Memórias têm um papel enorme no jeito que lidamos com os outros.

Memórias são reações.

São lembranças daquela conversa com alguém especial que diz "sempre vou estar aqui" e que "acredita" em nós. Pequenas histórias e risadas que demos durante uma noite inteira falando sobre bobagens do dia a dia.

Se nos sentimos bem, as memórias estão ali pra nos dar motivo para refazer, tentar de novo, buscar o sentimento que foi bom. Mas elas são uma ilusão, porque mesmo as que não queremos lembrar, incomodam.

São partes nossas que foram arrancadas sem piedade, não permitindo reação além de ficar vivendo aquilo. É uma tortura.

Eu nunca vou deixar de lembrar como eu fiquei quando ele me excluiu completamente da sua vida. Como ele foi me deixando aos poucos porque ele literalmente queria. Me usando, não se importando com nenhuma das memórias que estávamos criando.

E eu também nunca vou deixar de lembrar, tempos de tristeza depois, como eu me senti ao ver que Aquiles era tão perdido quanto eu. Tão bêbado e leve e solto ao ponto de simplesmente ignorar as minhas maneiras quebradas de ser. 

Porque eu sou quebrada, essa é a verdade. Essa foi a reação de todas as minhas memórias. E é só mais uma das coisas ruins que eu gosto. Porque hoje, não importa, eu sei que não vão me esquecer. 

E eu faço questão de que não esqueçam. Eu faço questão de ser memória. 

Mesmo que ninguém fique aqui pra isso.