Velhos amigos
Notas:
Obrigada pelo apoio no primeiro capítulo ♥ espero que gostem, boa leitura!
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Jungkook esperou até ter certeza que o alfa estava longe. Seus olhos correram para trás logo que se viu sozinho, os lábios formulando o nome com certa dúvida.
— Jimin? — chamou baixo, ouvindo pela primeira vez uma respiração que não fosse a sua dentro daquele cubículo escuro.
— Jungkook? É você? — ouviu seu nome ser proferido, sorrindo aliviado ao perceber que era o amigo ali.
— Jimin, sou eu! — respondeu, observando de relance o outro se levantar e ir até ele. Os braços menores rodearam seu corpo, enquanto a voz ressoava cansada.
— Fico tão feliz que esteja bem — Jimin murmurou, apertando o mais novo entre o corpo.
— Eu que você esteja bem também — Jungkook se afastou, grunhindo baixo quando seu braço cortado doeu.
— Como isso aconteceu? — Jimin perguntou, segurando com cuidado no antebraço do mais novo, olhando a ferida funda. — Isso foi... uma faca?
— Os guardas do rei não foram pra conversar comigo, Jimin — murmurou, afastando a mão do outro. — Eu só preciso... esperar um pouco. Como eles capturaram você?
— Eles começaram a perguntar seu paradeiro, e eu precisava dar um jeito de fazê-los te esquecer por algum tempo, para que pudesse fugir — explicou.
— Lamento por não ter conseguido. Eu tentei o máximo que pude, mas meu corpo não durou por muito tempo. Como eu resisti, isso aqui aconteceu — levantou o braço, mostrando o ferimento.
— Está tudo bem. Isso já não importa mais. O que importa é que precisamos sair daqui o mais rápido possível.
— Precisamos, mas eu estou acabado... — murmurou, deixando as costas baterem contra a grade de ferro e arrastarem nela até que sentasse no chão. Viu Jimin fazer o mesmo, afastado de si, no mesmo canto em que ele estava antes.
— Nós vamos sair daqui — disse baixo, sentindo o corpo todo implorar por descanso. O corte em seu braço doía, as pernas estavam quentes, como se tivesse corrido por muito tempo, e de fato, havia mesmo.
Não conseguiu pensar em mais nada e adormeceu pelo que imaginou serem horas, até ouvir um barulho na grade da cela.
Era o alfa de antes.
Taehyung abriu o portão pesado e entrou dentro do local escuro, iluminando-o com a lamparina que trazia.
Jungkook se afastou até Jimin, ficando em pé ao lado dele, enquanto via Taehyung se trancar ali dentro também, guardando a chave dentro do bolso do casaco.
— Estou com medo. — Jimin disse em um murmúrio. Jungkook não negaria. Estava também. O alfa tinha acabado de se trancar ali dentro com eles. Sozinhos. Eram prisioneiros, pouco importaria se acontecesse algo a eles.
Entretanto, viu Taehyung tirar debaixo do casaco que usava algumas coisas, imaginando ser materiais de primeiro socorro.
Pela primeira vez Taehyung havia olhado para eles.
— O que você quer aqui? — Jungkook perguntou na defensiva, vendo Taehyung franzir o cenho, sério.
— Eu falei a você que viria ver esse ferimento. E é o que pretendo fazer nesse momento.
Jungkook assentiu meio duvidoso, dando uma olhada de canto para Jimin ao lado.
Jungkook se aproximou do alfa certamente receoso, e Jimin se aproximou para segurar o que Taehyung trazia, enquanto ele segurava em mãos um frasco de soro fisiológico.
Jungkook engoliu em seco antes de levantar o braço, sentindo Taehyung segurar acima de seu pulso e deixar a mostra o ferimento.
— Como você se feriu desse jeito? — a pergunta saiu quase retórica, já que pelo que já havia notado, só poderia ter vindo de alguma faca pela forma que estava profunda e alinhada. E não parecia ter sido um acidente. Fora intencional.
Jungkook engoliu em seco por alguns segundos, sentindo o soro molhar seu ferimento, deixando que as gotas molhadas e vermelhas cobrissem pouco a pouco o chão da prisão.
— Não me deixei ser preso, então os guardas do rei resolveram me dar uma lição. — disse, notando o olhar do alfa sobre si, antes que ele desse o soro fisiológico para Jimin e pegasse a gaze, cobrindo o ferimento com cuidado, até que estivesse totalmente coberto pelo tecido.
— Pronto. — disse, recolhendo os materiais da mão de Jimin, afastando-se alguns passos dos ômegas a frente. — Nem sei porque fiz isso. Você não teve piedade alguma ao queimar todas aquelas casas. Imagino quantos morreram sem ao menos saber o que acontecia. — podia sentir a raiva crescendo dentro de si, porque aquilo era injusto com pessoas inocentes.
Olhou para o ômega, vendo que ele não parecia sentimental com o que dissera. Que perda de tempo. Talvez fosse verdade de fato tudo aquilo que o rei falou. Não gostava de tomar decisões precipitadas, sua vida se resumia a analisar tudo com calma, e descobrir o real culpado de algo. Por isso era bom no que fazia, e não se culpava por ter sangue nas mãos. Eram pessoas ruins, não valiam muito.
— O que irá acontecer com a gente? — Jimin disse nervoso quando Taehyung passou a abrir o portão.
— Não sei. Mas o rei não gosta de manter prisioneiros — saiu de dentro do cubículo, fechando-o novamente, guardando a chave no bolso novamente. Evitou olhar para Jungkook. — Talvez não demorem para sair daqui. Talvez não vivam muito. São suas duas opções.
Já estava pronto para ir embora quando sentiu seu braço ser segurado, fazendo-o olhar para dentro da cela, por onde viu Jungkook pressionado a ela, tentando ao máximo mantê-lo parado ali.
— Eu não fiz nada — murmurou, encarando os olhos do alfa. Taehyung franziu a testa, confuso. Entretanto, não afastou o toque do outro, que soltou-se de si devagar. — E também não tinha ninguém dentro das casas. Eu vi todos saindo antes que os guardas do rei queimassem tudo.
Taehyung riu soprado, virando-se totalmente para ele.
— Por que o rei iria queimar o próprio vilarejo de seu reinado? Não há sentido algum nisso.
— Você acertou —Jungkook segurou as grades na sua frente, sentindo o ar parecer cada vez mais difícil de se obter, tentando manter o corpo calmo. Mas estava tão tenso naquele exato momento que era palpável. Se Taehyung percebesse, teria sérios problemas. — Mas foi necessário para ele conseguir colocar a culpa em mim. Ele não quer que a verdade venha à tona.
— Que verdade seria essa? — perguntou, curioso. Se aquilo fosse algum plano para derrubar o rei, teria que impedir. Precisava saber daquele assunto, ter noção do que se tratava para estar preparado. Mas sabia que Jungkook não seria bobo para dar tudo de mãos beijadas.
Viu o ômega se afastar devagar para trás, até que a luminosidade diminuísse.
— Eu sei o que está pensando nesse momento. Não acredita em mim como é de se esperar — disse fracamente, observando o alfa tentar olhá-lo. — Mas tudo que você sabe é uma mentira. E eu vou provar.
— Não precisa me provar nada. Se você está aqui, é porque é o culpado. Apenas isso — Taehyung disse por fim, saindo do calabouço. Foi rapidamente para dentro do quarto, guardando os materiais de primeiro socorro no local correto. O rei provavelmente ficaria irritado se soubesse o que fizera, mas não passaria disso. Ele era justo e o rei sabia bem.
Só que agora havia uma interrogação que não conseguia impedir em sua mente. Havia saído por dias para tentar achar o culpado da queima das casas da redondeza, fizera seu máximo para achar pistas ou algo que levasse a alguém. Mas não achou nada.
E então, quando voltava para o castelo, os guardas do rei estavam com um culpado. Alguém que jamais havia considerado.
Nunca havia falhado no que fazia, e por isso certamente tudo parecia confuso agora.
Suspirou, deitando-se na cama. Dormir continuava sendo uma dificuldade, mas resolveu fechar os olhos, tentando relaxar um pouco mais. Inspirou fundo, puxando o ar para os pulmões.
A presença do ômega havia trazido uma sensação que jamais havia sentido. Tentou ao máximo ignorar a tranquilidade que sentiu ao lado dele, mas aquilo estava errado, por isso não se deu ao luxo de demonstrar.
Talvez fosse até mesmo algum jeito de baixar a sua guarda. Suspirou, fechando os olhos com ainda mais força. Abaixar sua guarda. Era possível fazer isso? Desconfiava seriamente.
Virou-se para o lado na cama, lembrando-se que não havia deixado a chave do calabouço onde deveria. A ideia de ter sido desatento pareceu crescer rapidamente em sua cabeça. Seu coração acelerou quando sua mão adentrou o bolso do casaco e não achou a chave.
Não era possível que tivesse caído. Tinha certeza de ter guardado ali, e se caísse, teria feito barulho. Levantou da cama, dando uma olhada rápida sobre ela. Começou a olhar o chão, percebendo que não estava dentro do quarto.
Seu corpo ficou tenso, fazendo-o sair do quarto e ir seguindo pelo corredor, olhando atentamente para o lugar, tentando achar a chave, até chegar no portão do calabouço. Estava aberto.
Correu até ele, indo até a cela em que os ômegas estavam. A chave estava jogada ali, próximo do portão aberto.
Sua respiração ficou acelerada ao poucos. Taehyung trincou o maxilar, lembrando quando o ômega o segurou próximo ao portão. Naquele momento, quando ele o soltou, ele o distraiu para conseguir a chave. A ideia de que ele havia conseguido baixar suas guardas e ter feito aquilo sem perceber tirou-o do sério por completo.
Aquele ômega era astuto. E conseguiu o fazer de idiota. Umedeceu os lábios, saindo com pressa do calabouço. Eles estavam cansados e não havia lugar algum naquela floresta que não conhecia.
Eles tentariam fugir, mas não iriam muito longe. Traria-os de volta ao castelo antes mesmo que o rei soubesse de sua fuga. E garantiria que eles nunca mais conseguissem escapar.
Notas:
até logo <3
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