esse é o penúltimo capítulo. boa leitura !
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Depois que christopher foi embora, changbin não conseguiu dormir.

Pensar nas coisas que acabou dizendo fez com que seu sono fugisse como um bicho morimbudo, apenas se manteve acordado pelo início da madrugada e o começo da manhã. Viu o dia amanhecer deitado no sofá, as palavras do australiano ainda estavam pela sua mente quando decidiu que era hora de ir para cama.

Changbin não se conformava que tinha falado aquilo como se fosse a maior verdade do mundo. Afinal, quem ele queria enganar? Toda sua concepção em relação ao australiano tinha mudado a anos, changbin não achava o mais velho um completo babaca que mentiu para ele quando eram crianças. Soube o quão difícil foi a infância do loiro e porquê ele precisou mentir para ficar ao seu lado naquele pequeno período de tempo. O entendia, de verdade mesmo, mas era difícil assumir aquilo para si mesmo. Camuflar seus sentimentos com raiva e frustração parecia mais simples, porque assim não precisaria lidar com eles diretamente. No início, realmente nutriu um ódio enorme pelo bang, mas depois de alguns anos não via mais sentido daquilo.

A verdade era, changbin realmente gostava de chan, mas parecia complicado demais assumir isso, preferindo fingir que era apenas uma confusão sem sentido que sua cabeça criou, disfarçando a todo custo aquilo com qualquer tipo de sentimento negativo.

Antes do seu pai morrer, changbin prometeu que iria tentar ver o australiano com outros olhos, prometeu aquilo a jihyeon porque sabia que ele estava cansado da implicância infantil que seu filho mantinha com o rapaz de fios loiros. Chan não estava na cidade quando o seo mais velho faleceu, e ele também não viu o moreno implorar por dinheiro a Alexander, uma vez que seu progenitor desenvolveu um tumor no cérebro que precisava urgentemente de cirurgia. No fim, changbin viu seu pai morrer lentamente e dolorosamente no corredor de um hospital qualquer, viu seus olhos se fechando e sua cor sumindo. Ele nunca perdoaria os bang por fazer aquilo com jihyeon.

Quando o moreno deitou na cama, a brisa fria da manhã arrepiou os fios da sua nuca, ele subiu no colchão com preguiça e se enfiou debaixo das cobertas, ficando lá apenas existindo enquanto vagava pela imensidão que era sua mente. Ele queria que seu pai estivesse agora consigo, ou até mesmo a sua mãe, por mais que nunca tenha a conhecido. A única coisa que o seo tinha em relação a mulher mestiça era uma foto e seu colar de prata que o moreno guardava em uma das gavetas do guarda roupa, enrolado num lenço. Changbin sabia que mais uma vez os bang foram responsáveis pela morte de mais uma pessoa da sua família, mas nunca ficou sabendo detalhamento o que tinha acontecido no dia após seu nascimento. Sua mãe simplesmente sumiu de uma hora para outra, e em seguida fora encontrada brutalmente morta em um lugar baldio, igual onde fora jogado por hyunjin.

Alexander enchia o peito para falar que tinha pessoalmente assassinado a mulher, e ouvir isso aos dez anos tinha causado um trauma enorme em changbin.

O moreno se encolheu e puxou o lençol até cobrir sua cabeça, o barulho da porta do seu quarto sendo aberta denunciava a presença de seungmin, além do seu perfume doce característico. Ele subiu na cama e procurou changbin pelo colchão, entrando debaixo do cobertor com ele.

— pensei que você estivesse dormindo. — ele sussurrou, como se soubesse que changbin estava sensível para aguentar uma repreensão. O moreno apenas balançou a cabeça, se arrastando até o kim para abraçá-lo. — o que foi, hyung? — indagou enquanto acolhia o menor em seus braços.

— o chris falou que gosta de mim. — ele esperou por uma reação do seungmin, mas o rapaz se manteve impassível, como se já soubesse. — você sabia?

— uma vez escutei sem querer ele conversando com o lino sobre você, e pelo que eu escutei vagamente, ele gosta de você desde criança. E sejamos sinceros, o chan hyung nunca fez questão de esconder tanto assim, tudo bem que vocês brigam igual loucos e às vezes até saem no soco por motivos bestas, mas vai ver é o jeito dele demonstrar amor. — o castanho deu de ombros, e changbin não poderia estar mais atônito. Desde criança? Não entrava na cabeça do menor que ele poderia estar guardando aquilo por todo esse tempo. — sei que você tem todo esse problema sobre ele ser um bang, mas não faria mal o senhorzinho aí tentar dar uma chance pra ele.

— ele ser um bang nunca foi o problema. — sussurrou, virando o rosto para não encarar seungmin. Finalmente o castanho esboçou uma expressão de surpresa, até mesmo tentou olhar para changbin para checar se não tinha ouvido errado. — bom, digamos que antes era sim um problema, mas não faz sentido agora, sabe? Sei que nada do que aconteceu foi culpa dele, e me sinto um idiota por tentar me convencer que gostar do chan é ruim. Na verdade, acho que o problema sou eu. As vezes me sinto inferior a ele, me sinto um nada sendo sincero, por isso passei tantos anos obcecado em ganhar dele na Wolfgang, porque era o único jeito que eu vi de me sentir bem o suficiente pra perceber que nunca odiei ele de verdade, só era inseguro demais pra ficar com ele e esquecer o passado.

Seungmin não disse nada pelos próximos segundos, talvez pasmo demais para formular uma frase coerente. Não só ele como todos que participaram dos espéculos de brigas e discussões entre os dois mais velhos tinham certeza que eles se gostavam, mas o machucado de changbin parecia tão profundo e difícil de curar, talvez não existisse um curativo bom o bastante para fechar aquilo. O castanho sempre achou o menor forte, não só em relação a seus músculos e corpo bem trabalho, ele realmente achava que changbin era alguém inabalável. Mesmo quando jihyeon morreu, o kim não viu o moreno derramar uma lágrima, parecia firme mesmo que sentido pela despedida meio desorganizada pela falta de recursos. Sendo sincero, seungmin nunca viu changbin vulnerável ou abalado por algo, talvez estivesse cego por seus problemas e não conseguiu ver o quão despedaçado e cansado seu amigo estava.

A única ação que teve foi abraçar o seo um pouco mais forte, tomando cuidado para não apertar seus machucados. Changbin aspirou o cheiro doce que exalava de seungmin e descansou a cabeça em seu peito, as mãos cheias de arranhões segurando com rigidez a camiseta do maior.

— é idiota querer assumir isso agora depois de ter sido um cuzão com o chan por todo esse tempo, talvez eu realmente não passe de um fraco que não merece ele.

— você não é nada disse, hyung. — seungmin murmurou, parecia querer chorar pelo mais velho, mas nada além da sua voz chorosa sobressaltava pelo ar. — e posso te garantir que o chan realmente não liga pra todas as vezes que você afastou ele ou falou coisas idiotas, porque se ele realmente se importasse, nunca teria feito tanto pra cuidar de você, mesmo de forma indireta. Sabe quando você ficou doente pelo cansaço de trabalhar três vezes ao dia em lugares diferentes? O chan hyung fez questão de comprar todos os remédios que você precisou, além das cestas de doce e comida pro seu armário, ele me pediu pra nunca falar quem realmente fazia aquilo porque sabia que você não aceitaria nada vindo dele. Até mesmo o Mustang do tio jihyeon foi ele quem recuperou e pediu pro minho te entregar. Foi tudo ele, binnie, eu e o lino só passávamos pra você. Acho que independente do que você fale ou faça, ele ainda vai gostar de você e fazer o possível pra ficar do seu lado, mesmo que seja pra manter essa rivalidade nas corridas.

— ainda não faz sentido. Por que eu? Por que ele ia gostar de alguém que só trata ele mal?

— talvez ele viu algo em você que nem eu e nem o lino hyung fomos capazes de ver, e isso fez ele se apaixonar. Ou talvez ele só queira ficar do seu lado, mesmo que você seja um chato resmungão. — changbin revirou os olhos. — o amor é confuso e é mais confuso ainda pedir para quem se apaixonou tentar explicar a causa disso. Mas sabe o que eu acho? Independente da forma como você se sinta, em algum lugar aí dentro você realmente gosta do chan da mesma forma que ele gosta, só precisa chutar pra longe esse sentimento de inferioridade, por mais difícil que seja. E você não precisa lidar com isso agora, você pode levar o tempo que precisar para se conformar com tudo até se sentir confortável pra contar pro chris, e se ele te esperou por tantos anos, alguns dias não serão nada comparados.

— e se ele não me quiser mais? Eu acabei falando que nunca ficaria com ele porque ele era um bang, vai ver ele desistiu de vez.

— você acha mesmo que isso vai afetar o hyung? Você já xingou ele com coisas bem piores e no outro dia, lá estava ele te paparicando de novo.

Changbin riu baixinho, balançando a cabeça. Tinha que concordar, chan era realmente imparável. No entanto, lá no fundo mesmo, temia que já fosse tarde demais, e ele nunca faria nada tão efetivo para convencer o australiano a ficar consigo, uma vez que respeitaria se ele decidisse tomar outro rumo e enterrar aquele sentimento em relação ao moreno.