosismo.
— Você também. — Disse ainda petrificada, quando os olhares se cruzaram novamente.
— Foi difícil sair? — Falou tentando quebrar o clima.
— Claro, para eles, estou morrendo no tédio, com dor de cabeça. — Keylor riu, mas agora com os olhos voltados para a frente. — E você?
— Estou indo conhecer a cidade. — Disse por fim, dando partida no carro.
— Mas a gente não iria tomar um café? — Manuela perguntou, sentindo a cor da sua pele aparecer.
Foi aí que Keylor virou em sua direção, olhando-a de uma forma que fizeram todos os fragmentos da jovem se partirem, indo em direção às mãos do goleiro. O costarriquenho deu um sorriso cativante, perfeitamente moldado, o qual Manuela ficaria o dia inteiro admirando, se xingando por estar tão predestinada a ele. Se ela tinha um plano, ele tinha vários.
— Acha que um café é o suficiente?
Manuela sentiu suas pernas travarem novamente, um ruído surgiu da sua garganta, baixo. Se ela estava com medo de pensar em alguma segunda intenção, Keylor já estava na quinta.
— Com certeza não. — Respondeu, ainda em choque, soltando um riso anasalado.
— Se você não quiser, eu entendo perfeitamente. Podemos tomar um café, conversar brevemente e...
— Keylor, — Manuela levantou a mão, pedindo atenção, mordendo o lábio mais uma vez, puxando lá de dentro a sua coragem. O carro ainda estava parado, não havia saído do lugar. — Você tem a minha permissão para me levar para onde quiser ir.
Keylor sorriu tão largo que seu maxilar doeu. E a partida no carro foi dada, assim como foi dada a partida de uma linda história que começava a ter forma.
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