Copa do Mundo de 2014, São Paulo, Brasil.

Os olhos um pouco lacrimejados mostravam uma emoção que Manuela não entendeu a princípio, enquanto prestava atenção em mais um jogo da copa do mundo. Segurando o controle com certa força entre os dedos, abocanhou o pão que estava na outra mão e suspirou, um pouco desanimada.

— Esse goleiro foi sensacional, uma pena o time não ter avançado, seria um marco histórico! — O pai da jovem exclamou, abrindo mais uma lata de cerveja. — Como é o nome dele mesmo?

— Navas. — Manuela exclamou, ainda segurando o controle. — Keylor Navas.

— Esse rapaz tem futuro.

As câmeras apontaram exatamente para o goleiro, que estava ajoelhado no meio campo, com as mãos estendidas para cima, olhos fechados e bem apertados. Apesar da derrota, da eliminação sofrida, o costa riquenho fazia questão de mostrar uma duas suas maiores forças: a fé.

Manuela sorriu com os segundos fincados no rosto bem marcado do moreno. Ela estava acompanhando todos os jogos da copa, aproveitando suas férias do trabalho — e também do segundo ano da faculdade de Jornalismo. E mesmo torcendo para o Brasil, que seguia forte na competição, a garota sentiu uma empatia enorme pelo time sem tradição da América do Sul, principalmente pela atuação do goleiro. Nesse momento, ela estava triste com a eliminação, porém satisfeita com o fato de o mundo ter visto a determinação do time, abrindo portas para aqueles jogadores.

Grandes portas abririam para Keylor, ele era realmente bom. E era notável sua felicidade perante ao fato.

— Tem mesmo. — Torceu, se levantando para ir até a cozinha. Navas havia sido um ótimo defensor, promissor, valente guerreiro. E nada mais do que justo era Manuela se tornar uma fã de seu trabalho, tendo seu coração palpitante em todos os jogos que acompanhou da equipe.

Pegou seu celular e vasculhou pelo Instagram, sentando-se em uma das cadeiras vazias presentes na cozinha do apartamento. Ao achar o perfil de Keylor, com um número até satisfatório de seguidores, sorriu gradativamente, sentindo seu rosto se ruborizar. Ela havia se tornado de fato, sua fã.

— Espero um dia ter a oportunidade de dizer a você o quanto é bom. — Murmurou, enquanto passava o olho pelas poucas fotos disponíveis do goleiro, sem ao menos imaginar o quanto o gesto transformaria sua vida para sempre.

A mudança já começou! E ai, o que acharam da mudança de narrativa?