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CAPÍTULO QUARENTA E UM
❛ parte dois: lua nova ❜
ELEXIA CONSEGUIU DORMIR por talvez três horas até acordar assustada por volta das doze ou uma da manhã de quinta-feira. Só que, dessa vez, não foi um pesadelo que a acordou. Era um medo real e físico agora. Um pequeno estrondo tinha batido contra sua janela. Não foi muito alto, mas foi o suficiente para acordar Elexia e fazer seu coração começar a bater forte. Tudo a deixou nervosa nos últimos dias.
Rosalie rapidamente se moveu de sua posição ao lado de Elexia para ficar em pé na frente da cama, protegendo o berço de Elexia e Gaia de qualquer coisa que pudesse estar lá fora. O cheiro que ela sentiu era novo, mas havia uma dica familiar nele.
Outro estrondo idêntico atingiu o vidro. Por sorte, Austin ainda não estava em casa, então ele não saberia disso. Os estrondos soaram como pedras de pequeno a médio porte.
Rosalie caminhou lentamente em direção à janela. Ela afastou a cortina com cuidado e olhou para o chão do quintal de Elexia. Um suspiro suave saiu de seus lábios, o que alarmou Elexia ainda mais. Ela deslizou de seu lado da cama para o outro e então pulou para se juntar a Rosalie. Seu coração ainda estava batendo forte, ainda mais agora do que antes, enquanto ela examinava seus olhos para baixo.
Lágrimas encontraram seus olhos pela milionésima vez naquela semana. Agora, a dor era diferente do que tinha sido na segunda, terça e quarta. A visão que ela viu colocou uma dor em seu coração como nenhuma outra. Ela sentiu como se pudesse até estar tendo um ataque cardíaco.
Seus olhos viram Melody em seu quintal. Seus olhos eram vermelho-sangue e não mais verde-avelã. Seu cabelo estava esfarrapado e emaranhado. A loira mel parecia mais castanha enquanto a sujeira se acumulava nele. Ela estava assustada, nem um pingo de seu sol habitual em seu rosto. A doçura de Melody Swan foi roubada dela; a luz foi apagada. Sua humanidade foi tomada por um ser maligno, maligno.
Elexia colocou uma mão em concha sobre a boca para reprimir os soluços. Como isso pôde acontecer com ela? Quem fez isso com ela? Ela era inocente.
Inocente. Elexia disse essa palavra mais vezes esta semana do que em toda a sua vida. Mas era verdade. Melody Swan era inocente. Se essa palavra não servia para mais ninguém, era para Melody. Ela tinha tanto amor em seu coração, nunca julgando ninguém. Ela sempre quis ajudar as pessoas. Suas primeiras impressões das pessoas eram sempre positivas, mesmo que essa pessoa fosse rude com ela. Era assim que Melody era. Ela era doce.
Rosalie abriu a janela em um segundo e pulou para perto de Melody, mas longe o suficiente para o caso de Melody surtar ou ficar agressiva - embora o último fosse improvável. Rosalie levantou as mãos para mostrar que não tinha intenção de machucar.
Melody parecia tão assustada, tão pequena. No entanto, ela ficou aliviada ao ver rostos familiares. — Você pode me ajudar? — sua voz não passava de um sussurro. Ela não tinha ideia do que estava acontecendo com ela e se alguma delas poderia ajudar. Ela só sabia que Elexia faria tudo ao seu alcance para tentar ajudar.
Rosalie assentiu ternamente. Ela estava muito tensa. — Precisamos tirar você daqui. Você é perigosa agora.
— Rose, deixe-a subir aqui! — Elexia gritou, o sal de suas lágrimas entrando em sua boca enquanto ela fazia isso, mas ela não se importava nem um pouco. Ela não gostou da resposta de Rosalie à sua amiga. Ela não se importava que Melody fosse uma vampira recém-criada, ela era sua melhor amiga primeiro.
— Elexia, é muito perigoso. Ela é uma recém-criada. — Rosalie rangeu os dentes, não querendo discutir na frente de Melody, cujo rosto se contraiu em confusão com a palavra recém-criada. Elexia arriscaria se machucar - e Gaia - para ajudar Melody e Rosalie não aceitaria isso. Por mais devastadora que fosse a situação de Melody, Lex e Gaia sempre seriam mais importantes para ela.
— Você vai me proteger. — Elexia assegurou, assentindo. Suas lágrimas pararam de fluir e sua voz ficou mais dura, mais confiante. Ela sabia que Rosalie não deixaria ninguém machucar ela ou sua filha. E ela também sabia que Melody nunca iria voluntariamente atacá-las.
Rosalie suspirou em derrota. Não havia absolutamente nenhum sentido em discutir com ela. Ela chegaria até Melody de um jeito ou de outro, então Rose achou que era melhor acontecer com ela lá para controlar a situação, e também enquanto Melody estava assustada - por mais horrível que isso soasse.
Além disso, o único apoio que Melody tinha agora era Elexia. Ela era sua única amiga e a única pessoa que não a julgaria por seu novo eu. Rosalie não podia levá-la para a casa dos Cullen porque ela não tinha ideia de quem eram Ametista e Emmett. Provavelmente a assustaria. E Emmett também, pelo que Rosalie sabia. Ametista seria uma grande ajuda quando Melody entendesse mais.
Rosalie colocou um braço em volta dos ombros de Melody e usou sua força e velocidade para levá-las de volta ao quarto de Elexia pulando.
— Para trás, Lex. — Rosalie avisou, guiando a namorada para o outro lado da cama, enquanto colocava o braço contra o abdômen de Melody para mantê-la no canto.
— O que está acontecendo comigo? — Melody sussurrou, seu rosto se contorcendo em uma expressão que sugeria que ela ia chorar, mas não conseguiu, pois era impossível que lágrimas se formassem em seus olhos. — Por que não consigo chorar? — Melody perguntou, raiva e agressão reprimida em seu tom. Ela estava tentando chorar há um dia, mas nada. — Eu quero chorar. Por que não consigo chorar?
— Alguém te mordeu? — Rosalie perguntou cuidadosamente, ignorando a pergunta de Melody, que ela imaginou ser retórica, de qualquer forma. Ela sabia a resposta, já que a única maneira de se tornar um vampiro era ser mordido, mas ela precisava ouvir Melody guiá-la por isso. Ela precisava saber qual ameaça elas estavam enfrentando, se é que havia alguma.
Melody assentiu lentamente. — Um homem... Ele disse que seu nome era Laurent.
Elexia respirou fundo. Rosalie apertou o maxilar em frustração. Ela pensou que ele estava em Denali.
— Você pode nos contar mais? — Elexia gentilmente pediu, dando um sorriso suave para sua amiga. Isso pareceu acalmar Melody enquanto seus ombros caíam.
— Eu estava indo dar uma volta na floresta. O que foi estúpido, eu sei. Bella me disse que estava procurando por um prado ou algo assim. Tio Charlie me fez sair com ela porque ela estava sozinha com Jacob doente, e ele estava preocupado que eu não estivesse saindo de casa além de ir para a escola e aqui. Ele disse que seria bom se passássemos um tempo juntas. — Melody começou sua explicação.
Elexia de repente entendeu por que Charlie ficava repetindo 'É minha culpa' para seu pai. Ele se culpava por mandar Melody com Bella. O coração de Elexia apertou dolorosamente com a percepção.
— Quando chegamos lá, Bella disse que eu podia ficar na caminhonete ou dar uma volta. Eu odeio aquela maldita caminhonete e eu precisava de ar fresco da entrada, então decidi andar um pouco. Eu não percebi o quanto eu tinha andado, mas esse cara estava lá de repente. Ele disse que estava procurando por vocês; os Cullens. — Melody respirou fundo, memória muscular, já que ela não precisava respirar.
— Eu realmente não sei muito sobre nada, então quando eu disse a ele que não os conhecia, eu estava dizendo a verdade e ele começou a ficar tão assustador. Ele estava dizendo como e-eu era inútil e ele estava realmente lá para Bella, mas que eu cheirava... Delicioso. Disse que ele realmente deveria ir embora porque 'Victoria' não ficaria feliz, mas que ele não poderia resistir. — Melody cerrou os dentes quando a memória se tornou dolorosa e ela precisava de um momento. Elexia e Rosalie estavam orgulhosas dela por ser capaz de falar.
— Ele me mordeu. — Melody sussurrou, claramente com dor agora. — Ele começou a beber... De mim. Então, ele parou e andou na direção do prado onde Bella estava. Eu acho que ele pensou... Ele pensou que tinha me matado. — ela engoliu em seco, fazendo outra pausa. Ela olhou para suas mãos. Ela agora estava sentada na cadeira de balanço no canto.
— Eu podia dizer que meu sangue estava perigosamente baixo. Eu não conseguia enxergar, minha visão estava toda preta e embaçada. Eu perdi a consciência segundos depois. No começo, foi tranquilo. Eu estava cansada e eu estava apenas... Indo dormir. Eu estava bem. Mas então começou a queimar. — Melody começou a hiperventilar, outro reflexo de quando ela era humana.
— Queimava tanto. No entanto, eu não conseguia me mover ou fazer barulho. Não sei quanto tempo depois, mas eventualmente, senti alguém, outro homem - mas não o mesmo homem, suas mãos pareciam diferentes - me arrastar para longe. Para bem longe. Isso tornou a queimadura ainda mais dolorosa enquanto eu era puxada pela floresta.
Isso explicava por que Ametista, Rosalie e Emmett não conseguiam encontrá-la. Quem sabe até onde esse homem a levou.
— Queimou por dias, Lex. — a voz de Melody falhou. O rosto de Elexia compartilhava a dor da amiga. — Perto do fim da queima, o mesmo homem que me arrastou estava de volta. Eu me fingi de morta o máximo possível. Ele estava divagando sobre o quão idiota Laurent era, e que ele cometeu um erro e Victoria ficaria muito brava. Ele ligou para uma mulher depois de me observar por um tempo, acho que era Victoria, e disse a ela que achava que eu estava morta porque eu ainda não tinha me 'transformado' e já fazia três dias. Ele disse que Laurent deve ter me drenado. Ela parecia brava, mas eles desligaram e ele foi embora.
— Quando acordei da queimadura, minha cabeça doía. Eu podia ver e ouvir coisas que nunca pude antes. O que aconteceu comigo? — Melody estava desesperada.
Elexia não conseguia acreditar que Laurent estava de volta. Por que ele estava procurando pelos Cullen? Por que atacar Melody? O que Victoria queria? Seus olhos se encheram de lágrimas quando ela percebeu: Melody era uma vampira. Ela nunca mais seria humana.
— Mel, temos muito a te contar. — Elexia suspirou, decidindo arrancar o band-aid. — Ela... — ela apontou para Rosalie. — É uma vampira. A família dela inteira também. É o que você é agora. Carlisle, Esme, Edward, Alice e Jasper fugiram por causa de um incidente na festa de aniversário de dezoito anos de Bella.
— Meu Deus. — Melody sussurrou, completamente descrente sobre tudo o que lhe estava sendo dito. No entanto, era inegável. Ela podia sentir as diferenças em seu corpo. Era bom realmente ter uma resposta, como se um peso tivesse sido tirado de seu peito, mas ela não gostou particularmente daquela resposta. Isso a assustou. Vampiros não eram reais. Bem, eles não eram reais cinco dias atrás, de qualquer forma.
— Nós vamos te ajudar, Melody. Eu prometo. — Rosalie olhou para ela. — Vai ser difícil. Tenho certeza que você está com muita fome.
Melody estremeceu. — Eu... Eu não queria... — ela parou de falar, culpa estampada no rosto.
— O que você fez, Melody? — Rosalie perguntou, temendo o pior.
— Havia um veado. Eu não queria machucá-lo... Eu não sabia por que estava fazendo isso, mas eu o ataquei. — ela fez beicinho. — Pobre veado bebê. Sinto muito.
Elexia e Rosalie suspiraram de alívio, temendo que ela tivesse matado um humano.
— Está bom, está tudo bem, Mel. Isso é realmente muito bom. — Elexia disse. — Estávamos com medo de você machucar um humano.
— Oh. — Melody assentiu. — Não. — ela olhou para seu reflexo na janela, então para Rosalie. — Ei, por que seus olhos são dourados, mas os meus são vermelho-sangue?
Elexia ficou surpresa, mas aliviada, que Melody parecia estar levando a situação relativamente mais fácil agora que ela tinha falado com ela e Rosalie. Por outro lado, Melody sempre foi tão resiliente como humana. E tão compassiva, o que explicava o desgosto por machucar humanos para comer.
— Quando você é transformado pela primeira vez, é quando você está mais forte, porque seu sangue humano ainda permanece em seus tecidos. Isso deixa seus olhos vermelhos. — Rosalie explicou. — Se você se alimentar de humanos como sua dieta, eles permanecerão assim. No entanto, minha família e eu somos algo que chamamos de vegetarianos, como uma brincadeira. Nós nos alimentamos de animais, então não machucamos humanos.
— Eu quero fazer isso. — Melody assentiu. — Eu odeio machucar animais, mas não quero machucar pessoas. Eu não sou uma assassina.
— Bom. Bom, é bom que você pense isso. — Rosalie disse, assegurando a vampira recém-criada. Ela estava orgulhosa dela, aliviada. Melody tinha passado por tanta, tanta coisa em menos de um ano. Era terrível.
— Quando meus olhos vão mudar? Eles são assustadores. — Melody estava desconfortável com sua nova aparência.
— Em alguns meses. É uma droga. — Rosalie sorriu com conhecimento de causa.
— Ei, Mel, por que você veio aqui em vez de ir para a casa do Charlie? — Elexia perguntou curiosamente depois de um momento.
— Eu sabia que algo estava errado. Muito errado. — Melody admitiu. — Eu sei que você não ia me julgar. Eu me sinto segura aqui. Por alguma razão, eu simplesmente sabia que você poderia me ajudar.
Elexia sorriu. — Estou feliz que você veio.
— O que diremos ao tio Charlie e à Bella?
— Em alguns dias, quando você estiver mais confortável, nós lhe daremos alguns contatos e você dirá a ele que foi dar uma volta, quando viu um lobo enorme. Ele começou a perseguir você, então você correu e se escondeu em uma árvore. Você se escondeu por dias, sobrevivendo de carne de veado e um incêndio, nós diremos. E quando você se sentiu segura, você voltou, e acabou na casa de Elexia. — Rosalie disse a ela. — Bella sabe como os vampiros se parecem, então você terá que ir quando ela estiver na escola, e você terá que dizer que quer viver com Elexia e Austin de agora em diante, já que você se sente próxima de Elexia. A verdadeira razão pela qual você não pode ficar com Charlie é porque, novamente, Bella conhece vampiros. Minha irmã, Ametista, tem um poder especial, chamado compulsão, se precisarmos usá-lo, podemos.
— Okay. — Melody fez uma pausa, absorvendo tudo. — Muito obrigada. — ela deu a ambas pequenos sorrisos. — Vocês podem me contar mais? Estou tentando não enlouquecer agora, e acho que me sentiria bem se soubesse a história toda.
— Com certeza. Mas, vamos arrumar seu cabelo e te trocar primeiro. — Elexia sorriu.
Naquela noite, Elexia ficou acordada com elas e contaram a Melody a história completa, do começo ao fim, para que ela pudesse ser informada de tudo e saber em que mundo ela estava se metendo. Elas contaram tudo, desde o momento em que Elexia chegou a Forks até o exato momento no quarto quando Melody apareceu.
Na manhã seguinte, quando Elexia acordou, Rosalie e Melody estavam conversando na beira da cama, enquanto Rosalie dava mamadeira para Gaia.
— Então, quando Gaia terminar de comer, e Lex acordar completamente... — Rosalie olhou para sua namorada brincando enquanto se mexia. — Eu vou chamar meu irmão, Emmett, e minha irmã, Ametista. Eles podem te levar para uma caçada de verdade e te mostrar os macetes de tudo. Eu iria, mas não gosto de deixar Lex e Gaia por muito tempo. Eu gostaria que eles realmente te ensinassem as coisas em profundidade, e eles podem te dar tempo para isso.
— Parece bom. — Melody assentiu, ainda desconfortável com seu novo corpo e sua nova vida. No entanto, ela estava fazendo o melhor para permanecer positiva. Ela estava muito nervosa para conhecer Ametista e Emmett, mas Elexia os amava tanto que sabia que os amaria também.
Elexia sentou-se. — Talvez só ligue para Ametista, na verdade. Emmett pode ser... Avassalador no começo. Ame consegue se comunicar melhor que Em. Ela é uma ótima professora também.
Rosalie assentiu, concordando com essa avaliação. Realmente seria melhor facilitar as coisas para Melody. Ametista, de fala mansa, foi uma boa primeira introdução. Emmett barulhento poderia vir depois.
— Melody tem um controle impecável, assim como eu e Carlisle. Acho que é por causa de quão compassiva ela era como humana. — Rosalie falou com Elexia. — Assim como Carlisle era.
— Isso é ótimo. — Elexia sorriu para a amiga. — Faz as coisas muito mais fáceis. Eu realmente queria que Esme, Carlisle, Jasper e Alice estivessem aqui.
Esme adoraria Mel. Ela adorava todo mundo. Carlisle seria um ótimo professor e um grande trunfo para "criar" Melody em uma boa vampira. Na verdade, a personalidade de Melody era semelhante a uma mistura de Carlisle e Esme.
Jasper e ela poderiam se unir muito. Alice amaria outra melhor amiga/irmã.
Rosalie ligou para Ametista logo depois que Elexia se levantou e se vestiu - enquanto tomava seu café, é claro - e a vampira, agora loira, chegou imediatamente depois, pronta para levar Melody para sua primeira caçada de verdade.
Assim que elas saíram, Rosalie sentou-se com Elexia. Seu rosto estava duro. — Não acredito que aquele babaca do Laurent voltou.
— Precisamos falar com Bella. — Elexia disse. — Bem, eu preciso. Já que você não pode e não vai. Ela aparentemente estava na floresta naquele dia, e ela disse que viu lobos. Eu me pergunto se isso foi besteira, ou se ela realmente viu.
— Ela provavelmente os viu. — Rosalie assentiu.
— Os Quileutes, você acha?
Rosalie assentiu novamente.
— Espero que tenham destruído Laurent. — Elexia disse. — Ah, a propósito, Rosie?
Rosalie olhou para Elexia, impassível. — O que você fez?
— Posso ou não ter informações muito importantes que eu já sabia há algum tempo, mas não poderia lhe contar.
— Elexia Gina Reedus, diga-me agora.
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