Chapter 08
''Eu sempre me isolo, sempre sumo e me escondo porque a única coisa que sou boa é estar sozinha.''
Luna Valente
Ao me despedir da minha irmã, resolvi tomar um banho para resolver o resto dos detalhes da decoração do meu quarto.
Peguei o meu roupão, porque depois eu ia escolher a roupa com mais calma.
Ao ligar o chuveiro, ouço um barulho estranho vindo do quarto, ao invés de desligar, me enrolei na toalha e observei pela fresta da porta.
Vejo ser Emília, ela pegou a escova de cabelo que a minha irmã usou da penteadeira e saiu sorrateiramente.
Corri para o chuveiro, para terminar o meu banho, e enquanto me levava alguns pensamentos vieram à minha mente.
Pelo jeito o Senhor Smith não nos aceitou de braços abertos como achamos.
Ele devia ter pedido para ela fazer o teste, tenho certeza que não iria se negar.
Entendo os motivos dele querer fazer o teste, afinal é um homem muito rico, qualquer mulher tentaria dar o golpe do baú.
Mas afinal das contas foi ele que foi atrás de nós, minha mãe sempre se virou para nos criarmos sozinha, sem depender de homem algum.
Mesmo com tantas necessidades que passamos, ela não foi atrás dele, apenas foi uma grande guerreira.
Ao sair do banho enrolada no meu roupão azul-claro, abri o guarda-roupa e escolhi apenas uma blusa moletom branca que batia até nos joelhos e um tênis branco.
Deixei os meus cabelos soltos mesmo estavam meio molhados e fiz um delineado gatinho usando um pigmento dourado.
Tomei café da manhã, estava morrendo de fome já.
Os copos, pratos e os talheres que eles usaram não estavam mais ali, pelo jeito a empregada já limpou antes de eu vir.
Era estranho comer sozinha numa mesa tão enorme e farta.
Servi-me com uma fatia torrada integral com geleia de morango, ovos mexidos com bacon, queijo e uma caneca de suco natural de abacaxi.
Comia em silêncio, mas pude ouvir a Emília falando ao telefone provavelmente com o Senhor Smith, dizendo que algo deu certo e estava correndo tudo como o combinado.
Ao terminar de comer, fui para o banheiro e escovei os meus dentes.
Resolvi passar apenas um gloss incolor nos meus lábios.
Resolvi que não falara nada para minha irmã, ela estava empolgada com o pai, isso destruiria as suas ilusões.
Emilia Mansfield
Não queria ter feito aquilo com a Âmbar, pegar o seu cabelo sem seu consentimento.
Mas foram as ordens do Senhor Smith, apesar dele ter total certeza sobre a sua paternidade.
Precisam dos testes para ele poder registrar ela e mudar o testamento.
Espero que não fui vista pela Luna, estamos construindo uma amizade e sei que isso atrapalha.
Liguei para o ele avisando que deu certo, um motoboy de confiança veio e levou a amostra para ser analisada.
Âmbar Smith
Era a quarta vez que estávamos ensaiando, acertou todas as notas.
Apesar que desde do primeiro ensaio estávamos bem sincronizados.
Ele era bem diferente do rapaz que conheci no outro dia.
Na vez dele cantar, ele não cantou, apenas ficou encarando os meus lábios com um certo desejo.
— Presta atenção no ensaio do guitarrista — falei irritada.
— Não me chame assim bonita — pediu.
— Chamo você como eu quiser — falei indiferente.
— Apesar de ser um guitarrista, odeio que toda hora se refiram a mim assim — explicou.
Ele se aproximou de mim tão perto, nossos lábios estavam a poucos centímetros de tão perto.
— Não fiquem tão perto de mim — falei o empurrando para longe com as pontas dos meus dedos.
Ele deu uma risadinha todo, charmoso para o meu lado.
Meu pai chegou com uma sacola nas mãos, provavelmente era o nosso almoço, já eram quase 11 horas, nem havia percebido que a hora passou tão rápido.
— Conseguiram sincronizar a voz de vocês? — Meu pai perguntou risonho.
— Conseguimos sim, Chefinho — Simón respondeu com um sorriso vitorioso.
— Vocês estão se dando bem? — Meu pai perguntou.
— Sim — respondemos em um perfeito couro.
— Dê uma pausa para almoçar, trouxe o almoço de vocês, espero que gostem. — Meu pai falou gentilmente, entregando uma sacola para mim e outra ao Simón.
Sentei-me numa mesinha que tinha lá, a pegar a Marmita nas mãos, vi estar bem quentinha e principalmente muito bem temperada pelo aroma, tinha arroz branco, feijão-tropeiro e bife à milanesa.
Veio numa mini marmita separada com vinagre com salada de alface.
E uma garrafinha com suco natural de manga.
Simon se sentou de frente para mim e em seguida abriu a seu marmitex que havia a mesma coisa que o meu.
— Bom apetite para vocês — Meu pai desejou.
— Obrigada — agradeci.
— Não irá nos acompanhar? — Simon perguntou.
— Tenho um almoço de negócios, em outro momento reunirei com vocês — Meu pai explicou.
— Tá bom — Simón concordou.
Meu pai saiu, em seguida comecei a comer em silêncio, ele estava mexendo no celular atentamente e soltava certas risadinhas.
Provavelmente deve estar falando com alguma paquera ou respondendo mensagens de fãs.
Parei de pensar nisso e concentrei no meu almoço, afinal ensaiar me deu muita fome.
Ao terminar de comer, percebi que o Simon se levantou e saiu.
Eu não queria espioná-lo, mas deu vontade de ir ao banheiro, então procurei um.
Vejo que ele estava conversando com o Nico, ele estava usando uma camiseta verde, calças jeans num tom escuro que tinha vários rasgados no joelho e um all star azul-escuro.
— Quem é a loira que você estava almoçando? — Nico perguntou curioso.
Quando vejo estarem falando de mim, resolvi ficar um pouco para ouvir a conversa, sei que está errado, mas sou muito curiosa.
— Ela é a Valentina a nova cantora da gravadora, com ela que fazemos um feat com aquela música que compus "Solo" lembra? — Simón contou.
— Lembro sim — Nico falou — E a mbar viu ela hoje? — perguntou.
— Não — Simón negou.
— Ela gosta de você — Nico falou.
— Mesmo se ela gostasse de mim, sabe muito bem que ela não faz o meu tipo, afinal as garotas tímidas não chamam a minha atenção — Simón falou.
Nunca imaginaria ouvir o meu ídolo se referindo assim a mim, passei direto por eles, sem os olhares.
Tenho certeza que devem ter se perguntado se houve ou não a conversa deles.
Por sorte achei o banheiro e fiz o que tinha que fazer, ao me encarar no espelho em nenhum momento, chorei por aquele idiota.
Meu nome é Âmbar Smith prometi a mim mesma que nunca mais ia chorar por nada e nem ninguém.
Francisco Gusman
Emília me ligou avisando que o motoboy foi buscar a amostra, sei que estou fazendo errado.
Mas, no fundo, tinha total certeza que a Âmbar era a minha filha.
Por isso liguei para Sharon e pedi para ela vir, precisava acertar as coisas da certidão de nascimento dela e principalmente o testamento.
Por ter outra filha num casamento, que até hoje me arrependo, sei que se acontecer algo comigo, pelo menos deixarei Âmbar amparada.
Passei a manhã toda fora resolvendo a apresentação da minha filha na banda das garotas.
Precisava ser algo épico, que faria a banda feminina estourar em todas as rádios do mundo.
Ao terminar, resolvi levar um almoço para Âmbar e o Simón, ambos cantavam perfeitamente juntos, nunca o vi tendo uma conexão tão forte com alguém quanto ela.
Deixei ambos almoçando e terminei de assinar uns documentos, tinha muito trabalho a fazer por isso comi um lanche na rua.
Era uma hora da tarde, segui em direção a cabine de gravação onde eles estavam.
Vejo a minha filha saindo do banheiro, parecia estar com um olhar distante.
Minha mãe ficava assim quando passava por algo que não conseguia resolver.
Desde o primeiro momento que a vi, seus olhos percebiam serem iguais aos da minha mãe.
Ambas as minhas filhas puxaram os olhos dela, tenho certeza que a minha mãe ia amar tanto ver que a genética dos olhos azuis, pulou a minha geração, mas se manifestou através delas.
Parei de pensar nisso, depois tive uma séria conversa com ela.
Simón estava na cabine de gravação conversando com o Nico.
O cumprimentei e pedi para ele nos dar licença, precisava contar a novidade para eles.
— Ouvindo vocês cantarem mais cedo, veio uma ideia em minha mente, outra banda cancelou a gravação do videoclipe deles, como estão aqui, gostaria de propor gravar apenas vocês dois com essa música, o cenário é perfeito para isso — sugere.
— Tá bom — ambos concordaram.
— Por hoje estão dispensados, combinar tudo direitinho com você e o resto da banda de vocês por mensagem — avisei.
Ambos saíram da sala e a empregada veio organizar a sala.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro