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Capítulo 10

    Duas e meia. Meu coração começa a gelar, o estômago novamente carregando um fardo. Tento virar de lado na cama; sinto o suor molhado sob o meu corpo, escorrendo cada vez mais como se eu estivesse preso em um labirinto dentro de uma fornalha. O farol de luz saindo da janela faz meus olhos latejarem; tenho uma espécie de convulsão ocular.

    Quando menos espero o meu corpo inteiro se encontra estremecendo. Ergo o meu tronco e tento continuar lúcido, mas isso atiça ainda mais o meu corpo e uma tontura vem à tona, o meu campo de visão fica em um estado de confusão, os objetos à minha frente começam a oscilar de forma e embaçar todo o ambiente. Uma pressão de som agudo surge preenchendo minha audição.

    Tudo isso acontecendo ao mesmo tempo me faz perder qualquer razão que ainda poderia existir em mim. A única coisa que fica grudada na minha mente é que isso pode ser mais uma alucinação...

    Não... não é não. Dessa vez a dor é genuína. Não é um simples lapso, é ainda mais real. Eu não estou preso a nada, ainda posso me mover, mas a dor é lancinante; e isso me faz cair novamente sobre a cama...

    A tremidão no meu corpo se torna cada vez mais intensa e começo a me remexer, minha cabeça gira de um lado a outro; a visão turva oscilando entre a faixa de luz à minha esquerda e o meu guarda-roupas à direita.

    Fico angustiado.

    Eu posso me levantar e tentar tomar alguma coisa, mas algo dentro de mim me implora pra continuar como estou... continuar sofrendo... continuar nesse mar de dor...

    NÃO QUERO!

    Ainda com o corpo em um completo alvoroço, ergo novamente meu corpo, arrasto minhas pernas sobre a cama molhada e, ainda cambaleando, tento ficar de pé.

    A situação não poderia ser diferente.

    Os joelhos no chão, antebraços apoiados em súplica e cabeça abaixada com a testa beirando a superfície gélida, fico estatelado no piso do quarto respirando ofegantemente.

    Ainda sinto que posso me mover, mas se o fizer, a dor aumenta sem dó.

    Não posso ficar assim.

    Ainda no chão, tento olhar em volta. À direita, o guarda-roupas; à esquerda, um quadrado de luz no chão. Olhando por baixo da cama, percebo o meu criado mudo...

    Mas é claro!

    A lembrança do corte de tecido que fiz para minha mão na noite anterior cai por terra.

    A tesoura.

    A ideia é louca. Delirante. Paranoica. Mas pode ser a única forma de me manter lúcido.

    Rastejando, tento contornar a cama ao meu lado. Tenho que resistir a pressão de fechar os olhos, de desacordar; a dor é intensa, mas não posso ceder; tenho que ser mais forte que isso.

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