" Ps: Antes de ler a história da Âmbar e o Simón, precisam conhecer pelo menos um resumo dos pais dela (Francisco Guzmán e a Sharon).

Por isso esse capítulo em especial, pra explicar tudo e não deixar nenhuma lacuna ao longo dos outros capítulos.

Ps2: Esse capítulo será narrado em terceira pessoa."

"Amei você no seu pior momento, mas isso não importou

Acho que você não me traiu, mas você ainda é um traidor"

— Olivia Rodrigo: Traitor

No ano de 2004...

A cidade Paraíso das Estrelas era um pouco diferente do que estávamos acostumados a conhecer.

Sharon Bilder era uma jovem de 20 anos, morava com o seu pai e a sua irmã mais nova, a garota prodígio como costumavam dizer.

Lilih Bilder com apenas 17 anos conseguiu uma bolsa na melhor faculdade de música do país, graças às suas maravilhosas notas e o talento em tocar piano, iria começar no próximo ano.

Sharon trabalhava num clube pra gente rica, era garçonete do local, por ser bonita chamava muito atenção dos investidores, por isso sempre ganhava boas gorjetas.

Era sua noite de folga, mas pra substituir uma colega de trabalho, esforçou pra ir, mesmo pelo cansaço excessivo.

Era noite de karaokê, ela nunca gostou de coisas relacionadas a música, apesar de saber tocar alguns instrumentos.

No palco tinha um rapaz, ele tinha aquela pinta de galã com uma mistura de Elvis Presley.

Ele cantava muito bem e tinha uma certa energia no palco que contagiava as pessoas que estavam ali.

Ela nunca viu aquele garoto na sua vida, apesar de ser muito bonito, parecia ser bem jovem.

Ela queria ficar observando a apresentação, mas o dever a chamava, eram tantas mesas para atender e pedidos para anotar, seus pés doíam tanto devido à sapatilha de salto alto que eram obrigadas a usar.

Já se passavam das meia-noite, finalmente estavam fechando o local.

Sharon havia conseguido 500 reais somente de gorjeta, estava satisfeita por deixar a folga de lado pelo menos foi produtivo.

Estava voltando pra casa sozinha, as ruas ainda tinha gente, isso a deixava um pouco aliviada, odiava voltar sozinha pra casa e além disso nesse horário.

Mas se assustou ao perceber estar sendo seguida por quatro homens, começou a andar o mais rápido que podia, com a pequena corrida acabou tropeçando em seus próprios pés e caindo no chão, os homens estavam cada vez mais perto.

Não conseguia levantar, sentia uma forte dor no tornozelo, começou a chorar descaradamente.

Ela pensou que tudo estava perdido, mas ouve uma voz masculina se aproximando de si.

Seu corpo todo começou a tremer por medo do que estava por vir.

— Meu amor, porque está no chão? — Rapaz perguntou, se aproximando dela, ajudando ela a se levantar.

Ela não sabia o que fazer, mas o abraço do rapaz a acalmou de alguma maneira.

Ela ouviu passos se afastando, indicando que os homens foram embora.

Sentiu ser levantada no ar, a respiração acelerada do garoto e os batimentos cardíacos estavam num ritmo apenas que nem uma canção.

— Se acalme- se princesa — falou no seu ouvido — Aqueles homens ainda estão olhando, apenas finja que eu sou um namorado atencioso — falou entre risos.

Eu o abracei forte pelo seu pescoço, beijando a sua bochecha.

— Obrigada — agradeceu.

Estavam na metade do caminho, perceberam aqueles homens não nos seguiam mais.

Já estavam na porta do hospital local da cidade, no caminho todo ele cantava músicas românticas pra tentar acalmá - la.

Ele se fez um sinal para os enfermeiros, parecia que o conheciam de alguma maneira.

Pegaram uma cadeira de rodas lhe colocando nela, foi levada para uma sala de raio-X.

Por sorte não havia quebrado a perna, apenas torcido o tornozelo por isso deu um certo inchaço.

Quando ela saiu do hospital tinha um táxi lhe esperando, mas o seu salvador não estava mais lá, foi embora sem ao menos dizer o nome.

Uma semana depois.....

Sharon a todo custo tentou encontrar o garoto para agradecer ele pela ajuda.

Mas ninguém tinha informações sobre ele, depois daquele dia ela começou a fazer aula de auto defesa.

Nunca mais iria ter ninguém depois daquele dia, se cuidar sozinha, já que nem sempre vai ter um mocinho justiceiro pra lhe ajudar.

Era seu dia de folga, mas infelizmente tinha muito o que se fazer, conseguiu entrar na faculdade tão sonhada de administração, futuramente ela quer abrir sua própria empresa e subir na vida.

Estava comprando umas roupas de patricinha, precisava viver uma dupla identidade se quisesse se misturar com a turma de riquinhos, apesar de ser bolsista.

Ela estava com algumas sacolas, tentava a todo esforço não deixar nenhuma cair no chão, mas foi meio em vão, uma sacola estava quase caindo quando atravessava a rua, por sorte nesse horário não tinha tantos carros.

Ao tentar pegar, alguém foi mais rápido, agarrando a sacola e tirando algumas de suas mãos, aliviando um pouco o peso.

— Sempre tenho que te ajudar né donzela — falou entre risos.

— Você de novo? — Sharon perguntou revirando os olhos.

A garota nunca demonstrou interesse em ninguém, até aquele dia que ele a salvou, começou a desenvolver sentimentos que não conseguia descrever.

Ela se sentia envergonhada de alguma maneira, então toda hora desviava o olhar, evitando contato visual.

— Porque parece que está com febre? — perguntou a encarando.

— Não estou com febre — Sharon respondeu irritada — Apenas um pouco cansada de tanto fazer compras — revelou.

— Porque comprou tanta coisa? — Rapaz perguntou confuso.

— Vou começar a frequentar a faculdade, não quero ir como uma garota pobrezinha, quero ir ao estilo, sabe? — justificou — Mas chega de fazer perguntas, me fala o seu nome, até agora não sei — pediu.

— Francisco — falou — E o seu? — perguntou lhe encarando.

— Sharon — respondeu.

Ela acenou para um táxi que passava por ali, ele ajudou ela a colocar as coisas e se despediram.

Meses depois...

Ambos começaram a sair e se tornaram namorados, ele era o único que sabia sobre a verdadeira situação dela.

Ele sempre acompanhava ela pra ir pra casa, garantido a sua segurança, era uma bela amizade.

Sharon passou a manhã de domingo na biblioteca, tinha muito trabalhos a se fazer da faculdade, ainda tinha que ir ao trabalho à tarde.

Ela assumiu uma dupla identidade, era Sharon a garçonete usava uma peruca preta e óculos de grau e na faculdade Sharon a popular patricinha que usava roupas falsificadas.

Ela estava saindo da biblioteca, mas parou ao avistar Francisco, ele estava com uns amigos, se vestia totalmente diferente do que ela era acostumada a ver.

Ele tinha um ar rebelde, ela se escondeu pra escutar o que tanto riam.

— Fiquei sabendo que a irmã mais velha da Lilih trabalha num clube — Garoto de moicano verde falou.

Francisco apenas concordou com a cabeça.

— Então você conseguiu fazer amizade com ela? — Garoto tatuado perguntou.

Francisco apenas ficou calado ouvindo tudo aquilo.

— Tenho certeza que se consegue amizade com a irmã mais velha, vai conseguir ficar com a Lilih, Gusman seu garanhão — Garoto de moicano verde falou dando uns tapinhas nas costas do amigo.

Eles ouviram um barulho estranho, ambos os garotos olham, Francisco viu Sharon com os olhos vermelhos, pareciam que iria chorar.

O garoto queria falar com ela explicando o mal-entendido, mas não teve coragem para deixar seus amigos.

Naquele dia Sharon jurou a si mesma que nunca iria se apaixonar, ela se demitiu do emprego e mudou para uma faculdade longe do país.

Francisco tentou ir à casa dela, para explicar a história, mas soube que ela foi embora sem deixar rastros.

Meses depois.....

Sharon morava na cidade de Bom Sucesso, era uma cidade grande, estava continuando a sua faculdade de administração.

Ela descobriu que, na verdade, o nome do garoto era Francisco Gusman, mas era mais conhecido como Gusman, ele estudava na mesma sala da sua irmã.

Ela não sabia que ele a procurou, Lilih não tocou no assunto nas cartas que ambas trocavam.

A única coisa que Sharon sabia era que aquele namoro havia dado frutos e que em breve iria ter que tomar uma decisão que mudaria o rumo da sua vida.