Capítulo 23
Eu só quero você por perto
Onde você possa ficar para sempre
Você pode ter certeza
De que só vai melhorar
Corrigir
Você e eu juntos
Dias e noites
Eu não me preocupo porque
Tudo vai dar certo
(...)
Eu sei que alguma pessoas procuram pelo mundo
Para encontrar algo parecido com o que nós temos
Eu sei, as pessoas tentarão, tentarão separar
Algo tão real
(Alicia Keys- No One)
- Eu fui até sua casa e entreguei a carta para a sua mãe. Diz que você leu! - exclamei nervosa e procurando algum traço que me dissesse que Taylor estava brincando comigo.
- Tem certeza que entregou para a minha mãe? Porque ela nunca me entregou carta nenhuma! - Taylor parecia tão nervoso quanto eu. – O que tinha na carta, Danny?
Expliquei para Taylor tudo o que tinha escrito há 10 anos atrás: que precisaria voltar urgentemente para o Brasil após o falecimento do meu avó, pois meu pai sendo filho único deveria assumir a empresa que não andava nada bem, o quanto queria poder continuar em Tulsa com ele, além de agradecer por tudo o que havia feito por mim. Também dizia que tinha uma coisa muito importante para contar mas que esperaria estarmos juntos de novo para que eu pudesse dizer olhando em seus olhos, além de como ele deveria saber que era especial.
- E o que você queria me dizer? - perguntou também.
- Que eu era apaixonada por você. Que eu sempre fui apaixonada por você... - me corrigi. Eu sabia que aquele sentimento não estava no passado, nunca esteve e naquele momento estava mais vivo do que nunca.
- Então você também tomou coragem... íamos contar praticamente no mesmo momento.
- Eu estava esperando você voltar para eu poder dizer, mas fui pega de surpresa com a minha volta ao Brasil. Eu juro que tentei de todas as formas continuar aqui, eu juro Tay. - disse sentindo as lágrimas encherem meus olhos.
Era importante para mim que ele acreditasse como eu não o simplesmente abandonei. Implorei aos meus pais que me deixassem continuar em Tulsa, que pudéssemos pensar em alguma família com quem eu poderia ficar até ter idade para morar sozinha. Estava determinada a pedir a Senhora Harper que me deixasse ficar em sua casa, mas meus pais foram categóricos de que eu deveria ir aonde eles fossem, e sendo menor de idade, tive que acatar.
- Eu sei, Danny... agora eu sei. - disse me trazendo para perto dele. – Me desculpe por duvidar de você. Me desculpe por tudo... - ele acariciava meu ombro, beijava o topo da minha cabeça enquanto eu deixava as lágrimas rolarem. –Eu vou precisar ter uma conversinha com a minha mãe para tirar a limpo essa história.
Voltamos para o quarto de Taylor enquanto continuávamos a conversar. Tudo estava finalmente às claras: O motivo dele não ter ido atrás de mim, pois achou que eu tinha o abandonado sem qualquer explicação. Me desculpei por ter sido por carta, mas justifiquei que tentei ligar mas nunca conseguia falar com ele. Taylor disse que no hotel quase beira de estrada aonde estavam o telefone nunca funcionava, por isso só conseguiu me ligar algumas vezes e sempre de um telefone público. E também estava claro para Taylor o quanto eu não queria ter me afastado dele. Apesar de ser doloroso saber, de uma forma ainda desconhecida o universo tinha encontrado um jeito de nos separar; mas era reconfortante saber que um não simplesmente abandonou o outro, que o sentimento sempre existiu, que apenas tínhamos nos deixado levar pelo orgulho e pela espera de que o outro entrasse em contato.
- Pai! Paiê! Você está aí!? - uma voz infantil vindo longe me despertou de um sono profundo. A voz continuava, me fazendo abrir os olhos.
- Tay, Tay, acorde! É a Lucy! - Taylor estava apagado em cima de mim com os braços entrelaçados na minha cintura, como ele gostava de fazer. Estávamos sem roupas, pois entre uma conversa e outra fizemos amor mais uma vez enquanto amanhecia o dia. Taylor só acordou depois de sacudi-lo, quando eu disse o nome de Lucy deu um pulo quase que olímpico para fora da cama.
- A Anne ia deixá-la aqui. Mas ela só viria na parte da tarde... - disse Taylor desajeitado enquanto colocava a calça pulando em um pé só. Eu catava minha roupas do chão mas não achava meu sutiã em lugar nenhum.
- São 14h, Tay! - exclamei vendo a hora no celular. Havíamos praticamente desmaiado!
- Merda! Só estou dando bola fora... - Taylor colocou a camisa correndo e fechou a porta. Segundos depois voltou com o meu sutiã e jogou para mim dando um sorriso travesso e apressado ao mesmo tempo e saiu de novo descendo as escadas.
Terminei de me vestir, fui ao banheiro tentando ver a bagunça que estava o meu cabelo. Uma parte de mim achava melhor não sair do quarto, porém a outra parte quis descer para ver se Anne estava lá. Era meu instinto feminino conhecer a ex do meu... bem, ainda não sabia dizer o que eu e Taylor éramos. E mesmo pensando que talvez fosse cedo Lucy ver nós dois juntos, eu não poderia ficar naquele quarto para sempre.
Desci as escadas terminando de ajeitar o cabelo então vi os três na sala. Lucy nos braços de Taylor e ela sorrindo para os dois enquanto dizia alguma coisa. Tinha visto sua foto de relance quando havia ligado para Taylor mas não tinha prestado muita atenção. Anne era ainda mais bonita pessoalmente. A pela bem clara, contrastando com os olhos e os cabelos em um castanho bem vivo. O cabelo escorrido até os ombros e sobrancelhas bem expressivas. Era alta e tinha o porte físico de uma modelo. Não pude deixar de sentir ciúmes, ela era linda e eu a detestava por isso.
- Danny! - Lucy correu para me abraçar quando me viu descendo. – Veio visitar a gente? - olhei para Anne e ela lhe olhava de volta. Tentei decifrar o que seus olhos diziam mas não consegui, falsamente ou não ela sorria.
- Sim, me deu saudade da minha fã número um. - sorri enquanto me abaixava para abracá-la. Lucy exibiu um enorme sorriso ao me ouvir me abraçando fortemente.
- A Danny sabia que você viria, filha. - Taylor sorriu entrando na história. – Danny essa é a Anne. Anne você já deve conhecer a Danny.
- Claro! Quem não conhece a Danny Keisting? É um prazer em conhecê-la! - Anne foi até a mim para apertar minha mão. – A Lucy não parou de falar um só segundo que tinha te conhecido e o quanto você é legal. - foi simpática, tentei retribuir a simpatia apesar de estar me sentindo tensa.
- Pai, você colocou o papel de parede no meu quarto? - Lucy ainda nos meus braços perguntou.
- Era uma surpresa, filha! - disse Taylor sorrindo para a filha. – Achei aquele que você queria, coloquei ontem! - Taylor exclamou empolgado.
- Me mostra! - Lucy rapidamente se desvencilhou de mim e pegou a mão de Taylor o puxando escada acima antes que pudesse dizer qualquer coisa, me deixando em um silêncio constrangedor na sala com Anne,eu não fazia a menor ideia do que falar. Sem graça coloquei as mãos nos bolsos traseiros da calça.
- Ele está feliz...
- Oi? - não sabia o que ela queria dizer com isso.
- O Tay. Não me lembro de vê-lo tão feliz assim, está até aéreo...e sei que é por sua causa. Ele merece ser feliz, mais do que qualquer pessoa pelo cara extraordinário que é.
- É... eu também estou muito feliz. - foi o que pareceu mais sensato de se dizer pois ainda não sabia aonde ela estava querendo chegar.
- A Lucy me disse que você morou aqui, que vocês eram muito amigos. E a sua volta para cá, o comportamento do Tay de antes e de agora, muita coisa finalmente fez sentido para mim.
- Eu não entendi o que quis dizer, Anne... - olhamos para cima e escutamos eles fecharem a porta do quarto.
- Uma outra hora, talvez. Só peço que você, por favor não o magoe. - fomos interrompidas por Taylor e Lucy.
Pelo resto da tarde não consegui esquecer as palavras de Anne e porque ela teria me dito aquilo. O quanto Taylor deveria ter falado sobre mim, fazendo com que ela pensasse que eu seria capaz de magoá-lo. E só de pensar nisso já sentia meu coração doer. Eu nunca seria capaz de magoar a pessoa que eu mais importava no mundo.
Lucy era a menina mais doce e esperta que eu já havia conhecido. Tinha uma sensatez espantosa para uma menina de 7 anos, quase 8, segundo ela. Descobrimos que ela faria aniversário no mês seguinte, um dia antes de mim. Passamos o dia na cozinha inventando coisas gostosas para comer. De pizza ao brigadeiro que devoramos assistindo desenhos na TV jogados no sofá. Era assustadoramente natural estar com eles ali, na casa de Taylor com eles como se fosse algo que fizéssemos sempre. Aquela era uma das coisas que mais me fascinava em estar com Taylor: Eu sempre me sentia em casa, em qualquer lugar que estivesse. E com Lucy eu percebia que me sentia da mesma forma.
A princípio ficava pensando em como me comportaria, que talvez ela não gostasse que eu ficasse perto de seu pai, mas ela simplesmente não se importava, fazendo sempre questão de estar perto de mim. E então pude ver como eles eram parecidos no jeito de ser e de tratar as pessoas. Além de ser lindo ver o relacionamento dos dois, uma cumplicidade ímpar, se divertiam na companhia um do outro. E eu com eles, claro. No fim do dia minha barriga doía de tanto rir, e de tanto comer.
Quando a noite chegou, fizemos pipoca para assistir um filme que Lucy queria ver na TV à cabo, o que acabamos emendando em outro e mais outro filme. Quando vimos Lucy tinha apagado no meu colo. Taylor quis pegá-la mas eu disse que estava tudo bem. Subi com ela até seu quarto para colocá-la na cama. Fiquei maravilhada com o capricho da decoração do quarto de Lucy, Taylor havia cuidado de cada detalhe para que o quarto fosse do jeito que Lucy queria. Desci as escadas ameaçando ir embora, já eram meia noite, mas Taylor pediu para eu ficar para assistirmos um filme que ele queria muito ver. Queria tanto que aos 20 minutos de filme já estávamos nos agarrando no sofá. A mão de Taylor passeava do dentro da minha blusa enquanto sua boca mordia meu pescoço.
- Tem certeza de que não há um jeito de fazer você ficar? Posso ser bastante convincente - perguntou enquanto seu corpo já estava totalmente por cima do meu.
- Isso não é justo, Tay. Não consigo resistir a você.
- Então não resista... - disse enquanto sua boca passeava pela minha barriga.
- Eu... preciso...nossa, isso é tão gostoso. - fechei os olhos de prazer ao sentir o calor e a maciez de sua boca abaixo da minha cintura.
Obviamente não fui capaz de resistir à ele só conseguindo sair de sua casa de madrugada, depois dele ter feito de tudo, tudo mesmo para me fazer ficar. Eu disse que por mais que tivesse sido bem aceita por Lucy era cedo para ficar dormindo em sua casa enquanto Lucy estivesse lá, não queria que ela ficasse magoada comigo ao ver seu pai dormindo com outra mulher que não fosse sua mãe, mesmo não sabendo que pudessem ter tido outras antes de mim, e nem quis saber na verdade. Bati o pé com Taylor e ele a contra-gosto concordou. Cheguei ao hotel de atirando na cama, precisava me recuperar da maratona que era Taylor Harper.
Acordei assustada no dia seguinte com meu celular tocando. Era Gerry nervoso do outro lado da linha. Reclamava de que quase não conseguia falar comigo, que eu nunca atendia seus telefonemas e do absurdo que era eu não ter lhe dado o endereço do Hotel em que estava hospedada. Disse que eu o conhecia muito bem e que se ele soubesse aonde eu estava, na primeira vez que não conseguisse falar comigo já teria dado um jeito de vir atrás de mim; e contra essa justificativa ele não pode argumentar pois sabia que eu estava certa.
Perguntou quanto tempo mais eu iria continuar em Tulsa, que estava pensando em outros mil projetos para mim e quanto mais rápido eu voltasse, mais cedo poderíamos colocar todos em prática. Disse que não adiantaria minha viagem por nada no mundo, e que não havia nem uma semana completa que eu estava de férias e que agradeceria se naquele período não me falasse de trabalho. Ele tentou desconversar para saber o que eu andava fazendo em Tulsa mas fiz questão logo de cortar o assunto e desligar. Conhecia Gerry o suficiente para saber o quando o incomodava não saber o que eu estava fazendo e aonde estava. Era algo que eu havia procurado esclarecer entre nós, mas depois de um tempo ele sempre voltava à velha mania de querer controlar minha vida.
O telefonema de Gerry tinha sido um banho de água fria no sonho maravilhoso que estava tendo com Taylor, mas eu não ia deixá-lo estragar meu dia pois eu ainda tinha muito tempo em Tulsa e queria aproveitá-lo da melhor forma possível. Taylor iria levar Lucy na escola depois iria para o Pub para receber mercadoria. O dia anterior tinha sido tão gostoso e leve que havia me feito esquecer a carta e o que teria acontecido com ela. Mandei uma mensagem para ele o lembrando de falar com sua mãe, Tay respondeu que ligaria para ela assim que deixasse Lucy na escola e que assim que tivesse notícias, entraria em contato. Eu aproveitei o tempo livre e fui até a casa de Megan e Denise. Era o dia da chegada de Megan.
- Me conta... como está a lua de mel? - Denise brincou enquanto servia café para nós duas.
- Como é? - perguntei erguendo uma sobrancelha.
- Com certeza depois daquela cena de filme hollywoodiano, do Taylor parando o helicóptero, claro que vocês se acertaram e estão em lua de mel. - olhei para Denise me perguntando como ela sabia do que Taylor havia feito. – Eu estava lá, Danny. - sorriu orgulhosa de si mesma. –Depois que você me disse aonde iria pegar o helicóptero, liguei para Taylor e fomos até lá. Claro que vocês tinham uma história para acertarem e fico feliz que tenham.
- E como você sabe que nos acertamos? - perguntei curiosa.
- Bem, você ainda está em Tulsa, não está? E com sorriso de adolescente apaixonada.
- Ok ok, você está certa. - admiti sentindo minhas bochechas enrubescerem.
- Não falei!? - me abraçou de repente enquanto não parava de sorrir. – Estou tão feliz por vocês! O Taylor ficou tão desesperado quando soube que você ia embora, que chegou a dar pena... - disse agora com uma expressão triste. – Mas me conta, como foi? Foi bom? Ele é bom de cama? Não, não me conta porque não vou me aguentar, ele é lindo demais! - Denise me fazia rir com tamanha dramaticidade que colocou em cada pergunta. Ela era hilária!
- Eu não vou contar... - tentei ficar séria mas acabei deixando escapar um sorrisinho malicioso.
- Ah, eu sabia! - quase gritou. – Mulher, como você é sortuda. Queria te bater agora... - caímos juntos na gargalhada.
- Olá, gente que não foi me buscar no aeroporto. - chegou Megan apartamento adentro puxando as duas malas de carrinho.
- Mas você não ia chegar só as 13h? - perguntou Denise. – Íamos pegar você lá.
- Não, às 10, sua cabeçuda. - Denise olhou para mim com cara de quem havia aprontado.
- Me desculpa, Meg. Confundi os horários... - levantou e deu um abraço na amiga para tentar amenizar a situação. – Você não vai acreditar no que aconteceu enquanto você estava fora. Fiz um bico de cupido e juntei Danny e Taylor, olha que sensacional! - olhava para Megan com aquela cara de "Tcharãm", enquanto apontava para mim.
- Como assim? - Megan que estava sorrindo desfez o sorriso e se sentou ao meu lado na mesa de jantar.
- Eu e Tay... nos acertamos.
- Mas se acertaram como? - Megan não conseguia esconder a expressão de surpresa.
- Nós conversamos sobre o passado e... estamos bem. - Eu não queria dar detalhes sobre mim e Taylor, até porque não saberia dizer em qual situação estávamos. Queria nos preservar.
- Hum, que ótimo, Danny... fico feliz por você. - Megan mostrou um pequeno sorriso e disse que precisava desfazer as malas que eu ficasse à vontade com Denise.
Por um momento achei Megan um pouco diferente, mas Denise parecia não ter percebido nada então tratei de desencanar. Continuamos conversando por mais um tempo. Enquanto Megan descansava da viagem, eu e Denise preparamos o almoço entre muitas gargalhadas, pois esse era o destino das pessoas que conviviam com Denise. Colocávamos a mesa quando meu celular tocou, sorri ao ver sua foto na tela.
- Oi Tay...
- Oi baby, você está aonde?
- Estou na Megan e na Denise, por que?
- Por nada. - Taylor ficou em silêncio por alguns instantes. - Teria como você vir ao "R&B" agora? Já sei o que aconteceu com a carta.
Olá pessoal!
É, revelações estão acontecendo, e é possível agora entender melhor algumas atitudes tanto da Danny quando do Taylor.
Obrigada por estarem acompanhando Dream Girl, vibrando, comemorando e se surpreendendo. Com certeza, essas são sensações que desejava que vocês tivessem ao longo da história e fico feliz de que estejam tendo.
E ouvir vocês está sendo lindo demais!
Sexta temos capítulo novo mas eu estou sempre por aqui, para poder estar com vocês, ler os comentários e conversar com vocês!
Beijos, beijos!
Helena Yara Araujo
Lucy Harper
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