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Capítulo 1. Akira

CAPÍTULO 1

AKIRA

"Àqueles que são iluminados pelo conhecimento; alegre; brilhante"

Os deuses sorriem para mim nessa manhã cinzenta de inverno e eu sorrio de volta com o caixa tilintando de moedas de ouro e prata, o estoque se esvaindo conforme o tempo passa e minha garganta seca de tanto vender e oferecer. O sino da porta da loja não parou por um momento, badalando o melhor dos sons e anunciando a melhor das notícias: clientes novos. Termino de atender os que já estavam em frente ao meu balcão, com sacolinhas de pano nos bolsos dos pesados casacos, e parto para o próximo grupo.

— Uma boa tarde para vocês! O que procuram? — uso a minúscula vassourinha para varrer o topo do balcão escuro das folhas que voaram pelo lugar, guardando-a em uma das gavetas depois.

— Você sabe bem o que queremos, é o que mais se está falando por aqui: as novas ervas "medicinais" — a jovem, uma Harpia com longos cabelos amarelo-gema e penas compridas nos braços de um amarelo mais escuro, faz aspas no ar — da formosa dona da loja de plantas no final da rua. Queremos um pouco.

Apoia os braços penudos no balcão toda empolgada, aproximando a cabeça da minha, como se para contar um segredo. Não gosto de sua proximidade e me afasto com um passo para trás, esticando os lábios de forma cordial.

— Desculpe, não sei exatamente do que está falando, mas tenho algumas que perfumam a casa. Ou o ninho, no caso — aponto para os potes grandes expostos na vitrine esquerda, torcendo para que fossem até lá. Ou embora.

O segundo do trio, um Gavino cinza (a versão masculina das famosas e temidas Harpias) revira os olhos de rapina, se enfiando atrás da mulher e aprumando as penas.

— Não minta, jovem. Sabemos que tem as ervas que estão usando em festas e se embriagando, vendendo pelas cidades. — empurra a Harpia loura, que bate no terceiro e calado Gavino, e se prostra no lugar dela, se elevando sobre mim do outro lado. — Sabe muito bem o que isso está causando nos jovens, até o Príncipe caiu nessa tentação.

Assinto, ainda sorrindo com cara de paisagem. Nesse momento consigo ver os outros clientes fingindo que estão ignorantes a essa cena, porém, observando casualmente. Isso tudo está se desenrolando rápido demais para que eu possa acompanhar, pondero.

— Olha, senhor, eu apenas vendo plantas. O que fazem com elas não é do meu controle. Muito menos da minha conta. Mas realmente não sei a que erva está se referindo, poderia me dar uma descrição do formato...?

Vendo que seu amigo esquentado está prestes a pular no meu pescoço, por motivos que eu ainda estou tentando entender, sendo sincera, empurra de leve esse, indicando para que a outra o segure. Cruzo os braços esperando que ele termine de vasculhar com os olhos a loja e depois a mim, sempre sorrindo. A penugem marrom e mais curta desse é bonita, com um tom fosco de casca de árvore úmida.

— Nos ajude, sim!? Nós vimos aquele casal — aponta para a porta, indicando os clientes antes deles — recebendo dois pacotes das tais ervas.

— Eram para prolongar o desempenho sexual.

— As ervas que estamos atrás são pequenas, pétalas verdes soltas e secas — ignora completamente o que acabei de falar. — Que estão misturando com óleo de lavanda e produzindo fumaça, o que resulta em crises de riso prolongadas e efeitos alucinógenos. Você, como uma boa profissional de especiarias e ervas curativas, deve ter ouvido falar sobre.

Acabou de descrever uma? dúzia e meia de folhagens, resmungo internamente.

Suspiro, com desolação no rosto e tristeza na voz.

— Sinto muito, mas de fato desconheço. Jamais contribuiria para tal ação maléfica e propagativa entre jovens do nosso reino.

Ele sobe e desce a cabeça bem devagar, respirando fundo e evitando que o segundo homem fale mais alguma coisa. Os três, ainda com olhares suspeitos e olhadelas tensas, saem da loja sem mais, mas não antes do homem de penas marrons me olhar mais uma vez com muita seriedade.

— Cruzes, me subiu um arrepio. — esfrego os braços para produzir calor e chamo os próximos da fila, que diminui conforme aviso que a quantidade da tal erva que procuram será reduzida por pessoa, planejando evitar mais suspeitas por hoje.

Minha loja, que consegui comprar com muito sufoco e noites sem dormir em trabalhos temporários, é metade da renda que mantém eu e meu pai em casa. Não que gastemos muito, sendo dois.

Cada canto foi desenhado por ele e, quando pronto, organizado por mim. Cada quadro, cada pote, cada enfeite e detalhe tem nosso dedo, nossa decisão.

Quando soubemos que um espaço tão grande estava sendo vendido e bem perto de casa não hesitamos, demos vida ao plano que eu arquitetava há anos. Juntei o que tinha guardado e comprei o espaço, construindo tudo aos poucos com ajuda de alguns moradores.

Vendo mais dois saquinhos de capim limão para uma senhorinha humana que vive com o neto Camprino e me prometeu um pedaço do bolo que iria fazer, então decido fechar a loja por hoje. Ainda tenho muito o que fazer em casa, algumas coisas para conversar com meu pai. Roupas para separar, fofocas para colocar em dia.

Me despeço dos clientes pingados — um casal de Cinocéfalo e um grupo de Dragões Esguios— e conto o dinheiro da caixinha em uma das gavetas do balcão, retirando o excesso e guardando dentro da minha bolsa na cadeira. Pegando a vassoura no quartinho que fiz para bagunça, varro tudo e organizo o que foi tocado, empilhando as cestinhas que deixo disponíveis para os clientes selecionarem o que querem e guardando os potinhos em que eles colocam as folhas soltas.

Apago todas as luzes das lamparinas e passo a chave na porta de vidro fosco e, apertando bem a alça da bolsa, acelero o passo para casa. Cidade Prússia, onde moramos, é uma pequena cidade ao lado de Juniper Central (onde o Rei subiu seu castelo e montou seu reinado) e é a cidade mais próxima do Mar Aberto. O porto de chegada perfeito se nossos inimigos de Aduanta decidirem que está na hora de visitar esse lado do mar.

— Como se precisassem de um porto para virem para essas terras — sussurro, olhando ao redor.

Alguns deles se escondem pelas nossas ruas e vivem escondidos até que os descubram. O que raramente acontece. Nosso inimigo, Aduanta, tem as melhores populações, os melhores usuários de elementos, as melhores seleções de sangues puros. De Dragões a Silfos, de Harpias Reais a Grifos. Todos de alto calibre.

Nós somos o reino que ficou com os sangues mistos, os híbridos. Os renegados na hora da colheita, de pegar para si o puro ouro. Kristallys, esse reino grande e próspero que tive o prazer de nascer, tem seus sangues puros, ainda, e família real, é claro. Porém os Aduantinos não nos veem como ameaças prósperas, apenas meras formigas rodeando sua glória. É o que sempre me foi ensinado e eu aprendi certinho como eles podem ser cruéis...

Troto para casa o mais rápido que consigo sem parecer uma fugitiva. Pelo caminho aceno para outros mercadores que, assim como eu, fecham suas lojas mais cedo hoje. O dia todo permaneceu cinzento e a semana escureceu cada dia mais cedo.

— Akira! — olho para o lado, em uma das ruas residenciais que geralmente ignoro, e vejo um amigo de longa data acenando ao longe e se pondo a correr em minha direção. Caminho para o seu lado da calçada e sorrio, recebendo seu beijo na bochecha de cumprimento.

— Hazina. Como a tia está? A tosse melhorou? E o sangramento nasal, continua descendo e escuro?

— Calma, ela está bem. Eu ia à sua loja agora, mas por sorte te encontrei aqui ainda. Posso te acompanhar até sua casa?

— Óbvio que sim. — indico o caminho para ele ir na frente — Está precisando do quê?

— Mais daquelas flores moídas que você me deu para fazer o chá, apenas com isso a tosse para. Fiz para ela hoje e apenas deu para uma xícara, minha mãe ficou com ela para que eu buscasse mais. — As duas mães de Hazina são uns amores e ver uma delas tão doente me incomoda demais.

Digo que sim, podemos achar um ramo ou dois das flores em casa, na minha pequena estufa. Caminhamos colocando a conversa em dia, aproveitando o pequeno percurso. Assim que botamos o pé no terreno de casa, suspiro aliviada. Não gosto de andar à noite por aí. Mesmo com companhia me sinto tensa, pesada, agoniada para voltar a segurança da minha casa.

O jardim em frente à cabana é enorme. Nele construí minha estufa que, convenhamos, não é nem um pouco pequena. E meu pai cria os Corujins dele para venda na casinha deles do outro lado do quintal; o corujal. Agora todos devem estar recebendo a janta dele, para não esteja alimentando as galinhas pelo terreno nesse momento, só pode ser.

— Meu pai deve estar com seus outros filhos. Semana passada ele vendeu um dos novinhos para uma família que veio a passeio, da Pequena Escarlate, agora está todo emotivo com as crias. Toda venda é isso, eles assinam os termos de cuidado e responsabilidade do Corujin e ele cai no berreiro quando o vê partindo.

— Na próxima eu vendo você no lugar — ouço a voz grave do meu pai vinda da porta do corujal e corro para saudar ele com um abraço apertado.

— Oi, senhor de idade. E as juntas?

Recebo um beliscão nas costelas que me faz saltar para longe dele, rindo.

— Estão bem hoje, Adubinho.

— Prefiro quando me chama de Lataria... — faço um muxoxo e cruzo o braço com o dele, quando termina de fechar as portas largas da casinha.

Nos aproximamos do meu amigo que decidiu nos esperar na escada da casa, agora cercado por galinhas de quatro patas ciscando ao seu redor.

— Hazina.

— Senhor. — eles se conhecem desde que Haz e eu comíamos terra com água da lagoa e ainda se tratam como homens em continência.

— Ele veio pegar mais remédio para a tia Tara — antes que meu pai apresentasse preocupação com a sua melhor amiga, aviso que ela está bem, no geral.

Peço para que ambos entrem que eu já sigo, e corro até a estufa direto para um jarro pequeno em que deixo as mudas dessa flor. Retirando algumas sementes do centro e as jogando de volta no vaso, pego o regador pequeno para umedecer a terra. Ignoro tudo em volta por não querer ficar horas cuidando e crescendo as plantas, e corro de volta para a entrada.

Chego na cozinha no meio da conversa dos dois sobre comércio e me sento em uma das cadeiras, enquanto meu pai ferve água para um café trufado e Haz roda uma semente grande de papoula nas mãos firmes, conforme fala.

— O que aconteceu na loja hoje, Aki? — a pergunta vem de meu pai passando o café e olho-o inocentemente.

— Como você soube? Ah, já sei, dona Yelena. Ela está me devendo um bolo, inclusive. Mas, resumindo? Oficiais vieram investigar sobre a diginis, aquela erva que eu reproduzi na estufa para uso calmante e que inventaram de misturar com óleo de lavanda.

— Como sabia que eram oficiais? — Haz pergunta agora se servindo do líquido perfumado e o adoçando com mel.

Ergo os ombros e narro como fizeram perguntas e tinham aquela pompa toda. Menos o segundo Gavino, aquele quase me corta no meio com as garras dos pés.

Entretanto, no geral é fácil identificá-los: oficiais, soldados e agentes da coroa têm uma pose de metidos inconfundível.

— Eles apenas se interessaram pelo assunto porque o principezinho começou a usar. A erva circulou por quase dois meses até que decidiram ir atrás dela — antes de tomar um gole da minha xícara, levanto as sobrancelhas e dou risada. — Pelos deuses, eu sou quase uma vendedora de opiáceos.

— Eu sei que sabe se cuidar muito bem, mas lembre-se que isso é passível de prisão e você tem muito o que fazer na vida para desperdiçar metade dela atrás das grades.

Concordo para que encerremos esse assunto e voltamos a tomar nosso café e falar amenidades. Antes do jantar, que já estava no fogo quando cheguei, Hazina volta para casa para levar as flores para a mãe e eu e papai comemos o guisado de abóbora sozinhos em um clima tranquilo.

— Quando o próximo Corujin nasce?

— Não sei, Nanite está com a barriga mediana ainda e não me deixa aproximar dela por nada. Talvez consiga tirá-la um tempo da sua terra e sementes para dar uma olhada nela, ela gosta muito de você — sinto o tom crítico em sua voz, nos olhos que evita levantar do prato e no retorcer leve no canto dos lábios finos.

— Pai... já tivemos essa conversa antes e sabe que não irei me dedicar à venda deles todo o tempo. Tenho minha loja e a estufa, ajudo no que conseguir, mas o plantio é minha prioridade.

Vendemos os corujins com o maior zelo e cuidado que conseguimos. Inclusive, sua reprodução é natural. Antes, quando ganhamos um casal de um mercador de cidade pequena, tentamos doar os sete que nasceram, porém quem veio até nós interessados queriam reproduzir para abate (carne de espécies raras são valiosas demais para passar batida a ideia). Então, em conjunto com o secretariado do Rei, que trata de acordos com súditos e geralmente administra questões de "baixo nível", criamos contratos que garantem a venda saudável deles e a criação mais saudável ainda. E são feitas perícias duas vezes ao ano, sem data marcada, na casa dos compradores.

Se encontradas irregularidades, os corujins são trazidos de volta e permanecem aqui. Não vendemos novamente para evitar que tais animais sofram com um trauma revivido.

E eu ajudo na parte de nascimentos e saúde deles, já que não são expelidos em ovos.

— Sei da sua decisão, mas não consigo evitar pensar que poderia ficar em casa mais tempo, segura e onde eu posso vê-la.

— Pai, por favor. Não sou uma criança mais, tenho a loja faz três longos anos e sempre gostei de bater perna. — raspo a colher de metal no fundo do prato para pegar mais caldo, forçando minha vista a não se erguer e revelar que ainda tenho um medo considerável de andar sozinha.

Não dizemos mais nada sobre o assunto, em uma tentativa de não brigar nessa noite. Sempre que esse tópico surge, o ar fica azedo e nossos pelos arrepiados para brigar.

— Como foi seu dia? — apoio os braços sobre a mesa e observo enquanto ele termina seu prato.

— Tranquilo, não fiz muito hoje. Os Corujins estiveram quietos durante todo o tempo, a casa já estava limpa e o terreno bem cuidado. Como sempre.

— E aquela terra remexida próximo à estufa?

— Sim, quase me esqueci. Plantei aquela semente que me deu de presente em meu aniversário.

Solto uma risada sincera.

— Pai! Aquela árvore nascerá só daqui a dois anos.

— Que bom que não pretendo ir a lugar algum nos próximos cinco. — seu sorriso é pleno e calmo, uma das coisas que mais amo nele. Por mais que seja enorme em massa, com braços fortes e tronco largo, seu sorriso é um dos mais queridos que já vi — E o seu, pequena flor?

— Ah, tranquilo também. Foi um dos melhores dias de venda na loja, ganhei um perfume de ambiente do senhor Dourados, aquele homem que decidiu ser boticário neste começo de ano, lembra-se? Pois bem. Comi bolinhos, fui interrogada sem ser formalmente interrogada, alguns Camprinos foram perguntar se eu necessitava de funcionários e, sinceramente, cogitei a possibilidade sim...

— Você às vezes me envelhece dez anos pelas preocupações... Quando soubemos que seria uma menina, os amigos da família nos tranquilizaram dizendo como meninas eram mais quietas. Claro, apenas os que possuíam filhas nos asseguraram a não confiar nisso, mas ignoramos e nos agarramos à ideia de que seria uma pessoa calma.

Esse pequeno monólogo saiu totalmente desejoso, me fazendo rir com a possibilidade.

Termina de comer e dividimos as tarefas após o jantar, como sempre.

Lavo a louça, ele seca, e quando termino, subo para tomar um banho e descansar, aproveitando que no dia de amanhã não irei à loja: fora decretado que qualquer comércio fechasse por dois dias para a virada de estações; tradição que eu nunca entendi. Resolvo ler algum livro sobre misturas curativas e métodos diferenciados de cultivo e, dentre eles, um em específico me chama atenção pela estranheza: misturar saliva com a água que seria usada para regar.

Ganhei o livro da tia Tara há muitos anos e sempre quis saber de onde ele veio. É grande e bem desenhado, com espaços extras para mais anotações. Uma fita verde-clara foi presa no topo da lombada, podendo ser usada para marcar as páginas. Gosto de usá-lo para relaxar antes de me deitar, afinal rumino as informações nele ao longo da procura do sono.

Fecho o volume e fico encarando as sombras que passam pela janela até o teto, formando figuras abstratas e, em alguns momentos, singulares. Meus olhos pesam e minha mente não consegue parar.

Ouço as galinhas cacarejando baixinho pelo terreno até apagar.

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