Capítulo 21
Nós podemos nos beijar quando estivermos sozinhos
Quando ninguém estiver olhando
Nós podemos ir para casa
Nós podemos fazer amor quando ninguém estiver lá
Não é que estejamos com medo
É que simplesmente isso é delicado
Nós podemos viver como nunca antes
Quando não há nada para dar
Bem, como podemos pedir por mais?
Nós podemos fazer amor em algum lugar sagrado
A expressão no seu rosto é delicada
(Damien Rice - Delicate)
TAYLOR HARPER
Eu olhava para ela, mas não podia acreditar que depois de todos aqueles anos estava finalmente em meus braços, mais linda do que eu poderia sonhar. Sua pele macia como seda, seu cheiro, seu toque eram mais entorpecentes para mim do que qualquer álcool que eu já tinha experimentado. E seu corpo... eu não cansava de admirá-lo, era de uma perfeição alucinante, seus seios voluptuosos delicadamente desenhados, seu abdome, esculpido certamente em horas de treino, seus quadris, suas pernas, tudo em perfeita harmonia. Era só olhar para ela para me fazer querê-la outra vez e outra vez.
Eu havia imaginado aquele momento, mesmo sem querer, diversas vezes, mas em nenhuma delas eu poderia cogitar que seria tão espetacular como foi. Nossos corpos em perfeita sincronia, e perceber que eu exercia sobre ela o mesmo poder que exercia sobre mim era fantástico. Ela era doce, travessa como menina, mas enlouquecedora como mulher com seu atrevimento de me tirar o fôlego e me deixar completamente entregue à ela.
Danny para mim era como algum tipo de transe, eu não era capaz de me concentrar em mais nada quando ela estava na minha frente. A ponto de me fazer fechar o pub pela primeira vez em um domingo só para que pudéssemos ter um lugar para conversar. E a ponto de fazer com que eu esquecesse de buscar minha filha na festa de sua colega. Anne ligou para saber o que tinha acontecido porque nunca tinha feito aquilo, muito menos sem avisar. Lhe dei uma desculpa qualquer para justificar minha ausência, mas me concentrava em Danny que de repente tinha levantado da mesa e procurava suas roupas. Foi preciso conversar com ela para que entendesse que eu e Anne não estávamos mais juntos.
Depois de fazermos amor mais uma vez e de permanecermos abraçados por mais um tempo, era muito difícil soltá-la quando eu a tinha daquele jeito, tão linda, sem roupa, com o corpo colado no meu. E ela tinha o sorriso mais lindo que eu já tinha visto, só me incomodava uma pequena ruguinha de preocupação que apareceu em sua testa e então eu sabia que o assunto Anne ainda não estava encerrado.
DANNY KEISTING
- Então vocês são apenas amigos... - fiz uma pergunta disfarçada de afirmação e na hora notei que havia aprendido a habilidade de Flávia. Com muito custo, havíamos colocado nossas roupas e sentado em uma das mesas.
- Sim... -Taylor respondeu arqueando uma sobrancelha já sabendo que eu continuaria falando.
- E vocês tem a Lucy...
- Temos a Lucy, mas não temos nada. - se adiantou. - É tão difícil acreditar que é possível ser amigo da sua ex-namorada? - Taylor perguntou achando graça da minha reação. Foi até o freezer e pegou uma cerveja para nós.
- É... digamos, pouco comum. - respondi enquanto tomava um gole da cerveja. – Você disse ex namorada... não chegaram a casar? - perguntei me dando conta que tinha medo da resposta. Ali, envolvida por todo o sentimento do passado e do presente, tive medo de pensar que Taylor, por mais óbvio que fosse, tivesse tocado sua vida e pensado em dividi-la com outra pessoa para sempre.
Taylor respondeu que quando Anne engravidou eles estavam apenas saindo à algumas semanas. Que ela pensou em tirar, mas que ele nunca a deixaria fazer uma coisa daquelas. Depois começaram a namorar e que por um tempo deu certo, até começar a não dar mais. Mas que apesar de tudo, continuavam amigos pela Lucy e que porque sempre se deram muito bem.
Eu na minha curiosidade total para saber mais de sua relação com Anne perguntei se eles dividiam a guarda da filha. Taylor respondeu que não foram à justiça, mas que conseguiam dividir a guarda do jeito deles, ela ficando mais com Lucy por causa do Pub e por ele de vez em quando precisar viajar para se apresentar em alguma cidade. Pela minha vontade, continuaria fazendo perguntas sobre ela, me sentia quase obcecada pela mulher que Taylor havia namorado e morado junto. Como era a relação dos dois, como era o relacionamento no passado, mas não quis ser muito invasiva, então guardei as demais perguntas para quem sabe, em uma próxima ocasião. Fiz questão de mudar de assunto para que pudesse me concentrar em outra coisa que não fosse uma mulher que tivesse feito sexo com o Taylor, então... começamos a falar de música, e sobre sua carreira.
- Eu nunca imaginaria você fazendo outra coisa, a não ser músico... a música sempre foi a sua vida, Tay. - dizia aquilo com o maior orgulho do mundo por ter presenciado como Taylor era um ser extremamente musical.
- A música é o que eu sou, não saberia viver sem ela. - e seus olhos tinham um brilho especial quando falava de música.
- Mas você nunca quis mais? Sair daqui, ter uma carreira de verdade, viver de música... você faria muito sucesso! Vi você se apresentando, e você conseguiu se tornar ainda mais incrível!
- Eu tenho uma carreira de verdade, Danny. Eu me apresento, faço shows, sou reconhecido pela minha música aonde realmente me importa, que é aqui. Não faço música para ganhar dinheiro, faço porque é o que eu amo, é o que eu sou. E pra mim, poder ser ouvido por pessoas que sabem quem eu sou é mais do que o suficiente. A minha ligação com a música não depende de nada a não ser eu e o sentimento que eu consigo transmitir através dela.
- Você está certo, me desculpe. - eu não tinha palavras para responder. Era como se toda a minha carreira, sucesso e fama se reduzissem a nada perto do que ele havia acabado de falar. Naquele momento a sua carreira era muito mais significativa que a minha, pensei comigo.
- Não precisa se desculpar. Não estou dizendo que você está errada em ter ido atrás do sucesso, você foi atrás daquilo em que acreditava. Só não funciona para mim. Me desculpe do jeito que me referi ao seu sucesso naquele dia, você devia ter orgulho de você mesma. - disse pegando na minha mão que estava em cima da mesa. Mas por algum motivo, não me sentia orgulhosa de mim.
...
- O dia terminou e tanta coisa que não conseguimos conversar ainda... - comentei enquanto estacionávamos do lado de fora do hotel em que estava hospedada. Queria continuar com ele, poder conversar mais, saber mais sobre a vida dele. E principalmente, conversar sobre o que tinha acontecido no passado.
- O que não vai nos faltar é tempo para conversar... - segurou meu rosto e me puxou para um beijo apaixonado. Sentia arrepios por todo o meu corpo toda vez que ele me beijava, era difícil conseguir parar. – E não só para conversar... - disse ainda tendo seus lábios junto aos meus em meio a um sorriso malicioso enquanto deixava uma mordidinha em meu lábio inferior me fazendo querer tirar a roupa dele ali mesmo. - Me desculpe por não levar você para minha casa hoje, mas é que realmente lá está uma zona e não nos vemos há tanto tempo... não quero que você crie novas considerações sobre mim e uma delas sendo um bagunceiro. - riu.
- Mas você sempre foi bagunceiro, Tay. Quando entrava no seu quarto nunca conseguia achar o caminho de volta... - brinquei enquanto não parava de rir ao lembrar de como suas roupas viviam espalhadas pelo chão. Taylor tinha o quarto tão bagunçado que nunca sabia onde estavam suas coisas. E o mais engraçado era vê-lo procurando por elas. Ele tinha a coragem de tirar a roupa do chão, ver que o objeto perdido não estava lá, e colocava a roupa no mesmo lugar de antes!
- Muito engraçadinha, senhorita Keisting. - tentou ficar sério mas acabou rindo comigo. – Mas aquele era o velho Tay. O novo Tay, o pai dá exemplo para sua filha a ser organizada e não deixar suas coisas pelo chão, então posso dizer que sou um novo homem.
- E eu posso dizer que estou adorando conhecer este novo homem... - agora foi a minha vez de exibir um sorriso malicioso enquanto o puxava pela gola para provocá-lo.
- Você ainda não viu nada... - me puxou para mais um beijo repleto de calor e desejo.
Depois de muito sacrifício para conseguir sair do carro de Taylor, pois ele estava bem engajado em me manter lá dentro, fiz o check in novamente e subi para o quarto com as malas que o concierge levou. Tinha a sensação de estar flutuando sob nuvens de algodão doce. Saber que durante todos aqueles anos ele era apaixonado por mim assim como eu era por ele, e 10 anos depois sentir que apesar das nossas vidas terem seguido caminhos diferentes o sentimento não havia mudado era extraordinário. A maneira como eu me sentia quando estava com ele não havia mudado, e eu precisei voltar a Tulsa para me convencer de que por mais que minha mente tivesse me feito esquecer, ele esteve dentro do meu coração o tempo todo.
Ao me ensaboar durante o banho pude sentir ainda o seu toque por toda a minha pele, era como se ainda estivesse ali. Ele me fez sentir sensações que eu achava que eram invenções das autoras dos romances que havia lido. E conseguiu ser ainda melhor, com seu jeito apaixonado e doce, mas ao mesmo tempo com um desejo urgente e forte que me arremessou para o paraíso, da onde eu não queria voltar nunca mais.
Taylor havia me ligado de manhã avisando que não poderia me encontrar na hora do almoço porque havia esquecido que precisava buscar Lucy na escola e levá-la para as aulas de piano, mas que terminaria de arrumar as coisas em sua casa, onde prepararia um jantar para nós dois. Ele insistiu em me buscar, mas eu disse que poderia muito bem dirigir até sua casa e no final da disputa, eu ganhei. Não via a hora de estar com ele de novo. Os minutos pareciam horas, e dentro do hotel não conseguia pensar em nada para me ocupar. Então calcei meus tênis de corrida, troquei de roupa e fui espantar a ansiedade para longe. No caminho passei em uma adega para comprar um bom vinho para o jantar.
No caminho encontrei com Scott, saindo de lá. Paramos para conversar e conversa adentro ele comentou que havia ido ao "R&B" na noite anterior como de costume aos domingos e se espantou em vê-lo fechado. Disse também que havia sido a primeira vez que o Taylor o fechava, principalmente em um final de semana. Perguntou se eu havia conseguido conversar com ele e eu procurei ser o mais sóbria possível ao falar de Taylor, sem deixar meu sorriso bobo me dedurar.
...
Havia espalhado várias roupas em cima da cama e não conseguia me decidir qual usar. Mesmo sendo amiga de Taylor há tantos anos e tudo o que havíamos vivido na noite anterior, eu tinha o friozinho na barriga. Estava nervosa, achando o meu cabelo terrível e sem uma roupa decente para usar: todos os sintomas de um primeiro encontro. Optei por uma calça skinny jeans lavado, uma camisa cinza de manga curta rajada de branco bem justa ao corpo e como estava ventando coloquei uma jaquetinha vermelha por cima, além de botas de cano curto pretas sem salto. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo, e uma maquiagem quase invisível. Queria parecer simples do tipo "fiquei pronta em meia hora", por mais que na verdade eu tivesse levado mais de duas horas. Treinava a expressão tranquila, mas internamente eu estava aos pulos. Pensar em estar com Taylor, quem sabe a noite inteira fazia meu corpo inteiro vibrar.
O endereço que havia me passado era o seu antigo endereço, ele havia se mudado novamente para a casa que ele morou quando o conheci. Ao entrar na sua rua fui tomada por uma onda de emoção. Havia morado naquela rua durante 5 anos da minha vida. Como havia sido feliz ali andando de bicicleta com Taylor de um lado para o outro. Senti muita vontade de dar uma parada em frente a minha casa que ficava mais ao final da rua, mas eu já estava atrasada, não quis perder mais tempo. Estacionei o carro, e toquei a campainha. A casa parecia a mesma por fora, somente a pintura havia mudado. Antes verde bandeira, agora estava pintada de cinza claro além dos brinquedos de Lucy que tomavam conta de uma pequena parte da varanda.
- Bem-vinda de volta... - Taylor me recebeu com o maior sorriso do mundo enquanto me tomava em um belo e caloroso beijo ainda na porta.
Parecia que tinha acabado de tomar banho com o cabelo molhado e com cheiro de loção pós-barba, além de um perfume maravilhoso que só aumentava minha vontade de continuar agarrada à ele. Usava uma calça jeans clara e uma camisa preta do Pink Floyd. Amava aquele estilo meio rock 'n roll, meio indie, totalmente despojado de se vestir, com alguns colares pretos misturada a umas correntinhas. Ele abriu o vinho que eu havia levado e serviu duas taças para nós.
- Pode ficar à vontade, estou terminando de preparar o jantar. Acho que você já conhece a casa... - sorriu enquanto disse. – Não fiz grandes mudanças, gosto dessa casa como ela é.
De diferente eu só tinha notado a cor das paredes e dos móveis agora mais modernos e em cores escuras. Ainda tinham algumas caixas pela casa, mas já dava para ver alguma decoração bem musical com alguns quadros e fotos de Taylor se apresentando e a maioria de Lucy desde bebê até os dias atuais. Fui com Taylor para a cozinha e me sentei ao balcão enquanto o observava terminar o jantar com uma destreza incrível, fazendo várias coisas ao mesmo tempo: picando legumes, esquentando algo no fogão, verificando o forno, e pegando algo na geladeira.
O que quer que estivesse cozinhando tinha um aroma maravilhoso, o que despertou meu apetite na hora. O nervosismo a essa altura já tinha ido embora, pois estar com Taylor, conversar sobre coisas banais e me fazer rir de um jeito que só ele sabia, era o que eu precisava para perceber que não havia motivo para ficar tensa. Éramos só eu e Tay, como nos velhos tempos. Só que era muito melhor.
Olá pessoal!
Pedindo primeiramente mil desculpas! Esse capítulo era para ter sido postado na sexta, mas o meu notebook que na outra semana já tinha dado problema, voltou a dar e dessa vez parece que morreu mesmo.
Um outro já está a caminho, deve chegar por esses dias. :D
E como o capítulo 20 não foi um capítulo muito grande resolvi compensar neste aqui, espero que gostem!
Obrigada por todo o carinho, vocês são incríveis e me estimulam para que Dream Girl seja cada vez melhor!
Farei de todo o possível para na terça temos um novo capítulo como de costume. Torçam aí para o notebook chegar logo. rsrs
Ah, e não deixem de escutar as canções de cada capítulo. Elas são um complemento, para poder levar vocês em todos os níveis possíveis para dentro da história.
Beijos, beijos!
Helena Yara Araujo
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