Bônus Taylor Harper
Terei de segurar sua mão e sentir sua respiração
Por medo de que algum dia isso acabe
Te trago para perto, há tanto a perder
Sabendo que nada dura para sempre
Eu não me importava antes de você estar aqui
Eu dançava feliz com o para sempre
Mas todas as coisas mudam, deixemos essa permanecer
É uma coisa frágil essa vida que levamos
Se eu pensar muito, eu não conseguirei superar
Coberto pela graça
Com a qual vivemos nossa vida
Com a morte sobre nossos ombros
Quero que você saiba que eu se eu partir
Eu sempre te amei, sempre te mantive no topo, é verdade
(Sirens - Pearl Jam)
Eu a deixei ir. E mais uma vez não fiz nada para impedir, nem fui atrás dela. Danny saiu do quarto e tudo o que eu fui capaz de fazer foi ficar encarar a porta esperando que ela voltasse. Mas ela não voltou, e eu não a culpava, eu tinha sido um idiota. Eu estava sendo um idiota, por deixar a única mulher que eu realmente amei sair da minha vida daquele jeito. E nem ao menos dizer que a amava eu tive coragem.
Sentia dentro de mim que tudo aquilo o que tínhamos era bom demais para ser verdade depois de tudo o que passei sem ela, e que com toda a sua vida de fama e sucesso, eu não teria chance. Ainda por cima ver que ela estava disposta a voltar no mesmo instante por um cara que ela havia ficado e que tinha contato constante com ele sendo seu empresário! Tudo que eu senti foi a raiva e frustração me dominando, despertando a sensação de que seria sempre assim, ela precisando fazer escolhas importantes e eu ficando em segundo plano.
Não que eu duvidasse do que ela sentia por mim, sabia que era tão louca quanto eu por ela, mas me questionava até onde seria o suficiente. Porque uma coisa era a Danny aqui, longe de tudo, só nós dois, sendo incríveis juntos, outra situação era a sua vida corrida, em meio a todo o glamour que uma vida assim proporcionava, além do assédio que sei que ela enfrentava, e que e que de um modo ou de outro daria um jeito de me encontrar e pior, encontrar Lucy. E eu gostava da minha realidade. Gostava do meu sossego, de poder administrar o pub, e ter uma carreira de músico paralela, que nunca me prejudicou em fazer o que eu quisesse, ao contrário da realidade de Danny.
Depois de, o que pareceram horas parado ali olhando para a porta, desci as escadas e procurei a bebida mais forte que eu tinha em casa. Agradeci milhares de vezes por Lucy estar com a mãe e não precisar fingir que tudo estava bem. Pensava na minha filha, como iria reagir àquilo tudo. Sabia como ela adorava Danny e o quanto esperava que ficássemos juntos, eu também esperava. Se não tivesse tanta coisa em jogo...
Achei um uísque, que não fazia a menor ideia de quanto tempo estava no fundo do meu armário embaixo da pia. Me servi um copo quase cheio e o virei. Senti a garganta arder pelo efeito do álcool, depois virei mais um copo e mais um outro. Mas aparentemente, nem aquele uísque era o suficiente para tirar da minha mente o olhar de decepção de Danny ao me ouvir dizer que estava desistindo. Desejava com todas as minhas forças conseguir tirar aquela imagem da minha cabeça.
Eu passei uma vida inteira negando à mim mesmo que o fato dela ter ido não teve nenhum impacto na minha vida. Que eu estava bem, que tinha seguido em frente. Mentira pura e deslavada! Até conhecer Anne, eu não consegui ter nenhum tipo de relação com uma mulher que durasse mais que dois encontros. E nessa minha saga de não me envolver, podia dizer que, bem... tive dezenas de primeiros encontros, sendo ainda mais sincero, a maioria nem chegaram a ser encontros, apenas sexo casual de uma noite. E assim eu me sentia protegido, não permitindo ninguém me fazer vivenciar de aquela dor de novo.
Anne apareceu desbancando todos os meu critérios, com sua delicadeza e bondade. Uma mulher linda que conseguiu passar pela minha barreira, até certo ponto, pois chegamos em um estágio do nosso relacionamento que eu não conseguia me doar mais, mesmo querendo muito. Eu sei o quanto ela tinha sido paciente em ter esperado que aquele sentimento desenvolvesse, mas no fim sabíamos que não iria acontecer. Queria que tivesse dado certo com ela, sei que a minha vida seria muito mais simples e fácil se tivéssemos ficado juntos. Mas também tinha consciência de que eu não conseguiria fazer feliz nem a ela, nem a mim.
Felicidade que experimentei quando Danny voltou para minha vida. Aquela vontade doida de sair gritando para todo mundo como era sortudo por ter uma mulher daquelas! E não era só por causa de sua beleza, que só isso já seria motivo para qualquer cara cair de joelhos. Mas era a personalidade dela o que mais me hipnotizava: seu jeito forte e delicado ao mesmo tempo, além de uma segurança sedutora. Nunca conheci alguém que se expressasse tão bem como ela, não só através de palavras, mas no jeito que se movia, como andava, como falava... era arrebatador. E eu me sentia um mero expectador diante daquela maestria toda de Daniela Keisting em ser como era. E eu a deixei ir embora...
Peguei o celular e pensei em ligar para ela, pedir para que esquecesse tudo o que eu havia dito, que eu queria ela de volta na minha vida. Que a vida sem ela não tinha a mesma cor, por mais clichê que aquilo fosse. Mas eu estava sendo bem-sucedido em atitudes covardes naquele dia, então apenas taquei o aparelho longe o mais forte que consegui.
Acordei no dia seguinte com a sensação de que minha cabeça havia sido pisoteada por um exército... e no sofá. Não tinha conseguido subir as escadas, aparentemente tive dificuldade de coordenar braços e pernas depois de uma garrafa de uísque. Então, olhei e vi porque eu tinha acordado. Anne estava ajoelhada ao lado do sofá e pelo que disse, havia me balançado milhares de vezes. Sentei com dificuldade, além da claridade me incomodar, minha cabeça latejava demais.
- Fiquei preocupada! Te liguei várias vezes e seu celular só da caixa postal, além de você não atender o telefone de casa. Mas estou vendo que a noite foi animada... - comentou ironicamente vendo a garrafa vazia ao lado do sofá. – O que aconteceu?
- Ela foi embora. - disse secamente me levantando e indo para a cozinha. Necessitava de um café. Não queria falar sobre aquele assunto, principalmente quando se estava tão na merda, em diferentes níveis, como eu.
- Já está pronto. - disse adivinhando meus pensamentos e indo comigo até a cozinha. Sentei à mesa e ela serviu café para nós dois. – Tay, ela tem uma vida em Los Angeles, mas tenho certeza que ela vai vir sempre que puder. E você pode ir até lá...
- Não, Anne. Ela foi embora de vez. - disse dando um grande gole no café. Fiz uma careta instantaneamente, estava muito mais amargo do que eu esperava. Era o cura-ressaca de Anne Wheeler. – Ela foi por culpa minha.
- Você tem que parar de sabotar a sua felicidade. Quando você acha que vai ser muito feliz, você apronta uma. Você merece ser feliz, Tay!
- Eu já duvido disso... - terminei de virar aquele café amargo, que diante da minha vida, estava doce demais. Olhei para Anne e vi que ela escondia alguma coisa. – O que foi?
- Não queria falar por causa de como você está e tudo o mais, mas... tem alguns repórteres e paparazzis aí na frente. - e o que eu eu não queria aconteceu, o assédio à Danny havia nos atingido. Levantei para olhar pela janela e vi ao todo umas 15 pessoas entre caras com câmeras, dois com microfones e muitos com celulares nas mãos. Era o que faltava para completar o meu dia.
Tive grande dificuldade de sair de casa, pois tive que desviar de toda aquela gente perto da minha casa fazendo perguntas sobre Danny, se estávamos juntos e outras perguntas que eu fiz questão de ignorar. Não dei uma palavra sequer, e desviando de todos eles entrei no carro e fui buscar Lucy na escola. Eu estava tentando proteger Lucy com a decisão que tomei, mas parecia que não havia adiantado nada, e mesmo assim eles nos encontraram, certamente por causa das fotos que saíram. Mais difícil do que superar todo aquele sentimento de fracasso, era ter que explicar para a Lucy porque a Danny não estava lá quando ela chegou da escola. Não quis entrar em detalhes, e recorri para aquela fala clássica que todo pai já disse para o seu filho. Era alguma coisa como "Isso é coisa de adulto, quando crescer você vai entender." Disse também que havíamos conversado e que achamos melhor deixar as coisas como eram antes...
- Mas antes não era mais legal do que agora, pai. - disse Lucy tentando se fazer de forte. Tinha os olhinhos muito tristes, o que acabou comigo.
- Eu sei, minha filha. Os adultos às vezes são complicados. A gente é muito esperto quando é criança, assim como você. E quando chega na minha idade, começa a fazer muitas coisas estúpidas.
- Você fez uma coisa estúpida, né pai? - perguntou com compreensão passando a mão pelo meu cabelo.
- Digamos que se tivesse um campeonato de estupidez, papai seria campeão. Mas tudo vai ficar bem, ok? Papai promete. - a abracei forte e desejei com todas as minhas forças que aquilo fosse verdade.
Lucy só percebeu o que estava acontecendo quando chegamos em casa e ela viu a quantidade de pessoas que ainda estavam lá. Por mais quanto tempo eles iriam insistir?
- Ficamos famosos, pai? - comentou Lucy com um certo entusiasmo.
- Infelizmente, acho que sim. - naquele dia excepcionalmente guardei o carro na garagem, para que não tivessem acesso à Lucy.
Com o passar dos dias Lucy não perguntou mais de Danny, e conhecendo minha filha, como eu conhecia, ela deixou de perguntar porque achou que fazendo isso, me deixaria triste. Eu tentava ocupá-la com programas divertidos, tanto quanto eu e Anne podíamos. Levamos ao parque, cinema, shopping, piqueniques. Mas por mais que eu tentasse deixá-la contente, e tentasse demonstrar o máximo que seu pai estava bem, ela me conhecia bem demais para cair naquela história.
Anne também estava mais presente, apesar de ter dito que eu estava bem. Pelo jeito não estava conseguindo convencer ninguém com meu discurso. Depois de um descuido na cozinha e de quase ter tacado fogo em tudo, Anne achou que eu precisava de companhia, ou de uma babá. Stevie, o namorado de Anne que não gostou muito da ideia, realmente não era comum para as pessoas que foram praticamente casados tivessem uma relação como a nossa. E mesmo que, muitas vezes todo aquele excesso de cuidado me irritasse, no fundo eu gostava de tê-la por perto. Ela havia se tornado minha melhor amiga.
- Papai? - Lucy bateu na porta do meu quarto com seu lindo pijama cor de rosa que Danny havia comprado para ela.
- Oi, filha. Entra... - me ajeitei na cama, esfreguei os olhos para esconder as lágrimas. – Está tudo bem? - perguntei enquanto ela se deitava ao meu lado na cama.
-Não consigo dormir. Posso dormir aqui com você? - já se aninhando junto a mim.
- Mas é lógico! Vou adorar dormir com o meu travesseirinho favorito! - brinquei a apertando, fazendo de conta que ela era uma travesseiro, arrancando boas risadas dela. Aquilo era música para mim. Ela riu até sua expressão ir se transformando em preocupada de novo.
- Papai, quando vai chegar a parte do "vai ficar tudo bem"? - perguntou partindo meu coração com aquela carinha.
- Logo, minha princesa. Logo... - a abracei fortemente, apoiando o queixo em sua cabeça, não deixando que ela visse minhas lágrimas que não conseguia mais conter.
Eu precisava repetir para mim diariamente que a decisão que eu tinha tomado, mesmo sofrida como estava sendo, tinha sido o melhor para nós. Pensava que ter que desistir de Danny quando tivéssemos ainda mais envolvidos, depois que passasse mais tempo, tornando nossa relação desgastada, seria ainda mais doloroso. Eu precisava repetir diariamente porque eu já não estava mais conseguindo acreditar que aquilo era mesmo o melhor.
Olá pessoal!
Eu não sei vocês, mas não estou nada bem depois desse capítulo. Sabe a sensação do coração apertadinho? Assim mesmo...
Já tinha sofrido para escrever a parte da Danny, mas quando tenho a oportunidade de escrever pelos olhos de Taylor, me conecto com ele de uma forma tão especial que sinto e sofro junto.
Espero que vocês se identifiquem e que o capítulo toque vocês como me tocou.
Grata a vocês por me incentivarem a ter essa experiência de olhar para a história com uma outra visão. Tem sito incrível.
Terça tem capítulo novo!
Beijos, Beijos
Helena Yara Araujo
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